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LINHA DE PESQUISA
Repertórios artísticos e culturais na construção de identidades étnico-raciais
ORIENTADOR
Fábio Sampaio Almeida
PROBLEMA DE PESQUISA
Para Antunes e Firmo (2018), o projeto decolonial proposto nos estudos
de Walsh (2015) é resultado das comunidades, do cerne coletivo e, nesse
sentido, não tem razão de ser se não estiver pautado nos anseios dos
marginalizados. Só assim, possibilidades mais equânimes de convivência
social poderão rever assolamentos, reestruturar instituições e destituir as
máculas da colonialidade, como o racismo, o rechaço e a mitificação das
culturas negra e indígena no Brasil.
Ancorado nesse ponto de partida e em outras referências elencadas na
apresentação acima, tais como a relação entre negritude e branquitude, a
decolonização curricular e particularidades da centralidade, o problema desta
pesquisa procura entender de que maneira o viés decolonial nas aulas de
língua portuguesa poderia intervir na construção, reconstrução ou
desconstrução de identidades negras e brancas, assim como na percepção da
branquitude em discentes moradores da Baixada Fluminense, estudantes de
uma instituição particular específica.
OBJETIVOS
Objetivos específicos:
- promover discussões acerca da positividade das identidades negras;
- desenvolver práticas decoloniais no ensino de língua portuguesa;
- analisar, através das narrativas discentes, as possíveis contribuições para a
re-des-construção de estereótipos e identidades nas aulas de Língua
Portuguesa;
DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
O presente projeto se propõe a investigar a re-des-construção das
identidades através das concepções de negritude, branquitude e racismo dos
discentes do Centro Educacional Arco-Íris, escola particular situada no
município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A partir da proposta teórica
aqui apresentada, acredita-se ser de suma importância a construção de uma
proposta educacional que vise à decolonização do pensamento discente, pois,
ainda que a sociedade trate as não-branquitudes de forma marginalizada, a
branquitude da Baixada Fluminense também está posta às margens
geográficas e de classe.
Contextualizar os prejuízos e privilégios causados pela raça pode ajudar
os discentes a compreenderem outras questões identitárias que traçam suas
individualidades. É nessa contextualização que o ensino de língua se faz
importante, tendo em vista a concepção de que língua e poder estão
intrinsecamente associadas e, através de discursos, se podem mudar questões
sociais de forma positiva ou negativa, assim como “pode ser uma barreira ao
entendimento e criar mais espaços de poder em vez de compartilhamento,
além de ser um - entre tantos outros - impeditivo para uma educação
transgressora” (RIBEIRO, 2017. p. 26.)
METODOLOGIA
Um dos propósitos dessa pesquisa será investigar o que é ser negro ou
ser branco no ponto de vista dos discentes da escola escolhida e como o
racismo contribuiu para a construção dessa identificação branca ou negra em
seus imaginários. O intuito é, através disso, formular e pensar estratégias
educacionais para a construção identitária positiva do indivíduo negro e de
suas contribuições sociais.
O universo total de discentes pertencentes ao Ensino Fundamental II da
instituição escolhida é de, aproximadamente, 50 (cinquenta) divididos em 4
(quatro) turmas entre o 6º e o 9º ano. Inicialmente, a pesquisa proposta visa os
discentes pertencentes ao 6º ano do ano letivo de 2019 como sujeitos de
interação, a fim de verificar sua interação com os conceitos de raça e racismo
(MUNANGA, 2006). Essa turma foi escolhida pelo fato da interação do
pesquisador com os discentes se limitar ao Ensino Fundamental II e, sendo a
primeira vez que esses estudantes têm acesso a esse novo grau de
escolaridade, não corre o risco de uma influência anterior à pesquisa.
