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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-ARR-569-30.2011.5.01.0012
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A C Ó R D Ã O
(4.ª Turma)
GMMAC/r4/dpa/eo/l
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LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S.A. e Agravado e Recorrido CLÁUDIO
FERNANDES MACIEL.
R E L A T Ó R I O
V O T O
CONHECIMENTO
MÉRITO
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“Responsabilidade Civil do Empregador/Empregado / Indenização por
Dano Moral / Acidente de Trabalho.
Responsabilidade Civil do Empregador/Empregado / Indenização por
Dano Estético.
Alegação(ões):
- violação ao(s) artigo(s) 5.º, V da Constituição federal.
- violação ao(s) artigo(s) 944, do CC.
- conflito jurisprudencial.
O exame detalhado dos autos revela que o v. acórdão regional, no
tocante aos temas recorridos, está fundamentado no conjunto
fático-probatório até então produzido. Nesse aspecto, a análise das violações
apontadas importaria o reexame de todo o referido conjunto, o que, na atual
fase processual, encontra óbice inarredável na Súmula 126 do TST.
Especificamente em relação à insurgência quanto ao valor da
indenização, tem-se que o juízo considerou os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, sendo certo que a fixação do quantum é questão que se
vincula ao poder discricionário do juízo.
Os arestos transcritos para o confronto de teses revelam-se
inespecíficos, vez que não se enquadram nos moldes estabelecidos pela
Súmula 296 do TST. Por fim, registra-se, é inservível aresto procedente de
Turma do TST, hipótese não contemplada na alínea ‘a’ do art. 896 da CLT.
CONCLUSÃO
NEGO seguimento ao Recurso de Revista.”
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“CONSTITUCIONAL - RECURSO EXTRAORDINÁRIO:
ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTS. 5.º, II, XXXV, XXXVI, LIV, LV,
7.º, XXIX, E 93, IX. I - Alegação de ofensa à Constituição que, se ocorrente,
seria indireta, reflexa, o que não autoriza a admissão do recurso
extraordinário. II - Ao Judiciário cabe, no conflito de interesses, fazer valer a
vontade concreta da lei, interpretando-a. Se, em tal operação, interpreta
razoavelmente ou desarrazoadamente a lei, a questão fica no campo da
legalidade, inocorrendo o contencioso constitucional. III - Agravo não
provido.” (STF-AgR-RE-245.580/PR, Relator: Ministro Carlos Velloso, 2.ª
Turma, ‘in’ DJ de 8/3/2002.)
ADMISSIBILIDADE
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Satisfeitos os requisitos legais de admissibilidade,
passo ao exame das condições próprias do Recurso de Revista.
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Em virtude do relatado acidente de trabalho, o Reclamante ficou
afastado do serviço, encontrando-se atualmente em gozo do benefício
previdenciário de auxílio-doença acidentário código 91 (fl.23).
O acidente de trabalho é fato incontroverso, diante das alegações das
partes e dos documentos acostados aos autos. O que se faz necessário é a
análise da responsabilidade das Rés em relação ao mesmo.
A responsabilidade civil nada mais é que ‘a obrigação de responder
pelas consequências jurídicas decorrentes do ato ilícito praticado, reparando
o prejuízo causado’.(Garcia, Gustavo Filipe Barbosa - Curso de Direito do
Trabalho – 4.ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, pág. 185)
A regra da responsabilidade civil é a de cunho subjetivo, porém há
exceção quando a empresa desenvolve atividade de risco, nos termos do
artigo 927, parágrafo único do Código Civil, vejamos:
‘Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.’(grifamos)
Ora, é incontroverso que a atividade desenvolvida pela Rés é de risco,
conforme objeto social da 1.ª Ré (fl. 58), bem como da 2.ª Ré, que atua em
serviços de eletricidade, o mesmo ocorrendo com a atividade exercida pelo
Reclamante, contratado como eletricista.
