REAVALIAÇÃO DE BENS

1. LEGISLAÇÃO PERTINENTE
. Lei nº 6.404/76 - Arts. 8º, 177, 182 e 187
. DL nº 1.598/77 - Art. 35
. Instrução CVM nº 1/78
. DL nº 1.730/79 - Art. 1º
. Instrução CVM nº 13/81
. PN nº 27/81
. DL nº 1.978/82 - Art. 3º
. Instrução CVM nº 30/84
. Lei nº 7.450/85
. PN nº 6/85
. DL nº 2.323/87 - Art. 20
. Lei nº 9.249/95
. Instrução CVM nº 183/95
. Lei nº 9.430/96 - Art. 88, IX
. Circular BACEN nº 2.824/98
. Deliberação CVM nº 288/98
. Decreto nº 3.000/99 (RIR/99) - Art. 390 e 434/441
. Lei nº 9.959/2000 - Art. 5º
. Circular SUSEP nº 122/2000 - Art. 23
. Lei nº 10.637/2002, art. 39
. Lei nº 11.196/2005, art. 133
. Lei nº 11.638/2007 (Extinção da Reavaliação para S/A)
. MP nº 449/2008 (Regime Tributário de Transição)

2. REAVALIAÇÃO X VALORIZAÇÃO ARBITRÁRIA

2.1. REAVALIAÇÃO DE BENS

É a valorização facultativa efetuada de acordo com as

disposições do artigo 8º da Lei nº 6.404/76 (Laudo de Avaliação
fundamentado por 3 Peritos ou por Empresa Especializada), tendo
em vista a adequação ao valor de mercado - alterada pela Lei nº
11.638/2007, cujos efeitos estão suspensos pela MP º 449/2008.
 2.2. VALORIZAÇÃO ARBITRÁRIA (ART. 434, § 3º RIR/99)

É valorização efetuada sem observância desses preceitos,

razão pela qual ela é tributável no período base de sua ocorrência.

3. REAVALIAÇÃO A PARTIR DA LEI Nº 11.638/2007

Extinção para Sociedades por Ações a partir de 2008, mas ainda em

vigor para as Demais Sociedades (Art. 35 do DL nº 1.598/77).

Em Relação às Sociedades Anônimas, os Saldos de Reservas de

Reavaliações existentes poderão ser mantidos até a sua realização
ou estornados até o final de 2008 (Art. 6º da Lei nº 11.638/2007).

4. BENS OU DIREITOS PASSÍVEIS DE REAVALIAÇÃO

4.1. ANTES DO DECRETO-LEI Nº 1.730/79

. Não havia Restrições quanto aos Bens ou Direitos Sujeitos

à Reavaliação, o que acarretava uma Vantagem Fiscal, pois
a Reserva de Reavaliação correspondente integrando o
Patrimônio Líquido resultava uma Despesa de Correção
Monetária.

4.2. APÓS O DECRETO-LEI Nº 1.730/79

. Apenas a Reavaliação dos Bens ou Direitos Integrantes do

Ativo Permanente tem a possibilidade de computação no Lucro
Real na medida da realização.

4.3. REAVALIAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS

4.3.1. AVALIADAS PELA EQUIVALENCIA PATRIMONIAL

. Valor da Reavaliação deverá ser computado na Apuração do

Lucro Real, independentemente de sua Contabilização como
Reserva de Reavaliação (Art. 438 RIR), portanto, não há
Diferimento da Tributação.
 4.3.2. AVALIADAS PELO CUSTO DE AQUISIÇÃO

. Diferimento da Tributação - Reserva de Reavaliação

contabilizada como Reserva de Reavaliação só será realizada
com a Efetiva Realização do Bem.

4.4. LEI Nº 11.638/2007 E RTT

5. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DA REAVALIAÇÃO

5.1. ANTES DO DL Nº 1.598/77

Tributável no próprio período base da reavaliação dos bens

(excluída a correção monetária), não diferindo do tratamento
dispensado à valorização arbitrária.

5.2. NA VIGENCIA DO DL Nº 1.598/77 COM ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.959/00

A Reavaliação deve ser neutra em relação ao Valor

Tributável Apurado, i. é, não deve modificar o Imposto a ser
Recolhido sobre o Lucro, facultando apenas um diferimento
da Tributação.

