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Lisa Bee
- Cheguei!
- Ai Monica que susto!
- Calma Marina. Parece bicho do mato.
- Não ué, estou aqui distraída e você aparece do nada.
- E aí, o que achou da faculdade?
- Nem entrei ainda, mas o prédio é lindíssimo.
- Então vamos entrar que lá dentro é mais bonito ainda
e tem uma lanchonete que faz um sanduíche de queijo
maravilhoso.
- Nossa! Só pensa em comer meu Deus!
- Vamos voltar?
- Já? – Lívia estava quase indignada.
- Sim, o dono daqui não gosta de intervalos longos.
- Que é isso?
- Ué, achei que soubesse o que era.
- Besta! Eu digo, porque tem um teclado novo ali?
- Não sabemos, diz o dono do bar que fizeram essa
entrega hoje à tarde em seu nome. Marina Calleguer é
você, não é?
- Sim. Mas...
- Graças a Deus, eu estava com medo daquele outro
teclado.
- Podemos conversar?
- Claro meu anjo.
- Por que essa de dar o teclado para a banda?
- Vocês estavam precisando, não estavam? Só quis
ajudar um amigo. Gosto muito de Eduardo.
Marina achou que ela fosse falar que o presente era pra
ela.
- Gostei do “apê”.
- É pequeno, mas dá pra nós duas. Monica fica naquele
quarto e eu nesse. – Marina apontou.
- Posso ver seu quarto? – a morena perguntou
sorrindo.
- Pode.
Amar é um deserto
E seus temores
Vida que vai na sela
Dessas dores
Não sabe voltar
Me dá teu calor...
Vem me fazer feliz
Porque eu te amo
Você deságua em mim
E eu oceano
E esqueço que amar
É quase uma dor...”
- Bonito aqui.
- Eu adoro, é calmo e posso almoçar sossegada. Você
conhece quais lugares do Rio?
- Nenhum, ta bom pra você? – Marina sorriu.
- Jura? Ah então vamos combinar de dar um passeio
depois. Assim posso te mostrar o que tem de bom na
cidade maravilhosa.
- Combinado. Eu sempre gostei do Rio, mas nunca tive
muita oportunidade de passear aqui por conta da
distância da minha cidade.
- Você conhece mais lugares do país?
- Não muito. Somente perto mesmo da minha cidade. E
em Pinheiro Machado, pois a família de minha mãe é de
lá.
- Onde fica isso?
- Rio Grande do sul.
- Tem no mapa?
- Tem. – Marina sorria divertida com a cara de Lívia.
- Seu sorriso é lindo, devia sorrir mais. – a morena a
encarou.
- Eu sorrio. Não? – a loira questionou.
- Quando toca fica séria, concentrada, chega a fazer
um bico. Que eu particularmente acho lindo, mas que
fica séria você fica.
- É porque eu não gosto de errar, se me distrair posso
perder o fio da meada. Vou tentar sorrir mais, senão
vou parecer antipática.
- Você fica linda de qualquer jeito.
Marina sorriu.
- Você bebe?
- Raramente. Fico meio leve quando bebo.
Lívia sorriu.
- Adorei a música!
- Cantei pra você. - falou baixinho.
- Eu vi e achei lindo! Estou com saudades. – Lívia nem
soube por que disse aquilo.
- Por que não veio no churrasco?
- Estou em Mauá, na casa de minha mãe.
- Volta hoje?
- Só amanhã.
- Ah...
- Está se divertindo aí?
- Sim, eu gosto de juntar o pessoal. Conversamos
sobre coisas diferentes. Por exemplo: Música! –
brincou.
- Posso ver você amanhã quando eu chegar?
- Pode.
- Então me espere na esquina da sua rua, as oito. Vou
te levar pra jantar.Ta bom.
- Aproveite o churrasco e até lá.
- Obrigada, bom resto de domingo e venha com
cuidado.
Melodia
Lisa Bee
lisabeex@yahoo.com.br
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O dia nunca passou tão devagar, Marina tentava não
ligar para o encontro com Lívia, mas não conseguia.
Disfarçou o quanto pode para não dar na cara e Monica
desconfiar. Pra sua sorte a garota saiu da faculdade e
foi para casa de Hugo e provavelmente passaria a noite
lá.
Lívia sorriu.
- Já está vindo.
“Monica me paga!”
- Olá.
- Oi. – Os dois responderam ainda sorrindo.
- Estão rindo de que?
- Marina e suas ideias.
- Vamos almoçar? – Lívia convidou.
- Vim deixar Fabrício pra almoçar com você Eduardo,
mas tive uma ideia, vamos todos juntos.
Monica riu.
- Que houve?
- Fui assaltada.
- Ô meu Deus! Vem, vamos sair daqui.
- Está gostando?
- Sim, parece que estou voando de asa delta.
- Quer voar?
- Não! – Marina abriu rapidamente os olhos.
- Tem medo?
- Acho que teria.
- Nunca viajou de avião?
- Não. – Disse envergonhada.
- Pois vai um dia, eu tenho certeza.
- Não ligo pra isso. As pessoas têm a intenção de ter
muito dinheiro, fazer muitas viagens, comprar muitas
coisas. Eu só quero ter uma vida estável, morar num
lugar meu e ajudar minha família. Não desejo ser rica.
- Quando eu tinha sua idade, desejava somente ter
uma casa pra morar, pois morávamos de aluguel. Hoje
tenho muito mais do que desejei ter.
- Você se esforçou, sua mãe te ajudou e com o apoio
dela você venceu na vida. Admiro muito isso nas
pessoas. Se você tem o que tem é porque
provavelmente é uma merecedora de tudo isso, pois é
uma boa pessoa.
- Será mesmo que sou?
- Eu aposto que sim.
- Quer fazer outra aposta?
- De que?
- De que você muda de ideia em pouco tempo.
- Não mudarei.
- Estamos apostadas.
- Por que está dizendo isso?
- Porque não sou uma pessoa perfeita.
- Ninguém é. – Marina virou o rosto e com uma das
mãos tocou o rosto de Lívia. – Temos que aprender a
gostar das pessoas como são e entendê-las sem julgar.
É difícil isso, mas é valido tentar.
- Você realmente é uma pessoa ímpar.
- Estou procurando virar par, não quero ficar ímpar a
vida toda. – A loirinha brincou.
- Você vai achar alguém que a faça feliz.
Marina sorriu.
- Acho que estou precisando mesmo de um beijo seu.
- Terminou de comer?
- Já.
- Você viu que eles têm um piano aqui? De vez em
quando tem alguém tocando, venho pra cá só pra ouvir
às vezes.
- Deve ser bonito.
- Quer tocar lá?
- Lá em cima?
- É.
- Pra que?
- Queria te ver tocando, eu adoro.
- Já me viu tocando em outros lugares. Não vou me
expor aqui nesse lugar só porque você acha bonito. –
Marina falou mais ríspido do que imaginou.
“Ué?! Erraram?”
Uma coisa que pouca gente sabia era que Marta sabia
da preferência sexual do sobrinho e também da filha,
somente não ficava comentando o assunto, pois era
algo que não dizia respeito a ninguém.
- Dormiu bem?
- Dormi como um anjo.
- Você é um anjo.
- Sou nada.
- Se bem que o que você fez comigo ontem não é digno
de um anjo. Depois a safada sou eu.
- Você é safada e assanhada.
- Que ultraje!
Discou e esperou.
- Bonito aqui.
- É um shopping como os outros. – Lívia falou.
- Mas é bonito ué.
- Vou te levar num lugar aqui que vai gostar. – Lívia
passou o braço pela cintura de Marina.
- Amor, tem uma loja aqui que você vai gostar. – Lívia
puxou Marina pela mão.
- As horas...
- Ai, ta bom, são seis horas. – Lívia esticou o braço
olhando no relógio.
- Preciso me arrumar daqui a pouco.
- Quer subir, a gente toma banho e se arruma juntas.
- Como assim a gente toma banho? – Marina riu mais
de vergonha que qualquer outra coisa.
- Quer tomar banho comigo? – Lívia perguntou como
uma criança.
- Sua mãe disse que vai depois de táxi, disse que quer
se arrumar com calma.
