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apresentam essa questão, faz-se necessário estabelecer, ini-

cialmente, uma distinção metodológica entre amLas. O mé-


todo da primeira, que é o do pensamento médico dominan-
te, baseia-se em grande medida nas reduções sucessivas ao
objeto áe estudo particular, delimitando componentes cada
vez menos complexos e estudando-os isoladamente. E a
construção de seus conceitos se dá em função desse procedi-
mento. Essa forma de proceder tem uma vantagem inegável
vista da perspectiva experimentai, já que permite "controlar"
todos os elementos á exceção daquele em estudo. Sua d&bi-
liáade resido, todavia, em supor a possibilidade de entender
o conjunto a partir da somatória de suas partes. Ou seja,
perde áe vista, ou pelo menos não expUca satisfakoriamenle,
dada sua própria colocação teórico-metodológica, as áiferen-
cãs qualitativas entre os diferentes níveis de complexidade.
O método da medicina social busca, ao contrário, já que se""^
propõe compreender o nexo Uopsíquico como processo '
complexo e enquanto tal com sua especificidade, o que ex-
clui reduzi-lo à soma de suas partes. Ou seja, não pode
colocar reduções sucessivas, mas, ao contrário, a integração
cada vez mais complexa dos elementos, no marco de uma
dinâmica global que imprime uma nova qualidade ao con-
junto. Seus conceitos devem, entâo^ pernütir captar essa
complexidade.

CA".
As cargas de IraWko c o processo de desgaste /
/ ^ ' '

A medicina do trabalho utiliza a categoria "risco" para dar


conta aos elementos presentes no centro do trabalho que
podem causar danos ao corpo do trabalhador. Define, dessa
maneira, os riscos como agentes nocivos isolados que podem
causar doença (32). Dado que quase sempre os conceitua
num esquema monocausal, nem sequer chegam a ser os
"fatores de risco" do modelo epidemÍológico multÍcausal,
que postula a necessidade da presença simultânea de vários
deles para que se produza a doença. A noção de "risco" (la
medicina ao trabalho, que ademais é diferente áa dos grupos

