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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA – CCT


CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA
DISCIPLINA DE GEOGRAFIA ECONÔMICA
PROF. EDILSON ALVES PEREIRA JÚNIOR

MELVIN MOURA LEISNER


MATHEUS DOMINGOS ANDRADE DE SÁ

RELATÓRIO DE CAMPO

Fortaleza-CE
2019
MELVIN MOURA LEISNER
MATHEUS DOMINGOS ANDRADE DE SÁ

RELATÓRIO DE CAMPO

Trabalho de campo apresentado à disciplina de


Geografia Econômica, ministrada pelo professor
Edilson Pereira Júnior, como requisito para
obtenção da nota de NPC02.

Fortaleza-CE
2019
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 4
1. COMPLEXO INDUSTRIAL E PORTUÁRIO DO PECÉM - CIPP ..................................... 5
2. COMPANHIA SIDERÚRGICA DO PECÉM – CSP .......................................................... 10
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 15
4. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 16
INTRODUÇÃO

O presente relatório visa sobre a aula de campo da disciplina de Geografia Econômica,


ministrada pelo professor Edilson Pereira Júnior e realizado em 19 de Fevereiro de 2019. O
campo fora realizado basicamente em dois momentos. O primeiro, traçado entre Fortaleza a
Pecém (Distrito de São Gonçalo do Amarante), com destino ao Complexo Industrial e
Portuário do Pecém – CIPP, onde foi possível a visitação dentro do complexo portuário e
consequentemente uma oportunidade de experiência única e inédita. Quanto ao segundo
momento, ocorreu na Companhia Siderúrgica do Pecém – CSP, proporcionando um passeio
de ônibus dentro da Companhia e a compreensão dos diversos processos da fabricação do aço,
desde a chegada de sua matéria prima, até a finalização em forma de chapas para exportação.
Portanto, o relatório descreve as primeiras impressões e experiências obtidas durante o
campo, este bastante esclarecedor e motivador para pesquisas futuras.

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1. COMPLEXO INDUSTRIAL E PORTUÁRIO DO PECÉM - CIPP

A princípio, a análise da paisagem já se destaca no percurso entre Caucaia e Pecém,


pela rodovia CE 085, ao qual corta os tabuleiros pré-litorâneos. Paisagem esta que ainda
apresenta uma vegetação nativa, com a carnaúba em destaque. De fato, um percurso com
pouca alteração antrópica, apenas algumas fazendas e casas isoladas, apesar do aparecimento
de alguns loteamentos e condomínios ainda em fase de construção. No trecho que sai da
rodovia CE-085 para a CE-422, que se direciona ao distrito de Pecém, percebem-se algumas
diferenças, principalmente quanto ao número de casas situadas na margem da estrada. Casas
simples, com cercados e terrenos que chegam no máximo a 1ha, mas que toda área era coberta
de algum plantio de feijão, milho e macaxeira, provavelmente cultivados para a própria
subsistência dos residentes. Outra observação em destaque se deu entre uma linha de terra
sem vegetação, entre a rodovia e as casas presentes nas margens. Com um pouco mais de
atenção e discussão com um colega, foi possível compreender que se tratava de um
encanamento recente realizado pelo Governo do Estado do Ceará, com intuito de transportar
água do Lagamar do Cauípe para São Gonçalo do Amarante e também para o Complexo
Industrial do Pecém, o que por sua vez acarretou em conflito com as comunidades tradicionais
locais que usufruem desse recurso natural.

Em seguida, ainda dentro do ônibus, chegamos próximo à zona costeira, onde se


localiza tanto a cidade do Pecém, com características urbanas, como também do próprio
Porto, este que avistado de certa altura e distância, demonstra sua magnitude e forte alteração
da paisagem costeira. Na figura 1, apesar de não ter sido uma fotografia retirada pela câmera
naquele momento, perpassa bastante as primeiras impressões obtidas, de um grande terminal
portuário, em formato de “L”, com alguns imensos navios atracados e diversos produtos em
contêineres, placas de aço, pás eólicas, estacionados para averiguação da Receita Federal.

