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COMÉRCIO EXTERIOR

2. A VANTAGEM COMPETITIVA DAS NAÇÕES

A natureza da globalização econômica que estamos presenciando nestes tempos, tem dado
origem a uma visível mudança em esquemas mais tradicionais de análise de direção
estratégica, juntamente com o estudo de ambientes e vantagens competitivos.

NOVAS REGRAS DE COMPETÊNCIA A ESCALA


INTERNACIONAL

+
MUDANÇA DO CUSTO DE ALGUMAS FASES DA ESCALA DO
VALOR DE PRODUÇÃO (MÃO DE OBRA, TRANSPORTE)

+
REDEFINIÇÃO DAS DISTÂNCIAS E LOCALIZAÇÃO
GEOGRÁFICA

=
REVOLUÇÃO NAS ABORDAGENS ESTRATÉGICAS E A BUSCA
DA VANTAGEM COMPETITIVA

As economias ocidentais se destacaram por determinadas estratégias competitivas das suas


empresas e foram evoluindo até conseguirem uma mudança do custo personalizado das
diversas atividades que compõem a cadeia de valor de produção, de tal forma que se produziu
um aumento excessivo do custo de mão de obra.

Além disso, o processo de globalização econômica em particular, resultou numa ruptura do


conceito de mercado e produção, tanto local como nacional, além da criação de uma área de
gestão internacional que promove o acesso a áreas de desenvolvimento econômico com
custos de produção mais baixos devido a obtenção de mão de obra barata.

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Globalização econômica: Tal movimento é uma adaptação das necessidades e limitações dos
modelos de produção ultrapassados. Ao mesmo tempo ocorre uma reviravolta nas tendências
estratégicas competitivas baseadas na diferenciação, que haviam desfrutado de grande
protagonismo em seu momento.

2.1. ESTRATÉGIA DE CUSTO E DIFERENCIAÇÃO:


EVOLUÇÃO E MUDANÇAS O início do pensamento
estratégico aparece
O estudo e a definição da estratégica competitiva em vinculado a ideia dos
relação a uma atividade econômica ou grupo empresarial, aspectos positivos
está presente entre duas variáveis fundamentais: estratégia intrínsecos de uma
de custo e estratégia de diferenciação, utilizadas como estratégia de custos
vantagem competitiva frente aos competidores de um reduzidos.
determinado setor.

Entendia-se que o fato de escolher uma ou outra ferramenta tinha um caráter de exclusão,
visto que existia uma tensão entre a redução de custo e a diferenciação do produto, uma vez
que se observava a tendência a aumentar os custos de produção quando se tentava conseguir
uma vantagem competitiva baseada na diferenciação.

Essa necessidade de mudança se deve a um aumento da complexidade dos mercados. Nos


anteriores modelos existia um conceito mais simples de competência no qual o peso da
competitividade se assentava no preço final do produto (vantagem competitiva). Essa situação
permitia que a política estratégica de custos se estabelecesse no objetivo final da planificação
estratégica e, assim, facilitava a aparição de teorias mais primitivas derivadas dessa estratégia
de custos, como por exemplo, o estudo da curva da experiência como engenharia para a
realização de uma redução de custo.

De tal necessidade de mudança surge a nova corrente de investigação empresarial.

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Esta corrente analisava a estrutura dos custos das empresas de forma mais elaborada,
fragmentada, específica e detalhada, fazendo distinção entre as diferentes atividades que
compõem a cadeia de valor de tal indústria, organização e/ou empresa.

O objetivo dessa nova orientação é especificar de forma concreta e ponderada, a importância


real de cada fase da produção no resultado final obtido, assim como nos custos gerados, de
maneira a conseguir reunir opções concretas de atuação na política de redução de custos. Tal
mecanismo também possibilitará uma redução de custo final do produto e um aumento do
valor agregado; se pode dizer que em tal fase, a estratégia de custos apresenta dispositivos
de estudo mais complexos, orientados a conseguir uma maior precisão que a anterior.