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de risco" do Modelo Operário (33), consigna, pois, elementos contrário, somente adquirem materialidade no corpo hu-
isolados entre si e da dinâmica global do processo de mano ap çxprcssarem-se em transformações em seus
trabalho. líesulta dessa forma insuficiente para o enfoque pr_pçesspsinlernj:>9, questão mais comprccn-
teórico aqui proposto. Para que esses obstáculos sejam sível ao se analisar cada uma delas.
superados faz-se necessário construir outra categoria que ^As_cargasjKsicas podem ser exemplificadas pelo ruído c
consiste na de cargas de traballio". calor, que podem ser deltectados e até meáiclos sem_enyolvcr
^.,A categoria carga de trabalho" pretende alcançar uma o corpo humano, e dessa Torma têm uma materialidade ex-
conceituaçao mais precisa do que temos consignado ate o terna a cie. Ao atuar sobre o corpo, ou, melhor dizendo, ao
momento com a prc-noçao de "condições ambientais" no interaluar com ele, sofrem uma mudança áe qualidade, áaáo
que diz respeito ao processo áe trabalho. Dessa forma fcus- que deixam de contar como ruído" ou calor", e tornam-sc
ca-se ressaltar na análise do processo de trabalho os processos intracorporais complexos. Por exemplo, o ruído
elementos deste que interatuam dinamicamcnte entre si c atua sobre as células do ouvido médio e interno, porem
com o corpo do EraLalhaáor, gerando aqueles processos de também sobre o sistema nervoso e provoca mudanças em
adaptação que sc traduzem em desgaste, entendido como alguns processos fisiológicos (35). Da mesma forma, o calor
perda áa capacidade potencial e/ou efctiva corporal c psí- deixa de ser calor c se expressa desencadeando mecanismos
quiçá. Vale dizer, o conceito de carga possibilita uma aná- de termorregulaçao, como por exemplo a suáoresc e al-
lisc do processo de trabalho que extrai e sintetiza os elemcn- teraçoes Íiormonais, ou seja, numa série de mudanças nos
tos que determinam de modo importante o nexo faiopsíquico processos fisiológicos que podem ser passageiras ou não (36).
áa colctividadc operária e confere a esta um modo histórico ^-^^jcargasj^uimic^iis^J^
específico de "andar a vida". Cabe assinalar que essa noção etc.) clbi^lo^icas (ps miçroorgan^^ têm caraclerísticas
de cargas ac trafcalho" sc distingue funáamcntalmcnlc da semelhantes já que, por um lado, têmmaterialidaáe exlcrna
utilizada no JMctoclo LESÏ porque não se refere a caraclc- ao cpr,po e, por outro, adquirem importância não em si mcs-
rístÍcas estáticas do posto de trabalho particular, mas ao mos mas pelas transformações que geram em sua intcração
movimento dinâmico dos elementos do processo de traballio com os processos corporaía^^i^cargasüiecanicas são, por
(34). No processo de investigação certamente a primeiraapro-' assim dizer, as mais visíveis, já que se convertem numa rup-
ximaçao das cargas de trabalho implica decorapô-las cm tipos tura de continuidade instantânea ao corpo; em contusões,
específicos, que também compreendem os riscos parlicula- /feridas, fraluras etc.
rés. Isso não significa, todavia, que são a simples soma áes- ^ Â^^J^^^l^°felcJa^^ como já foi assina-
sés, já que s6 adquirem pleno significado a partir da áinâ- lado, áifcrcnles porque não tem uma materialidade visível
mica global do processo de trabalho. O segundo passo ana- externa ao corpo liumano. Por exemplo — analisando
Utico, então, consiste em reconstruí-las com a lógica gloBal algumas das cargas fisiológicas — um esforço físico pesado
deste como ponto de partida. Assim, para melhor se aprcn- ou uma posição incomoda não podem existir senão através
der as-carSa^deJra]ba]Í0^0^:^^^ diferentes li- do corpo, da mesma forma como a ahernância de turnos é
Posï aëruP.aná9^sçmfísic^^^ impensável à margem de homens de carne e osso submetidos
cas< Por um Ía^°' -e^^^ç^e£s^^ a este regime de trabalho. Mas, uma vez constatada a
Prlmclras Possuem uma materialÍtÍade externa ao corpo, que impossibilidade de conceiEuar essas cargas senão em relação
ao com ele intGratuartorria-se uma nova materialidade com o corpo, sua ma teriaUáade é, novamente, processos
interna. As últimas ~ as físiologicas ejïsíquicas — pelo corj>oraist.ransf armados. O esforço físico pesado é consumo