Diante disso, não há que discutir quanto a aplicação da teoria da
responsabilidade objetiva, a qual exige, apenas, a comprovação do dano e do
nexo causal com o ato/fato, independentemente de análise de culpa. Nesse
sentido é a jurisprudência do col. TST, vejamos:
‘RECURSO DE REVISTA. DANOS MORAIS.
RECONHECIMENTO DA APLICAÇÃO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. Uma vez
constatada a atividade de risco exercida Dela reclamante, não há
de se falar em violação dos dispositivos apontados, pois, neste
caso, aplica-se a responsabilidade civil objetiva e não a subjetiva,
como pretende a Reclamada. Por fim, registre-se que a Turma
Regional não reconheceu a culpa exclusiva da vítima, como
alega a Reclamada, mas apenas a culpa concorrente, motivo pelo
qual manteve o valor arbitrado à condenação conforme a culpa
de cada uma das partes. Recurso de revista conhecido e não
provido.’ (RR 191 00-47.2007.5.09.0671. Relator(a): Augusto
César Leite de Carvalho. DEJT 01/07/2011). (grifamos)
Assim, correta a sentença ao declarar a responsabilidade das Rés,
aplicando a responsabilidade civil objetiva, face à atividade de risco, pois
incontroverso o acidente e o dano provocado, não havendo de se falar em má
valoração da prova.
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Em tal caso, os titulares das atividades econômicas que manuseavam a
energia de trabalho do Reclamante, atuando em atividade perigosa, de risco,
devem responder objetivamente.
No que tange a responsabilidade solidária, mais uma vez, correta a
decisão singular, pois o autor do ato que provocou o acidente, qual seja,
energizar a área em que trabalhava o Reclamante, foi a 2.ª Ré, assim deve
responder por seu ato, e a 1.ª Ré responde por ser empregadora do
Reclamante, responsável por sua segurança e pela fiscalização de suas
atividades.
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sem nenhum critério de especificação ou comprovação. Noticia arestos ao
confronto.
À análise.
Com efeito, a regra geral no Direito Brasileiro é a
responsabilidade subjetiva, que pressupõe a ocorrência concomitante do
dano, do nexo causal e da culpa do empregador. Sem a conjugação de todos
esses requisitos, não há de se falar em responsabilidade. É o que se extrai
da exegese do art. 186 do Código Civil:
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Autor ainda se encontrava em atividade, causando-lhe choque e queimadura,
levando à amputação do seu polegar da mão esquerda e enxertos nos dedos
e cotovelo direito.
O Regional, soberano na análise do conjunto
fático-probatório, consignou que a natureza das atividades executadas
pelas Reclamadas, ao importar em manuseio de energia, eram complexas,
criando grande perigo aos seus trabalhadores, concluindo pela aplicação
da responsabilidade objetiva.
Ressalte-se, por oportuno, que infirmar tal premissa
somente seria possível com a reapreciação das provas carreadas aos autos,
hipótese essa vedada pela Súmula n.º 126 do TST.
Depreende-se, portanto, que o empregado trabalhava em
situação de risco, o que possibilita a aplicação do parágrafo único do
art. 927 do Código Civil, conforme reiteradas decisões desta Corte, no
seguinte sentido:
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“ACIDENTE DO TRABALHO. MOTORISTA DE CAMINHÃO.
