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DIVERSIDADE ÉTNICA NA ESCOLA

AUTORES: Ana Carolina de Jesus Santos


Laudenice Rodrigues dos Santos
Maria Raimunda de Oliveira
Renata Silva dos Santos
Sidnéia de Jesus Santos
Vilma Angélica Dias dos Santos
PROFESSOR- TUTOR: Viviane Behy Caribé de Carvalho
Centro Universitário Leonardo Da Vinci - UNIASSELVI
Pedagogia (PED 1473)
29/05/2019

RESUMO

Este artigo tem como objetivo refletir sobre a diversidade étnica na escola e toda sua
singularidade quanto sua relevância na formação do indivíduo. Todo este estudo nos leva a
uma discussão sobre a diversidade étnica exposta na escola, ao qual nos remete a uma
realidade que precisa ser vista com olhos de mudança e transformação, numa proporção de
influenciar e intervir sobre essa realidade. Entendemos assim, que a diversidade étnica é um
dos desafios da escola contemporânea, e por isso precisa ser exposta a todas as esferas
educacionais, principalmente nas práticas pedagógicas. Para tanto, para alimentar tal
estudo, utilizou-se como referências principais Paulo Freire e, alguns documentos oficiais.

Palavras-Chaves: Diversidade Étnica; Escola; Inclusão.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente é obvio e claro toda discussão sobre diversidade étnica e sua


relação no mundo contemporâneo, o que torna imprescindível falar e debater sobre
tal tema na instituição escolar, e também oferecer ao cidadão possibilidades de
saber defender-se em seu cotidiano e/ou necessidades em relação à discriminação
ou preconceito.
Sendo assim, o papel da escola quanto a diversidade étnica está
intimamente ligado à inserção do cidadão numa sociedade racista, preconceituosa,
cheia de desigualdades e manipulação de uma massa de soberania seja ela cultural,
social, religiosa ou de raça.
Portanto, é preciso entender que a diversidade étnica não é apenas questão
racial, mas todo entorno que reflete direitos, inclusão e respeito ao outro e suas
escolhas. Assim, quando nos referimos à diversidade étnica precisamos nos referir a
racismo, preconceito, e discriminação de raça, cor, religião, cultura entre outros
desafios.
Em vista disso, este trabalho justifica-se pela compreensão que a escola
deve ter em trabalhar e explorar em seu dia-a-dia o respeito mútuo, promovendo
uma atuação de influência em relação à diversidade étnica de maneira a colaborar
na formação do indivíduo e suas relações pessoais e interpessoais.
Para tanto, surge a seguinte indagação: Qual a importância do trabalho da
escola quanto a diversidade étnica?
Para alimentar tal estudo foram utilizados como metodologia o estudo
bibliográfico, em que as fontes principais Paulo Freire, assim como alguns
documentos oficias.
Com isso, será proposta uma reflexão sobre a diversidade étnica na escola e
todas as suas singularidades quanto a inclusão, assim como propor um olhar sobre
essa perspectiva, como um processo dinâmico, complexo e constante que requer
construção de valores para o seu desenvolvimento na sociedade contemporânea.
Pretende-se então, com esta pesquisa, compreender os limites e
possibilidades que norteiam a diversidade étnica, como também sua influência e
seus desafios na escola.

2. DIVERSIDADE ÉTNICA NA ESCOLA

A diversidade étnica é um processo frequente e constante em nossa


sociedade contemporânea e consequentemente nas nossas instituições escolares,
assim é pertinente a reflexão sobre tal tema de maneira a promover uma ruptura na
discriminação, preconceito, racismo, sejam elas sociais, racial, religioso, cultural.
A partir de então, a diversidade étnica se torna um tema de extrema
importância na escola, ao qual precisa ser levada a sério e trabalhada de maneira
constante e permanente, pois vai além de um modismo passageiro, é um fato real e
de extrema gravidade no que se refere no desenvolvimento integral dos alunos.
Assim, é preciso antes de tudo entender o que de fato é discriminação étnica
para assim compreendermos sua importância na escola. Quanto a isso a
enciclopédia virtual Wikipédia diz que: Discriminação é a conduta de transgredir
os direitos de uma pessoa, baseando-se em raciocínio sem conhecimento adequado
sobre a matéria, tornando-a injusta e infundada. Isto é, a palavra discriminação vai
além de motivos raciais, ele diz respeito a todo direito humano rompido por opiniões
adversas, podendo ocorrer em diversos contextos, como social, cultural, religioso,
sexual, racial.
Complementando sobre isso, a Convenção Internacional sobre a Eliminação
de todas as Formas de Discriminação Racial, de 1966, em seu artigo 1º, conceitua
discriminação como sendo:

Qualquer distinção, exclusão ou restrição baseada


em raça, cor, descendência ou origem nacional ou
étnica que tenha o propósito ou o efeito de anular
ou prejudicar o reconhecimento, gozo ou exercício
em pé de igualdade de direitos humanos e
liberdades fundamentais nos campos político,
económico, social, cultural ou em qualquer outro
domínio da vida pública.
Para definição do tema em si Diversidade Étnica podemos concluir que:
Diversidade étnica é a união de vários povos numa mesma sociedade. Etnia é um
grupo de indivíduos que possuem afinidades de origem, história, idioma, religião e
cultura, independente do país em que se encontrem. (WIKIPÉDIA)
Com isso, percebemos que a discriminação étnica não é um mito, e que a
algo muito mais complexo do que se apresenta, e que não basta as escolas
promoverem pequenos debates esporádicos no ano para relembrar tais temas, ou
em algumas datas comemorativas do calendário fazer dança ou apresentações
achando que estão explorando e refletindo sobre essa temática.
Refletir sobre a discriminação étnica na escola é ir além de trabalhos
escolares, é envolver toda equipe escolar em uma nova postura no que concernem
estudos que valorizem essa vertente muito presente nos dias atuais, transbordando
em reflexões que olhem ao outro e vejam que são pessoas que precisam de respeito
e dignidade, e isso não é um favor e sim um direito.
Pensando nessa temática sob a ótica dos direitos é pertinente lembrar-nos
que é um direito respeitar o outro em suas escolhas, e quem nos garante tal direito é
a própria Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em relação aos
direitos e garantias fundamentais, direitos individuais e coletivos, através do trecho
do caput do art. 5º, conforme segue:“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança [...]”.
Portanto, precisamos entender que incluir o cidadão na escola não é
simplesmente lhe ofertar vaga, mas respeitar seus direitos em suas escolhas sejam
elas sexuais, raciais, religiosos, sociais, cultural. É promover situações em que a
escola esteja aberta para novos pensamentos e comportamentos, de maneira a
desenvolver dentro dela um senso de criticidade positiva e respeitosa.
Inclusão é melhoria de condições e acesso ao mundo e se a escola não
compreender o seu papel frente à discriminação étnica e seus desafios ficará cada
dia mais difícil o aluno respeitar e aceitar tais discriminações, o primeiro passo deve
vim da escola e consequentemente dos alunos, e isso vem da postura de muitos
profissionais, que por muitas vezes não respeita os direitos de seus alunos.
Desta feita, com tantos estereótipos, discriminações e preconceitos na
atualidade, a escola deve se tornar um dos ambientes que precisa promover
estudos, pesquisas e atitudes que possam fluir de maneira adequada sobre a
formação humana e suas relações com o outro e consigo mesma.
A partir desse contexto Paulo Freire (2008) expõe o seguinte pensamento:

Há uma pluralidade nas relações do homem com


o mundo, na medida em que o homem responde
aos desafios deste mesmo mundo, na sua ampla
variedade; na medida em que não se esgota
num tipo padronizado de resposta. Pluralidade
não só com relação aos diferentes desafios que
lhe faz o ambiente, mas também com relação ao
próprio desafio... o homem vai dinamizando o
seu mundo a partir destas relações com ele e
nele; vai criando, recriando; decidindo.
Acrescenta algo ao mundo do qual ele mesmo é
criador.

Sendo assim, toda escola deve promover ações de cunho pedagógico que
vise a participação da comunidade escolar, na tentativa de mobilizar e sensibilizar a
todos sobre a diversidade étnica, a qual precisa ser respeitada e trabalhada em todo
momento, como movimento de relações de aceitação e respeito em todo sentido,
tanto pelo outro como por si mesmo.
Ou seja, é preciso acabar com o mito que a escola não tem ou não vive com
a diversidade étnica, pelo contrário, o que bem temos, e é a partir disso que se deve
desenvolver toda e qualquer atividade da escola. É preciso pensar na ruptura de
uma diversidade étnica que está longe da escola, ela é algo vivo presente e atuante
nessa instituição.
A escola precisa ser inclusiva e atender todas as diversidades existentes
dentro dela, independentemente dos seus integrantes, professores, gestores,
alunos, funcionários em geral, serem ou não preconceituosos ou racistas, com
atitudes inconscientes ou involuntárias essas atitudes – que podem causar
sofrimento e constrangimento deve ser combatidas não de forma coerciva, mas sim
por meio da sensibilização que o estudo da diversidade étnica e toda sua plenitude.