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calórico incrementado, rcdistribuiçâo de sangue, gasto e
bem cerEo para o restante das cargas, incluindo aquelas que
hipertrofia de tecidos ele. (37). Á alternância áe turnos têm materialidade externa à corporeidaáe humana. Ou seja,
enquanto carga fisiológica é, da mesma maneira, ruptura
se bem o ruído seja ruído, e como tal origina transforma-
dosrilmos fisiológicos básicos (os ciclos circadianos) c dês- coes nos processos biopsíquicos, não é irrelevante perguntar
sincronização (38). porque se produz e porque se mantém num determinado ní-
r.^JC3^ga^E-sí<luíca^ fínalmenle^lêm ° mesmo caralcr vel. Ao tentar responder a essas perguntas com relação a
^Ô^S^fó|ícás"'ã medida'que adquirem materialidade qualquer carga, aparecem invariavelmente dois fatos. Um é
através da corporeidade iiumana. As cargas psíquicas,
que surge como expressão particular da forma específica áe
idas soLretudo em função de suas manUesEaçoesjioma-
produzir (das características da fcase técnica e dos objetos
-tícas e não tauto psícoámâ.micas, poáem Provisorlamcïltc
empregados, mas também da organização e divisão ao tra-
~gçy agrupadas em dois ^aiides^^^^^
foalho). Outro é que a intensidade, e ainda a presença ou
ge ludo aquilo que provoca uma sobrecarga^sigyiça, ou
não, das cargas não é aüieia às relações de força enlre capital
seja, situações de tensão prolongada, e Qiulro,^ e trabalho num centro de trabalho concreto e na sociedade.
a subcarga psíquica, o^ Visto dessa perspectiva, decompor e agrupar as cargas
ver cÏazcr uso 4^_caPa^ya^c£sl^lIlcal.(/^)' Exemplos das nos difercnlcs tipos não é, como já sc havia assinalado, senão
priïneírás, características do processo de trabalho capita- um primeiro passo analítico, dado que não adquirem pleno
lista, podem ser a atenção permanente, a supervisão com signiHcado senão no interior da dinâmica global do processo '
pressão, a consciência da periculosidade do trabaUiQ, os ac trabalho. Ou seja, o segundo passo no processo de '•'-
altos ritmos de IraWho etc. Pertencem ao seguná^grupo investigação necessariamente lcorisÍAte-nareconslruçâo~dàs
de questões a perda do controle sobre o trabalho ao cslar o cargas\ â. e lrabalhp_alrayés da análise da iritérãçâo^^
trabalhador subordinado ao movimento da máquina; a dês- cias no marco da lógica global aoprocesso de ÏraEaïHo"-—
quaïiHcaçSo ao traballio, resultado da separação, enlre sua como processo técnico e cenário de luta determinado pelo
concepção c execução, a parcclizaçao dp Iraballio, que pjoeesâo de valorização. Torna-se facilmente compreensível
redunda cm monotonia c repclitíyidaác cie. (41). Adv^rla- que as cargas de um mesmo grupo podem se potenciar entre
sc, claramente, que as cargas psíquicas não têm existência si de tal modo que não somente se somam como também
senão como relação cnlrc os homens c dos homens com as incrementam seu efeito sobre os processos biopsÍquicos
coisas, c que somente adquirem materialidaác nos processos humanQs. Por exemplo, a realização de um trabalho pesado
psíquicos e corporais deles. Nesse sentido, a monotonia, a numa posição incomoda significa não somente a soma dos
rcpelitiviáade c a dcs qualificação são a hipolrofía <lo efeitos áesgaslantes sobre o sistema músculo-esqueleto e do
pensamento c tia crialividade, que ademais sc expressa em gasto calóríco derivado de cada um deles, como também um
mmlanças nos cor ticos tcróidcs; da mesma forma como a aumento em ambos (42). Da mesma maneira, os produtos
supervisão estrita ou Jespolica ou a consciência tia pcricu- químicos lcm, em muitas ocasiões, efeitos sinergicos sobre o
losidaác <lç trabalho são lcusâo nervosa prolongada sinlcli- coryw.. Ou seja, ao estarem presentes simultaneamente
zada na rcação do cslrcsse crónico c fadiga nervosa. resultam tóxicos em c onccn (.rações mais baixas do que quan-
^ No caso das cargas psíquicas, ressalta com particular do sc encontram isoladamente (43). Em relação as cargas í
clareza quc^sao^o^alincnte^ c que não podem psíquicas, ocorre uma situação semelhante, já.que,.por-
ser compreendidas como "riscos" isolados, ou abslratos, á exemplo, sc pode suportar altos ritmos de trabalho sem
margem das condições que as geram. ïocÍavia, isso c tam- maiores problemas enquanto a tarefa permite a tomaáíT de