Este período é de crucial importância já que se inicia com a análise das atividades do sistema
de negócio de McKinsey e termina com a inserção teoria da cadeia de valor de Poter.

 Política de diferenciação

A próxima fase desta proliferação histórica da inter-relação entre a estratégia de custo e


diferenciação tem início com o surgimento da política da diferenciação com um conceito
chave para a gestão de negócios. Além disso, esse movimento se vincula a uma etapa de
evolução do amadurecimento do mercado, com o aparecimento de uma grande pressão
competitiva. Ao mesmo tempo se produz uma universalização dos modelos de produção,
avances tecnológicos, técnicas de imitação, etc. Por isso, o empresário deve tomar medidas
alternativas como a busca da diferenciação como único elemento de estratégia competitiva
real.

Uma vez esgotadas as vantagens competitivas referentes a redução de custo, os estudos da


direção estratégica concluem que a diferenciação é a única maneira de criar uma vantagem
competitiva eficaz e eficiente. Isso se deve ao fato que a diferenciação está diretamente
relacionada com outras fases (marketing, formação, logística, investigação, inovação
tecnológica, etc.) que desfruta de uma flexibilidade e margem de atuação nas estruturas
econômicas dos países mais desenvolvidos.

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Outros elementos básicos das políticas de diferenciação são: a marca, a publicidade, o


desenho, os serviços da empresa, a atenção ao cliente, o serviço pós venda, etc. Todos esses
somam um valor à empresa, que absorve maiores custos de produção e um preço final cada
vez maior.

 Generalização da diferenciação

Nessa fase encontramos um fenômeno conhecido como “generalização” da diferenciação;


onde se estabelece a diferenciação como ideia básica da direção estratégica em todos os
setores de produção, fenômeno chamado de “praga da indiferenciação” por Peters, quem
explica que um excesso de diferenciação cria uma homogeneização da diferenciação, fato que
não é positivo para a vantagem competitiva, visto que a anula.

Este concepto surge numa situação de saturação dos mercados, onde a competitividade é
extrema, assim como a dificuldade para encontrar a vantagem competitiva num setor
econômico. Ainda assim, os ensinamentos de direção estratégica clássicos perdiam a
viabilidade ao serem aplicados na realidade empresarial contemporânea.

2.2. GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E ESTRATÉGIA COMPETITIVA

A globalização econômica aparece num contexto de flutuação da política de custo e de


diferenciação. O impacto deste aumento altera a tradicional disputa dos entornos
competitivos internacionais.

Das consequências que mais repercussão causou à globalização econômica foi o aumento do
mercado de trabalho a dimensões extremas, o que leva a reduzir os custos de produção; mão
de obra. Tal fato se considerou como uma grande revolução na estratégia competitiva, já que
permitiu o início de um novo jogo de equilíbrios na relação de diferentes elementos que
compõe a cadeia de produção de qualquer processo empresarial, de maneira que influi a
atividade econômica em si e a vantagem competitiva entre empresas e países.

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 Custo de mão de obra

A aparição da oferta laboral sem fronteiras leva a resolução de uma série de incertezas
aparecidas nos sistemas de produção capitalistas:
 Custos: A mão de obra era a fase do processo de produção mais caro, que tinha se
convertido num obstáculo competitivo para os países desenvolvidos, até que moveu-se
todo o resto dos elementos do processo de produção: tecnologias, especialização,
marketing, logística, etc.
 Rigidez: A inflexibilidade e/ou rigidez era um dos elementos mais característicos dessa
fase de produção. A mão de obra era a fase que mais incorria no custo final do produto, e
a que melhor margem de variação apresentava.
 Insuficiência: a negativa influência do fator mão de obra ou dos recursos humanos no
custo final de um produto e na produção ao mercado, não se pode compensar com uma
maior eficiência na organização do resto das fases da cadeia de produção; inserção de
novas tecnologias, campanhas de marketing exitosas, introdução de sistemas logísticos
eficientes e econômicos.

