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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Tipos, cálculos e detalhes de escadas de concreto armado.

Gabriel Gageti

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade
Federal de São Carlos como parte dos
requisitos para a conclusão da
graduação em Engenharia Civil

Orientador: Prof. Dr. Jasson Rodriguez


Figueiredo Filho

São Carlos
2012
DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia à minha família que me apoiou


desde o começo da universidade até este momento e em
especial a minha mãe, Silvana Nadir Medeiros.
AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos ao meu orientador, Prof. Dr. Jasson Rodriguez Figueiredo
Filho, pelos ensinamentos durante o curso e também pela disponibilidade e dedicação na
orientação ao meu trabalho.

Aos meus colegas de universidade pelo apoio e pelos momentos em que estivemos juntos.

À minha família pelo carinho e apoio em todas as etapas do período universitário.

E a todos os demais que estiveram envolvidos neste trabalho de conclusão de curso.


RESUMO

A escada é uma elemento essencial e obrigatório dentro de qualquer edificação. São


elementos da edificação, projetados e executados para unir por degraus sucessivos, de
forma confortável e sem que haja um grande despendido de energia, os diferentes níveis de
uma edificação.

A dificuldade de execução das escadas dentro da obra se dá devido ao fato das suas
geometrias irregulares, dificuldades na armação e também na concretagem, demandando
um tempo considerável de execução dentro da obra.

Tendo em vista que o sistema de concreto armado é o predominante para realização das
escadas, foram estudados os diversos tipos de escadas nesse sistema construtivo,
analisando suas diferentes formas, modos de armação, comportamento estrutural e
métodos de cálculos.

Foram também estudadas as escadas em concreto pré-moldado, que apresentam-se como


uma alternativa de rapidez de execução e racionalização dentro da obra. Analisou-se dessa
forma, alguns tipos de escadas pré-moldadas estudando suas formas, modos de execução,
processo de transporte e comportamento estrutural.

Por fim foi realizado o dimensionamento e detalhamento de alguns tipos de escadas, afim
de analisar as taxas de armaduras necessárias e suas disposições.

Palavras-chave: escadas, concreto armado, áreas, momento, pré-moldada.


ABSTRACT

ABSTRACT

Stairs are a fundamental and mandatory element of the inside of any building. They are
building elements, projected and executed in order to connect successive steps, comfortably
and with no greater energy expenditure, of a given building.

The difficulty of building stairs on indoors is due to their irregular geometry, difficulty on
establishing frames and also to the concreting procedure, which demand a considerable
amount of time.

Considering that the reinforced concrete system is predominant for building stairs, several
types of stairs on this building system were studied, analyzing its different shapes, setting
procedures, structural behavior and calculation methods.

Stairs on precast concrete were also studied, as a fast and rational alternative. Therefore,
some types of precast stairs were studied, analyzing its different shapes, setting procedures,
transportation procedures and structural behavior.

Finally, the sizing and detailing of some types of stairs ware studied, in order to analyze the
rate of steel setting needed and dimensions.

Keywords: stairs, reinforced concrete, areas, momentum, precast.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8
1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 8
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 8
1.2.1 Detalhamento dos objetivos ................................................................................... 9
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 10
2.1 INTRODUÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 10
2.2 BREVE HISTÓRICO ............................................................................................ 10
2.3 AÇÕES .................................................................................................................... 11
2.3.1 Ações Permanentes ............................................................................................... 11
2.3.2 Ações variáveis ..................................................................................................... 12
2.4 TIPOS E CLASSIFICAÇÃO ................................................................................ 13
2.5 DIMENSÕES E TERMINOLOGIAS .................................................................. 14
2.6 ESCADAS RETANGULARES ............................................................................. 16
2.6.1 Escadas armadas transversalmente ....................................................................... 16
2.6.2 Escadas armadas longitudinalmente ..................................................................... 17
2.6.3 Escadas armadas em cruz ..................................................................................... 19
2.6.4 Escadas com patamar............................................................................................ 20
2.6.5 Escadas em balanço .............................................................................................. 21
2.7 ESCADAS COM LAJES ORTOGONAIS ........................................................... 23
2.7.1 Escadas em L ........................................................................................................ 23
2.7.2 Escadas em U........................................................................................................ 26
2.7.3 Escadas em O........................................................................................................ 29
2.8 ESCADAS COM LAJES ADJACENTES............................................................ 31
2.9 ESCADAS PRÉ-MOLDADAS .............................................................................. 34
2.9.1 Escada pré-moldada com peças de grandes dimensões ........................................ 36
2.9.2 Escada pré-moldada composta de diversos elementos ......................................... 38
2.10 DIMENSIONAMENTO DE ESCADAS .............................................................. 42
2.10.1 Escada de concreto armado, armada longitudinalmente: ................................. 43
2.10.2 Escada de concreto armado, armada transversalmente. ................................... 51
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 54
3.1 METODOLOGIA................................................................................................... 54
3.2 CONCLUSÕES....................................................................................................... 55
4. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 56
8

1. INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA

A escada é um elemento muito importante e obrigatório em qualquer edificação pois


torna possível a movimentação vertical de pessoas em um edifício. É necessário que se
tenha conhecimento para a construção de escadas em edificações pois elas devem ter
dimensões especificas para gerar um conforto para os usuários.

O tipo e forma a ser utilizado é de suma importância pois pode gerar uma maior ou
menor facilidade de construção, racionalização e economia; deve também ser adequada às
dimensões e cargas de uma edificação, e dessa forma o estudo de tipos de armações,
apoios, patamares é necessário.

O trabalho pretende enfatizar a importância de um projeto e estudo das escadas para


a construção de uma forma padronizada e racionalizada na obra, assim como a partir do
conhecimento criar possibilidade da realização de escadas mais sofisticadas em concreto
armado.

1.2 OBJETIVOS

O objetivo do trabalho é estudar alguns tipos de escadas de concreto armado que podem
ser utilizadas em uma edificação. Pretende-se analisar as diferentes formas existentes de
escadas, as diferentes formas de armações, dimensões, patamares, apoios e ações
submetidas à elas. Serão abordados também alguns tipos de escadas pré-moldadas,
analisando suas especificidades e comportamentos estruturais. Serão citadas escadas de
diferentes formas de construção e comportamento estrutural e por fim serão detalhadas e
dimensionadas escadas armadas longitudinalmente e transversalmente em uma edificação,
fazendo um comparativo entre as taxas de armadura encontrada para escadas armadas
transversalmente, no caso de calculadas como viga e como laje.
9

1.2.1 DETALHAMENTO DOS OBJETIVOS


- Estudo das generalidades e ações em escadas;

- Estudo dos modos de armação, assim como das vigas e lajes nas escadas;

- Detalhamento e dimensionamento de uma escada de concreto armado.


10

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 INTRODUÇÃO TEÓRICA

As escadas são elementos da edificação projetados e executados para que o ser


humano possa se locomover de um nível a outro da edificação de forma confortável e sem
que haja um grande gasto de energia. As escadas em comparação com as rampas, que
possuem a mesma finalidade, têm a vantagem de ocuparem um espaço menor, no entanto
não permite o trafego com cadeira de rodas, carrinhos de carga e coisas do gênero.

Por apresentarem geometrias irregulares, planos inclinados, dificuldade na


montagem de formas, na armação e também na concretagem, as escadas demandam um
tempo considerável de execução dentro da obra. Por esse fato, muitas vezes é escolhida
como alternativa de rapidez e racionalização a utilização de escadas pré-moldadas.

Há diferentes possibilidades de formas e materiais de construção para escadas,


podendo essas serem de concreto armado, concreto pré-moldado, metálicas, de madeira,
sendo alguns tipos apoiados sobre lajes ou vigas, em balanço ou engastadas.

No entanto pode-se dizer que a escolha do tipo e material que será executada a
escada, deve ser realizada a partir da análise das possibilidades dentro da obra.

2.2 BREVE HISTÓRICO

A origem das escadas certamente remonta aos tempos mais longínquos. A presença das
escadas talhadas nas pirâmides egípcias, confirmam esse fato e mostram que os degraus
das escadas já existiam a muito tempo atrás.