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sc potenciam entre si uma carga física como o ruído c algumas
decisões, mas quando, pelocojitrario,, ela estaesyaziada áe
cargas psíquicas. Novamente tem-se que pensar um operário
ï^ïonteúÏo^^^iÏ^^wo, tornai
diante de uma máquina — malerializaçao de uma relação
"NSo^oÍÍStante^ena interaçao entre as cargas aos difercn-
histórica entre capital e trabalho — que gera ruído ela mesma
tes grupos que se começa a vislumbrar plenamente a
e cm seu contato com o objcto de trabalho, e que impõe um
necessidade de analisá-las cm seu conjunto e no marco da
modo específico de trabalhar —. o uiovimento de umas partes
lógica global do processo Ae trabalho. Por exemplo, loman-
do corpo e de outras não; o ritmo; as operações rolinizadas,
ao a questão mais reconhecida da saúde dos Irabalhadorcs,
monótonas c repetitivas. O ruído traduz-se, aqui, cm tensão
ou seja, os acidentes, torna-se evidente que a perspeclíva
nervosa, que se comluna com os efeitos das cargas psíquicas,
que somente contempla "as condições (as cargas mecânicas)
especificamente a sobrecarga quantitativa e a subcarga qua-
e os aios inseguros" (o "descuido do trabalhador ) lcm uma
liLaliva, provocando um aborrecimento irritante c fatigantc.
baixa capacidade explicativa e é, ademais, mistificadora.
( ^ Ao conceito áe carga de trabalho lem-se que acrescentar
Se, pelo contrário, se analisa a dinâmica do acidente a par-
outro— o de desgaste — para que se possa reconstruir no
tir da lógica do processo de produção, aparecem novos cle-
mentos "causais" e uma articulação totalmente áislinta cn" pensamento uma representação coerente áa relação entre o

trc eles. Entendendo as cargas como os elementos que sin-


processo de produção e o nexo biopsíquico de u;ma colclivi-
áade de trafcaihadores, ou seja, da forma hisEorica espccífÍ-
tetizam a mediação entre o trabalho e o desgaste do traba-
-ca ac nela ocorrer o processo biológico e psíquico. Dessa
Ihador, a dinâmica do acidente quase sempre envolve varias
•^íbrma, o conceito ac "desgaste" permite fconsÍgnar. ,as
delas; a carga mecânica, que interrompe a integridade física
transformações negativas, originaáas pela inleração dinami-
corporal, tlcsprende-se das caraclcrísticas da maquinaria
ca das cargas, nos processos-.biopsiquic.os-humanos. Odcs-
,Y_ relação social matíiriaUzaáa —, mas não atua isolada-
/ínente senão em combinação com outras cargas que determi- J^vëJÈ^àe^scLA^Vm^°^nl3^^^
nam a condição na qual o trabalhador enfrenta a máquina. e^&^C^OVL polcncla^ ^lo^o^lc£l e P81'?111'??* ^u seia_iJ^at9^
Essa combinação de cargas tem em cada caso uma coníbr- r^^^^^ê^ll£^^^^JÊ^Ï^Ï^J^I^l^?Z^ÍL^
>rOCCSSOS ÍïlOD&lCíUICOS.
maçâo singular. Exemplificando, poderia ser um operário
trabalhando numa posição incomoda (carga fisiológica), Torna-se importante rcfcri-lo tanto à capacidade efetiva

fatigado porque alterna turnos (carga fisiológica e psíqui- como à potencial, já_que enquanto os processos biopsíquicos

ca),~aturdido pelo ruído (carga física) e com tensão nervosa não são eMalicos mas mulantes — daí seu carátcr histórico

pela pressão da supervisão c pelo alto ritmo de trabalho não tem sentido tenlar fixar uma condição ideal ólima c

(cargas psíquicas); atravessado, pois, por uma série tie car- defínir o desgaste como o desvio desta; tanto é áesgasle,
gás que, por seu turno, não só se somam como se polcnciam pois, a destruição abrupla ou lenta de órgãos como a
entre si e dão concretudc ao processo de produção áe mo<lo impossibilidade ac desenvolver uma potencialidade psíquica
: singular. O "ato inseguro", ou seja, a condula equivocada ou biológica. Finalmente, haveria que acrescentar que a :
ou o "descuido" do trabalhador nessas condições difícilmcn- noção de desgaste não se refere necessariamente a processos S
te pode ser considerado como sendo sua "culpa" — da víli- irreversíveis, já que frequcnlcmentc se pode recuperar as
ma — mas como produto de uma combinação de cargas de~ perdas áe capacidade cfcliva c/ou desenvolver polencialiáa-

terminada pela lógica gloLal Jo processo de trabalho. dês antes hipolrofiadas.