 Aparecimento do mercado global de trabalho

O aparecimento de um mercado global de trabalho implica:


 Domínio das limitações naturais do esquema de produção nos que a mão de obra era
muito cara, além da criação de valor agregado por meio da diferenciação (marca, desenho,
marketing, tecnologia, gestão de qualidade, etc.).
 Reestruturar o valor conferido aos diferentes componentes da cadeia de valor de
produção.
 O custo produzido pelo deslocamento geográfico (custos de logística) é compensado pela
economia causada pelo uso de força de trabalho em outros países, visto que permitem
uma margem de lucro muito alta.
 A aparição do mercado global transfere relevância aos outros fatores que eram objetivo
estratégico na diferenciação empresarial (publicidade, marketing, etc.).

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 Setor logístico

Outro fator que mudou drasticamente o enfoque foi a aparição do setor logístico com um
caráter global. Assim como ocorreu com o mercado de trabalho, tal setor foi evoluindo até
conseguir uma separação entre o mercado local e internacional.

A maior rapidez, fiabilidade, segurança, controle, qualidade e previsão dos fluxos de


informação nos sistemas logísticos internacionais, proporcionaram um grande movimento do
mercado de consumo e uma produção global. De fato a distância geográfica deixou de ser
uma limitação na definição dos centros de produção e consumo, e isso possibilitou o acesso
do mercado de trabalho de baixo custo. Pode-se dizer que este enfoque logístico foi
revolucionário e se converteu num elemento chave para a implementação da globalização
econômica internacional visto que:

 Permite aproveitar as vantagens em relação a redução dos custos na mão de obra


dos países menos desenvolvidos.
 Permite o acesso da produção aos grandes centros de consumo dos países mais
ricos.

ECONOMIA GLOBAL INTERNACIONAL


=
MÃO DE OBRA MAIS BARATA
GESTÃO LOGÍSTICA INTERNA-EXTERNA SEM FRONTEIRAS

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2.3. GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E CONCEITOS TEÓRICOS DA ESTRATÉGIA


COMPETITIVA

A continuação abordaremos o impacto das duas variáveis estudadas nos parágrafos anteriores
(mão de obra barata e logística internacional) em alguns supostos teóricos relacionados com
as estratégias competitivas.

2.3.1. CURVA DE EXPERIÊNCIA

A curva de experiência foi um componente básico na busca da redução de custos por parte
das empresas. Tal curva compreende a relação entre o custo unitário do produto/serviço e
sua produção acumulada. De tal forma, a repetição de uma tarefa leva ao aumento das
competências/habilidades, permitindo uma maior produtividade/eficiência e a diminuição do
custo de produção e preço do produto.

Fonte: https://es.slideshare.net/nicemaracardoso/curva-de-experincia-ciclo-de-vida-do-produto

O cenário da globalização econômica internacional é uma evidente superação desta


ferramenta de competitividade empresarial, visto que a incidência de redução de custos por
meio do deslocamento geográfico reduz a importância do fator temporal na produção, assim
que de tal maneira, todos os países recém-iniciados aos movimentos de produção
internacional conseguem um posicionamento competitivo.

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2.3.2. CADEIA DE PRODUÇÃO DE VALOR

Mediante a análise da cadeia de valor pode-se afirmar que existe uma tendência a
“nacionalização” das fases dessa cadeia. Observa-se um deslocamento dos elementos
associados a mão de obra ou a compra de matéria prima para o processo de produção. Ao
mesmo tempo se mantêm um assentamento dos centros originários de produção de outras
fases do processo, como marketing, tecnologias, qualidade, serviço ao cliente, pós-venda,
etc.).
No entanto, começam a surgir movimentos de deslocamento nestas fases do processo,
passando de uma globalização da economia basicamente industrial, para uma globalização
que atinge o setor de serviços.

 “Desagregação nacional”

O acontecimento de “desagregação nacional” das fases de cadeia produtiva permite


considerar um novo fator no processo de planificação da estrutura de custos da empresa, e
consequentemente do aporte de cada fase no montante da produção final. Portanto nesse
ponto é preciso considerar o fator geográfico como elemento chave para o aumento ou
diminuição dos custos produtivos.