- Ué, por quê?
- Não sei, vê com ela aí.
- Mãe, a senhora não vai agora?
- Não, vou tomar um banho e depois pego um táxi,
senão atraso vocês. Eu perdi a hora dormindo.
- Quer que eu venha te buscar?
- Não precisa, eu me ajeito, tem táxi logo aqui
embaixo.
- Bom, estamos prontas.
- Marina, eu vim te buscar, mas nem precisa. Lívia está
de carro, Fabrício também.
- Então, porque não espera sua mãe, lá ainda vamos
passar o som. Quando vocês chegarem provavelmente
nem teremos começado. – Marina se virou para Lívia e
falou toda carinhosa.
- Hum, vai sem mim?
- Vou morrendo de saudade. – A loirinha falou baixinho.
- Ai, ai, será que dá pra desgrudar? – Fabrício implicou.
- Tá bom, vamos, senão atrasa tudo lá.
Marta sorriu.
A loirinha riu.
- Amor...
- Oi.
- Estou com vontade de comer alguma coisa doce. –
Marina estava olhando para a caixa de chocolates que
estava no criado ao lado da cama. – Posso pegar um
chocolate daqueles?
- Claro, comprei pra você, nem precisava pedir.
Marina se esticou um pouco para pegar a caixa, Lívia
aproveitou para mordê-la.
- Ai.
- Gostosa! Por isso que eu mordo.
- Que foi?
- Nada, estou te olhando. – Lívia ainda observava.
- Posso te contar um segredo?
- Pode.
- Você fica linda de biquíni.
- É? – sorriu.
- Ahan... pensei em muitas coisinhas...
- Jura? Depois eu que sou safada. – Lívia riu. – No que
pensou?
- Não posso contar.
- Como não? Eu sou parte interessada.
- Só que eu tenho vergonha.
- Ahh, não tenha. Me conta!
Entraram no quarto.
- Ela é uma delícia. – Lívia continuou falando. – Sem
contar que é cheirosa. – de repente se virou para
Marina e a agarrou pela cintura. - E faz amor tão
gostoso que eu to viciada. – deu um beijo cheio de
segundas intenções. Marina retribuiu a altura e não
demorou muito para que as roupas fossem jogadas
pelo quarto.
- Bom dia!
- Opa, achei que tinha se mudado. – a amiga brincou. –
Disse que vinha ontem.
- Que nada. Eu vinha, mas saímos pra jantar e
chegamos tarde. E aí, aproveitou bem o fim de
semana?
- Ai, aproveitei. – Monica parecia uma abobalhada
apaixonada. – Passeamos, namoramos, fiz comida pra
ele, ele me levou na praia do arpoador, tão romântico.
- Meu Deus, já vi que esse casamento sai mais cedo do
que imagino.
- Como foi o final de semana?
- Foi bom, dormi mais do que tudo.
- A moça é gente fina? – Monica se referiu a Lívia.
- É sim e a mãe dela é muito simpática.
- Ah, a mãe dela ficou aí? Achei que tinha ido embora
no sábado.
- Não, foi embora hoje.
As duas riram.
Ela se virou para ver quem falava e viu que era uma
juíza com quem já tinha saído algumas vezes e
obviamente já tinha largado.
- Oi Camila. Como vai?
- Bem melhor agora.
Camila havia sido seu affaire antes de Bianca, saíram
por quase seis meses e todo mundo achou que aquele
relacionamento duraria, até porque tinham muito em
comum e a juíza era absurdamente linda. Tinha os
cabelos loiros dourados, parecidos com os de Marina,
olhos cor de mel e uma pele morena, nas horas vagas
fazia triátlon e isso lhe rendeu um belo corpo.
- Não sumi, apenas estou trabalhando muito.
- Estou naquela mesa ali. – Disse apontando. – Vamos
nos sentar.
- Não, obrigada. Estou curtindo o som aqui,
- Desde quando gosta de música?
- Desde muito tempo e desde que meus amigos tocam
nesta banda.
- Sério?
- Sei que está sendo tudo muito rápido, mas estou
deixando meu coração levar tudo isso. E sim, é sério. –
Lívia tinha uma expressão realmente séria. – Eu gosto
da sua companhia, eu sinto vontade de ver você feliz o
tempo todo e eu te amo. Então, quer namorar comigo?
- Quero. – Marina deu o sorriso mais lindo que Lívia já
vira.
Todos riram.
- Está linda.
- Obrigada. – Marina falou sem graça.
- Ê paixão!
- Vai dar uns pega no seu namorado também e para de
me encher. – Lívia falou brincando.
- Eu dou, mas eu sou discreto. – Fabrício deu um beijo
rápido em Eduardo.
- Essa fase de namoro já passamos, agora somos
sóbrios. – disse Eduardo.
- Daqui a pouco passa essa fase boa aí e fica só a
rotina. – Fabrício se sentou no sofá.
- Que nada, a gente vai mudar sempre. – Lívia falou.
- Vai nada, vocês se esquecem disso.
- Todo namoro tem suas fases ruins mesmo, mas eu
dou um jeito de temperar.
- Ou colocar um caldinho. – Marina brincou.
- Onde foram? – Eduardo perguntou.
- Fomos na Toca da Raposa, primeiro andamos por aqui
e depois fomos lá.
- Gostou Marina?
- Adorei!
- Ela gosta de tudo, mulher fácil de agradar. – Lívia a
abraçou.
- Eu gosto de novidade.
- Ah é? Quer dizer que quando eu deixar de ser
novidade, como vai fazer?
- Te trocarei. – Marina piscou o olho para os meninos.
- O que? – Lívia estava indignada, até afastou a
loirinha.
- Brincadeira amor.
- Você falou muito sério. – Lívia foi se levantando.
- Lívia deixa de ser boba que eu tava brincando.
- Não, não... falou sério demais pro meu gosto.
- Preciso de um advogado. Fabrício, me ajuda.
- Eu? Contra promotor público eu não me arrisco. Eles
são miseráveis. – Brincou.
Beijaram-se apaixonadamente.
- Pena que já está vestida. – Lívia falou com os lábios
colados nos de Marina.
- Você disse que tínhamos que sair mais cedo. Assim
voltamos mais cedo também e a noite serei toda sua.
Eu prometi, não prometi?
- Ahan... – Beijava seu pescoço. – E eu estou morrendo
de vontade de você.
- Mas ontem a gente fez amor até tarde. – Marina
sentia os beijos em seu pescoço e falava com voz
melosa.
- Ontem foi ontem, já passou. – Beijou seu colo e
passou a mão num dos seios.
- Amor, se comporte. Mais tarde, certo?
- Ta bom, ta bom...
Beijaram-se novamente.
- E você ainda acha que vou enjoar? Se soubesse o que
se passa no meu coração, não duvidaria disso nenhum
segundo. – Abraçou forte a morena.
- Que tal?
- Nossa que linda!
- Essa chuvinha que vai bagunçar meu cabelo. Ele fica
arrepiado quando tem garoa assim.
- Hum, então espere.
- Já acordou?
- Oi, bom dia! Acordei. Queria saber se posso preparar
um café da manhã para Lívia.
- Claro. Vou te ajudar.
- Esquentou?
- Muito!
- Quando disse que você era tensa não foi uma crítica.
Só pensei que talvez pudesse ficar mais tranquila, acho
até que a sua profissão exige um pouco de tensão
mesmo. Exige que você seja mais articulada, mas nos
momentos de folga pode relaxar.
- Às vezes não consigo relaxar.
- Por que não?
- Não sei. Falta de prática talvez, a gente se acostuma
a ser de uma forma que fica difícil mudar depois.
- Você gostou mesmo da massagem?
- Gostei.
- Então vou fazer sempre que quiser.
- Todo dia!
- Amor, todo dia não dá. – Marina sorriu.
- Já comeu mãe?
- Sim, acordei cedo, dormi cedo também. Que horas
vocês vão?
- Depois do café um pouco, não quero correr e chegar
no Rio em cima da hora. Marina tem aula logo após o
almoço.
- Ela gostou da viagem?
- Adorou.
- É tão fácil agradá-la.
- Sim. – Lívia sorriu.
- E então? Está tudo bem aí nesse coração?