A Tributação ocorre na Realização do Ativo Reavaliado, isto

é, quando:

a) baixa do Ativo Reavaliado por Alienação ou Perecimento

(restabelece o resultado que ocorreria sem a reavaliação);

b) depreciação, amortização ou exaustão, acrescido da correção

monetária - apenas na parte que corresponder à reavaliação
(evita a ocorrência de distorção).

A Lei das S.A , em seu art. 187, parágrafo 7º, proíbe a

Distribuição da Reserva de Reavaliação antes de sua Realização
- deverá pagar o IRPJ se proceder a Distribuição, pois a
 Condição para o Diferimento da Tributação é a sua
Manutenção como Reserva.
5.3. SEGREGAÇÃO CONTABIL DA REAVALIAÇÃO

Registro deve ser em conta à parte para facilitar o controle

da realização.

NB: reavaliação é sempre do valor contábil.

6. INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO

. Correspondem a Situações de Encerramento de Período Base,
sendo Obrigatória a Apresentação de Declaração de Informações de
P. Jurídica.

. A P.Jurídica Resultante sucede em Direitos e Obrigações - na

mesma Proporção dos Bens Reavaliados recebidos, deve ser feita a
apropriação da Reserva de Reavaliação (PN CST nº 6/85 e art.
441 do RIR/99) - essas operações em si não implicam na
Realização da Reserva de Reavaliação. A Realização ocorrerá
para as PJ Resultantes da mesma forma já vista.

7. REAVALIAÇÃO DE BENS DA COLIGADA OU CON-

TROLADA
. Quando a Coligada ou Controlada reavaliar o seu Ativo
Permanente, a Investidora deverá ajustar o valor do investimento
mediante Débito na conta de Valor de Patrimônio Líquido do
Investimento e a Contrapartida a Crédito de:

I - Ágio na aquisição do investimento com fundamento no valor de

mercado dos bens reavaliados ou;

II - Reserva de Reavaliação ou Resultado do Período Base, caso

não tenha Ágio mencionado no Inciso Anterior ou a Diferença
Excedente.
 . Se houver Venda de Investimento, a Reserva de Reavaliação será
computada na Determinação do Lucro Real.

8. RESERVA DE REAVALIAÇÃO REFLEXA

. Em Participação Societária avaliada pela Equivalência, adquirida

antes de a Investida proceder a Reavaliação de seu Ativo
Permanente - quando a Investida efetuá-la, a Investidora
registrará sua Reavaliação na Proporção de sua Participação.

9. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS (CIRCULAR Nº 1964/91)

. Apenas os Imóveis de Uso Próprio são Passíveis de Reavaliação e
não poderá ser Parcial, devendo abranger todos esses bens.

. As Parcelas de Reavaliação realizadas por Depreciação ou Baixa

dos Bens Reavaliados serão transferidas para a Conta Lucros ou
Prejuízos Acumulados.

. A Reserva de Reavaliação não é Utilizável para Compensação de

Prejuízo Contábil ou para Aumento de Capital.

10. CONTABILIZAÇÃO DA REAVALIAÇÃO E APURA-

ÇÃO DE RESULTADO
10.1. NA CONSTITUIÇÃO DA RESERVA OU NA REAVALIAÇÃO

. Não transita pelo Resultado, pois a própria Lei nº 6.404/76

manda registrar a Contrapartida em Reserva de Reavaliação
(P.L).

. A Contabilização pode ser efetuada de duas formas

(Ex: Valor de Máquinas R$ 5.000, 00; Depreciação
Acumulada R$ 2.000,00 e Valor cf. Laudo Técnico R$
4.500,00):

a) pelo Valor Líquido:

 Máquinas
A Reserva de Reavaliação............................................ R $ 1.500,

Despesa de Depreciação
a Dep. Ac.(Vr Apropriável de Deprec. pela Opção).. R $ 750,

b) pelo Valor com Depreciação Acumulada

Máquinas
a Diversos
a Depreciação Acumulada.....R$ 1.000,
a Reserva de Reavaliação.... .R$ 1.500, R$ 2.500,

Despesas de Depreciação
a Dep. Ac.(Vr.Apropriável de Deprec. pela Opção) R$ 250,

10.2. NA REALIZAÇÃO DA REAVALIAÇÃO

a) Não transitam pelo Resultado Contábil - Ajuste no Lucro Real

(Adição)