NOVA O RDEM ECONÔM ICA INT ERNACIONAL


 Estratégias competitivas baseadas na política de redução de custos da mão de obra
através da busca de países onde essa é mais barata: gestão de recursos humanos.

 Deslocamento geográfico como estratégia competitiva; a logística internacional como


elemento crucial para a estratégia empresarial internacional, onde as distâncias não são
uma limitação mas uma vantagem.

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2.3.3. DIFERENCIAÇÃO

Como destacado, um fator importante na estratégia competitiva foi a diferenciação do


produto. Sabemos que esse novo período de globalização econômica internacional e a
importante redução dos custos vinculados a tal acontecimento, provocaram uma mudança na
tensão existente entre a estratégia de custos e a diferenciação, de maneira que se obteve uma
tendência a priorizar a estratégia de liderança global de custos em detrimento da estratégia
diferenciadora.

 Consequências da globalização económica.

A globalização econômica tem como consequência alguns processos que podem chegar a ser
agressivos e serem convertidos numa ameaça ao seguimento da política estratégica de
diferenciação. O ponto mais importante dessa premissa é:

A imitação como recurso para reproduzir modelos de produção/produtos, de forma que se


vejam favorecidos pelos baixos custos dos países menos desenvolvidos, o que permite
reproduzir de maneira eficaz dita produção de êxito.

Dentro do processo da globalização econômica, no qual a grande vantagem competitiva é o


baixo custo da mão de obra, é preciso considerar que num prazo iminente se generalize tal
processo e que cresça a concorrência no plano internacional até que se aumente o nível de
vida dos grandes centros de produção, e cheguemos, novamente, numa situação na qual
tenha que ser necessário iniciar um processo de diferenciação para superar a generalização
das vantagens dos custos de produção.

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2.3.4. ESTRATÉGIAS GENÉRICAS

ESTRATÉGIAS GENÉRICAS

Equilíbrio
entre:

ESTRATÉGIAS DE CUSTOS ESTRATÉGIAS DE DIFERENCIAÇÃO

Dá lugar a:

DUPLA VANTAGEM COMPETITIVA

CUSTOS BAIXOS DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO

Este tipo de estratégia é um cenário “ideal” de desenho estratégico, já que supõe uma série
de vantagens associadas a dois tipos de estratégias provadamente não excludentes. As
empresas que desfrutaram de um modelo baseado na vantagem estratégica de diferenciação
e de valor agregado (marca, qualidade, desenho, inovação tecnológica, etc.) podem também
desfrutar da vantagem competitiva de deslocamento geográfico, e assim conseguir dupla
vantagem competitiva. É dessa maneira que se reduz a tensão existente entre a diferenciação
e os baixos custos.

Essa situação estratégica é uma mudança visível na representação do gráfico tradicional das
estratégias empresariais visto que permite uma maior variabilidade na definição do
posicionamento estratégico de cada empresa, por meio de uma aproximação mais acessível a
uma estrutura de custos mais baixos, difícil de chegar para algumas empresas nos seus centros
de produção dos países mais desenvolvidos, sem deixar atrás as linhas de diferenciação.

2.3.5. A VANTAGEM COMPETITIVA DAS NAÇÕES

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O novo ambiente de globalização econômica também aportou uma reorganização do conceito


tradicional da vantagem competitiva das nações. Mesmo que as ideias básicas da abordagem
se mantiveram, sabe-se que a atual realidade econômica internacional variou em relação ao
desenvolvimento da mesma teoria. É evidente que a situação dos Estados Unidos, Japão ou
Alemanha não é a mesma que aquela vivida há alguns anos: déficit comercial e fiscal
americano, crise bancária e de consumo no Japão, letargia econômica alemã.

Tais situações tem como consequência uma reconstrução das vantagens competitivas, ainda
que estas nações, todavia, desfrutem de um alto nível de vida e uma liderança produtiva. A
formação da vantagem competitiva mudou por causa da globalização econômica, e isso é
causado por uma separação da relação entre os fatores que conformam a vantagem
competitiva nacional. Por outra parte, a competitividade entre as empresas se transformam
num cenário completamente internacional deixando de lado o local.