Beijaram-se e se despediram.
Despediram-se.
- Quem era?
- Larissa, minha amiga. Ela estava aqui aquela vez do
coquetel, lembra?
- Lembro, casada com aquele moço, o...
- Carlos.
- Isso.
- Estava me chamando para sair, mas hoje eu tenho
outros planos. – beijou Marina.
- E amanhã? Ela convidou para que? – disse meio
desconfiada.
- Acho que uma inauguração, de uma casa de show.
- Ah sim.
- Não sei se vou. – Lívia falou com descaso.
- Por que não? Se estiver afim, vá se distrair ué, sei
que você gosta e ainda vai ficar sozinha. Ou você vai
para Mauá?
- Eu disse que ia, agora não sei.
- Então aproveita o convite dos seus amigos.
- Posso ir mesmo? – Lívia parecia uma criança pedindo
alguma coisa.
- Claro meu bem. – Marina mexeu em seus cabelos. – E
que é isso de pedir? Não precisa da minha autorização.
- Achei que não fosse gostar da ideia de me ver saindo
sozinha.
- Não! Eu não gosto é de ver esse bando de mulher
folgada dando em cima de você, mas isso não tenho
como controlar. Eu confio em você. – Marina tentou
transmitir sinceridade em suas palavras.
- É, vou ver se vou. Se eu me animar.
- Isso. – beijou seus lábios.
- Confia mesmo em mim?
- Confio. Porque te amo e sei que me ama também.
- Amor é o jantar.
- Fique aí, vou lá pegar.
- Vou sair também.
- Tem um roupão que comprei pra você, está no guarda
roupa.
- Ta.
- Na cozinha?
- Não amor, na sala mesmo.
- Olá!
- Hei! Entra, estou terminando pra gente almoçar.
- Muito trabalho?
- Um tanto quanto. – riu.
- Vou ficar ali na mesa então. Estou com uma resenha
para fazer.
- Se quiser pode usar meu notebook. Está naquela
gaveta da estante.
- Não precisa, eu vou fazendo umas anotações e depois
passo a limpo.
- Os professores não exigem o trabalho digitado?
- Não, só alguns. Quando pedem, eu vou a uma lan
house e faço lá.
- Marina! Ta bonita.
- Nossa, bonito ta esse lugar.
- Ficou irado não é?
- Muito.
Marina não quis falar, pois com ela não se tinha muitos
argumentos. Achou melhor agir. Aproveitou que ela
estava de costas e beijou sua nuca, passou a mão em
suas costas, arranhou de leve, até porque suas unhas
estavam curtas. Beijou seu ombro, mordeu o pescoço.
Sentiu a respiração da namorada se alterar, mas ela
ainda fingia não ligar. Desceu a mão pela cintura dela e
chegou até o os pêlos pubianos e acariciou, depois
ameaçou colocar os dedos em sua abertura, mas voltou
para os pêlos. E com a mão lá e a boca bem próxima a
sua orelha, falou com a voz mais doce que Lívia já
ouvira.
- Não quer fazer amor comigo?
- Te amo muito.
- Também te amo. – a voz de Marina saiu cansada.
- Você já me tem.
- Quero todo dia, toda hora. – a olhou com cobiça.
- Assim você enjoa.
- Não sei o que Fabrício te falou sobre mim, mas pode
apostar que não enjôo de você.
- É pegar ou largar.
- Lívia...
- Eduardo, eu saí de casa para comprar um piano e vou
comprar.
Ele sorriu.
- Eu a amo e quero o melhor pra ela.
- Me dou por satisfeito.
- Obrigada por me ajudar e peço por favor, para não
contar sobre o valor desse piano a Fabrício.
- Tudo bem. Posso pedir uma coisa?
- Pode.
- Vai dar o piano que dia?
- Amanhã, pois hoje tenho uma reunião e vocês têm
show.
- Posso estar perto? Quero ver a carinha dela. – ele
falou feliz.
- Claro, vou convidar você, Fabrício, Carlos e Larissa,
faz tempo que não os vejo. Combinamos algo amanhã
à noite.
- Está molinha?
- Estou. – respondeu com dengo.
- Hum... vem cá.
“Tão bonita!”
- Peguei!
- Ah... olha só o que você fez... – Marina fazia beicinho,
mas ria ao mesmo tempo.
- Ta linda.
- É né? – pegou o restante da colher e passou no rosto
da namorada, até o pescoço.
- Sabe que vai ter que tirar isso não é? – levantou a
sobrancelha.
- Sei, com o maior prazer. – sorriu.
- Me solta!
- Não!
- Você não pode me obrigar a ficar aqui.
- Não posso, mas, por favor, me escuta. – soltou-a. -
Você pode ir, mas me escuta primeiro.
Dormiram novamente.
Os dois se calaram.
- Bom dia!
- Bom dia. – Marina sorriu.
- Que som esquisito é esse, deu problema no piano? –
Lívia pareceu preocupada.
- Não amor, eu que estou usando o abafador. – Marina
pegou sua mão e beijou.
- Ué, por quê? – Lívia se sentou ao lado dela no banco
do piano, porém na posição inversa.
- Não quis te acordar. Eu levantei cedo e vim pra cá,
você estava tão tranquila dormindo.
- Dormi que nem uma pedra essa noite. Essa viagem
me desgastou bem.
- Tadinha. Da próxima vez eu me escondo na mala e te
faço uma surpresa lá. Aí cuido de você.
- Meu amor, desejo boa sorte, fique calma que vai dar
tudo certo, sei que você se preparou para isso e agora
está colhendo o fruto de seu esforço. Saiba que estarei
na plateia te aplaudindo de pé. Não porque é uma
excelente pianista, mas também porque te amo muito.
Todos brindaram.
Saiu apressada.
- Eu esquento vocês.
- Vou chamar o garçom, sejam bem vindas. – Leandro
saiu.
- Eu reclamo, mas eu adoro frio. Por isso moro aqui. –
Marta falou.
- Também gosto, no sítio nessa época do ano faz um
frio danado, gosto de ficar lá pra ver a cerração de
manhã.
- Ih, quero ver essa cerração aí, será que tem jeito? –
Lívia brincou.
- Claro, é só acordar cedo.
- Ah, então ela não vai ver, Lívia gosta de dormir até
tarde.
- Eu faço um esforço mãe.
- Depois me conta Marina. – riu.
- Gostou?
- Muito! É minha preferida.
- Ah ta. – Lívia achou graça. – A última sobremesa que
comemos lá em casa foi a sua preferida também.
- Eu mudei de ideia, agora é essa aqui. Qual é mesmo o
nome?
- Cheesecake.
- Isso. Adorei! – falava como uma criança.
- Alô.
- Gostaria de falar com a senhorita Marina. – Lívia
mudou a voz.
- Sou eu, quem deseja?
- Bom dia senhorita. Te vi em um show nesse final de
semana e te achei muito bonita. Tem algum
compromisso para hoje à noite?
Marina ficou corada até a raiz dos cabelos.
- Olha, não sei quem está falando, mas isso não tem
graça.
- Que isso! Não estou pedindo nada demais, só um
jantar romântico. Te achei tão linda, nunca vi uma
mulher mais gata que você.
- O que? – Marina estava indignada. – Procure outra
pessoa, pois eu sou compromissada. – desligou o
telefone.
Dormiram profundamente.
Lívia ligou, mas Fabrício disse que não ia, pois estava
cansado e como viajariam cedo no dia seguinte, ele
preferia dormir cedo.
- O carro é esse?
- É. – Lívia não esboçou nenhuma reação.
- Pra que um carro desse tamanho? – Se referia a um
modelo da Hyundai.
- Porque ele tem mais lugares, na verdade dois a mais.
E tem tração nas quatro rodas, é mais confortável e vai
nos ajudar para ir ao sítio.
- Vai colocar ele na estrada de chão. – Não era nem
uma pergunta, mais uma constatação.
- Claro.
- Meu Deus!
- Titi!
- Ei menina! Que boneca bonita!
- Posso brincar?
- Linda, vou levar pra sua mãe. Você disse que gostaria
que ela aprendesse a fazer.
- Amor, já compramos muitas coisas.