Outro exemplo da intcração das cargas no marco da logi- Á medida que o diesgasLR ac áefíne como a perdsLflcLCjapifc
ca global ao processo de trabalho poderia ser o modo como ^cidade potencial c/ou eÍetiva biopsíquica, ele pode ou nao^

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ex^ressar-se no que a meáicma rec^ como Balob^at
^^^ ^ e necessário considerar o desgaste Juntamcnlc com interessante seria o estabelecimento de "indicadores de
os processos reprodutivos — de reposição e desenvolvimcn~ processo- que permitiriam captar a presença de elementos
to da capacidade biopsíquica ~, principalmente determina- .do processo de desgaste sem ter que os referir a um dano
aos pelas características do momento reprodutivo nas socie- consumado ou demonstrávcl. Por exemplo, um desses indï-
dad^s capitalistas. Vale dizer, enquanto ^trabalho —^ como í?aáorcs de processo poderia ser a rçaçâo prolongada de cs-
ia se havia dito — sob o capitalismo c tKabalho.aiïcnadp_e trsg^e outro, parâmetros como o gasto e a ingestão calórica.
Implica o uso deformado e deformanle tanto do -corpc^como ^ Finalmente, haveria que reforçar que os processos de
das potenciaUáades psíquicas, convcrte-se numa_^mgage ^aste caracterizam as coIeEiviáades humanas e não
cujo componente dcsgastante é muilo maioj que o da^rcpo- primanamenEe os indivíduos. Ou seja, se bem seja certo que
siçao e desenvolvimento das capacidades. E^£OÍS^a^omtu; o padrão áe desgaste se expressa através aos indivíduos que
na^entrc o desgaste e a reprodução^ue delermma-a inLcgram a col<^yi<We, não é senão nela que adquire pleno
constÏÏuíçSo"dãs formas históricas específicas jbíopsH^uiças significado e visibilidade. Assim ejgorguenaq^depende das \
liuman^.^sïas, por sua vez, são o subslraÈo geral que caractcnslicasin^ivi^uais^iops^
^Lctcmuna a geração Ae uma constelação característica ac condições específicas através e ante as quais a coletÍYÍdade
doenças particulares, conhecido como o perfil patológico de se constitui como tal. Esse fato aponta para algo de suma
um grupo social. É importante Faxcr esse esclarecimento, já
que enfatiza como processo geral o nexo Liopsíquico e esla-
importância, já que significa que o processo de desgaste não
é uma falaÏÍdade cega, mas futuro e, portanto, moldaáo
^
belçce a "doença" como processo particular. gela açaLo da pjopria.coletiytílaác^lsso implica, também,
A complexidade ào_c|esgaste faz com que haja dificulda- que o desgaste é um problema tanto para o IraLalho como
,ács para moslrá-lo diretamentc, sobrctutlo porque em sua ;para o capital que, todavia, se coloca de maneira distinta
maior parte é incspccífico e não se expressa com clareza cm para cada um deles. Dessa forma, para o capital a questão i
elementos facilmente observáveis ou mensuráveis. _ Isso consiste em quais são as caract.erísticas requeridas da força
significa que, na maioria das vezes, não é possível captá-lo lral->aIÍloi enquanto para o trabalho a questão é em que
senão através de alguma de suas dimensões ou por meio de condições sc ácsenvoÏvcm seus processos vitais; para o
uma serie de indicadores. Os indicadores globais que mais primeiro é, pois, um dos problemas da produção (a mais-|
frequentemente vem sendo utilizados são ps sinais e sin tomas valia) enquanto para o segundo é o problema áa vida.
incspccíHcos, o perfil paLológico, os anos de vida úlil pcrtli- ^ AJWrïsu^^^^a.dare[a^e^(L^W^^^
dos, o enveUiecimcnto acelerado e a morte prcmalurâ. Tcr- ZS^^J£wccsso^à^lTab^hos,-carK^^
se-ia que assinalar que sobretudo os Ires últimos carecem ac CJ[lesëa5le conícre certa capacidade de predição com rela-
sentido, a menos que sejam aprescnlaáos em relação a um ção__aoj[ue caracteriza o padrão de áesfíaste de um deterrtu-
'v=;*^ym™ïíaTH?—UM°wwrfm^=^:^»i^=^Wte=ii'J=^tm^yumïi^^gyia=^=^^i^^^