É comprovado que a mão de obra barata e numerosa aumenta o crescimento econômico,


sinônimo de riqueza para alguns países que passaram a ser potencia econômica (China, Índia
no século XXI). Ainda assim, este acontecimento não é o único causador do desenvolvimento
desses países, nem tampouco resolve as incertezas e limitações como pobreza, falta de
infraestruturas ou carências de desenvolvimento social.

2.4. CONCLUSÕES

A globalização econômica iniciou uma transformação na natureza da concorrência estratégica,


passando da busca da diferenciação como modelo de vantagem competitiva ao acesso de
mercados de trabalho de baixo custo, de maneira que voltam as estratégias competitivas
baseadas na redução de custo de produção.

 Mão de obra
O acesso ao mercado de trabalho de baixo custo permitiu ultrapassar uma limitação dos
sistemas de produção dos países mais desenvolvidos, que estavam tão saturados a ponto de
não conseguir uma estratégia de redução de custo de produção.

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 Logística internacional

A logística internacional converteu-se num fator chave para a nova organização econômica,
visto que possibilitava a união entre os centros de produção e consumo que estavam muito
separados entre si, de maneira que a geografia deixou de ser uma limitação.

A globalização econômica também introduziu desenhos estratégicos de índole puramente


internacional ou global, deixando para trás a direção estratégica de tipo local, nacional ou
setorial.

Todas as mudanças teóricas dos programas de direção estratégica relacionadas com o


aparecimento da globalização econômica influenciaram diretamente conceitos como a curva
de experiência, a vantagem competitiva nacional, a cadeia de valor, estratégias competitivas
genéricas, economia de escala, etc. Esses conceitos precisarão ser estudados novamente
tendo em conta as novas estratégias de produção e de comércio internacional.

O comércio internacional entre países é uma troca de mercadoria e depende da:


 Capacidade produtiva de cada um
 Eficiência na organização
 Vantagem competitiva referente ao resto das economias mundiais

 Correntes de comércio internacional

A eliminação da limitação geográfica entre os mercados gerou uma necessidade de estudar a


origem da vantagem competitiva dos países para se poder analisar as diferentes correntes de
comércio internacional.

 Teorias que estudam a vantagem competitiva:

1. Nível macroeconômico: tipos de mudança, déficit público, tipo de juros.

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2. Fatores de produção: alta disponibilidade de recursos naturais.


3. Fatores de produção: mão de obra barata.
4. Política oficial: recursos, proteção, apoio, impulso por parte dos governos.
5. Estrutura empresarial: organização, métodos de direção e gestão de recursos
humanos.

Esse novo cenário aporta novas estratégias de globalização da concorrência, inovação


tecnológica, investimento estrangeiro, etc., as quais são difíceis de explicar seguindo os
critérios e as teorias antigas.

Assim, aparecem as novas teorias de Michael Porter, representando um grande avanço na


investigação das vantagens competitivas das nações. Através do seu estudo tornou-se possível
compreender, de maneira detalhada e específica, a complexidade desse acontecimento no
qual colaboraram tantos elementos internos e externos da economia.

2.5. MICHAEL PORTER (1947 - )

Principais pressupostos:
a. Criação da competitividade: a competitividade da economia nacional de cada país
não é um fato inato ou herdado senão criado.
b. Dinamismo: a vantagem competitiva nacional é dinâmica e flexível, muda, evolui e se
desenvolve com o passo do tempo, adaptando-se às necessidades do mercado.
c. A nação é um elemento primordial de competitividade no surgimento do mundo
globalizado. Faz-se necessária uma visão de conjunto para analisar o posicionamento
dentro do comércio internacional.
d. Localização da produção: um país não pode possuir vantagem competitiva de todos
os setores ainda que possa ter esse tipo de vantagem em escala internacional. Deve-
se entender que a competitividade nacional encontra-se numa série de setores nos
quais o grau de competitividade e geração de riqueza explicam a vantagem
competitiva.