- Só mais essa.
- Ai, ai...
- Monica.
- Ah sim, pode mandar subir.
- Atrapalho?
- Não, imagina. – tentou não ser irônica. – Vou chamar
Marina, ela está dormindo.
- Qualquer coisa eu volto depois.
- Não precisa, só um minuto.
- Ei Monica!
- Oi, e aí? Tudo bem? – reparou que a loirinha usava
um roupão e imaginou que estivesse ocupada mesmo.
- Tudo jóia, estava dormindo. Chegamos muito tarde e
ainda fui desfazer as malas.
- Você vai passar a semana aqui?
- Não sei, por quê?
- Por nada, só pra saber. Como foi de férias?
- Ótimo, matei a saudade, mas sempre fica um
pouquinho.
- Safada!
- Apaixonada. – Lívia se virou e ficou por cima da
loirinha. – Completamente apaixonada.
- Você é muito sem-vergonha e só pensa em sexo
Lívia, como pode isso? Tem hora que me pega de jeito
e... – pensou pra falar. – Eu fico...
- Satisfeita? Cansada?
- Também sua boba. – deu um tapa no braço dela. – Eu
fico impressionada com a sua vontade de fazer sexo.
- Fazer amor. – corrigiu. - Acho que já estou sentindo
sua falta antecipada. Depois que começar as aulas você
vai olhar só para aquele piano. – fez bico.
- Ô meu amor, que isso. Eu divido bem a atenção. E
por falar em atenção, vem aqui. – Marina levantou e
puxou Lívia pela mão.
- Pra onde vamos?
- Pra sala.
- Agora vem.
- O que você está aprontando? Eu queria...
- Que lindo!
- Fiz pra você. Queria ter lhe ajudado no banho, fazer
massagem e depois jantar, mas a senhorita apressada
não me deu tempo.
- Isso tudo é pra mim?
- Não, eu convidei a torcida do flamengo também, só
que eles estão atrasados. – riu. – É lógico que é pra
você. Vem, senta aqui.
“Ainda bem
Que você vive comigo
Porque senão
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá
Nos dias frios em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto
De amar, de amar
Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me mandam são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte”
“Ainda bem
Que você vive comigo
Porque senão
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá
Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me mandam são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte
Entre tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa hein?
Entre tantas paixões
Esse encontro
Nós dois, esse amor.”
- Onde está?
- Estou na faculdade, tendo aula com Marconi.
- Você veio aqui hoje? Estou em casa.
- Fui pra pegar umas partituras e estudar um pouco.
- Vai voltar?
- Não, vou sair tarde daqui. Vou amanhã, pode ser?
- Eu te pego, vem aqui hoje.
- Ai amor, vou sair tarde e é longe. Amanhã tenho aula
cedo, show à noite. Prometo sair da aula e ir direto
para seu escritório.
- Amanhã tenho audiência, não vou ao escritório.
- Te encontro a noite no apartamento antes do show
então.
- Ta bom Marina. Boa aula.
- Pronta?
- Pronta.
- Amem! Vamos lá!
Beijaram-se demoradamente.
- Tudo bem.
- Lívia, sente-se aqui então. – falou com a voz mais
doce que Lívia já ouvira. Olhou para Vera e continuou. -
Vamos começar com...
- Escala Marina.
- Estou noiva.
- Está feliz?
- Claro.
- É a menina que vi no show aquela vez, não é?
- Por que quer saber?
- Lívia, ela é quase uma criança. Não dá pra entender.
Pra que procurar uma menina quando se tem mulheres
adultas e mais maduras ao seu dispor.
- Ninguém tem que entender nada, da minha vida cuido
eu.
- Quando se cansar de bancar a babá, vai se lembrar
do que estou dizendo.
“Vivo fazendo tudo que ela quer. Será que não pode ter
um pouco de consideração?! Podia ao menos tentar
conversar com os pais, mas é acomodada demais pra
isso!”
Seus pensamentos eram perdidos e desconexos. Nem
viu o tempo passar, quando resolveu sair do quarto e
procurar por Marina, a achou no escritório dormindo
com um livro aberto no peito. Sorriu e a deixou só, saiu
para dar uma volta.
- Que houve?
- Lívia está chateada porque não vou passar o ano novo
com ela, nem natal. Vou para casa.
- Está certa, vai ver sua família. Não os vê faz tempo.
- Sim, fui no último feriado, mas fiquei poucos dias. Só
que ela ficou brava mesmo, nunca a vi assim.
- Ela vai repensar isso e pedir desculpa; no fundo Lívia
sabe que agiu errado. – Eduardo tentou acalmá-la.
- Espero que sim.
- Uma coisa que Lívia tem é sensatez. – completou o
rapaz.
- Te amo. – sussurrou.
- Eu gosto.
- Já eu prefiro uma morena.
- Alô.
- Lívia, sou eu Camila.
- Ah sim, oi Camila. – suas pernas bambearam com a
lembrança do que fizera.
- Está muito ocupada? Podemos nos ver?
- Olha, estou saindo e preciso chegar cedo em casa.
- É coisa rápida.
- Pode adiantar por telefone? Ou esperar para outro
dia?
- Não, é urgente.
- O que foi?
- Está de carro?
- Sim.
- Podemos ir até lá?
- Mas o que está acontecendo, é algo urgente?
- Sim.
- Já volto.
- Gostou?
- Uma delícia. Realmente fiz uma excelente escolha, a
combinação é mais que perfeita. Pianista e cozinheira.
Preciso de mais o que? – brincou.
- Eu também não estou mal, uma advogada promotora.
Se eu fizer algo de errado já tenho quem me defenda.
– Marina sorria contente.
- Você é um anjo e nunca irá fazer nada de errado,
tenho certeza disso. – Lívia acariciou o rosto de Marina
falando sinceramente.
- Alô!
- Ué, cadê a secretária?
- Camila o que você quer?
- Quero te ver.
- Não! Nem pensar. Me esqueça, o que você quer de
mim, muitas outras mulheres têm a oferecer.
- Quem disse que quero só sexo, Lívia eu gosto de
você, sabe que sempre a admirei e se não demos certo
da outra vez foi por pura falta de sorte. Nunca achei
que fosse se relacionar seriamente, por isso não levei
fé.
- E agora que estou namorando, ou melhor, noiva, você
está me dando crédito?
- Pra falar a verdade sim, mas aquela garota não é
para você. Ela é nova, imatura, bobinha. Você precisa
de uma mulher de verdade e isso você sabe que posso
te oferecer. Temos uma carreira brilhante, dinheiro,
estabilidade.
- Mas não tem o que mais preciso.
- O que? Posso ser o que você quiser. Vai me dizer que
não gostou daquele dia no carro? Eu pude sentir que
sim. Você estava selvagem, procurava algo que parecia
não ver a muito tempo... queria calor, queria algo
quase violento.
- Você não sabe o que quero Camila, não invente as
coisas. – Lívia já começava a suar.
- Eu sei o que você quer... Você quer uma mulher
fogosa, que te faça sentir prazer e que lhe mostre isso
também. Que seja quente na cama, que esteja como
eu agora... – pausou e soltou um gemido em seguida. –
Molhada, ansiando por seus toques, querendo sua
língua entre minhas pernas.
- Pois não.
- Vou sair, estou deixando os relatórios que me pediu
aqui nessa gaveta. Não volto mais hoje, feche o
escritório, por favor.
O rapaz ficou tentado a perguntar aonde ela iria,
imaginou que fosse sair com Camila, mas se segurou.
Lívia saiu sem dar paradeiro, entrou no carro e foi
direto as concessionárias. Queria um carro no estilo
hatch para a noiva. Não sabia qual seria a preferência
de Marina, pois ela nunca nem comentou sobre carros,
dizia apenas que os de Lívia eram confortáveis.
Procurou então a Citroen e lá viu vários carros, mas um
em especial chamou sua atenção, um modelo
esportivo. Ele tinha tecnologia e serviria para estrada
de chão. Lembrou-se do sitio da família dela.
- Pode confiar.
- Então, diga a Marina que tenho saudade dela e que se
quiserem podem passar uns dias aqui.
- Pode deixar. Fica com Deus mãe.
- Você também e juízo minha filha.