Afim de conseguir se locomover verticalmente com mais facilidade, o homem começou as


escavar em rampas naturais, formas de degraus, que sucedendo-se uns aos outros,
permitiam atingir níveis superiores e inferiores. No entanto, apesar da realização das
primeiras escadas tenham sido realizadas de modo a atingir os objetivos de locomoção
vertical, essas estão muito longe das formas e características das escadas existentes hoje
em dia, devido ao fato das grandes transformações durante o tempo.

Observava-se que na Idade Média, as escadas eram vistas e pensadas meramente ao nível
técnico e utilitário, sendo muitas vezes realizadas com muito descuido. No início do
Renascimento essa visão foi alterada, dando mais valor as formas e qualidade da execução
11

das escadas. No entanto as escadas não eram cômodas, tendo um grande comprimento e
pouca altura, embora não fosse incomodo à população. Hoje em dia essa situação mudou
muito, o ritmo de vida exige uma escada que possa ser percorrida de modo rápido, seguro
que com o menor gasto de energia.

É impossível que possamos conhecer todos os tipos e formas de escadas existentes até
hoje, porém as escadas tornaram-se um elemento necessário e essencial dentro das
edificações, proporcionando não somente a circulação mas como também a segurança,
refúgio ou alternativa para o caso do não funcionamento de elevadores.

Dessa forma, com a transformação durante os tempos e os estudos dedicados as escadas,


podemos ver hoje em dia, uma infinidade de modelos, tamanhos, materiais e formas das
escadas, passando a não serem vistas somente como um objeto de utilização dentro das
edificações, mas também como obras muito belas e arrojadas.

2.3 AÇÕES

As ações presentes em uma escada são as ações permanentes e as ações


variáveis.

2.3.1 AÇÕES PERMANENTES

2.3.1.1 Peso Próprio


O peso próprio é calculado de acordo com a espessura média hm, mostrada na
figura 1 e com o peso específico do concreto que é igual a 25kN/m³. No entanto se tratar de
uma escada de laje com espessura constante e a composição dos degraus forem de
alvenaria, o peso próprio é calculado somando-se o peso da laje, calculado em função de

h1, ao peso do enchimento de alvenaria, calculado de função da espessura média , como

mostrado na figura 2.

Figura 1 - Lajes com degraus de alvenaria.

Fonte: Melges (1997)


12

Figura 2 - Lajes com degraus de concreto.

Fonte: Melges (1997)

2.3.1.2 Revestimentos
Segundo Melges (1997) para a força uniformemente distribuída de revestimento
inferior (forro), somada à de piso, costumam ser adotados valores no intervalo de 0,8 kN/m²
a 1,2 kN/m² e para materiais que aumentam o valor da ação consideravelmente aconselha-
se que se utilize valores maiores.

2.3.1.3 Gradil, mureta ou parede


De acordo com Melges (1997) quando a ação de gradil, mureta ou parede não
estiver aplicada diretamente a uma viga de apoio, ela deve ser considerada no cálculo da
laje. A rigor essa ação é uma força distribuída linearmente ao longo da borda da laje. No
entanto, há uma simplificação que geralmente conduz a bons resultados que consiste em
transformar a resultante desta ação em uma outra uniformemente distribuída que pode ser
somada as ações anteriores. Sendo assim o cálculo de esforços feito de uma única vez.

Gradil: o peso do gradil varia de 0,3kN/m² a 0,5 kN/m².

Mureta ou parede: Os valores das ações nesse caso dependem do material utilizado
e da espessura dos mesmo.

Segundo o item 2.2.1.5 da NBR 6120 (1980), ao longo dos parapeitos devem ser
aplicadas forças horizontais e verticais de 0,8kN/m e 2kN/m respectivamente.

2.3.2 AÇÕES VARIÁVEIS


Segundo a NBR 6120(1980), os valores mínimos para as ações são:

- Escadas com acesso ao público: 3,0 kN/m² ;

- Escadas sem acesso ao público: 2,5 kN/m².

Ainda de acordo com a norma citada anteriormente, quando uma escada for
construída com seus degraus isolados deve-se calcular para que suportem uma força
13

concentrada de 2,5 kN em seu ponto mais desfavorável como pode-se ver na figura 3
abaixo, o termo “g” representando as ações permanentes distribuídas linearmente e Q
representa a força concentrada no local mais desfavorável.

Figura 3 - Exemplo da força variável concentrada em degraus isolados em balanço.

Fonte: Melges (1997).

2.4 TIPOS E CLASSIFICAÇÃO

Há diversos tipos de escadas existentes nas edificações, essas podem ser


classificadas em:

- Escadas retangulares armadas transversalmente;

- armadas longitudinalmente;

- armadas em cruz;

- com patamares;

- com laje em balanço;

- em vigas retas e degraus em balanço;

- com degraus engastados;

- com lajes adjacentes e ortogonais.

Essas também podem ser classificadas de acordo com sua forma:

- Escadas em L;

- Escadas em U;

- Escadas em O;

- Escadas circulares.

E também quanto ao material e local de execução:


14

- Escadas em concreto armado;

- Escadas metálicas;

- Escadas de madeira;

- Escadas moldadas no local;

- Escadas pré-moldadas.

2.5 DIMENSÕES E TERMINOLOGIAS

Segundo Guerrin (1971), os construtores admitem sempre a existência de uma


relação determinada entre “s” e “e” para que haja um traçado coerente da escada. A relação
mais corrente é a de Blondel, que diz que: s + 2e = 59 cm a 66 cm, o valor mínimo para
escadas usuais e o máximo para locais públicos, sendo os parâmetros “s” e “e” mostrados
na figura 4, no qual “s” é o valor do passo e “e” o valor do espelho, sendo espelho a altura
do degrau. Há alguns códigos de obras que especificam que s ≥ 25 cm e e ≤ 19 cm; a altura
livre (hl) deve ser no mínimo de 2,10 m. O desnível da escada de patamar a patamar

denomina-se (lv) e o desenvolvimento horizontal (lv), sendo n o número de degraus.

Figura 4 - Terminologia para dimensões de escadas.

Fonte: Melges (1997)

Para o pequeno gasto de energia e para que se garanta padrões ergonômicos


satisfatórios, recomenda-se as relações de geometrias apresentadas na figura 5, de Neufert
(1990).
15

Figura 5 - Recomendações de dimensões.

Fonte: Neufert (1998)

De acordo com Machado (1983), a largura da escada deve ser maior que 80 cm e
em geral recomenda-se 120 cm em edifícios residenciais, comerciais e também em hotéis.

Tem-se também segundo a NBR 9077(1993), as escadas devem possuir corrimãos e


guardas em seus lados abertos. O lance mínimo deve ser de três degraus entre dois
patamares consecutivos e o máximo não deve exceder 3,70m de altura.
16

As escadas de segurança devem possuir elementos contra fogo e fumaça para


permitir o fluxo de pessoas em segurança em situações de emergência, seguindo
especificações de decretos estaduais de proteção e combate a incêndio.

Para Neufert (1900) a altura desejável de corrimãos deve ser de 80 cm.

2.6 ESCADAS RETANGULARES

Dentro das escadas retangulares serão abordadas as armadas transversalmente,


longitudinalmente, em cruz, com patamares e as com lajes em balanço.

2.6.1 ESCADAS ARMADAS TRANSVERSALMENTE


Nas escadas armadas transversalmente tem-se a armadura principal no sentido
perpendicular ao sentido do trânsito e as vigas de apoio no sentido paralelo ao trânsito como
visto na figura 6. Esse tipo de escada normalmente pode ser encontrado em residências,
sendo construída entre paredes que lhe servem de apoio.

Figura 6 - Escada armada transversalmente.

Fonte: Melges (1997)

As ações consideradas para o cálculo da armadura são as permanentes como o


peso próprio, revestimentos, gradil e também as ações variáveis. O peso próprio é calculado
a partir da espessura media (hm) e é uma ação vertical que deve ser decomposta na direção
perpendicular ao eixo da escada. Já os revestimentos assim como as ações variáveis são
obtidas em projeção horizontal ao eixo da escada e devem ser decompostos na direção
perpendicular para a realização dos cálculos.