Com a chegada ao porto, mais exatamente na chamada Zona de Processamento de


Exportação, fomos recebidos e encaminhados para o auditório do complexo (Bloco de
Utilidade e Serviços), onde provavelmente se utiliza para diversos fins, dentre eles a
apresentação institucional do complexo portuário e as instruções de segurança para a
locomoção dos visitantes ao longo do passeio no Porto. De fato, o vídeo institucional
projetado no auditório apresenta o Complexo Portuário e Industrial do Pecém em poucos
minutos, citando suas diversas qualidades com intuito de conquistar o olhar de quem assiste.
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As qualidades do Porto são interessantes, a primeira delas, por ser um dos poucos terminais
off-shore do Brasil, isto é, um terminal portuário localizado fora do continente e por sua vez
sem a influência da rebentação das ondas. Além do mais, possui um calado natural de 18
metros de profundidade, o que favorece o estacionamento dos navios de grande porte, os
mesmos que transitam no canal do Panamá. Além disso, o Complexo Portuário possui
localização geográfica estratégica, sendo o porto brasileiro mais próximo da África, Estados
Unidos e Europa e dispõe de uma ampla área de 13 mil hectares, toda voltada para a
instalação de um parque industrial. Por fim, e não menos importante, o fato de o Complexo
Industrial e Portuário do Pecém operar com isenções fiscais, ou seja, com isenção de impostos
e liberdade cambial, não necessitando realizar a troca do real para o dólar.

Figura1. Vista para o porto do Pecém. Fonte: O estado, 2018.

Após a apresentação institucional e estabelecida as normas de segurança, fomos


encaminhados para o ônibus fornecido para visita, ao qual realizou um passeio pelo
complexo. Primeiramente, perpassando pela Zona de Processamento de Exportação, onde se
localiza as diversas mercadorias prontas para analise da Receita Federal e posteriormente
preparadas para ser levada ao terminal e finalmente exportada. Na figura 2, é possível
observar os contêineres sobrepostos uns aos outros, das mais diferentes empresas de
“armadores” que se distinguem pela cor e pela logo impressa no contêiner. Diferentemente, na
figura 3, é possível observar outros produtos, como as placas de aço produzido no Complexo

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Siderúrgico e pás eólicas também produzidas próximo ao Complexo Portuário, pela empresa
Wobben Enercon.

Figura 2. Contêineres estacionados. Fonte: Autores, 2019.

Figura 3. Placas de aço e pás eólicas. Fonte: Autores, 2019.

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Posteriormente, o ônibus seguiu para os píeres, onde os navios são estacionados para
carga e descarga. Como o porto é off-shore, necessitou percorrer por quase 2km através de
uma ponte até a chegada. Ainda no caminho, uma esteira de coloração azul (figura 4) chama
atenção, por percorrer todo o Complexo Portuário. A esteira tem aproximadamente 12km de
extensão e transporta os minérios (carvão mineral e minério de ferro) para as termelétricas e
siderúrgicas do Pecém, facilitando e reduzindo o custo de transporte desses minérios.

Figura 4. Esteiras transportadoras de minérios. Fonte: Autores, 2019.

Ao chegar próximo aos píeres, em um total de seis em funcionamento, possibilitou


observar os imensos navios estacionados (Figura 5). Cada píer estruturado para cada tipo
diferente de navio (carga, petróleo, gás, minérios).

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Figura 5. Navio atracado no primeiro píer. Fonte: Autores, 2019.

Já no terminal portuário (Figura 6), situado no meio do mar, foi possível apreender a
magnitude de um Porto off-shore, com diversos caminhões transportando os contêineres e
guindastes (Portêineres) que realizam a carga e descarga dos navios com velocidade
surpreendente, evidenciando a necessidade de eficiência para exportação das mercadorias.

Figura 6. Portêineres do terminal portuário do Pecém. Fonte: Autores, 2019.