- Trocou de carro?
- Não. – respondeu sem olhar para ele.
- Comprou outro, pra que meu Deus? É coleção?
- Não é coleção. – continuava olhando os papéis.
- Qual modelo?
- Um esportivo da citroen.
- Que maneiro!
- Entra.
Camila o empurrou.
- Surpresa!
- Primeiro a senhorita.
- É muito bonito.
- Gostou?
- Adorei! Nunca pensei nem em ter um carro, quanto
mais um desses.
- Então vamos ver se ele anda.
- Acho que esse foi o presente mais brega que lhe dei.
– riu.
- É, chave do coração... – Marina apertou os lábios num
gesto brincalhão. – Não tem presente que você me dê
que eu não goste, e sabe que não é pelos valores, mas
pelo que representam.
- Amo você Marina, por tudo que é e faz de bom na
minha vida.
Lívia a beijou e depois de muito tentar, finalmente ia
fazer amor com ela. Deitou Marina na cama, estava
totalmente nua, apenas usando o cordão e a aliança,
achou linda aquela visão. Percorreu seu corpo com
beijos até chegar a sua boca. Marina abriu as pernas
deixando a morena se encaixar entre elas. Por um
momento Lívia teve medo de perdê-la, ficou parada
olhando-a e admirando seu sorriso, seus olhos, o nariz
arrebitado. Marina sorriu da forma como Lívia mais
gostava e isso a despertou do transe.
- Voltei.
- Que rápida.
- Quando eu quero, eu sou. – Lívia sorriu brincando e
beijando os lábios de Marina.
Chegaram ao restaurante e procuraram uma mesa mais
reservada.
- Gostei.
- Linda. – beijou a loirinha. – Linda! – beijos. – Linda! –
mais beijos. – Ai! – sentiu a boca doer. – Marina isso
vai ficar roxo.
- Desculpa! – cobriu o rosto com vergonha.
- Pelo menos vão saber que eu tenho dona.
- Podemos colocar gelo, vai ajudar. Vou lá buscar.
Marina corou.
- Adorei aqui.
- Nem parece que estamos no Rio de Janeiro, não é? –
Lívia falou. – É tranquilo demais.
- Quem era?
- O porteiro. Perguntando se eu recebi a
correspondência.
- Ah...
- Por que desceu? Pode voltar, vamos ver o filme.
- Eu estou procurando minha mala, você a guardou?
Entraram no táxi.
- Santos Dumont, por favor.
Lívia sorriu.
- Bom dia!
- Ô, bom mesmo. Acordou inspirada. – Marina sorriu.
- Também com a noite de ontem. – Lívia apoiou o
cotovelo na cama sustentando a cabeça.
- Pra um neném até que dou pro gasto. – Marina fingiu
contrariedade, tirando uma gargalhada de Lívia.
- Você é sim meu neném, mas em algumas horas. –
beijou a ponta do nariz da loirinha.
- Pedi café da manhã aqui, tem problema? – Marina
mordeu o lábio inferior.
- Não amor, acho até bom, assim comemos sossegadas
e logo descemos. Hoje vamos à praia, não vamos?
- Claro.
- Pode. – sorriu.
- E aí?
- Quer jantar comigo essa noite? Eu dirijo. – Marina
sorriu.
- Ahh! Eu sabia! Parabéns meu amor!
- Obrigada por me apoiar. – abraçou Lívia.
- Temos que comemorar!
- Claro! Hoje vamos sair para jantar, mas infelizmente
não posso dirigir, pois não tenho a CNH nas mãos
ainda.
- Quanto tempo para chegar?
- Mais ou menos uns quinze dias.
- Então hoje vamos comemorar em casa, quando a sua
habilitação chegar, nós saímos e você dirige. Pode ser?
- Tudo bem. – Marina sorria.
- Alô.
- Lívia, por favor preciso que venha a minha casa, sofri
um atentado. – era Camila ao telefone.
- Como é que é? Do que está falando Camila?
- Entrei em meu apartamento e está tudo revirado.
Ainda tinha alguém aqui quando entrei, mas saiu pela
porta de serviço.
- Já chamou a polícia? – Lívia realmente se preocupou.
- Eles já vieram e aqui e fizemos um boletim de
ocorrência. Estou apavorada. – a voz de Camila parecia
nervosa e Lívia se comoveu.
- Vou passar aí.
- Bom dia.
- Ei, bom dia! Chegou tão tarde que eu nem vi. Aliás,
eu acho que dormi no escritório.
Lívia sorriu.
- Fica calma Marina, não vou falar nada que possa lhe
comprometer. – riu do nervosismo da loirinha.
- Olha lá hein? Vou para o último ensaio da orquestra.
- Eu te acompanho, tenho aula agora à tarde.
- Ei bonitinha.
- Oi meu bem, chegou agora?
- Graças a Deus.
- Deu tudo certo lá no fórum?
- Sim, mas foi cansativo. Entra aí um pouquinho. –
pediu que ela voltasse ao reservado.
Os dois riram.
Todos o cumprimentaram.
- Vem cá, não fica assim. Olha, acho que daqui um mês
terei de ir a São Paulo, você vai comigo e de lá vai para
Jaú. De avião vai mais rápido, você fica lá uns dias e
volta quando eu voltar.
- De repente dá certo né? Obrigada por me consolar e
me aguentar.
- Eu adoro te aguentar. – Lívia a beijou no rosto.
Marina sorriu.
- Estava. – mexeu no cordão de Lívia. – Preciso falar
bem de você, mas isso não é esforço nenhum e eu não
inventei nada.
- Hum... – mordeu o pescoço da loirinha. - Quer tomar
um banho comigo?
“Encrenca!”
- Já passou.
- Sua namorada deve ter ficado bem chateada.
- Nem tanto, Marina é muito compreensiva e não liga
para essas coisas.
- E cadê ela, por falar nisso?
- Está visitando a família.
- Largou você sozinha aqui no Rio? Que falta de zelo. –
brincou.
- Fazer o que? – Lívia terminou de comer e limpou a
boca com o guardanapo.
- Está de saída?
- Sim, tenho que levar meu carro para a revisão.
- Se quiser te dou uma carona. Estou de carro também.
- Não precisa, eu me viro.
- Que isso Lívia, você me ajudou outro dia, quero
retribuir.
- Isso é sacanagem!
- Vai me deixar molhadinha assim? – Camila falou
gemendo.
- Eu...
- Não precisa dizer que me admira, seria algo forçado
agora. – baixou o olhar. – E eu preciso provar a você
que mereço sua admiração. Um dia eu consigo, quem
sabe né? – sorriu sem graça. – Então vamos nos
arrumar? Petrópolis fica muito longe? – mudou o
assunto.
- Não. Pouco mais de uma hora dependendo do
trânsito.
- Algum problema?
- Não... não... é que...
- Nunca viu duas mulheres juntas? - Lívia levantou uma
sobrancelha.
- Posso morder?
- Ai, desculpa!
- Foi tudo bem, cheguei ontem. Me espera que vou
andando com você.
Vera entregou a partitura e recomendou mil coisas.
- Professora nojenta.
- A culpa foi minha, eu dei mole.
- Como estão as coisas por aqui? Eu mal cheguei de Jaú
e Lívia me carregou para Petrópolis. Vamos passar ali
no banco, preciso entregar o dinheiro do aluguel e das
outras contas.
- Diga.
- Marina é lésbica.
- Marina!
- Rê, to saindo!
- Só vai comer isso? Um dia você vai desmaiar na rua.
- Desmaio não. Qualquer imprevisto me liga. – saiu.
- Voltar no tempo.
“Lá vem.”
- Sim, o que?
- Ontem o pianista anterior da orquestra se apresentou,
ele voltou da Europa.
Rio de Janeiro
- Eu já vi.
- Como assim já viu? Não me falou nada.
- E pra que vou te falar que vi Marina numa revista?
Pra você ficar chateada?
- Ela é dona de um estúdio, eu já sabia, mas o trabalho
deles é reconhecido mundialmente. Estou tão feliz por
ela. – falou olhando para a foto.
- Também fiquei feliz, ela merece tudo que conseguiu.
- Olha Luisa como está a cara dela.