Tendo que “l” é o vão teórico indicado na figura 5 acima e “p” a força total
uniformemente distribuída, os esforços máximos podem ser calculados por :
17

.
=
p λ2
Momento fletor : m = ; Força cortante:
8

Em casos onde a escada tem uma de suas extremidades engastadas e a outra livre,
²
o momento fletor máximo é dado por =− .

Para o cálculo da armadura transversal mínima (Asmín) recomenda-se usar h1


mostrada na figura 5. Asmín = 0,15% bw h1, sendo h1 ≥ 7 cm. Segundo Melges (1997) pode-
se também utilizar a dimensão h, também mostrada na figura 5, por ser uma dimensão
inferior à h1.

A armadura de distribuição, denominada Asdistr, pode ser obtida a partir de :

Asdistr ≥ 1/5 da armadura principal ou Asdistr ≥ 90 cm²/m.

Segundo Melges (1997) o espaçamento máximo entre as barras da armadura


principal não deve exceder o valor de 20 cm. Para a armadura de distribuição não exceder
33 cm.

2.6.2 ESCADAS ARMADAS LONGITUDINALMENTE


Nas escadas armadas longitudinalmente a armadura principal é colocada no mesmo
sentido do trânsito e as vigas de apoio são colocadas, em geral, perpendicularmente à
armadura principal.

Para a determinação da armadura, segundo Melges (1997), adota-se o peso próprio


por m² de projeção horizontal, resultante do produto entre o peso específico do concreto e a
espessura h da escada. No caso da existência de patamares, o peso próprio é calculado da
mesma maneira. Os esforços são determinados admitindo-se a escada como uma viga bi-
apoiada (em projeção horizontal) de acordo com a figura 7.
18

Figura 7 - Escada armada longitudinalmente.

Fonte: Pinheiro (1997)

Usualmente considera-se a força uniformemente distribuída por m² no sentido


horizontal e não inclinada, no entanto o método de cálculo para a determinação de forças
uniformemente distribuídas inclinadas pode ser observado na figura 8. De acordo com
Melges (1997), considera-se uma largura unitária e calcula-se a força resultante atuante
verticalmente (P); projeta-se esta força na direção perpendicular ao vão inclinado (Pi);
divide-se a força (Pi) pelo valor do vão inclinado ( i); de forma a se obter uma força
uniformemente distribuída (pi), na direção perpendicular ao vão inclinado.

Figura 8 - Roteiro para obtenção de forças inclinadas.

Fonte: Melges (1997)


19

O momento máximo e força cortante podem ser obtidos a partir das seguintes
equações :

2  λ 
2 2 p ( cos α )  
pλ p i λi pi λi  cos α  p λ cos α
m= ou m = ; v= = =
8 8 2 2 2

Sendo “l” o vão teórico e “p” a força distribuída.

Supondo as mesmas condições de apoio nas duas extremidades, a força resultante



projetada na direção do vão inclinado (P sem α) irá produzir as reações ( ), de tração

na extremidade superior e de compressão na extremidade inferior. As tensões produzidas


são pequenas e em geral não precisam ser levadas em consideração.

As medidas adotadas para o cálculo da armadura de distribuição, armadura mínima


e espaçamento entre as barras, são as mesmas adotadas nas escadas armadas
transversalmente. Utiliza-se o valor h tanto para o dimensionamento da armadura como para
o cálculo da armadura mínima e de distribuição.

2.6.3 ESCADAS ARMADAS EM CRUZ


As escadas armadas em cruz são apoiadas em todo o seu comprimento, como
mostrado na figura 9 e o seu dimensionamento pode ser feito como o de lajes maciças
armadas nas duas direções, sendo que na transversal pode-se utilizar a altura h1 para o
cálculo da armadura mínima e na direção longitudinal utiliza-se a altura h. De acordo com
Melges (1997), os esforços são calculados utilizando-se tabelas para ações verticais e
considerando-se vãos medidos na horizontal.

Figura 9 - Escada armada em cruz.

Fonte: Melges (1997)


20

2.6.4 ESCADAS COM PATAMAR


Há varias disposições para esse tipo de escada como podemos ver na figura 10. O modo de
cálculo clássico segundo Guerrin (1971) é calcado no caso precedente para as diferentes
disposições, considerando a laje simplesmente apoiada e lembrando que as ações atuantes
na laje inclinada são diferentes das que atuam nos patamares, que podem ter espessura
diferente da laje. Esse cálculo é realizado considerando o vão horizontal da escada,
incluindo os patamares.

Figura 10 - Escadas com patamares.

Fonte: Mancini (1971)

Uma precaução que se deve tomar refere-se à disposição da armadura positiva, no


caso no canto do patamar, como no exemplo (b) da figura 10. Os aços longitudinais e
horizontais devem ser distintos. Se fossem contínuos os mesmos introduziriam um empuxo
no vão devido a tração, saltando assim para fora da massa de concreto, que nessa região,
tem apenas a espessura do cobrimento como pode-se ver na figura 11. Dessa forma deve-
se armar de acordo com a figura 12.

Figura 11 - Armação incorreta da escada.

Fonte: Melges (1997).


21

Figura 12 - Detalhamento da armadura.

Fonte: Melges (1997)

2.6.5 ESCADAS EM BALANÇO


As escadas em balanço podem ser realizadas e calculadas com laje em balanço ou
construídas com degraus em balanço sobre uma parede ou vigamento.

No caso de ser com a laje em balanço, segundo Mancini (1971), a mesma possui
uma de suas extremidades engastadas e a outra é livre, o engastamento se da na viga
lateral como mostrado na figura 13. O cálculo da laje é bastante simples sendo armada em
uma única direção com barras principais superiores (armadura negativa) e no
dimensionamento da viga deve-se considerar o cálculo de flexão e torção. O comportamento
estrutural se da de forma que os espelhos dos degraus trabalham como vigas engastadas
na viga lateral e os passos (elementos horizontais) são dimensionados como lajes,
geralmente utilizando-se uma armadura construtiva.

Figura 13 - Laje em balanço, engastada na viga lateral.

Fonte: Mancini (1971).


22

Figura 14 - Laje em balanço, com os espelhos trabalhando como vigas.

Fonte: Mancini (1971).

Em escadas com degraus em balanço sobre vigas ou paredes, que podem ser retas
ou curvas, os mesmos podem constituir uma laje ou serem isolados. Em relação ao modo
de cálculo, de acordo com Guerrin (1971) procede-se como no caso de escadas com viga
inclinada, considerando, mesmo que sendo central a viga, uma possibilidade de
carregamento assimétrico causando torção na viga. Para esse caso deve-se considerar
ações variáveis e uma força vertical Q no ponto mais desfavorável do degrau, como citado
no item 2.2.2, anteriormente. Os degraus apesar de estruturalmente poderem constituir uma
laje, são armados como vigas e armados também com estribos devido a sua pequena
largura como mostrado na figura 15.

Segundo Melges (1997), para estes casos, a prática demonstra que é interessante
adotar dimensões mais robustas que as mínimas estaticamente determinadas. A leveza
deste tipo de escada pode ser responsável por problemas de vibração na estrutura.

Os degraus podem também ser engastados em uma coluna, que, neste caso, estará
sujeita a flexão composta.
23

Figura 15 - Detalhes de degraus em balanço.

Fonte: Mamede (2001).

2.7 ESCADAS COM LAJES ORTOGONAIS

As escadas com lajes ortogonais podem ser do tipo L, U e O.

2.7.1 ESCADAS EM L
A escada em L pode ser visualizada na figura 16.

Figura 16 - Escada em L.

Fonte: Melges (1997)


24

Para Melges (1997) as escadas em L podem comportar-se estruturalmente apoiadas


em vigas em todo o contorno da escada ou sem uma viga inclinada. As reações de apoio
para as escadas com viga em todo o contorno podem ser calculadas pelo processo das
áreas de influência, conforme mostrado na figura 17. O processo simplificado de cálculo
para a obtenção dos momentos fletores consiste em dividir a escada em duas lajes,
conforme mostrado na figura 17, tendo as lajes L1 e L2 apoiadas em três bordas com a
quarta borda livre. As ações presentes são admitidas uniformemente distribuídas nas lajes.
Para a obtenção dos momentos fletores podem ser utilizadas as tabelas indicadas em
Pinheiro (1993).Os detalhamentos típicos das armaduras podem ser observados na figura
18.