referencial social, cujo procedimento de seleçâo deve ser na^^poj^trabalhadores. Vale dizer, dado que aacar-
explicitado. Isto é, de novo haveria que advertir contra a gás de trabalho e, portanto, o padrão de desgaste ac um
noção de uma normalidade a-histónca concebida como o grupo de traliaïhadores áeterminado, tem origem na manei-
estado ideal a ser alcançado. Outra maneira de se captar o ra específica como se articulam a base técnica e a organiza-
desgaste, ate o momento pouco explorada, dadas as dificul- cão e divisão do Iraballio, é possível decantar as partículari-
tlaács técnicas que implica, é alravcs dos processos que áades de cada processo de trabalho concreto e extrair as
constituem suas diferentes dimensões. Nesse sentido, o mais características gerais das cargas e do desgaste das áiferen-
lês etapas e subetapas Upicas do processo de produção
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capitalista (45). Dessa forma, á ïncdida que sc sabe que lipo
de processo áe trabalho eslá presente num centro de
trabalho, póde-sc predizer quais são as principais cargas e
os traços gerais do padrão ac desgaste, ïodaviai essa
lipoÏogia de "processo de trabalho-cargaa principais-padrao
áe desgaste" ïiao pcrmile dar conta das modaïiáaács
específicas que impõem, por um lado, fatos como a defasagcm
tecnológica no interior do processo de trabalho e, por outro,
as caractcríslicas concretas da organização dos trabalha-
dores. Amlïas as questões podem levar a modificações subs-
tanciais no padrão de desgaste que somente se tornam visíveis
com estudos concretos.

A construção <Ïo processo <lc mvcgtÍgaçao

A partir da discussão teórica com relação ao que está


presente na compreensão da saúde do trabalhador, aparece
claramente a necessidade áe se recolocar a construção <lo
processo de investigação com relação a ela. Isso porque de
um lado se quer apreender as diferentes dimensões do novo
ôlïjcto cienlífico e, de outro, porque ao se pretender gerar o
conliccimcïilo requerido para alirÍr caminho para uma nova
prática com relação à saúde, impoc-se recolocar a questão
metoáológitío-tccnica. Diante desse problema poclc-sc optar
por tiuas alternativas diferentes. Uma se resume na posição
que vê a necessidade de uma reformulação completa,
argumentando que diante cie uma nova teorização se impõe
a construção de outra metodologia, com suas técnicas pró-
prias, livres áa marca áa teoria que as gerou (46). Essa
posição coloca duas dificuldades serias — pelo menos nó
campo que nos concerne — sendo elas, de um lado, o fato
de que na prática de investigação tendeu-se para o forma-
lismo metodológico (47.) e, por outro, não dar solução para
a questão de como iïicorporar o conlnecunenlo existente, mas
gerado soli unia concepção lcárica que não é a sua.
A outra postura — pragmática se se quiser — é tentar a
construção do processo de investigação sob uma colocação

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