Pretende-se aplicar de 4 (quatro) atividades que serão nomeadas
“medulares”, tendo em vista que se caracterizam como a espinha dorsal da
presente pesquisa. Estas serão planejadas posteriormente à revisão
bibliográfica e serão orientadas pelo fazer intercultural crítico de cunho
decolonial. Propõe-se que as atividades sejam realizadas de forma sequencial
e em diálogo com os 4 (quatro) bimestres letivos.
Além das atividades medulares ambiciona-se analisar o Projeto Político
Pedagógico da escola, o material didático destinado ao ensino de língua
materna, que atualmente é composto pela coleção Tempo da Editora do Brasil,
a fim de verificar o diálogo entre as atividades propostas e as epistemologias
valorizadas na ferramenta.
Os dados fundamentais para a construção da análise dessa pesquisa
serão constituídos por meio das respostas de questionários propostos, da
produção e interação com as atividades medulares, análise do material didático
e das gravações das narrativas produzidas nas atividades e nas aulas com as,
possíveis, intervenções auxiliares.
Visando analisar o conhecimento inicial dos discentes pretende-se
aplicar questionário preliminar com questões que circulem entre os conceitos
de raça e racismo. Ao final das 4 (quatro) atividades medulares propõem-se
uma produção narrativa textual ou oral e auto-avaliativa para verificar a
interação e a apropriação dos conhecimentos produzidos durante a atividade.
As narrativas produzidas são de excepcional importância porque os
discentes conseguirão narrar suas experiências nas atividades propostas uma
vez que estarão expondo seus pensamentos e quem são já que “a construção
de narrativas está intimamente relacionada à construção identitária.” (BASTOS
e SANTOS, 2013, P. 24) Julga-se pertinente a observação do grupo como
partícipes da investigação, pois grupos “são espaços nos quais é possível
assumir posições, compartilhar experiências, fazer negociações e coproduzir
sentidos.” (BRIGAGÃO, 2014, P. 74).
ADERÊNCIA AO PPRER
De acordo com os objetivos expressos em seu programa, o PPRER se
centra em “promover estudos e pesquisas que acompanhem e registrem a
formação histórica da consciência política, da construção de identidades
culturais”. Desta forma, em conformidade com suas especificidades, persegue-
se, através desta pesquisa, compreender formas educacionais que ofereçam
formas de debate e reflexão ao corpo discente cuja produção comporá o
corpus de análise. A intenção é que possam atuar ativamente na sociedade
como contestadores de desigualdades, que compreendam como todos têm
parte no projeto de nação em que vivemos e que, se este projeto causa dores e
ainda é excludente, precisa ser revisto.
Visamos, também, auxiliar na construção identitária dos mesmos,
observando a relação docente-discente para que se estabeleça uma troca
intercultural crítica de experiências que faça todos os envolvidos
compreenderem a construção de suas identidades com foco em raça e na
revisão de estruturas de poder. Portanto, este projeto vincula-se não apenas
aos objetivos do PPRER, mas também à linha de pesquisa de título
“Repertórios artísticos e culturais na construção de identidades étnico-raciais”
cujo propósito é “explorar não só as construções identitárias étnico-raciais, mas
também as tensões e reconfigurações advindas do que se produz/produziu
por/sobre/para minorias sociais excluídas e estigmatizadas”1.
CRONOGRAMA
Pensando na efetivação da pesquisa a ser realizada segue a proposta
de cronograma:
ATIVIDADE 1T 2T 3T 4T 5T 6T 7T 8T
Elaboração do projeto
Redação da dissertação
Revisão do texto
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Viviane; BRAGA, Elda Firmo. Marcas linguístico-discursivas do
patriarcalismo no conto andino-peruano “El día en que las mujeres
desaparecieron". Hispanista, Niterói, v. 19, n. 72, p.1-10, jan. 2018. Disponível
1
Os objetivos do programa e a descrição da linha de pesquisa intitulada “Repertórios artísticos
e culturais na construção de identidades étnico-raciais”, do PPRER, disponível em <
http://dippg.cefet-rj.br/pprer/attachments/article/84/PPRER201903_reuni%C3%A3o_classifica
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