Figura 17 - Escadas em L com viga no contorno externo, forma estrutural e reações de


apoio.

Fonte: Melges (1997)


25

Figura 18 - Detalhamento das armaduras.

Fonte: Melges (1997).

Para o caso da escada sem uma viga inclinada as reações de apoio também são
obtidas pelo processo das áreas e são consideradas uniformemente distribuídas, como
ilustrado na figura 19.

Figura 19 - Escadas em L sem uma viga inclinada e processo das áreas.

Fonte: Melges (1997).

Os momentos fletires, podem ser obtidos por meio de tabelas para a laje L1
considerando a laje apoiada nas vigas V1 e V2 e na laje L2 tendo uma borda livre. A laje L2
é apoiada em V2 e V3 e é considerada bi apoiada, tendo sobre ela ainda a reação de apoio
26

da laje L1, calculada pelo processo das áreas de influência, considerada uniformemente
distribuída em L2. Esta reação resulta no valor indicado a seguir, somado à ação que atua
diretamente na laje L2.

²
× .

O cálculo do momento fletor na laje L2, que é considerada biapoiada é dado por

²
= , onde l é igual ao comprimento (c + d).

O termo p representa a ação total na laje L2, composta pela soma da ação que atua
diretamente na laje e a reação da laje L1.

O detalhamento das armaduras pode ser observado na figura 20, e de acordo com
Melges (1997), recomenda-se que as barras longitudinais da laje L2, sejam posicionadas
por baixo das relativas à laje L1.

Figura 20 - Detalhe das armaduras da escada em L sem uma viga inclinada.

Fonte: Melges (1997).

2.7.2 ESCADAS EM U
Assim como as escadas em L, as escadas em U com vigas em torno de todo
contorno externo, as reações de apoio também podem ser obtidas pelo processo das áreas
de influência de exemplificada na figura 21. De acordo com Melges (1997), o processo
simplificado para o cálculo dos momentos fletores consiste em dividir a escada conforme o
esquema indicado na figura 22. As lajes L1, L2 e L3 são consideradas apoiadas em três
27

bordas, com a quarta borda livre. As ações são admitidas uniformemente distribuídas nas
lajes e os momentos fletores podem ser obtidos através de tabelas. O detalhamento das
armaduras é bem parecido com os já citados das outras escadas e pode ser visto na figura
23.

Figura 21 - Escadas em U com vigas no contorno externo, forma estrutural e reações de


apoio.

Fonte: Melges (1997)

Figura 22 - Esquema de áreas para cálculo dos momentos.

Fonte: Melges (1997)


28

Figura 23 - Detalhe das armadura.

Fonte: Melges (1997).

Para as escadas em U sem as vigas V2 e V4, têm suas reações de apoio também
calculadas pelo processo de áreas de influência. Para a obtenção dos momentos fletores
considera-se a laje L1 apoiada nas vigas V3 e V1, a laje L2 é considerada apoiada na viga
V3 e nas lajes L1 e L3 e por fim a laje L3 apoia-se nas vigas V3 e V5. As reações de apoio
da laje L2 nas lajes L1 e L3, obtidas pelo processo das áreas, são consideradas
uniformemente distribuídas nas lajes L1 e L3. Portanto essas reações devem ser somadas
às ações que atuam diretamente nas lajes L1 e L3. Na laje L2 os momentos fletores são
obtidos por meio de tabelas vistas em Pinheiro (1993) pois possui três bordas apoiadas e
uma livre. Já as lajes L1 e L3, consideradas biapoiadas, os momentos fletores são
²
calculados pela expressão: M = . A figura 24 abaixo ilustra a forma estrutural, o método

para as reações de apoio nas escadas em U sem as vigas V2 e V4.

O detalhamento das armaduras é igual para as com vigas em todo contorno.

Figura 24 - Forma estrutural e processo das áreas para cálculo das reações de apoio.

Fonte: Melges (1997).


29

Para as escadas em U sem a viga inclinada V3, o processo para o cálculo das
reações de apoio é o mesmo, sendo que para o cálculo do momento fletor segundo Melges
(1997), considera-se L1 apoiada nas vigas V1 e V2 e na laje L2. Já a laje L2 é considerada
apoiada nas vigas V2 e V4. Por fim, a laje L3 apoia-se na laje L2 e nas vigas V4 e V5.

As reações de apoio das lajes L1 e L3, obtidas pelo processo das áreas, são
consideradas uniformemente distribuídas na laje L2. Portanto essas reações devem ser
somadas à ação que atua diretamente na laje L2. Os momentos fletores que atuam nas
lajes L1 e L3 podem ser calculados utilizando-se tabelas e considerando-se carregamento
uniformemente distribuído, três bordas apoiadas e a outra livre. A laje L2 é considerada
biapoiada.

O detalhamento das armaduras também se dá da mesma forma.

2.7.3 ESCADAS EM O
As escadas em O podem ser exemplificadas de acordo com a figura 25.

Figura 25 - Exemplo de escada em O.

Fonte: Melges (1997).

As escadas em O podem ser apoiadas sobre vigas em todo o seu contorno ou


também serem construídas sem a presença de algumas destas. Em escadas com vigas em
todo o seu contorno o processo de dimensionamento é realizado a partir do processo de
30

áreas assim como as escadas vistas anteriormente. O método para o cálculo dos momentos
fletores segundo Melges (1997) consiste em dividir os lances como se fossem lajes tendo
cada laje 3 bordas apoiadas e a quarta borda livre, lajes essas que são submetidas à ações
uniformemente distribuídas. Dessa forma os momentos fletores são obtidos por meio de
tabelas.

O detalhamento típico das armaduras é análogo ao mostrado para escada em U.


Deve-se, sempre que possível, passar a armadura perpendicular à uma borda livre por cima
da armadura que tenha extremidades ancoradas em vigas.

A figura 26, ilustra a forma estrutural e o processo das áreas de influência das
escadas em O apoiadas em todo o seu contorno.

Figura 26 - Forma estrutural e processo das áreas em escadas em O.

Fonte: Melges (1997).

O esquema para o calculo dos momentos fletores pode ser observado na figura 27.
31

Figura 27 - Esquema para o calculo dos momentos.

Fonte: Melges (1997).

Para o caso da escada em O sem duas vigas laterais inclinadas, o processo de


obtenção das reações de apoio também se da pelo método das áreas de influência e os
momentos fletores são calculados considerando-se, em Melges (1997), as lajes L2 e L4
apoiadas nas vigas V1 e V3. Já a laje L1 é considerada apoiada na viga V1 e nas lajes L2 e
L4. Por fim, a laje L3 apoia-se na viga V3 e nas lajes L2 e L4.

2.8 ESCADAS COM LAJES ADJACENTES

As escadas com lajes adjacentes são escadas compostas por duas lajes com um
patamar intermediário, mostrada na figura 28.
32

Figura 28 - Escada com lajes adjacentes.

Fonte: Mamede (2001).

Esse tipo de escada é muito variado em relação às condições de apoio das lajes e do
patamar, podendo ter ou não vigas ao longo do contorno externo e com as lajes com apoios
simples ou engastamentos parciais de acordo com Lavour (2002). Um ponto em particular
deve ser atentado para que junta laje-patamar seja contínua.

Um primeiro modo de apoio se da com vigas em todo o contorno externo da escada.


As reações de apoio são calculadas pelo processo de áreas de influência, separando-as em
quatro nesse caso e os momentos fletores são obtidos considerando três lajes, L1, L2 e L3,
com três bordas apoiadas cada e uma extremidade livre como mostrado na figura 29.
33

Figura 29 - Escada com apoio de vigas em todo contorno.

Fonte: Melges (1997).

Os momentos fletores podem ser obtidos por meio de tabelas, considerando o


carregamento na escada, uniformemente distribuído.

O detalhamento das armaduras pode ser observado na figura 30.