- Realmente são bem parecidas.
- Está tão linda. – admirou a foto da loirinha.
- Você já tentou falar com ela depois daquele dia da
formatura?
- Não! – Lívia respondeu como num susto.
- E por que não? Quem sabe ela não está mais
receptiva.
- Marina nunca mais vai me aceitar. – falou chateada.
- Minha filha. – Marta sentou ao lado dela e segurou
suas mãos. – Você errou feio, não foi por falta de aviso
isso...
- Sermão agora mãe! – interrompeu.
- Não estou lhe dando um sermão, mas um conselho.
Errou, mas pode tentar consertar, ao menos tente e se
não conseguir é porque não tinha que ser mesmo.
Quando tudo aconteceu eu imaginei que você ficaria
chateada, mas logo se recuperaria e continuaria com
sua vida. Hoje eu vejo que gostava mesmo de Marina e
por que fez aquilo tudo eu ainda não entendi, mas
tente reconquistá-la. Você é boa nisso.
São Paulo
”Tia?!”
- Sei...
- Má, estou em Jaú, mas vou para São Paulo semana
que vem, Hugo vai fazer um curso e vamos ficar uns
dias aí.
Rio de Janeiro
- Alô?
- Lívia você é a mulher mais sortuda desse mundo. –
Eduardo falava ao telefone.
- Por quê?
- Anote aí o celular de Marina.
- Ta brincando?!
- Sério. Hugo me mandou um e-mail pra saber como
estão as coisas e contou que ficou na casa dela esta
semana que passou. Eu respondi na mesma hora
perguntando se ele sabia o telefone dela, disse que era
urgente. Ela está em Salvador numa reunião...
- Eu sei, estou aqui também.
- O que?
- Fale o telefone.
- Como você...? Meu Deus, você é louca.
- Eu sou... sou louca por ela. – sorriu animada com a
novidade.
- Alô?
- Putz! Danou-se!
- Mãe, vamos embora! – Marina chamou.
- Não precisa sair, já estou de saída. – Lívia falou
seriamente. – Vamos mamãe.
- Demoraram ontem.
- Nossa hoje nós vamos lá no pelourinho. De noite é
movimentado nos bares, mas de dia tem feira de
artesanato, a senhora vai gostar.
- Achei que tivesse saído com Lívia e Marta.
- Não mãe.
- Está me ouvindo?
- Não.
- Que foi? Está calada desde o encontro. Não foi bem o
que imaginou, mas tem que estar preparada para
frustrações.
- E estou, mas confesso que foi um balde de água fria
mesmo. A senhora se importa se formos embora?
- Não filha; já conhecemos Salvador, nada aqui é
novidade pra mim.
Ele riu.
As duas riram.
- Mas... o que...?
- Quem gostaria?
- Marina. Marina Calleguer.
- Um minuto, por favor.
- Tem comida?
- Fiz macarrão, quer?
- Ah não, procurava por algo mais leve. – falou
desanimada.
- Que cara é essa?
- Estão tentando embargar a obra do estúdio, mas eu
já procurei advogado pra me ajudar.
- Por que não me falou? Eu ia te ajudar também.
- Pode deixar, conversei com Fabrício, lembra dele?
- Senhora Marina?
- Sou eu.
- Meu nome é Bernardo Martins, gostaria de saber com
que direito a senhora retomou a obra desse estúdio? –
perguntou com empáfia.
Entraram no elevador.
Bernardo se desvencilhou.
- Está tudo bem agora. Ele não vai mais falar com
você, nem pra dar bom dia. – Lívia falou sorrindo para
Marina.
- Obrigada. Achei que ele fosse... sei lá... me bater.
- Nem se fosse esclerosado. Se te encosta a mão
estava morto uma hora dessas. Bernardo só late alto,
mas é covarde. – Lívia se voltou para o delegado e
agradeceu. – Obrigada Francisco, fez pressão nele.
Você também Lucas.
- Posso publicar uma nota sobre o assunto?
- Claro, faça como achar melhor.
- Acho que vou indo, tenho ainda algumas coisas a
resolver. – Marina falou. – Obrigada por me ajudar, não
teria conseguido sem você. – olhou nos olhos de Lívia.
- Eu a acompanho até lá embaixo.
- Que houve?
- Marina está passando mal desde ontem.
- Eu achei o rostinho dela abatido depois da confusão,
pensei que era só o susto.
- Que nada! Chegou em casa e deitou, teve febre e
agora está vomitando. Pode indicar um médico em que
eu possa levá-la?
- Vomitando?! Tenho um cliente que é clinico geral, ele
é excelente médico, por hora vai falar o que fazer. Mas
quero que me deixe informada sobre ela.
- Fica tranquila.
- Tive um problema.
- Que foi? – Marina falou parecendo sonolenta por
conta do remédio.
- Minha mãe ligou e vou precisar ir para Goiânia hoje
ainda.
- Nossa! E ela falou o motivo?
- Aí que ta, não falou nada. Acho que não quer me
preocupar. Prometo ir e voltar num pulo.
- Tudo bem Renata, espero que não seja nenhum
problema grave. Somente repasse os compromissos
para semana que vem e avise isso aos meninos do
atendimento lá no estúdio.
- Pode deixar. Melhoras viu patroa. – beijou a testa de
Marina e saiu.
- Que é isso?
- Eu sei que você gosta.
- Voltei.
- Não disse que não gostei, disse que... ah deixa pra lá.
- Quer sair pra jantar? Não precisa ser longe, pode ser
aqui pertinho.
- Ta bom, vou me trocar.
A loirinha riu.
- Não entendi...
- Ainda não é namoro, talvez seja, não sei, estou
confusa com isso. Gosto dela, você mais do que
ninguém sabe disso, tentei evitar, fugir, mas não deu.
Não vou me entregar totalmente, mas vou deixando
acontecer.
- Hum.
- Alô.
- Ei, ainda se lembra de mim? – Marina brincou.
- Não consigo te esquecer. – Lívia falou sério.
- Acho que estou lhe devendo desculpas não é?
- É você quem tem que saber isso, se acha que sim.
- Desculpa Lívia, trabalhei muito essa semana, graças a
Deus estamos com a agenda cheia.
- Que bom, fico feliz.
- Estou ligando pra me desculpar e convidá-la pra
jantar. Aqui em casa, eu faço o jantar, será que ainda
gosta da minha comida?
- Ah não acredito!
- Aceita visita uma hora dessas? – Marina falou
sorrindo.
- Você eu aceito qualquer horário minha filha! Que bom
revê-la!
- Nos vimos tão rápido em Salvador que nem deu pra
conversar direito.
- Pois é, mas entre, seja bem-vinda de novo.
- Essa é Renata minha secretária e amiga.
- Nas horas vagas. – Renata acrescentou brincando.
- Fiquem a vontade, estava fazendo o jantar.
- Se quiser podemos ficar num hotel.
- De jeito nenhum, aqui tem lugar pra todo mundo. –
sorriu - Lívia está lá em cima. Sobe lá no quarto dela,
acho que deitou um pouco pra descansar e acabou
dormindo.
- Ta bom.
- E vocês duas venham que vou levá-las para o quarto
de vocês.
- Gente adorei essa casa! – Renata olhava ao redor. – É
aconchegante.
- Eu também gosto muito daqui. – Marta sorriu.
- Satisfeita?
- Muito, mas fiquei com mais vontade.
Lívia riu.
- Usar isso.
Marina olhou para o lado, para ela, ficou sem jeito para
falar.
- Não quis mais ficar por ficar, ter prazer somente. Tem
que haver um fundamento para as coisas, você me
ensinou isso. Não quero mais fazer sexo, eu quero
fazer amor, eu quero um amor. Daqueles que é pra
vida toda. – olhou para Marina. – Quero uma mulher
que me ame, porque ela vai ser amada por mim
incondicionalmente.
Lívia olhou tudo e pediu que Érica ligasse para três dos
que estavam ali, queria ela mesma conversar com eles.