ATIVIDADE DE RISCO. TEORIA DA RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. Consoante explicitado na
decisão recorrida, o Reclamante, que exercia a função de motorista de
caminhão, -dirigia veículo da empresa quando este saiu da pista de rolamento
e tombou, chocando-se com um poste da rede pública de distribuição de
energia elétrica- e -em virtude do choque o referido poste quebrou-se, caiu
por cima do veículo e causou ferimentos graves ao reclamante-. O artigo 927,
parágrafo único, do Código Civil de 2002, c/c o parágrafo único do artigo 8.º
da CLT, autoriza a aplicação, no âmbito do Direito do Trabalho, da teoria da
responsabilidade objetiva do empregador, nos casos de acidente de trabalho,
quando as atividades exercidas pelo empregado são de risco, conforme é o
caso em análise. Na hipótese dos autos, não há dúvida de que a atividade
profissional desempenhada pelo reclamante era de risco, pois o motorista de
caminhão (motorista profissional) está mais sujeito a acidentes do que o
motorista comum. Portanto, constatando-se que o Regional entendeu que a
responsabilidade a ser aplicada, na hipótese, é de caráter objetivo, o Recurso
de Revista não se viabiliza por ofensa aos artigos 5.º, inciso X, e 7.º, inciso
XXVIII, da Constituição Federal, 186 e 927 do Código Civil e 1.539 do
Código Civil e divergência jurisprudencial, nos termos da alínea -a- do artigo
896 da CLT e da Súmula n.º 333 do TST. Recurso de revista não conhecido.”
(TST-RR - 54800-43.2012.5.13.0010, Data de Julgamento: 11/6/2014,
Relator: Ministro José Roberto Freire Pimenta, 2.ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 20/6/2014.)
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ATIVIDADE DE RISCO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA INDÚSTRIA
PETROLÍFERA. No caso, o Reclamante (auxiliar de plataforma), trabalhava
-na movimentação de cilindros no deck-, quando sofreu acidente de trabalho
decorrente do desprendimento de um dos cilindros içado, que o atingiu,
acarretando fratura em sua clavícula esquerda e redução da sua capacidade
de trabalho, conforme destacado no acórdão regional. Consignou o Tribunal
a quo que -o fundamento para a condenação da Ré na pensão vitalícia é de
que o laudo pericial é conclusivo quanto à perda parcial da capacidade
laborativa do Autor, a justificar a pensão, a fortiori, diante da comprovação
de que a atividade desenvolvida pelo Autor era de risco, restando
caracterizada a responsabilidade objetiva da empregadora, que é agravada
pela falta de fiscalização na realização das tarefas, atraindo a hipótese da
Súmula n.º 25, do E. TRT/RJ-. Como a responsabilização da Reclamada pelo
acidente de trabalho sofrido pelo reclamante era objetiva, decorrente do fato
de desempenhar atividade de risco, é desnecessária a demonstração de culpa
ou dolo. Assim, não há falar em ofensa ao artigo 7.º, inciso XXVIII, da
Constituição Federal nem em divergência jurisprudencial com aresto que não
se refere à hipótese fática idêntica à registrada no acórdão regional -
atividade de risco. Julgado que não possui a especificidade exigida pela
Súmula n.º 296, item I, do TST, não se presta ao fim colimado. Ressalta-se,
ainda, que nessas circunstâncias as alegações da Reclamada de que não
foram preenchidos os requisitos necessários ao deferimento da pensão
pleiteada pelo reclamante são insuscetíveis de apreciação por esta Corte, em
face do disposto na Súmula n.º 126 do TST, que impede a o revolvimento do
acervo fático-probatório dos autos. Agravo de instrumento desprovido.”
(TST-AIRR - 272200-08.2005.5.01.0482, Data de Julgamento: 28/5/2014,
Relator: Ministro José Roberto Freire Pimenta, 2.ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 6/6/2014.)
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ônus de responder, de forma objetiva, por todos os danos causados por sua
atividade empresarial. Não seria lógico entender que, embora assumindo os
riscos da atividade, o empregador respondesse apenas de forma subjetiva
pelos danos causados àqueles de que se utiliza para obter lucro, mediante a
extração da mais-valia. A se restringir a responsabilidade do empregador a
esfera subjetiva, inafastável seria o desvirtuamento da regra consagrada no
artigo 2.º da CLT, criando-se reserva quanto à responsabilidade da empresa,
na medida em que, embora assumindo os riscos da atividade, incumbiria ao
ofendido a prova de que o dano foi causado por culpa ou dolo do
empregador-. -Na hipótese dos autos, em que pese a afirmação constante do
acórdão recorrido, no sentido de que o caminhão estava equipado com os
dispositivos necessários à execução do serviço - carregamento e
descarregamento de postes -, certo é que tais equipamentos não se revelaram
eficazes à prevenção do acidente. Conforme registrado no acórdão recorrido,
o Reclamante, no momento do acidente, descarregava postes de telefonia de
eucalipto da carroceria do caminhão, ocasião em que um dos postes
escorregou, atingindo-o na cabeça e provocando lesão que o levou à óbito.