Figura 30 - Detalhe de armação em escadas com patamares adjacentes.

Fonte: Melges (1997).


34

Há outros modos para a execução das escadas, sem as vigas laterias V2 e V4, sem
a viga V3, sem as vigas V2 e V4 mas com apoio na junção laje-patamar. Os métodos de
cálculo do todos os tipos baseiam-se em calcular as ações por meio do método das áreas e
depois o cálculo dos momentos fletores considerando as extremidades que são apoiadas e
outras livres.

2.9 ESCADAS PRÉ-MOLDADAS

A Construção Civil tem sido considerada uma indústria atrasada em relação a outros
ramos industriais, isso se deve pelo fato dela apresentar, de maneira geral, baixa
produtividade, grande desperdícios de materiais e um baixo controle de qualidade.

Uma das maneiras de buscar a redução desse atraso é a utilização de elementos


pré-moldados de concreto. A utilização dessa técnica recebe o nome de pré-moldagem e as
estruturas formadas por esses elementos são estruturas pré-moldadas.

Segundo a NBR 9062 elementos pré-moldados são aqueles moldados previamente e


fora do local de utilização definitiva da estrutura, tendo esses a possibilidade de serem
industrializados ou produzidos no próprio canteiro de obras.

O pré-moldado na construção civil possibilita uma maior racionalização no processo


construtivo, produzindo uma maior rapidez nas etapas de construção, economia de formas e
armação, um enorme salto de qualidade e produtividade nos canteiros de obras, redução
dos desperdícios, redução dos custos, além do alto controle de qualidade dos produtos.

As vantagens não estão restritas apenas às características técnicas mas também em


relação ao trabalho como a diminuição no número de acidentes de trabalho, eleva a
remuneração dos trabalhadores e acarreta no livramento do homem dos trabalhos rudes e
penosos. Assim como vantagens econômicas, às quais podemos citar a economia de
tempo, evita a improvisação e é mais apta para o cumprimento dos controles e recepção.

No entanto também existem algumas desvantagens na utilização de pré-moldados.


As características que desfavorecem a sua utilização são aquelas relacionadas à fixação
dos elementos nos locais definitivos e também, segundo El Debs (2000), a necessidade de
prever a ligação entre os vários elementos que compõem a estrutura. Em relação as
desvantagens decorrentes da colocação dos elementos em seus locais definitivos, estas
estariam relacionadas aos custos e às limitações do transporte e da montagem dos
elementos. Para El Debs (2000) as limitações no caso do transporte seriam, de maneira
geral, os gabaritos de transportes e no caso da montagem seriam a disponibilidade e as
condições de acesso de equipamentos para sua realização. Para as escadas isso se aplica
35

para as com peças de grandes dimensões, as quais há a necessidade de guindastes para


seu transporte.

A princípio alguns tipos de escadas estudados podem ser pré-moldados, como pode-
se analisar na figura 31. Esse tipo de execução visa minimizar os transtornos provenientes
da execução e modelagem das escadas no local, todavia a operação é mais ou menos
interessante dependendo do número de repetições.

Figura 31 - Lance de uma escada pré-moldada de concreto.

Fonte: http://www.rotesma.com.br

De acordo com Guerrin (2002), grandes conjuntos pré-moldados podem ser


construídos envolvendo lajes inteiras, com ou sem patamares, ou vigas de escada
completas, com degraus. As escadas em balanço, como as contendo contornos com núcleo,
satisfazem particularmente esse processo de construção.

O uso de escadas pré-moldadas é muito comum quando a estrutura também é pré-


moldada, porém as vantagens desse tipo são visíveis em outros sistemas construtivos,
considerando a utilização mesmo quando as lajes forem moldadas no local.

Em relação aos patamares, esses podem ser maciços ou pré-moldados. No caso de


serem pré-moldados, os mesmos são fixados a partir de placas suporte e possuem sua
altura variável, que é bastante interessante para propiciar leveza e suficiente inércia de
flexão ao elemento.
36

De acordo com Acetti (1998), as escadas com patamares maciços, estes podem ser
embutidos na parede estrutural ou apoiados sobre peças pré-moldadas fixadas na alvenaria.

Uma vantagem dessas escadas é que, após a sua montagem, os acessos definitivos
para o transporte vertical são liberados, dando frente de trabalho para a obra além de ser
um método mais racionalizado de montagem.

As escadas pré-moldadas serão divididas em escadas compostas por peças de


grandes dimensões, e escadas composta por vários elementos de pequena espessura, que
podem ser manuseadas sem equipamentos especiais.

2.9.1 ESCADA PRÉ-MOLDADA COM PEÇAS DE GRANDES DIMENSÕES


Esse tipo de escada pré-moldada é composto por um elemento único de grandes
dimensões, podendo ou não apresentar patamares. São apoiadas em vigas ou lajes. Os
dois exemplos podem ser vistos na figura 32 abaixo.

Figura 32 - Escadas pré-moldadas maciças.

Fonte: Mamede (2001).

Essas escadas como dito anteriormente não podem ser transportadas manualmente
no canteiro de obras devido ao peso dos elementos, necessitando dessa forma de
equipamentos especiais de içamento para o seu manuseio. Portanto a utilização desse tipo
de escada depende basicamente do equipamento de transporte e montagem disponível em
obra.

As escadas pré-moldadas maciças possuem suas características restritas às


condições apresentadas previamente pelo fabricante, limitando assim suas dimensões e
cargas resistidas.
37

A sua produção industrial é feita por formas especiais metálicas, às quais permitem
certa liberdade de regulagem de inclinação, do passo e dos espelhos dos degraus, dos
patamares e também da largura total da escada, possibilitando a uma mesma forma a
produção de escadas com diferentes dimensões. A forma metálica pode ser observada na
figura 33.

Figura 33 - Forma metálica para escadas com peças de grandes dimensões.

Fonte: Brumatti (2008)

As formas metálicas de acordo com Mamede (2001), permitem alguma flexibilidade


de dimensão; porém apenas de alguns centímetros, o que significa que ao se adquirir
escadas pré-moldadas ainda está expostos às condições impostas pelos fabricantes.

A norma sobre o espaço modular para escadas, ABNT (1982) NBR 5717, define que
o passo e o espelho dos degraus devem ser adotados de acordo com as exigências de
projeto, não sendo necessariamente modulares. No entanto para Mamede (2001),
recomenda-se que os comprimentos dos degraus sejam.

Atualmente, não há conhecimento de indústrias brasileiras de pré-moldados que


atuem no mercado fornecendo esse tipo de escada pelo sistema de industrialização de ciclo
aberto, apenas à industrialização de ciclo fechado, não havendo intercambialidade entre os
elementos ou à produção no canteiro de obras.
38

Para o dimensionamento destes elementos adota-se o mesmo procedimento de


cálculo para as escadas de concreto armado moldadas no local. No entanto deve-se atentar
as considerações referentes as situações transitórias, ou seja, de transporte e locomoção
das escadas, às quais ocorrem solicitações diferentes das que ocorrem depois de fixadas e
devem ser previstas em projeto.

Figura 34 - Transporte de escada pré-moldada.

Fonte: Brumatti (2008)

2.9.2 ESCADA PRÉ-MOLDADA COMPOSTA DE DIVERSOS ELEMENTOS


Essa escadas são compostas de diversos elementos de concreto armado pré-
moldados, de forma que cada elemento pode ser manuseado sem o auxílio de
equipamentos de içamento.

As vantagens relacionadas as escadas pré-moldadas compostas por diversos


elementos são: a rapidez de execução, fácil manuseio, simplificação, redução de resíduos e
maior economia.
39

O transporte como dito anteriormente, por nesse sistema não apresentar peças de
grande peso, pode ser feito manualmente, evitando gastos com equipamentos especiais de
içamento.

A execução resume-se em fixar os componentes no local previsto, acarretando


rapidez e simplificação ao processo, assim como a redução do peso proporcionada pela
espessura reduzida gera uma economia na armadura.

Em obras de edificações, é mais comum o uso de escadas nervuradas ou jacaré, no


entanto há também a possibilidade de serem utilizadas escadas em espirais.

Nesse trabalho serão estudados os três tipos de escadas previamente citados.