Sentou com os candidatos para uma avaliação em
grupo e depois conversou com um por um. O primeiro
rapaz achou muito tímido e pareceu meio atrapalhado,
a segundo garota havia gostado do jeito dela, era
decidida e esforçada, ainda não tinha OAB, mas já tinha
feito prova e garantiu que havia passado. O terceiro era
convencido demais e ela achou que poderia ter
problemas com ele. Depois dos três lá fora olhou mais
uma vez o currículo e pediu que Érica chamasse a
menina e assim que ela entrasse, dispensasse os dois
garotos.
Lívia olhou para Marta que fez um sinal para que ela
fosse atrás.
- Muito prazer.
- Prazer. – Marina sorriu também.
- Bom, eu já vou indo então. – Beatriz falou. – Fabrício
disse que eu poderia pegar alguns livros se quisesse,
peguei dois, mas devolvo rápido viu?
- Fique a vontade, quero mais é que leia mesmo, isso é
importante. A propósito, espere. – Lívia pegou um
envelope e entregou a Beatriz. – Aqui está o depósito
da sua bonificação. Não pago em dinheiro, porque aqui
no Rio não podemos dar esse mole de andar com
dinheiro na bolsa.
- Muito obrigada. – Beatriz estava feliz. – Esse dinheiro
não poderia ter vindo em melhor hora. Posso lhe dar
um abraço? – os olhos estavam um pouco marejados.
- Está demitido!
- O que?! – arregalou os olhos.
- Está demitido! Não vou repetir.
- Você não pode me demitir!
- Por que não? O escritório é meu e aqui trabalha pra
mim quem eu quero e quem quer me ver bem, o que
não é o seu caso. Sabe Fabrício, sempre achei que você
seria um excelente parceiro. Gosto do seu trabalho, do
profissionalismo, mas você não tem caráter pessoal.
Não sei por qual motivo tem interferido tanto na minha
vida nos últimos anos. Por acaso gosta de Marina?
- Que isso! Sabe que não, sou gay ora bolas. – falou
nervoso.
- Então sinceramente eu não entendo, se dissesse que
gostava dela eu até perdoaria. Com que intuito você
envenena nosso relacionamento então, eu não sei. É
desde o início e quando nos separamos você pareceu
gostar.
- Claro, você a enganou e traiu. Quando ela descobriu,
eu fiquei aliviado.
- Não por isso, mas gostou de nos ver separadas. Por
que hein?
- Você não a ama, você envolve as pessoas e depois as
joga fora. Fez isso com Marina e ela não merece ser
enganada de novo. Ela merece alguém melhor, como
Vera, por exemplo, é uma pena que o relacionamento
delas não tenha ido pra frente.
- Fico com pena de tia Bete, ela vai ficar muito triste.
- Calma filha, Bete sabe entender as coisas, eu
converso com ela.
- Ei Marina!
Riram.
- Já vai?
- Hoje à tarde. Já liguei pro Felipe e ele ficará aqui
esses dias. – fechava a mala. – E quando voltar vou
resolver minha vida.
- Bom dia!
- Que é isso?! Parece até chefe de excursão. –
Guilherme brincou.
- Hoje estou animada.
- É pra ficar mesmo, ganhamos ó. – o rapaz mostrou
um processo.
- Que ótimo! Tem que comemorar!
- É eu chamei Beatriz pra sair hoje à noite.
Um tempinho depois.
- Estamos chegando.
- O que houve?
- Depois que... – pareceu pensar no que ia dizer. –
Depois que comecei a trabalhar e minha vida ficou mais
estável, contei para minha família sobre mim.
- E aí?
- Meu pai quase me deserdou, minha mãe foi na
mesma onda dele e meu irmão era óbvio que ia apoiá-
los. Somente minha cunhada ficou em cima do muro,
mas não se opôs a eles, com medo de ser repreendida.
- Vem...
- Devagar... ahh...
As duas se abraçaram.
- Não é nada!
- Bem capaz de eu ter que dobrar as pernas ao meio. –
continuou debochando.
- Olha aqui Lívia, nem dirigiu um carro daquele, fique
sabendo que é muito confortável.
- Pra alguém de um metro e meio. – falou fingindo
descaso. – Onde você o comprou tinha um pra adulto?
– segurava o riso.
Beijaram-se demoradamente.
- Está pronto.
- Confesso que minha fome é outra. – chegou por trás.
- Suas mãos hoje estão muito... indisciplinadas. –
tentou se soltar.
- Você nunca reclamou disso. – voltou a abraçá-la. – E
está deliciosamente linda com esse hobby, quero saber
o que tem por baixo dele.
- Nada que você já não conheça. – correu dela.
- Ô, conheço cada pedacinho e nos mínimos detalhes. –
sentou-se a mesa. – Mas nunca me canso de ver e de
tocar. – sorriu com malícia.
- Estou atrapalhando?
- Não amor, entra. Estávamos falando de você.
- Espero que bem. – se aproximou dela e a beijou. –
Boa tarde gente. – cumprimentou Guilherme e Beatriz.
- Claro que falava bem, disse a eles que amanhã vou
pedir sua mão em casamento pra sua mãe.
- Ai, nem fale. – fez uma cara preocupada. – Estou
rezando pra que dê tudo certo, mas se não der,
paciência. Não posso abrir mão da minha felicidade por
questões contrárias. – sentou na perna de Lívia que a
abraçou.
- Viu? Eu disse a ela que você não mudaria sua opinião
caso sua mãe não concordasse. – Beatriz falou.
- Tenho um palpite de que ela não vai aceitar sorrindo,
mas vai tentar compreender.
- Deus a ouça. – a morena falou.
- Bom, vamos então Bia que ainda tenho de passar no
cartório para reconhecer firma de um cliente. –
Guilherme falou se levantando. - Preciso comprar um
carro, porque de moto não ta dando, chego meio
amarrotado nos lugares. – riu. – Vi um carro outro dia,
mas o cara me enrolou, disse que estava novo, só que
ele já tinha levado água até a altura do volante numa
das chuvas que alagou o Rio.
- Que sacana! – Lívia falou. – Esse povo não tem
vergonha na cara né? Deve achar a gente com cara de
idiota.
- Eu vi porque levei num amigo meu que tem oficina.
Comprar carro usado tem disso, mas a grana ainda ta
curta pra comprar um zero e eu acho que se perde
muito dinheiro também, porque desvaloriza rápido.
- Estamos vendendo um carro que ta novo, mas não é
zero. – Marina falou.
- Ah é mesmo! Eu dei um carro a Marina faz um tempo,
ela usou pouco na verdade. Depois ele ficou guardado,
está novinho mesmo. Comprei zero na época. Se
interessar é só me falar que trago pra você ver.
- Ué, eu acho que me interesso. Qual carro que é e por
quanto estão vendendo?
- É um air cross, completinho...
- Ai!
- Para de assanhamento que estamos no mercado.
- Tia!
- Ei lindinha! Que saudade! – deu um abraço apertado.
– Como você cresceu!
- Ela cresce tão rápido que noto a diferença toda a
semana. – Maria José veio falando e trazendo as malas.
- Oi mãe! Fizeram boa viagem? Sinto muito por não
poder ir buscá-las.
- Que isso minha filha. O ônibus é ótimo e viemos
confortavelmente.
- Graças a Deus que chegaram bem. Vamos, devem
estar com fome.
- Eu to! – Luisa logo se pronunciou.
- Pois eu comprei um monte de coisas gostosas pra
gente comer. E já fiz um roteiro dos lugares onde
vamos passear. – foram andando para o carro.
- Tia eu posso voar de asa delta?
- Ela ta com essa idéia desde quando falei que viria pra
cá.
- Querida, para voar tem que ter uma altura mínima e
você ainda não tem. – falou carinhosamente. – Mas
podemos procurar outras aventuras tanto quanto voar
de asa delta.
- Ta bom. – sorriu.
- E o pessoal mãe? Estão todos bem?
- Sim, Barbara mandou um abraço e seu pai e seu
irmão não falaram nada, mas seu pai perguntou se
você já tinha lugar pra ficar. – sorriu sem graça.
- É, ao menos se preocupa um pouco.
- Ué, trocou de carro? – Maria José olhou para o
veículo.
- Mais ou menos, vim nesse porque é maior e melhor
para carregar as malas.
- Trouxemos muitas porque a vó queria trazer o
presente. – Luisa falou.