Resulta imperioso reconhecer que a atividade desenvolvida pelo reclamante
caracterizava-se como atividade de risco, visto que, ao descarregar postes
pesadíssimos, ainda que o caminhão estivesse equipado com os acessórios
necessários para o transporte de postes, o empregado encontrava-se exposto
a situação de risco acima do risco médio da coletividade em geral, sujeito a
sofrer acidentes - como de fato veio a ocorrer na hipótese dos autos-.
-Reconhecida a responsabilidade objetiva do empregador, o valor da
condenação deve ser proporcional ao sofrimento impingido ao ofendido,
ponderada a capacidade econômica do infrator-. Recurso de revista
conhecido e provido.” (TST-RR - 175800-22.2006.5.15.0056, Data de
Julgamento: 21/5/2014, Relator: Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello
Filho, 1.ª Turma, Data de Publicação: DEJT 6/6/2014.)
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enquadramento do empregador na exceção prevista no artigo 927, parágrafo
único, do CC. É dizer, assim, que apenas as condutas rotineiras, inerentes ao
exercício da atividade empresarial, são relevantes para a caracterização, ou
não, do risco a que remete o Código Civil. O segundo aspecto relevante
trazido no corpo do artigo 927, parágrafo único, do CC, diz respeito ao risco
intrínseco à natureza de determinada atividade empresarial, que constitui o
ponto nodal da questão. Assim, o risco a que remete o Código Civil, para
efeitos de responsabilidade civil do empregador, é aquele considerado sob a
ótica do risco-proveito, teoria que defende a ampliação da responsabilidade
daquele que retira proveito da atividade empresarial lesiva tendo por base o
princípio de que, onde estão os ganhos, residem os encargos. Dessa forma, é
indispensável que a empresa, atividade organizada para a produção de bens
ou serviços, busque alcançar sua finalidade mediante a sujeição dos
trabalhadores a um risco superior ao que é submetido o restante da
coletividade. No presente caso, a atividade laboral é de risco acentuado, pois
os garis que trabalham em caminhão de recolhimento de lixo estão mais
expostos a acidentes de trânsito do que os demais cidadãos, porquanto suas
funções desenvolvem-se necessariamente nas ruas e sem proteção efetiva
contra eventuais colisões. Sendo assim, a situação enquadra-se no que dispõe
o parágrafo único do artigo 927 do CC, pois os acidentes no trânsito
constituem risco inerente à atividade profissional, ainda que decorram de ato
praticado por terceiro. Agravo de instrumento a que se nega provimento.”
(TST-AIRR - 73900-30.2009.5.19.0007, Data de Julgamento: 7/5/2014,
Relator: Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, 5.ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 30/5/2014.)
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o dano moral causado à família do empregado falecido no exercício das
atividades laborais. 3. A ocorrência do sinistro antes da entrada em vigor do
Código Civil de 2002 não inviabiliza a aplicação da teoria da
responsabilidade objetiva no âmbito da relação de emprego. A atribuição de
responsabilidade sem culpa ao empregador, no caso de acidente de trabalho
em atividade profissional de risco, advém da interpretação sistêmica de todo
o arcabouço histórico, legal e doutrinário sobre o tema, de que, ao final, se
valeu o legislador na elaboração do novo Código Civil de 2002. Precedentes
da SbDI-1 do TST. 4. Embargos de que se conhece, por divergência
jurisprudencial, e a que se nega provimento.” (TST-E-ED-RR -
170100-91.2008.5.07.0032, Data de Julgamento: 15/5/2014, Relator:
Ministro João Oreste Dalazen, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Data de Publicação: DEJT 30/5/2014.)