2.9.2.1 Escada Nervurada


As escadas nervuradas podem ser comparadas com as lajes pré-fabricadas
nervuradas compostas por vigotas pré-moldadas, às quais geralmente são treliçadas,
elementos de enchimento como bloco vazados ou de poliestireno expandido, capeamento
de concreto moldado no local e armadura na capa do concreto como mostrada na figura 35,
abaixo.

Figura 35 - Escada nervurada pré-moldada.

Fonte: Mamede (2001)

A execução da escada nervurada inicia-se com as nervuras dispostas de forma


inclinada e com a colocação dos enchimentos, normalmente blocos vazados ou de
poliestireno, sobre o vão, seguindo-se com a disposição da armadura, o capeamento de
concreto e por fim a finalização dos degraus.
40

Todos os elementos utilizados para a execução da escada nervurada são


perfeitamente apropriados para o manuseio pelo canteiro de obra, descartando a
necessidade de equipamentos de içamento.

Apesar de parecer um procedimento simples e rápido, a execução dos degraus deve


ser realizada com muita cautela, uma vez que as formas devem ser executadas nas
dimensões exatas e com cuidados com a cura do concreto. Dessa forma a vantagem
adquirida com a rapidez da adoção de nervuras pré-moldadas pode ser perdida na fase final
de execução dos degraus moldados no local.

2.9.2.2 Escada pré-moldada espiral


Nas escadas espirais, os degraus apresentam-se em balanço, ancorados por uma de
suas extremidades em um eixo, no caso uma coluna. O próprio degrau fará o papel de
conformação para a coluna central por possuir um elemento vazado em uma de suas
extremidades. Podemos observar a escada pré-moldada espiral na figura 36, abaixo.

Figura 36 - Escada espiral pré-moldada.

Fonte: FIP (1994).

2.9.2.3 Escada Jacaré


As escadas jacarés são um nítido exemplo de escadas pré-moldadas com elementos
pequenos, compatíveis com o manuseio por operários, sem a necessidade de equipamentos
de içamento.

Para Mamede (2001), esse tipo de escada possui uma grande afinidade com o
processo construtivo em alvenaria estrutural devido a presença de paredes portantes
capazes de suportarem as cargas exercidas pelo chumbamento das peças pré-moldadas.

Em Mamede (2001) tem-se que, na maioria dos casos as escadas jacarés são
compostas por: duas vigas denteadas, degraus em “L”, patamares pré-moldados, peças de
apoio do patamar e peças complementares de ajustes, como pode-se ver na figura 37. A
41

escada é denominada jacaré devido aos dentes da viga de sustentação assemelhar-se à


cauda de um jacaré.

De acordo com Grandjean (1991), o peso máximo, para elementos pré-moldados,


que pode ser carregado por operários é de 50 kg. Diante disso a redução das dimensões
das peças na fase de projetos, assim como os ajustes referentes aos elementos pré-
moldados.

Figura 37 - Elementos constituintes da escada Jacaré.

Fonte: Brumatti (2008)

Para Mamede (2001), uma opção para se trabalhar com pequenas peças e de
pequenas espessuras é a adoção de concretos de granulometria fina, um cobrimento de
armadura de 1 cm e um diâmetro máximo das barras de aço de 6,3 mm.

Para que se possa garantir o comportamento eficaz dos elementos deve-se tomar
alguns cuidados na fase de execução da escada pré-moldada, principalmente com relação
as dimensões, cobrimentos de armadura e também o acabamento final. Por serem
espessuras pequenas, assim como o cobrimento, exige-se técnicas apuradas de execução,
necessitando de uma mão de obra qualificada. Nesses tipos de escadas os ajustes
dimensionais precisam ser rigorosamente respeitados, da mesma forma que o acabamento
final da superfície deve apresentar uma ótima aparência, devido ao fato de, na maioria das
vezes, não utilizar-se revestimentos. Para tais atividades, recomenda-se o uso de formas
metálicas, porém esta é uma decisão a ser tomada pelo construtor, que analisará a
viabilidade da utilização.
42

A montagem da escada pré-moldada tipo jacaré inicia-se com o chumbamento das


vigas denteadas junto à alvenaria. O chumbamento é realizado com chumbadores, ou em
outros casos, com buchas e parafusos; para isso recomenda-se previamente, estabelecer
os furos nas vigas e preencher com graute os blocos que serão parafusados.

Imediatamente após a fixação de todos os elementos, a escada é liberada para o


uso.

O dimensionamento da escada jacaré é simples, considera-se a viga apoiada nos


locais onde há fixação dos parafusos e o carregamento submetido é apenas do peso
próprio, o peso dos degraus e o carregamento de utilização. Os degraus são biapoiados nas
vigas pelas suas extremidades.

O projeto das escadas pré-moldadas deve ser executado de forma rigorosa e


detalhada, com todos os elementos desenhados separadamente e com escalas ampliadas,
de forma a facilitar a execução em obra. Os ajustes referentes aos elementos pré-moldados
também devem ser considerados na fase de projeto. Define-se, segundo a NBR 9062,
ajuste, como sendo a diferença entre a medida nominal de dimensão de projeto reservada
para a colocação de um elemento e a medida nominal da dimensão correspondente do
elemento. A partir desse valor são determinadas as dimensões nominais de fabricação das
peças. Os valores de ajustes englobam: folga, tolerância e variação do comprimento
causados pela retração, fluência ou variação da temperatura. Em Mamede (2001), tem-se
que é usual a utilização de ajustes de 5 mm para elementos pré-fabricados de pequena
espessura.

A compatibilização do sistema como um todo também é de grande importância e


não apenas o subsistema de escadas.

2.10 DIMENSIONAMENTO DE ESCADAS

Serão dimensionadas e detalhadas escadas de concreto armado utilizando os


procedimentos de cálculos apresentados anteriormente no trabalho. Diante disse realizar-
se-á o dimensionamento de escadas armadas longitudinalmente e transversalmente,
calculadas como vigas, e o dimensionamento de uma escada calculada como laje. Por fim,
será comparada a taxa de armadura utilizada nos casos calculados como laje e como viga,
analisando qual é a melhor situação.
43

2.10.1 ESCADA DE CONCRETO ARMADO, ARMADA LONGITUDINALMENTE:

Para a realização dos cálculos da escada armada longitudinalmente tem-se o


concreto com fck = 20 MPa, aço CA-50, os degraus possuem altura de 17,5 cm e largura de
29 cm e h = 12 cm. Também será considerado a largura do patamar de 20cm, um parapeito
de alvenaria com 1m de altura e 15cm.

Figura 38 - Planta da escada armada longitudinalmente.

Fonte: Campos Filho (2011).


44

Figura 39 - Corte da escada.

Fonte: Campos Filho (2011).

Antes da realização do cálculo dos esforços e dimensionamento das armaduras,


tem-se que a escada em questão é considerada bi apoiada tendo um de seus apoios fixos e
o outro móvel, para efeito de cálculo.

A maneira correta de se considerar a estrutura, tanto no caso de terem seus dois


apoios fixos ou apenas um deles, se da na figura 40, abaixo.

Figura 40 - Esquema do momento fletor na escada.


45

Dessa forma, tendo considerado um apoio fixo e um móvel, o cálculo do momento



máximo pode ser adotado como Mmáx = , não alterando significantemente a taxa de

armadura nesse caso. No entanto se fosse calculado da maneira como mostra a figura 40, o
momento máximo seria um pouco menor, necessitando uma taxa menor de armadura, no
entanto deve-se considerar a armadura no local onde há momento negativo.

2.10.1.1 Cálculo dos esforços:

A) Cargas no patamar (P1):

A1) Cargas permanentes:

- Peso próprio: γ x h = 25x0,2 = 5 kN/m²

- Revestimento: 0,8kN/m²

Assim, temos que a carga permanente no patamar é de g = 5 + 0,8 = 5,8kN/m².

