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Prof(a).

: Rafaella Leão

FUNÇÕES ESSENCIAS À JUSTIÇA


(ARTS. 127 A 135, CF)

1) Ministério Público

1.1) Definição: (art. 127) -> é a instituição permanente, essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indispensáveis.

1.2) Organização:

MP
_______|_______
| |
MP da União MP Estadual (MPE)
_____________|______________
| | | |
MP MP MP MP
Federal do Trabalho Militar do DF e Territórios
(MPF) (MPT)

1.3) Chefe do Ministério Público

a) Ministério Público Federal (MPF)


Chefe: Procurador geral DA REPÚBLICA (PGR)
*Investidura: NOMEADO pelo PR (como os outros ministros)dentre integrantes da
carreira, maior de 35 anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta do
Senado F., para mandato de 2 anos, permitida mais de uma recondução, sem qualquer
limite.
*Destituição: (do mesmo jeito) pelo próprio PR, dependendo, contudo, de prévia
autorização de maioria absoluta do SF. (art. 128, §2º)

b) Ministério Público dos Estados, do DF e Territórios


Chefe: Procurador Geral de Justiça (PGJ)
*Investidura: os MP Estaduais e do DF formam lista tríplice e o chefe do Poder
Executivo escolhe e nomeia o PGJ para mandato de 2 anos, permitida uma única
recondução.
*Destituição: são destituídos pelo Poder Legislativo na forma da lei complementar
respectiva e não pelo Executivo.

1.4) Princípios institucionais (art. 127, §1º)


a) Unidade: o MP deve ser visto como uma instituição única, sendo a divisão existente
meramente funcional.
b) Indivisibilidade: é possível que um membro do MP substitua outro, dentro da mesma
função, sem qualquer implicação prática. Isso porque quem exerce os atos, em essência, é
a instituição do MP e não a pessoa do Promotor de Justiça ou Procurador de Justiça.
c) Independência funcional: trata-se de autonomia de convicção, na medida em que os
membros do MP não se submetem a qualquer poder hierárquico no exercício do seu
trabalho, podendo agir, no processo, da maneira que melhor entenderem. P.S: art. 85, II,
CF -> é crime de responsabilidade qualquer ato do Presidente da República que atentar
contra o livre exercício do MP.

1.5) Princípio do promotor natural: art. 5º, III c/c art. 129, I e art. 129, §2º.

1.6) Garantias do MP:


a) Autonomia funcional (art. 127, §2º) – não se submete a nenhum outro “poder”.
b) Autonomia administrativa (art.127, §2º) – autogestão.
c) Autonomia financeira (art. 127, §3º) – administra autonomamente seus recursos.

1.7) Garantias dos membros do MP:


a) Vitaliciedade (art. 128, §5º, I, “a”) -> adquirida após 2 anos de efetivo exercício do
cargo (período probatório). É assegurada a perda do cargo somente por sentença judicial
transitada em julgado. (Os outros ministérios não são vitalícios)
b) Inamovibilidade (art. 128, §5º, I, “b”) -> o membro do MP não poderá ser removido
ou promovido, unilateralmente, sem a sua autorização ou solicitação. Exceção: remoção
por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão competente do MP (Conselho
Superior do MP).
c) Irredutibilidade de subsídios.

1.8) Vedações: art. 128, §5º, II; art. 128,§ 6º e art. 129, IX.

1.9) Funções institucionais do MP: art. 129, CF (rol meramente exemplificativo).


Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da
lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços
de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação
para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos
nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações
indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de
sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-
los, na forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma
da lei complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas mani-
festações processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas
neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses,
segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva
lotação, salvo autorização do chefe da instituição.
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante
concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do
bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e
observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no
art. 93.
§ 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata.

1.10) Poder de investigação criminal pelo MP

Pergunta: O poder de investigação é exclusivo ou não da polícia?

A 2ª turma/STF ao analisar os poderes investigatórios do MP entendeu que a denúncia


poderia ser fundamentada em peças de informações obtidas pelo próprio MP, não
havendo necessidade de prévio Inquérito Policial. O fundamento do voto da Min. Ellen
Gracie foi a teoria dos poderes implícitos*. Atualmente, a matéria está pendente de
apreciação pelo pleno do STF.

*Teoria dos Poderes Implícitos: segundo esta teoria quando o texto constitucional
outorga competência explicita a determinado órgão estatal, implicitamente, pode-se
interpretar, dentro de um contexto de razoabilidade e proporcionalidade, que a esse
mesmo órgão tenham sido dados os meios necessários para efetiva e completa
realização dos fins atribuídos.

1.11) Conselho Nacional do MP - CNMP (art. 130-A, CF)


->Composição: 14 membros:
▪ Procurador Geral da Republica (presidente)
▪ 4 membros do MPU (sendo 1 do MPF, 1 do MPT, 1 do MP Militar, 1 do MP do DF e
Territórios)
▪ 3 membros do MP dos Estados
▪ 2 juízes, 1 indicado pelo SupremoTF outro pelo SuperiorTJ
▪ 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da OAB
▪ 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados 1 pelo SF e o outro
pela CD
->Investidura: nomeados pelo PR, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
SF, para um mandato de 2 anos, admitida uma recondução.
-> Atribuições: controle da atuação administrativa e financeira do MP e do cumprimento
dos deveres funcionais de seus membros (ver art. 130, § 2º, CF).
->P.S: Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do MP, competentes para receber
reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do MP,
inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao CNMP.

2)Advocacia Pública

2.1) Advocacia Geral da União (AGU)


->Definição: (art. 131) – Instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União, judicial e extrajudicial, cabendo-lhe, nos termos da lei
complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de
consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
->Chefe: Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo PR dentre cidadãos
maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
→Ingresso na carreira: mediante concurso público.

2.2) Procuradoria-Geral dos Estados e DF


-> Definição: (art. 132) – representação judicial e consultoria jurídica das respectivas
unidades federadas.
→Ingresso: concurso público com a participação da OAB.
->Chefe: Procurador Geral do Estado escolhido pelo Governador
->Estabilidade (art. 132, § Único) – após 3 anos de efetivo exercício. P.S: Antes da EC
nº19/98 a estabilidade dos Procuradores era atingida após 2 anos de efetivo exercício.

3) Defensoria Pública
->Fundamento: art. 5º, LXXIV: “o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.
->Definição: (art. 134) – função essencial à Justiça, incumbindo-lhe a orientação jurídica
e a defesa, em todos os graus, dos necessitados.
P.S: A defensoria pública do DF e Territórios será organizada e mantida pela União
(arts. 21, XIII e 22, XVII).

→Organização: a) Defensoria Pública da União


b) Defensoria Pública do DF e Territórios
c) Defensoria Pública dos Estados

->Existe DP Municipal? Não, assim como não há MP e Judiciário municipais.


-> Fortalecimento da DP pela EC nº45/04: a reforma do Poder Judiciário fortaleceu as
Defensorias Públicas Estaduais ao constitucionalizar a autonomia funcional e
administrativa e fixar competência para proposta orçamentária, nos termos do §2º,
inserido no art. 134.

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