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empregador. Saliente-se que, embora o art. 7.º, inc. XXVIII, da Constituição
da República estabeleça a obrigação do empregador, quando incorrer em
dolo ou culpa, de indenizar o empregado em razão de acidente de trabalho, o
caput desse dispositivo ressalta que os direitos ali previstos não o são de
forma taxativa, ao dispor ‘além de outros que visem à melhoria de sua
condição social’. Dessa forma, não há impedimento constitucional para a
incidência do art. 927 do Código Civil, que no seu parágrafo único dispõe:
‘Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem’.
Dessa forma, revela-se objetiva a responsabilidade do empregador quando
há risco inerente à sua atividade. Recurso de Embargos de que se conhece e a
que se dá provimento.” (E-RR-84700-90.2008.5.03.0139, SBDI-1, Relator:
Ministro João Batista Brito Pereira, DJ 11/12/2009.)
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revista não conhecido.” (TST- RR - 35900-24.2006. 5.20.0011, Data de
Julgamento: 3/8/2011, Relator: Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello
Filho, 1.ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/8/2011.)
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DANOS MORAIS E ESTÉTICOS – FIXAÇÃO DO QUANTUM
INDENIZATÓRIO
Sobre o tema, asseverou a Corte Regional:
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Em relação ao arbitramento do dano moral, devemos considerar as
condições de trabalho, a culpa das rés, as suas capacidades econômicas e o
efeito do dano na vida do autor, bem como o efeito pedagógico do dano, com
o fito de evitar novos atos danosos a serem provocados pelas Rés.
O valor do dano moral pretendido pelo Reclamante foge da
razoabilidade e proporcionalidade, uma vez que este não deve gerar o
enriquecimento ilícito da parte, nem muito menos deixar a responsável em
impossível situação financeira.
No presente caso, observando o ocorrido, verificamos que não há
necessidade do valor arbitrado a título de danos morais ser reduzido para,
pois atendido os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, sem a
ocorrência de enriquecimento ilícito a parte.
Em relação ao dano estético, vislumbra-se, de igual forma, que houve a
devida observância, na sentença, das condições de trabalho, da culpa da ré,
de sua capacidade econômica e do efeito do dano na vida do autor.
Diante do exposto, nego provimento aos Recursos do Reclamante e das
Rés, pelo que mantenho a sentença nesse aspecto.”
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Por fim, ao se arbitrar a indenização por danos morais,
tem-se que considerar que o montante indenizatório não deve apenas servir
como uma forma de compensação da vítima (caráter compensatório), mas
também como uma forma de se obstar a prática da conduta lesiva por parte
do ofensor (caráter pedagógico).
Assim, diante dos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, a indenização não pode ser arbitrada em valor
excessivo, que acaba por ocasionar o enriquecimento sem causa da vítima,
nem em valor irrisório, que acaba por ensejar a perpetuação da conduta
lesiva do empregador.
Levando-se esses aspectos em consideração, foram
estabelecidos alguns parâmetros para a fixação do valor indenizatório,
entre os quais, a gravidade e habitualidade da conduta, o potencial
econômico do ofensor, a condição financeira da vítima, a reiteração da
conduta, seu prolongamento no tempo, existência de sequelas, entre
outros.
Verifica-se que o Regional, ao fixar o montante devido
a título de indenização por danos morais e estéticos, acabou por observar
as diretrizes previstas no art. 944 do CCB, visto que o referido valor
não se afigura extremamente excessivo nem irrisório, sobretudo se se
considerar, tal como consignado pelo Regional, a amputação do polegar
da mão esquerda e enxertos nos dedos e cotovelo direito.
Não conheço.
ISTO POSTO
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PROCEDIMENTO PESQUISA JURISPRUDÊNCIA ACIDENTÁRIA
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