. Na Realização do Ativo Reavaliado, a Adição na Apuração

do Lucro Real de Reserva de Reavaliação controlado na Parte
B do LALUR, quando da capitalização da Reserva.

b) Transitam pelo Resultado Contábil:

. Baixa por Alienação ou Perecimento

. Depreciação, Amortização ou Exaustão

c) Compensação da Reserva de Reavaliação com Prejuízos, só

na medida da Efetiva Realização dos Bens Reavaliados (art. 40
da Lei nº 7.799/89).

d) CVM, BACEN e IBRACON

. Realização deve ser lançada diretamente contra

Lucros/Prejuízos Acumulados, enquanto a SRF admite tanto
a sua contabilização em Conta de Resultados, como em
 Lucros Acumulados ou Adição no LALUR e na Base de
Cálculo da CSLL.

11. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

A empresa Delta Ltda possuía um terreno, o qual estava
contabilizado em 31/12/X5, por R$ 10.000.000,00. Em 01/01/X6, foi
contratada uma firma especializada que elaborou laudo de avaliação,
segundo o qual o valor de mercado desse terreno era de R$
150.000.000,00. Em 30/06/X6, incorporou a Reserva de Reavaliação ao
Capital.

Necessitando de recursos financeiros, em 01/07/X6, dividiu o

referido terreno ao meio e vendeu a metade, à vista, por R$
90.000.000,.00.

Com Base nesses Dados:

Proceder à toda a contabilização necessária, bem como aos registros no

LALUR.

SOLUÇÃO EXERCICIO DE FIXAÇÃO

1º PASSO: CONSTITUIÇÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO

Terrenos (Reavaliação)
a Reserva de Reavaliação (PL) 140.000.000

2º PASSO: INCORPORAÇÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO AO CAPITAL

Reserva de Reavaliação
a Capital 140.000.000

NB: Registro na Parte B do LALUR na Conta “Reserva de

Reavaliação a Realizar” R$ 140.000.000 - lembrar que a
Conta “Reserva de Reavaliação” (PL) foi zerada e a realização
agora só pode ser extra-contábil.

3º PASSO: CONTABILIZAÇÃO DA VENDA E APURAÇÃO DO GANHO

 Caixa (Bancos)
a Receita de Venda de Ativo 90.000.000

Custo do Ativo Vendido

a Terrenos (50% do Valor Reavaliado) 75.000.000

Receita de Venda de Ativo

a Diversos
a Custo do Ativo Vendido 75.000.000
a Resultado Venda Ativo 15.000.000 90.000.000

Lembrete: A reavaliação deve ser neutra em relação ao valor

tributável apurado, isto é, não deve nele influir, assim, além do
Resultado da Venda de Ativo de R$ 15.000.000, deve ser
adicionado na Apuração do Lucro Real (Realização Extra-
Contábil) a importância de R$ 70.000.000, pois, se não
houvesse a reavaliação o valor tributável da venda seria de R$
85.000.000.

O saldo da Conta “Reserva de Reavaliação a Realizar” na

Parte B do LALUR passa a ser de R$ 70.000.000.

12. BIBLIOGRAFIA

12.1. HIGUCHI, HIROMI; HIGUCHI, FABIO HIROSHI; HIGUCHI, CELSO

HIROYUKI - “Imposto de Renda das Empresas - Interpretação e Prática”
- IR Publicações Ltda, 2009.

12.2. SANTOS, CLEONIMO DOS, BARROS, SIDNEY FERRO - “Imposto de

Renda Pessoa Jurídica para Contadores” - IOB, 2008.

12.3. RODRIGUES, ALDENIR ORTIZ; BUSCH, CLEBER MARCEL; GAR-

CIA, EDINO RIBEIRO; TODA, WILLIAM HARUO - IRPJ/CSLL 2009
- Manual do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido, Ano Calendário 2008” - IOB, 2009.

12.4. NEVES, SILVÉRIO DAS; VICECONTI, PAULO E. V. - “Curso

Prático de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Tributos Cone -
xos” CSLL, PIS, COFINS” - Editora Frase, 2009.
12.5. LEI Nº 11.638/2007.