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e. O investimento estrangeiro e o comercio internacional são motivo de riqueza e de


progresso na produtividade.
f. As nações devem ser competitivas nos setores que possuem natureza dinâmica e
valor agregado, visto que isso causa um efeito multiplicador da riqueza nacional.

A continuação estudaremos os atributos que Porter considera que moldam o losango1 da


vantagem competitiva nacional.

Fonte: https://ricardotrevisan.com/2011/12/22/o-que-michael-porter-tem-a-ver-com-planejamento-urbano/

2.5.1. CONDIÇÕES DOS FATORES

Porter estuda o acesso de cada país em relação aos fatores de produção, como mão de obra
ou infraestruturas, e também como cada nação se adapta a cada setor produtivo. Além disso,
afirma que é de grande importância implicar-se totalmente em criar, atualizar e ampliar os
fatores de produção.

 Classificação dos fatores de produção segundo Porter:

1O Diamante de Porter é um modelo que busca ampliar a análise da competitividade com foco no entendimento do porquê
algumas empresas conseguem competir com mais sucesso que outras. A ideia básica de tal modelo é que quatro elementos
principais precisam estar presentes e que os quatro são influenciados pelo Acaso e pelo Governo. O primeiro fator são as
condições dos fatores de produção, o segundo seria a presença de indústrias correlatas e de apoio, o terceiro, a qualidade da
demanda, medida pelo seu nível de exigência e o ultimo seria a estrutura e a competitividade do setor.

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a. Fatores básicos: localização geográfica, mão de obra especializada, recursos naturais,


clima, capital, elementos presentes ou que são inatos do país.
b. Fatores especializados: elementos mais avançados e elaborados como mão de obra
qualificada, redes tecnológicas, investigação, desenvolvimento, infraestrutura, etc.

Tais fatores colaboram no desenvolvimento da vantagem competitiva de um sector e/ou de


uma nação. Sendo um fator muito especializado e desenvolvido que ainda responde as
necessidades concretas de um setor, se supõe um valor agregado de competitividade de difícil
reprodução. Por outro lado, se requer um investimento contínuo de recursos financeiros,
econômicos e de mão de obra.

2.5.2. CONDIÇÕES DA DEMANDA

Porter realiza uma análise dos mercados de demanda de cada produto em um determinado
país, pois considera que tal demanda gera uma sucessão de necessidades que obrigam as
empresas a dedicar-se numa melhora contínua da sua oferta (qualidade, expansão) e da sua
eficácia produtiva (preços competitivos). Isso contribui que tal empresa ou setor produtivo
esteja em condições favoráveis para competir no domínio internacional devido ao fato de que
seu mercado de origem revela um alto nível de eficácia produtiva.

As empresas de um determinado país obteriam vantagem competitiva sempre e quando os


compradores nacionais do produto ou do serviço oferecido sejam os melhores informados e
meticulosos, e que marquem a tendência de demanda dos mercados.

2.5.3. SETORES AFINS AUXILIARES

No processo produtivo participam inúmeros elementos, todos imprescindíveis. Entre eles: os


provedores, distribuidores, assessores, gestores, etc. Isso permite a criação de setores afins e
auxiliares competitivos que reafirmam a ideia da criação de um setor ou empresa que seja
competitivo no setor mundial. Uma boa relação entre os diferentes participantes do processo
produtivo é um valor agregado para a consecução da vantagem competitiva de uma nação.

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A importância dos setores afins e auxiliares reside em:


 Aspectos práticos quantificáveis: fornecimento rápido e eficaz
 Aspectos intangíveis: Linha direta de comunicação entre empresas, rápido fluxo de
comunicação, troca contínua de ideias e inovações, etc.
Tudo isso estimula o crescimento referente a inovação, evolução e eficiência do conjunto de
empresas que compõe determinado setor.

