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Plano de Aula

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia


Professor: Allan de Sousa Soares
Disciplina: Cálculo Numérico
Conteúdo Pragmático: Solução de Equações em Uma Variável
Tema da Aula: Existência e Localização de Zeros de Uma Função
Duração: 100 min
Objetivos:
- Empregar o conceito de continuidade de uma função na busca por zeros de uma função
contı́nua;
- Apresentar um método para obter intervalos contendo ao menos um zero de uma função
contı́nua (ou contı́nua por partes).
Metodologia:
- Aula expositiva participada.
Recursos Didáticos Utilizados:
- Apostila;
- Pincel e quadro branco;
- Datashow;
- Softwares gráficos.
Avaliação:
- Observação;
- Resolução de exercı́cios.
Bibliografia:
- BARROSO, L. C. et al. Cálculo Numérico (Com Aplicações).2 ed. São Paulo: Harbra, 1987.
- RUGGIERO, M. A. G.; LOPES, V. L. R. Cálculo numérico: aspectos teóricos e computacio-
nais.2 ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1996.
- SPERANDIO, D. et al. Cálculo numérico: caracterı́sticas matemáticas e computacionais dos
métodos numéricos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.

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Capı́tulo 1

Solução de Equações com Uma Variável

1.1 Existência de Zeros


Um dos problemas mais importantes em matemática é o de se obter os zeros de uma função
real. Em outras palavras, dada uma função f (x), gostariamos de encontrar p tal que f (p) = 0.
Por exemplo, a função f (x) = x2 − 5x + 6 tem dois zeros reais, p1 = 2 e p2 = 3.

Definição 1. Dizemos que uma função f : I → R é contı́nua em um ponto c, se para toda


sequência (xn ) em I, tivermos

limn→∞ xn = c ⇒ limn→∞ f (xn ) = f (c).

Observação 2. A grosso modo, dizemos que f (x) é contı́nua, se ao traçarmos seu gráfico não
levantarmos o lápis do papel. Busque em livros de cálculo exemplos de funções contı́nuas!

Teorema 3. Se f (x) é uma função contı́nua definida no itervalo [a, b] tal que f (a)f (b) < 0,
então f (x) possui pelo menos um zero em [a, b].

1.2 Método de Localização de Zeros


Veremos agora um método para isolar zeros de uma função em intervalos. Estamos inte-
ressados em obter intervalos onde existe um único zero.

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Considere o gráfico da função f (x) a seguir:

Veja que g(x) possui três zeros em [a, b]. Gostarı́amos de encontrar uma partição deste intervalo,
digamos P = {p1 = a, p2 , . . . , pn = b}, onde pj = pj−1 + γ para γ escolhido, isolando cada zero
em um subintervalo (pk−1 , pk ).

Exemplo 4. Considere a função f (x) = 16x3 − 22x − 5 no intervalo [−2, 2]. Tomando uma
partição com γ = 21 , podemos construir a seguinte tabela

P −2 − 32 −1 − 12 0 1
2
1 3
2
2
f (P) − − + + − − − + +

Logo, f (x) possui, pelo Teorema 3, zeros nos subintervalos [− 23 , −1], [− 12 , 0] e [1, 23 ].

1.3 Exercı́cios
Exercı́cio 1. Dada as funções a seguir, determine os subintervalos (se existirem) contendo
algum zero:
a) f (x) = x3 − 7x + 6, [−4, 3], γ = 0, 7
b) f (x) = x5 + 8x2 − 8, [−1, 1], γ = 0, 4
c) f (x) = ex − 3x2 + 2, [−2, 2], γ = 0, 5
d) f (x) = x4 + 1, [−5, 5], γ = 0, 5
Respostas: a) [−3, 3; 2, 6], [0, 9; 1, 6], [1, 6; 2, 3], b) [0, 6; 1], c) [−1; −0, 5], [1; 1, 5], d) não há
zeros nesta partição.

Exercı́cio 2. Considerando a função f (x) = 1000x3 −600x2 +110x−6, no intervalo, [−0, 25; 0, 75]
encontre
a) usando γ = 0, 5, subintervalo(s) contendo algum zero.
b) usando γ = 0, 2, subintervalo(s) contendo algum zero.
c) usando γ = 0, 1, subintervalo(s) contendo algum zero.

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d) o que você pode notar à medida que se diminuia γ, isto é a medida que cada partição do
intervalo [−0, 25; 0, 75] era refinada?
Resposta: a) [0, 25; 0, 75], b) [−0, 05; 0, 15], c) [0, 25; 0, 35], [−0, 05; 0, 05], d) Se diminuirmos γ
mais ainda, pode ser que encontremos mais um zero de f (x) em algum subintervalo do inter-
valo [−0, 25; 0, 75]. O fato de refinarmos uma partição não é garantia de que obteremos um
subintervalo contendo ao menos um zero (real), ou aumentemos o número de subintervalos
nos quais tenhamos ao menos zero (real). Isso pode ser visto se tentarmos refinar a partição
dada no item d) do exercı́cio anterior, uma vez que esta função f (x) = x4 + 1 não possui zero
real algum (verifique!). Um outro caso em que o refinamento de nada adianta, é aquele em
que estamos procurando zeros de uma função num dado intervalo onde esta não possui zeros,
como por exemplo, se tentarmos refinar uma partição qualquer do intervalo [−1, 1] considerando
f (x) = x2 − 5x + 6. Não obteremos subintervalo algum contendo zeros, umas vez que os zeros
de f (x) são 2 e 3 (função polinomial de grau 2).

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Exercı́cio 3. Note que a função f (x) = x
é tal que f (−1).f (1) < 0. Podemos afirmar que
f (x) possui ao menos um zero no intervalo [−1, 1]?
Resposta: Não, muito embora somos tentados a usar o Teorema 3, o que não pode ser feito,
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uma vez que a função f (x) = x
não é contı́nua em x = 0 ∈ [−1, 1].

Exercı́cio 4. É possı́vel que uma função contı́nua f (x), definida em um intervalo [a, b], tenha
algum zero em [a, b], no caso em que f (a).f (b) > 0?
Resposta: Sim, basta considerar a função f (x) = x2 − 5x + 6 no intervalo [0, 4]. Ela é tal que
f (0).f (4) = 6.2 = 12 > 0, mas, como já sabemos, esta função tem dois zeros reais, p1 = 2 e
p2 = 3.

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