A2) Carga acidental

- q = 2,5kN/m² (escadas sem acesso ao público, de acordo com a NBR- 6120)

A3) Carga total

- P1 = g + q = 5,8 + 2,5 = 8,3kN/m²

B) Cargas no lance inclinado (p2)

B1) Cargas permanentes:

Para o cálculo do peso próprio, é preciso encontrar a altura média hm da laje, para isso
temos que:

,
Tg α = = 0,603 => α = 31,09°
!"

cos α = 0,856

A espessura da laje medida na vertical, é dado por:


# !
h1 = $%&' = (, = 14cm.
)

A espessura média da laje, incluindo os degraus é dada por:


* ,
hm = h1 + ! = 14 + = 22,8cm.
!

Dessa forma temos que:

- Peso próprio: γ x hm x cos α = 25x0,228/0,856 = 6,65kN/m²


46

- Revestimento: 0,8 kN/m²

Para o parapeito iremos considerar um parapeito de blocos de alvenaria (γ = 13kN/m³),


com 1m de altura e uma espessura de 15cm, como citado anteriormente. Dessa forma
temos que o peso do parapeito é de:

- Peso próprio: 13x1x0,15 = 1,95 kN/m².

Dividindo-se o peso do parapeito pela largura da escada, resulta em:

- Parapeito: 1,95/1,5 = 1,3kN/m²

Assim a carga permanente resulta em: g = 6,65 + 0,8 + 1,3 = 8,75 kN/m²

B2) Cargas acidentais:

Além da carga uniformemente distribuída prevista pela NBR – 6120, de 2,5kN/m²,


considera-se também de acordo com NBR – 6120 uma carga acidental vertical de 2kN/m.
Dividindo-se a carga vertical pela largura da escada obtêm-se 1,33kN/m².

- q = 2,5 + 1,33 = 3,83 kN/m².

B3) Carga total:

P2 = g + q = 8,75 + 3,83 = 12,58 kN/m².

Tendo as forças totais nos dois trechos, P1 e P2, calcula-se as reações nos apoios:

Figura 41 - Esforços e reações de apoio.

∑MB = 0

Ra x 4,02 – (8,33 x 1,6 x 3,22) – (12,58 x 1,21) = 0

Dessa forma tem-se que: Ra = 19,84 kN/m

∑Fv = 0

19,48 + Rb – 13,33 – 30,44 = 0


47

Rb = 23,93 kN/m

Sabendo as reações nos apoios, calcula-se o diagrama de momentos fletores e


cortante, sabendo que no ponto em que a cortante se igualar a zero, tem-se o momento
máximo necessário para o cálculo da armadura.

Diagramas de força cortante e momento fletor obtidos a partir da utilização do software


Ftool:

Figura 42 - Diagrama de esforços cortantes.

Figura 43 - Diagrama de momentos fletores.

A partir dos diagramas mostrados acima, tem-se que o momento máximo, Mmáx =
22,5 kNm/m.
48

2.10.1.2 Dimensionamento das armaduras

A) Armadura Longitudinal:

Nas escadas armadas longitudinalmente, como dito anteriormente, a armadura principal


de flexão é colocada no mesmo sentido do trânsito e pode ser obtida, segundo Araújo
(2004), através de uma seção transversal retangular de largura b = 100 cm e uma altura, já
anteriormente adotada, h = 12 cm. Para o cálculo da altura útil, adota-se d = h – c, de forma
que utiliza-se c = 2,5 cm, que se trata do cobrimento em vigas na classe de agressividade
ambiental I. Dessa forma tem-se d = 12 – 2,5 = 9,5 cm.

Md = 1,4 x Mmáx = 1,4 x 22,5 = 31,5 kNm/m.

/,
+ = , ! , - − . − (,0! 4 ; dessa forma tem – se x = 4,13 cm.
12, 3 ,²

6
(, ! " ≤ = (, 08 ≤ (, )! , dessa forma não há necessidade da utilização de
7

armadura dupla.

;7 8 ,
9/: = = = (, !00 ; 9@ = (, ! 0
<=.7².>$7 ,( .(,(" ² .!((((/ ,0

C G ,H
AB = = = 9,24 OP²/P
DE . .F I, HJ .I,IKH .HI/ , H
Asmín = 0,15% b.h = 0,0015 . 100 . 12 = 1,8 cm²/m ≤ As . Portanto mantém-se a taxa de
armadura calculada, e com uma área de armadura As = 9,24 cm²/m adota-se Ø10c. 8 cm.

B) Armadura de distribuição:

A armadura de distribuição em escadas armadas longitudinalmente se da na direção


transversal ao eixo da escada e deve-se colocar uma armadura com área igual ao maior dos
valores abaixo.
QR ",!
- Asdistr = = = , 0! 2S²/S

- Asdistr = 0,9 cm²/m

- Asdistr = 0,5 Asmin = 0,5 . 1.8 = 0,9 cm²/m

Portanto temos que a armadura de distribuição Asdist = 1,84 cm²/m. Para isso adota-se
Ø6,3c. 16 cm.
49

C) Armadura de ancoragem:

Nos apoios de extremidades das escadas, deve-se fazer a ancoragem das


T
armaduras longitudinais para a força Rsd = ( 7 )Vd, onde al = 1,5d para lajes sem armadura

de cisalhamento. Assim temos que Rsd = 1,5Vd.

Para que se obtenha a armadura necessária de ancoragem deve-se utilizar para os cálculos
o efeito cortante máximo, Vmáx = 23,8 kN/m², como visto na figura 42.
, U, , ,0×!8,
As,cal = = = , 2S²/S
1V, (/ ,

A resistência de aderência é obtida através da equação vista em Carvalho (2009).


8
(,! . W12X²
fbd = η1 . η2 . η3. fctd, onde fctd = , onde:
,0

- η1 = 2,25 (barras de alta aderência CA-50);

- η2 = 1,0 (situações de boa aderência);

- η3 = 1,0 ( para Ø ≤ 32 mm).

Dessa forma tem-se que:


8
(,! W!(²
fctd = = , ( /YZ
,0

fbd = 2,25 × 1,0× 1,0 × 1,105 = 2,486 MPa.

O comprimento básico de ancoragem se bé dado por:

Ø F\ HII/ , H
b= × F] = J × ≅ 44 OP
J ,J ^

Como as vigas apresentam uma largura de 20 cm, o comprimento disponível de


ancoragem é de 20 – 2,5 = 17,5 cm.

b,mín é o maior valor entre: 0,3. b ; 10Ø ; 10 cm. Portanto tem-se que b,mín = 13,2 cm.

`&,$T $
b,nec = α1. ≥ b,mín , sendo que:
`&,*>
b.

, H
b,nec = 0,7 × 44 × K, ≅ 4 OP.
Por questão de aspectos construtivos adota-se a ancoragem com ganchos. Dessa
forma considerando o gancho reto, tem-se que seu comprimento é igual a 8Ø. Portanto g =
8 cm.
50

2.10.1.3 Detalhamento das armaduras

Figura 44 - Detalhamento da armadura da escada armada longitudinalmente.


51

2.10.2 ESCADA DE CONCRETO ARMADO, ARMADA TRANSVERSALMENTE.

Para a realização dos cálculos da escada armada transversalmente tem-se o concreto com
fck = 20 MPa, aço CA-50, os degraus possuem largura de 28 cm e um desnível lv = 2,80 m.
As paredes do contorno da escada são apoiadas sobre as vigas V01 e V02.

Figura 45 - Planta da escada armada transversalmente.

2.10.2.1 Cálculo dos esforços

A) Carga Permanente:

Para o cálculo do peso próprio da escada é necessário encontrar a altura média hm. Dessa
forma tem-se que:
I
lv = 2,80 m, e a escada possui 15 degraus, assim tem-se que: e = H
= 17,5 cm.

h,H
tg α = = 0,625, assim α = 32°. Portanto cos α = 0,848.

jkl
h1 = mno .

Para a determinação de hmin recomenda-se a seguinte sequência de cálculos:


52

270
dm = = = 15,9 OP ; onde:
p2 . p3 1 .17

Ψ2 = 1,0 (simplesmente apoiadas);

Ψ3 = 17 (aço CA-50).

hm = dm + c = 15,9 + 2,5 = 18,4 cm


#
hmin = hm – !
= 18,4 – 6 = 12,4 . Adota-se hmin = 13 cm. Com esse valor de hmin tem-se h1 =

15,3 cm.