2.5.4. ESTRATÉGIA, ESTRUTURA E RIVALIDADE DAS EMPRESAS

Porter considera que não existe um modelo empresarial universal, mas sim que cada país, em
cada setor, momento e situação, encontrará uma determinada forma de organização capaz
de produzir tal competitividade. A competência interna das empresas é o componente chave
inicial para conseguir que essas empresas sejam competitivas internacionalmente.

A busca pela vantagem competitiva fala de uma luta entre os diferentes países competidores.
Tal dinâmica faz com que as nações incentivem reciprocamente os preços para reduzir os
custos, melhorar a qualidade e o serviço, além da criação de novos produtos e processos. Tal
rivalidade implica que todas as empresas desfrutem das mesmas vantagens competitivas
sujeitas ao país. E isso supõe um desafio além da busca de novas ferramentas que concedam
vantagem competitiva.

Tal rivalidade entre as nações origina uma concentração geográfica dos rivais ou
competidores. Tal fato enfatiza a rivalidade entre as empresas como consequência de uma
concorrência próxima e desafiadora, impulsionando as forças produtivas.

Porter salienta a importância da economia de escala para as empresas. Essa última


transforma-se numa vantagem competitiva que pode ultrapassar a desvantagem produtiva e
transformar-se num exportador completamente competitivo no comércio mundial.

2.5.5. TAREFA DO ESTADO NA REGULAÇÃO DOS MERCADOS

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 Teorias tradicionais

As teorias tradicionais sobre a função do Estado dentro da economia alternam-se dentro de


dois polos opostos:
1. O Estado não deve intervir na organização da economia já que a “mão invisível 2” será
a encarregada de regular os movimentos relacionados com a economia.
2. A administração do estado é um fator fundamental no controle e melhoramento do
processo produtivo por meio de: protecionismo, regulação, subvenções, fiscalização,
administração, etc.

Ambos os pontos consideram que o Estado representa a melhor estratégia para o aumento
da vantagem competitiva.

 Teoria de Porter

Porter desenha um agrupamento de ideias referentes ao papel do estado na elaboração da


vantagem competitiva.

 O Estado deve-se comportar como elemento catalisador e estimulador.


 O Estado não deve cooperar na criação de setores competitivos, visto que tal fato é de
responsabilidade das empresas.
 O tempo competitivo das empresas não é o mesmo que o do Estado.
 O Estado tem o dever de promover a mudança, incentivar a rivalidade interior e
impulsionar a inovação.

POLÍTICAS DO ESTADO PARA AUMENTAR A VANTAGEM COMPETITIVA

2 Importante teórico do liberalismo econômico, Adam Smith criou o termo mão invisível para descrever como, numa
economia de mercado, a interação dos indivíduos parece resultar numa determinada ordem, como se uma mão invisível
orientasse a economia. Tal termo hoje é conhecido como “oferta e procura”.

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A. Concentrar-se na elaboração de fatores especializados: investigação nas


universidades, relação universidade-empresa, ensino especifico qualificado,
investimento privado aos investimentos empresariais.
B. A não intervenção nos mercados de fatores e capital: Se se elevam os custos de
produção ou do tipo de cambio não se devem abaixar os mesmo, já que isso pode
ser um fator que impulsione a inovação e progresso na competitividade da
empresa.
C. Estabelecer uma norma rigorosa sobre os produtos, a segurança e o meio
ambiente: isso melhora a produtividade das empresas e aumenta a exigência dos
consumidores, além de supor uma vantagem competitiva no contexto
internacional.
D. Liberalização da competência: implementação de políticas antimonopólio
resistente e coerente.
E. Rejeição do comércio externo regulamentado: o objetivo final do comércio
exterior é abrir mercados em todo lugar em que o país tenha vantagem
competitiva, apesar disso, deve atingir ativamente aos setores emergentes.
F. Solução das barreiras comerciais: Se o Estado encontra uma barreira comercial
numa outra nação, deve-se visar o desarme de tal inconveniente sem ter que
acudir a políticas de represálias, ou seja, regulação das exportações-importações.