[...] o diferente e a diferença são partes da


descoberta de um sentimento que, armado pelos
símbolos da cultura, nos diz que nem tudo é o
que eu sou e nem todos são como eu sou. Mais
que as diferenças o que está em jogo é a imensa
diversidade que nos informa é o que nos
constitui como sujeitos de uma relação de
alteridade. A alteridade revela-se no fato de que
o que eu sou e o outro é não se faz de modo
linear e único, porém constitui um jogo de
imagens múltiplo e diverso. Saber o que eu sou
e o que o outro é depende de quem eu sou, do
que acredito que sou, com quem vivo e porquê
(BRANDÃO, 1986, p. 7 apud PEREIRA, 2009,
grifos do autor).

Pensando nisso, torna-se inevitável a escola não estudar ou promover


situações de debates e reflexões sobre a diversidade étnica e todas as suas
singularidades, afinal somos diferentes, sujeitos culturais, históricos e sociais. A
diversidade vista na escola como um dado da realidade humana, conduz ao
entendimento e à valorização das diferenças entre as pessoas e à desconstrução
dos mecanismos que promovem as desigualdades.
Sendo assim, acredita-se que mediante a forma esmagadora do advento da
diversidade étnica no mundo atual é necessário que a escola busque inserir-se
nesta nova linguagem, numa tentativa de evoluir e expandir-se em todos os
aspectos, valorizando, respeitando e celebrando a diversidade étnica, em que
forneça ao sujeito uma formação pessoal e social.
3. CONCLUSÃO

Estudar a diversidade étnica na escola é uma necessidade que precisa ser


valorizada e realizada constantemente, pois, é uma realidade forte e viva dentro
dessas instituições e que representa rupturas na prática pedagógica como também
na postura de todos os elementos que compõe o ambiente escolar.
Diante disso, Moura (2005, p.69) diz que trabalhar com a diversidade étnica
na escola é “Um desafio a desenvolver, na escola, novos espaços pedagógicos que
propiciem a valorização das múltiplas identidades que integram a identidade do povo
brasileiro, por meio de um currículo que leve o aluno a conhecer suas origens e a se
reconhecer como brasileiro [...]”.
Isso não quer dizer que trabalhar com a diversidade étnica na escola é algo
fácil, pelo contrário é um desafio que precisa ser vencido, no sentido de a escola
apropriar-se de situações em que as diferenças ou pluralidades étnicas sejam vistas
não como defeitos, mas como vantagens, riqueza e fascínio.
Para a escola cabe acompanhar, refletir e interferir na diversidade étnica
existente dentro dela, observando, reconhecendo o exercício das relações entre
seus sujeitos que transitam e convivem neste espaço, numa dinâmica de
sensibilização em que produzam e valorizem a riqueza da diversidade existente
nela.
A diversidade étnica na escola se faz presente e é preciso reconhecer que
este é um mecanismo que interfere diretamente na formação da cidadania do
sujeito, e é por isso que a escola deve valorizar e sensibilizar a todos sobre essa
abordagem de várias maneiras possíveis.
Uma escola de sucesso não é uma escola igualitária, porque ela nunca será,
e nem deve, afinal somos diferentes e precisamos nos respeitar e nos valorizar
justamente pela diversidade existente em nossa vida. Porém uma escola de sucesso
é aquela que aprende a conviver, respeitar e explorar a diversidade étnica dentro
dela, de tal maneira a construir e desenvolver atitudes e valores voltados para a
formação humana.
Diante disso, esse trabalho vem fundamentar a importância da diversidade
étnica dentro da escola, numa perspectiva de construir um lugar de convivência com
as diferenças, em que sem dúvida, trata-se de um processo lento e gradual que
exige uma ruptura no ensino em todas as suas esferas.
Com isso, acredita-se que diversidade étnica na escola constitui-se como
uma grande e importante marca e que exerce um papel de destaque na “vida” de
qualquer ambiente escolar. E é sob essa ótica que a escola deve colaborar, interferir
e mobilizar junto a sua equipe e alunos a importância de respeitar conviver e
valorizar a diversidade étnica não só na escola, mas em todo ambiente em que
estiverem.

4. REFERÊNCIAS

BRASIL, Constituição da Republica Federativa do Brasil 1988. Brasília – DF:


Senado Federal. 2016.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da


Educação. Brasília – DF. 1996

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma


introdução ao pensamento de Paulo Freire, 4. Ed. São Paulo: Moraes, 1980.

_____, Paulo. Educação e Mudança. 31ªed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.

ROSAS, Alejandro; MARQUES, Alexandre. Declaração Universal dos Direitos


Humanos. Editora: Ática e Scipione. 2011.

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