- Luisa! Quer ficar quieta! – repreendeu a menina.
- Ai. Saiu sem querer. – Luisa fez uma cara travessa.
- Estou te apertando?
- Não, assim é bom, me sinto protegida.
- Gosto da sensação de proteger você. Às vezes ainda
parece uma menininha assustada e dá vontade de
pegar no colo e encher de beijinhos. – beijou a nuca
dela.
As duas riram.
Riram as duas.
- Ela sabe que agora não dá. Temos nossa vida muito
atribulada e se eu tiver um filho gostaria de ter mais
tempo para cuidar dele.
- Eu tenho vontade de ter um filho também.
- Por que não adota?
- Quando estava com Fabrício ele nunca manifestou
essa vontade. E adotar estando sozinho é meio
complicado. Eu queria ter um filho meu também.
- Bom, aí já é diferente, precisa de uma mulher pra
isso.
- Acho que não sei mais viver sem ela. – falou olhando
para Renata.
- Eu as declaro casadas.
- Sem sua ajuda acho que ela não estaria tendo essa
base educacional.
- Luisa é inteligente, dedicada e muito esperta. Merece
estar numa boa escola, além do mais é minha sobrinha
e eu faria qualquer coisa por ela.
- Voltou do Rio contando as novidades, o quarto novo.
- Isso foi coisa de Lívia, eu mesma me surpreendi.
- Obrigada. – olhou para Lívia.
- Quem tem que agradecer sou eu. Luisa encantou
nossa casa quando foi pra lá. A considero como
sobrinha também e pode ter certeza que se depender
de nós o futuro dela estará garantido. – pegou a mão
de Marina. – Ela é uma menina especial.
- Acordou lindinha?
- Era Marta e nós nem avisamos nada a ela, que coisa
feia. – fez uma careta.
- É, ela ficou brava. – Lívia riu. – Mas expliquei que
está tudo bem. Disse que se precisarmos é só ligar que
ela vem correndo.
- Deixa ela quietinha lá, não vamos tirá-la da casa dela
pra isso.
- Quer ligar e avisar sua mãe? – a morena perguntou
delicadamente.
- Não, desde que voltei ninguém me ligou, se eles não
se preocupam comigo, não vou me preocupar em dar
notícias também. – falou um pouco chateada.
- Tudo bem amor, você quem sabe. – beijou-a. – Daqui
a pouco tem um remédio pra você tomar. – Lívia olhou
no relógio.
- Bom dia!
- Ei menina, to sabendo que já está fazendo arte. –
Eduardo brincou.
- Que nada, sou muito comportada. – sorriu. – Amor,
não ta na hora do remédio?
- Ta aqui linda. – lhe deu o copo com o comprimido.
- Hum... tratamento de primeira. Essa enfermeira está
custando caro? – Renata brincou com as duas.
- Não, pra ela meus serviços são gratuitos. – Lívia
abraçou Marina.
- Ela ta cuidando de mim. – a loirinha sorriu e beijou o
rosto da esposa.
- Agora que ela fica mais dengosa. – Renata arreliou
Marina que deu a língua pra ela.
Renata e Eduardo foram embora somente à noite,
almoçaram com elas e passaram a tarde conversando.
E o final de semana foi tranquilo para as duas. Na
segunda-feira, depois de muito insistir, Marina foi
trabalhar, mas sob protesto de Lívia. Prometeu se
cuidar e não fazer nenhum esforço. Passou o dia em
sua sala cuidando apenas de compromissos
burocráticos, quando o corpo sentiu por estar bastante
tempo sentado, ela foi embora para casa.
- Que bonitinho!
- Ele tem entrada pra USB, cartão de memória ou ligar
o celular se você quiser. Carrega pelo computador, pela
tomada e a bateria dura até oito horas. Achei sua cara,
pode usar na sua mesa no escritório. Ainda tem esse
lado aqui que você pode colocar uma foto, minha claro.
– riu.
- Linda! – beijou-a. – Claro que a foto será sua.
Obrigada pelo presente. – lhe deu um beijo mais
demorado.
- Te encontro no almoço?
- Sim, pra irmos à clínica. Bom trabalho querida, te
amo.
- Eu também.
- De jeito nenhum!
- Por que não? Está calor! – insistia.
- Marina, você precisa repousar até fazer o exame. Se
estiver sentindo calor, ligue o ar.
- O médico disse que era só ontem.
- Não custa ficar mais uns dias, por que não usa o
chuveiro para se refrescar?
- Eu quero ficar na água prometo que fico quietinha. –
pedia como uma criança.
- Depois esses óvulos saem pelo ralo... – fechou a cara.
- Como é que é? – Marina riu. – Não acredito que você
falou uma coisa dessas. Amor eles não vão sair pelo
ralo.
- Se eu pudesse te virava de cabeça pra baixo só pra
evitar que a inseminação dê errado. – falou fazendo
gestos engraçados.
- Que isso?
- Abra mãe e não discuta.
- É, eu quero um sapatinho na cor branca e outro
vermelho que dizem que dá sorte. – Marina disfarçou o
riso.
Todos riram.
- Bom dia!
- Ei menina, acordada primeiro que Lívia?
- Ta vendo como ela é dorminhoca?! – riu.
- O café está pronto e pela sua cara vai querer levar
pra ela no quarto não é?
- Na verdade eu tive outra idéia. – Marina riu se
divertindo.
- Tia.
- Oi meu bem.
- Quando seu neném nascer vou deixar de ser sua
sobrinha?
- Estamos prontas!
- Por acaso as senhoritas passaram protetor solar? –
Marina perguntou.
- Ops! É que a gente sabia que você ia lembrar. – Luisa
falou rindo.
- Então delegamos essa função a você. – Lívia
completou.
- Muito bonito. Andem, sentem aqui.
Beijaram-se apaixonadamente.
Abraçaram-se carinhosamente.
- Estão saindo?
- Já ué, passa das sete.
- Gente, disse que chegaria cedo em casa hoje.
- Pronto, achei!
Marina foi abaixar pra pegar uma blusa que havia caído
no chão e quase que não levanta.
- Meu Deus!
- Eu sabia. – Lívia trincou os dentes.
- Apesar de tudo ela não merecia, morreu por querer
ser corajosa demais.
- Tem horas que é melhor ser um manso vivo que um
herói morto. Que adiantou tanta arrogância? Isso foi
morte encomendada, tenho certeza.
- Vamos rezar pra ela amor, pra que Deus dê um bom
lugar a sua alma e que descanse em paz.
- É lindo!
- Agora preciso aprender a montar. – fez uma cara de
criança levada.
- Eu te ajudo. – sorriu pra ela. – Adorei amor! Vai ficar
no quarto deles.
- Posso vê-la?
- Primeiro vou te levar até as crianças, estão na
incubadora.
- Na verdade sim.
- Lívia, acho melhor fazer de uma vez, pois pode
demorar. – tentou não ser pessimista.
- Trouxe uma caixa com vários nomes. É pra sortear.
- Como é?! – a médica perguntou surpresa.
- Marina queria assim, então vou fazer do jeito que ela
desejou.
- É isso! Família!
- Minha filha...
- Pois é, sua filha. A mesma que te ajudou sempre e
que nunca deixou que passassem dificuldade. Que
mesmo sabendo que não aceitavam sua condição,
continuava ajudando e amando vocês. Agora é ela
quem precisa de atenção e carinho.
- Eu não sabia que ela estava grávida. – Roberto falou.
- Só Barbara sabia e ainda assim foi proibida de dizer
qualquer coisa pela própria Marina.
- Ela não queria que soubesse e que se preocupassem
com ela só por conta da gravidez. – Barbara se
justificou.
- Eu quero vê-la. – Maria José se levantou.
- Vim aqui justamente para buscar vocês, mas hoje é
impossível pegarmos um avião. Só amanhã de manhã.
- Eu arrumo as coisas imediatamente, amanhã bem
cedo nós saímos.
- Amor eu consegui!
Dias depois Marina teve alta. Lívia veio com ela toda
feliz e quando chegaram em casa o apartamento estava
todo florido. E a família de Marina também a esperava.
Beijaram-se novamente.
- Ma ma ma ma...
Fim