2.6. VANTAGEM COMPETITIVA DAS NAÇÕES: FATORES

A continuação detalharemos os fatores que influenciam na formação da vantagem


competitiva de um país.

2.6.1. TAMANHO DO GOVERNO

O Estado pode intervir por meio da regulação do sistema de tributação que distribui e também
gerencia grande parte da renda nacional. Por outro lado, também colabora no processo
produtivo do país através das empresas estatais.

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Estudamos que a dimensão do Estado referente a organização econômica de um determinado


país pode influenciar seu posicionamento no marco internacional.

Com os resultados obtidos nos últimos anos dos informes anuais, se conclui que:

a. Um elemento Estatal de grandes dimensões que regule a economia não é um


impedimento para a realização de vantagens competitivas referente ao comércio
internacional.
b. As grandes estruturas estatais como normalmente são as europeias, retiram
competitividade as suas economias, se poderia dizer que nesse caso a intervenção
estatal é de índole social e não econômica.
c. Um alto índice de liberdade de concorrência e insuficiente desenvolvimento do Estado
de Bem estar não significa êxito nos lucros de vantagem competitivas em relação ao
comércio internacional.
d. Não existe um formato único e específico que ilustre a melhora da competitividade
das economias dos países emergentes (BRIC) no contexto mundial.

2.6.2. POLÍTICA MONETÁRIA

Entende-se por política monetária o processo onde o governo, o banco central ou a autoridade
monetária de um país controlam tanto a oferta monetária como os tipos de juros ou o custo
do dinheiro. A política monetária é um dos componentes mais importantes para ilustrar a
estabilidade econômica de um país.

Se pode afirmar:
a. O grau de competitividade ou de crescimento da economia não se pode explicar
somente pelo grau de controle utilizado pela política monetária. Estados Unidos e
União Europeia tendem pontuar alto em questão do controle do índice aplicado pela
Política Monetária e isso não supõe um ato nível de competitividade em seus produtos
frente aos países emergentes.

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b. A aplicação da política monetária nos países emergentes levou um crescimento e


expansão considerável além de um grande impulso comercial
c. Apesar de se poder afirmar que um país não é competitivo em função do uso da
política monetária, isso não quer dizer que existam empresas nesse país que não sejam
competitivas no mercado mundial.

2.6.3. REGULAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL

Cada país possui um nível de regulação interna determinado, fator que define a organização
de suas empresas. O potencial e o grau de competitividade no marco internacional podem
depender da regulação interna da atividade empresarial.

Exemplos de fatores que compões a regulação da atividade empresarial


 Licenças
 Custos extraordinários
 Custos burocráticos
 Normas de regulamentação administrativa
 Controles de preços
 Normas mercantis

Segundo os últimos informes de liberdade econômica do mundo, pode-se extrair as


seguintes conclusões:
a. Uma regulação empresarial altamente eficiente não é sinônimo de competitividade
dos produtos dentro do marco internacional.
b. A competitividade internacional pode coexistir tanto com um sistema de regulação
moderno como com outro modelo mais tradicional, da mesma maneira que o
posicionamento exportador.
c. Estados Unidos e Espanha são os países com maior porcentagem de déficit comercial
em suas economias e possuem o mesmo nível de regulação empresarial. Além disso,

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ambos obtêm benefícios na criação de vantagens competitivas nacionais e também


em empresas exportadoras importantes para o comércio mundial.

2.6.4. LIBERDADE DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Importante tópico visto que a liberdade do comércio internacional influência diretamente nas
atividades que têm relação com o comércio internacional.

As seguintes variáveis definem a liberdade do comércio internacional:


 Tamanho do setor comercial
 Barreiras comerciais não tarifárias
 Custo de trâmite de importação-exportação
 Impostos sobre comércio internacional
 Entrada de imposto como porcentagem das importações e exportações
 Controle do mercado internacional de capitais
 Barreiras reguladoras do comércio

Essas variáveis citadas definem o funcionamento do comércio mundial de mercadorias. Assim,


análise sobre tais variáveis esclarecem a situação atual e a tendência do futuro em relação ao
comércio internacional.

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