Dessa forma tem-se que a espessura média é dada por:


*
hm = h1 + ! = 15,3 + 8,75 = 24,05 cm, por aspectos construtivos adota-se 24 cm.

- Peso próprio = hm x γ = 0,2405 x 25 = 6 kN/m²

- Revestimento = 0,8 kN/m² x cos α = 0,8 x 0,848 = 0,678 kN/m²

- Carga total permanente g = 6 + 0,678 = 6,678 kN/m²

B) Carga variável:

q = 2,5 kN/m² x cos α = 2,5 x 0,848 = 2,12 kN/m²

C) Carga total: P1 = g + q = 6,678 + 2,12 = 8,8 kN/m². Realizando-se a decomposição


vertical para o eixo da escada tem-se P1’ = P1 x cos α = 8,8 x 0,848 = 7,46 kN/m².

Figura 46 - Esforços para escada armada transversalmente.

r s² h,J^ . ,h²
O momento máximo será dado pela seguinte expressão: Mmáx = = = 6,8 kNm/m.
53

2.10.2.2 Dimensionamento das armaduras:

A) Armadura Transversal:

A armadura principal de flexão será obtida a partir de uma seção retangular com largura b =
100 cm.

d = (hmin + e.cosα) – 2,5 = (13 + 17,5.0,848) – 2,5 = 25,34 cm.

Md = 1,4 M = 1,4 . 6,8 = 9,52 kNm/m


z{ K,H
KMD = bw .d² .fcd = .I, HG². IIII/ ,J
= 0,012 ; KZ = 0,9938.

z{ K,H m…†
As = ‚ƒ .{.„o = I,KKG . I, HG .HI/ , H
= 0,88 …

As,min = 0,15% b.h1 = 0,0015.100.15,3 = 2,3 cm²/m , adota-se portanto As = 2,3 cm²/m. Adota-
se Ø10 c.

B) Armadura de distribuição:

A armadura de distribuição em escadas armadas transversalmente se da na direção


longitudinal ao eixo da escada e deve-se colocar uma armadura com área igual ao maior
dos valores abaixo.
‡o ,
- Asdistr = = = 1,76 cm²/m
H H

- Asdistr = 0,9 cm²/m

- Asdistr = 0,5 Asmin = 0,5 . 2,3 = 1,15 cm²/m

Portanto a armadura de distribuição adotada será Asdistr = 1,76cm²/m.


54

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

3.1 METODOLOGIA

Para que se possa atingir os objetivos propostos será realizada uma pesquisa teórica
visando a ampliação do conhecimento sobre o assunto estudado.

• Pesquisa bibliográfica baseada em artigos, normas, literaturas nacionais e


internacionais embasando a revisão bibliográfica.

• Revisão bibliográfica realizada com o objetivo de estudar os diversos tipos de


escadas em concreto armado e pré-moldado, sendo as mesmas classificadas quanto ao tipo
de armação, formas geométricas, materiais e comportamento estrutural. Assim como as
ações atuantes, os métodos de cálculos e detalhamentos. Além de uma introdução às
funções das escadas nas edificações.

• Será realizado um estudo aprofundado dos diversos tipos de escadas existentes em


uma edificação ampliando o conhecimento sobre as mesmas e também realizar-se-á uma
análise geral das dimensões de patamares, degraus, alturas, larguras, espessuras e
inclinações observadas na figura 47, definidas em Neufert (1990).

Figura 47 - Terminologias e dimensões.

Fonte: Melges (1997).


55

• Estudo dos métodos de cálculos com o objetivo de aprofundar o conhecimento


teóricos dos tipos mais utilizados de escadas nas edificações vistos, em Guerrin (1971),
capacitando a escolha de um tipo de escada para a realização do dimensionamento e
detalhamento da mesma.

• Dimensionamento e detalhamento a partir do estudo dos métodos de cálculo e a


escolha do tipo da escada em concreto armado, realizar-se-á um dimensionamento de uma
escada armada longitudinalmente e também determinando as taxas de armadura,
espessuras e dimensões de lajes, vigas, patamares e por fim o detalhamento completo.

Além disso será estudado escadas pré-moldadas dando um maior embasamento ao


trabalho e também analisar quais as vantagens da escada pré-moldada em edificações.

3.2 CONCLUSÕES

As escadas são elementos indispensáveis nas edificações, a partir delas, torna-se possível
a locomoção, de um nível à outro, de forma confortável e sem que haja um grande gasto de
energia. Além disso, durante uma obra, a finalização da construção da escada facilita a
locomoção vertical de materiais, assim como o fluxo dos trabalhadores.

Cada escada, como se pode notar, apresenta uma característica particular, diferenciando-se
em relação ao modo de armação, formas geométricas, comportamentos estruturais e
materiais utilizados para sua construção. Essa diferenciação entre as escadas faz com que,
para a construção dentro de uma determinada edificação, deve-se analisar além das ações
atuantes na escada, o local em que a mesma será executada e as características relativas à
elas, como: a forma, o comportamento estrutural, as dimensões e o material.

Em relação as escadas pré-moldadas, notou-se que é um sistema que pode trazer muitas
vantagens a partir da sua utilização. O tempo de execução, a racionalização da construção,
a economia de formas e a maior qualidade são fatores que favorecem muito a utilização
desse sistema. No entanto o custo e a dificuldade no transporte podem inviabilizar a sua
utilização.

Dessa forma, antes de qualquer construção de escada deve-se analisar todos os fatores
envolvidos, as vantagens entre uma escada e outra, para que se tenha a melhor solução
construtiva para o tipo de edificação.
56

4. REFERÊNCIAS

ARAÚJO, José Milton de; Projeto Estrutural de edifícios de concreto armado;1


ed. Rio Grande; Ed. Dunas, 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Cargas para o cálculo de


estruturas de edificações, NBR 6120. Rio de Janeiro, 1980 . 6p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Espaço modular para


escadas, NBR 5717. Rio de Janeiro, 1982.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execução de obras


de concreto armado, NBR 6118. Rio de Janeiro, 2000.

CAMPOS FILHO , A. Projeto de Escadas de Concreto Armado. 2011. Projeto.


Escola de Engenharia, Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

CARVALHO, Roberto Chust.; PINHEIRO, Libâno Miranda. Cálculo e detalhamento


de estruturas usuais de concreto armado. V.2. São Paulo: Ed. Pini, 2010.

EL DEBS, M. K. Concreto Pré-Moldado: Fundamentos e aplicações. 1 ed. São


Carlos. EESC-USP, 2000.

FUSCO, P.B. 1994. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo, Pini.
57

GUERRIN, A; LAVAUR, R,C. 1971. Traité de béton armé. 4 ed. Paris, Dunod. Tome
4

GUERRIN, A; LAUAND, C,A; LAVAUR, R,C. Tratado de concreto armado:


Estruturas de residências e industrias - v.3, São Paulo, Hemus, 2002.

KNIJNIK, A.; TAVARES, J. J. A. Escada autoportante sem apoio no patamar.


Revista Estrutura, n.81, p.109-121.

LEONHARDT, F.; MONNIG, E. 1977. Construções de concreto: princípios


básicos do dimensionamento de estruturas de concreto armado. V.1. Rio de Janeiro,
Interciência.

MAMEDE, F.C. Utilização de pré-moldados em edifícios de alvenaria estrutural.


2001. 187f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de
São Paulo, São Carlos.

MELJES, J.L.P.; PINHEIRO, L.M.; GIONGO, J.S. 1997. Concreto armado: escadas.
São Carlos. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

METHA, P.K.; MONTEIRO, P.J.M. 1994. Concreto: estrutura, propriedades e


materiais. São Paulo, Pini.

NEUFET, ERNST. 1900. Arte de projetar em engenharia. 13 ed. São Paulo,


Gustavo Gili do Brasil, S.A, 1998.

PINHEIRO, L.M. 1984. Escadas. (Notas de aula). Campinas, Faculdade de Ciências


Tecnológicas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

RUTEMBERG, A. 1975. Analysis of spiral stairs supported on a central column.


Build. Sci. v.10, p.37-42.

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