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2. COMPANHIA SIDERÚRGICA DO PECÉM – CSP

A segunda parte do trabalho de campo se concentrou na Companhia Siderúrgica do


Pecém, (CSP) localizada no Complexo Portuário do Pecém. O ponto que mais chamou
atenção incialmente foi à rigidez de acesso à companhia, necessitando realizar um cadastro
antes de realizar a visita, dessa forma revelando um trabalho minucioso de controle e
organização da equipe administradora e por está entrando em uma Zona de Processamento de
Exportação.

A Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) é o resultado da parceira entre a Vale e as


coreanas Dongkuk e Posco. A localização da CSP foi escolha de forma estratégica, visto que a
região já possuía infraestrutura proveniente da construção do Porto do Pecém. Entre os
aspectos mais relevantes, podemos citar as malhas rodoviárias e ferroviárias, abastecimento
de água e energia, o fácil acesso marítimo e sistema de descarte de resíduos. A instalação da
siderúrgica tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento econômico no Ceará, elevando
dessa forma a arrecadação de impostos que geram a melhoria dos serviços públicos, tais
como, saúde, educação e transporte e saneamento básico. (ADECE, 2016).

A nossa visita ocorreu dentro do ônibus disponibilizado pela CSP, os alunos não foram
autorizados a descer por conta de atividades realizadas no naquele momento que de alguma
forma poderia colocar em risco a segura física dos visitantes. Logo no inicio foi possível
observar um conjunto de árvores bem organizadas, denominada “Barreira Verde” ou
“Cinturão Verde”, que segundo o seguia, são responsáveis por reduzir a incidência dos ventos
sobre as pilhas de materiais de matéria prima, pois tais matérias possuem uma granulometria
que se assemelha com de areia, além de servir para absorver algumas substancias,
desempenhado um papel de controle ambiental.

Em seguida foi destaca a presença caneleiras na lateral da pista que captam a água da
chuva que são utilizadas para o resfriamento de alguns equipamentos, hoje a CPS possui
cinco estações de tratamento de água. Mais a frente, passamos pelo pátio onde se encontra as
principais matérias primas para a produção do aço, na primeira parte foi possível observar
calcário e outras matérias e na segunda uma grande quantidade de minério de ferro e na
última o carvão mineral, esse carvão mineral é totalmente importando, pois o Brasil não
possui carvão com qualidade para a produção siderúrgica, segundo o guia.

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O processo de produção das chapas de aço foi explicado passo a passo pelo guia. A
coqueria (figura 7) é a primeira etapa de produção do ferro, essa etapa ocorre transformação
do carvão mineral é em coque, essa transformação ocorre em grandes fornos de alta potência.
Esse coque é transportado por vagões para uma estação de resfriamento, gerando uma grande
quantidade de vapor. No final desse processo o coque é retirado, servindo como fonte de
carbono para a produção do ferro.

Figura 7: Coqueria, local onde o Carvão Mineral é transformado em Coque. Fonte: Autores. 2019.

No decorrer da visita passamos por uma área onde se encontra um pátio de sucata
(Figura 8), sucata no sentido mais efetivo da palavra, com resíduos metálicos. Esse pátio
segundo Alexandre, é utilizado no processo de refino e no balanço de bacio e de temperatura
no forno vertedouro. A sucata não é necessária na produção do aço, mas é utilizado para
melhorar o rendimento da produção. Já empresas que não possuem todas as etapas do
processo dependem da sucata para a produção do aço. Que não é ocaso da CSP.

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Figura 8. Pátio de Sucata. Fonte: MAIA, 2019.

A CPS levou 38 meses para a construção da usina, onde foi considerando a primeira estaca á
primeira lâmina de aço. Onde essa placa foi produzida no dia 20 de julho de 2016 (Figura9).

Figura 9. Monumento da 1ª Placa de Aço produzida pela CSP. Fonte: Autores, 2019.

Avança na visita fomos apresentados ao principal equipamento de controle ambiental,


que de acordo com o guia é o único fora do eixo Japão e China, nominado “Tratamento
Rápido de Escória de Aciaria”. A escória de aciaria possui uma peculiaridade, pois para ser

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comercializada precisa passar pelo processo de esfriamento em torno de 6 meses,
posteriormente sendo molhada, secada novamente e mudando de tamanho. Apenas após esses
processos que ela estaria pronta para uso. Mas com o “Tratamento Rápido de Escória de
Aciaria” essa escória leva apenas 30 minutos para ficar pronta para comercialização. Dessa
forma diminuindo a quantidade de água utilizada no processo e tempo que esse material fica
exporto no ambiente.

Em seguida já foi possível observar o alto forno, com mais de 100m de altura, os
materiais são levados por uma esteira, segundo o guia os materiais colocados dentro do forno
são o coque e síntese. No alto forno ocorrer a fusão desses elementos, que após esse processo
se transformam em ferro-gusa e que depois é despejado nos carros torpedo (Figura 10).

Figura 10. Carros torpedo sendo abastecido no Alto Forno. Fonte: Autores, 2019.

O carro torpedo deixa o alto forno carregado de ferro-gusa, com aproximadamente 300
toneladas. Logo após percorre uma distancia de 4 km de linha férrea até o galpão para iniciar
o processo de refino. A primeira fase do refino começa no reator, onde é tirado o enxofre
desse material, em seguida esse material é levado ao conversor onde é feito o balanço de
massa e temperatura usando a sucata e dando um sopro de oxigênio, sopro esse que leva em

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torno de 20 minutos. Dessa forma deixando a quantidade de 1% de carbono na composição
desse ferro para a produção do aço.

Este aço de que deixa o vertedouro é um aço base, onde a CSP produz mais de 200
tipos de aços que são produzidos de acordo com a solicitação do cliente. No segundo galpão
se encontra o refino secundário onde esse aço é ajustado de acordo com a demanda do cliente
e em seguida solidificado. É dessa forma chegando ao produto final que é a placa de aço
propriamente dita (Figura 11). Esta placa possui cerca de 30 cm de largura, 12 metros de
comprimento e 2 toneladas sendo a CPS a única siderúrgica no Brasil a produzir uma plana de
aço deste tamanho. Essa largura é ideal para a produção naval, mas suas dimensões podem ser
alteradas de acordo com o pedido do cliente. São produzidas cerca de 300 toneladas por mês.
Após produzas as placas são levadas para um pátio de resfriamento, onde passam 5 dias
trocando calor com ambiente, além de ocorrer os últimos ajustes para garantir o máximo de
qualidade.

Figura 11. Pátio com as placas de aço prontas para entrega ao cliente. Fonte: MAIA, 2019.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho de campo realizado no Complexo Portuário do Pecém nos mostrou o


protagonismo do Ceará nos processos de exportação de mercadorias e de produção de aço de
alta qualidade. Os investimentos feitos nesses empreendimentos foram de certa forma
arriscada, pois a região de Pecém até então não possuía investimentos desse nível. Porém foi
possível observar que tal empreitada tem dado resultados bastante positivos ao Estado. Hoje o
Porto do Pecém é um dos mais importantes do país, com exportações para diversas partes do
mundo. Já a CSP é uma siderúrgica singular no Brasil, onde apresenta técnicas e processos
inéditos no território brasileiro. Dessa forma sendo referência internacional da produção de
chapas de aço e outros materiais.

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4. REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DO CEARÁ S.A,


Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Disponível em: <https:
http://www.adece.ce.gov.br/index.php/siderurgica>. Acesso em: 09 de março de 2019;

O ESTADO, Governador deve assina, sexta, parceria com o Porto de Roterdã. Disponível
em: <https: www.oestadoce.com.br/economia/governador-deve-assinar-sexta-parceria-
com-o-porto-de-roterda >. Acesso em: 08 de março de 2019.

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