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Ap de Revestimento Ifpe 2012 PDF
Ap de Revestimento Ifpe 2012 PDF
APOSTILA RESUMO
Recife, 2004
REVESTIMENTOS
O presente trabalho apresenta uma descrição das camadas que compõem os revestimentos,
envolvendo características influentes da base, chapisco, argamassa de emboço, contrapiso,
adesiva e seus elementos decorativos (placa cerâmica, gesso, pintura). Em seguida é apresentada
uma breve discussão acerca dos procedimentos de execução adotados nos revestimentos
aderidos. Por fim, é descrito um estudo acerca da normalização brasileira pertinente ao assunto,
além de bibliografia de referência para consulta. No final do texto estão apresentadas questões
elaboradas em diversos concursos relativos a estes assuntos realizados recentemente no Brasil, os
quais devem ser resolvidos com base na descrição apresentada nos itens discutidos.
A edificação, tal qual o corpo humano, pode ser considerada como constituída por diversos
sistemas. Cada um desses sistemas (fundação, estruturas, vedação, revestimentos, instalações,
etc.) pode ser analisado em separado, considerando a sua importância e peculiaridades mais
significativas, para que em seguida possa ser estudado o comportamento global. Essa distinção é
muito empregada, por exemplo, para a elaboração de orçamentos, o que facilita bastante a
interpretação dos custos envolvidos conforme a atividade considerada.
A partir desse conceito, pode-se interpretar a edificação como o sistema (macro), sendo as várias
etapas integrantes da produção os seus subsistemas. Assim, os revestimentos são parte integrante
do subsistema vedação vertical, o qual apresenta funções específicas para um bom desempenho
do conjunto. Além disso, assim como qualquer outro elemento do sistema, os mesmos não
devem ser analisado em dissociação do conjunto no qual ele está inserido, no caso, a edificação.
1.2.1. Base
Nas obras correntes, a base é normalmente composta por alvenaria de blocos cerâmicos, ou de
concreto, e também pelos elementos da estrutura de concreto (vigas, pilares, etc.), caso a
edificação apresente estrutura convencional.
Preparação da base -
Chapisco
Limitador de profundidade
BASE: Concreto
e alvenaria
Mastique elástico -
Selante
Argamassa de rejunte
Argamassa adesiva
Argamassa de emboço
A capacidade de sucção de água é importante pois, como a argamassa de emboço apresenta água
em sua composição, durante a sua execução uma parte dela é perdida para o próprio ambiente,
outra para a hidratação do cimento e, por fim, uma parcela é perdida para a base.
Essa interação é responsável pelo surgimento de uma ancoragem física (ou mecânica) entre os
componentes, de modo que a água presente na argamassa penetra nos poros da base, levando
consigo o cimento e, após a sua hidratação, são criados embricamentos (espécies de “estacas” ou
“agulhas”) que promovem a fixação entre os componentes. Fenômeno semelhante ocorre na
interação entre uma argamassa adesiva e uma placa de revestimento (cerâmica, rocha, pastilha).
As contaminações da base ou do tardoz da cerâmica por sujeira, óleo, pó, graxa, engobe (caso
específico da cerâmica) etc. impedem o contato da argamassa com a superfície, formando uma
espécie de filme que, por conseqüência, reduz a área de contato.
Outro tipo de ancoragem que pode haver entre as camadas sucessivas é o processo químico, o
qual contempla a formação de uma ligação química ou eletrostática entre a argamassa e o
material a ser aderido. Esse é o mecanismo responsável pela aderência que se observa entre
superfícies lisas, sem porosidade, ou polidas. Um bom exemplo é a colagem entre superfícies de
vidro, que não possuem nenhuma porosidade.
1.2.2. Chapisco
ε = σ / E, onde: (1)
ε - Deformação unitária (mm/m)
σ - Tensão (MPa)
E – Módulo de deformação (GPa)
A capacidade de absorver deformações é uma caraterística importante para todas as camadas que
compõem o revestimento, sobretudo externo, pois a edificação está sujeita às mais diferentes
solicitações, tanto de origem térmica como hidráulica, as quais podem gerar movimentações
diferenciais entre os componentes.
Sendo a argamassa de emboço um material cimentício, não se pode esperar que ela tenha um
comportamento absolutamente flexível, como vem sendo veiculado pelos fabricantes (o mesmo
se aplica às argamassas adesivas e aos rejuntes). Na realidade, há componentes que podem
diminuir a sua rigidez, de forma que as microfissuras geradas em decorrência das solicitações
sejam em grande quantidade, porém de pequena amplitude, as quais não comprometem o
desempenho do revestimento. Nas argamassas rígidas, ditas fortes, os esforços necessários para
“quebrar” as ligações internas são maiores, gerando, com isso, fissuras de maior extensão e
indesejadas ao revestimento.
Assim, ao contrário do que se pode imaginar numa primeira análise, o acréscimo no consumo de
cimento, e conseqüente incremento de resistência mecânica, pode não proporcionar um
desempenho mais satisfatório à argamassa.
Desde há muito tempo (4.000 a.C., no Egito) as placas cerâmicas vêm sendo empregadas como
revestimento de edificações, tanto para interiores como para exteriores.
Inicialmente aderidas à base por meio de pastas ricas em cimento, aplicadas no sistema “pão e
manteiga”, com o passar do tempo o procedimento para assentamento das placas evoluiu para o
A norma brasileira que trata de rejunte para placas cerâmicas, a NBR14.992 (2003), é bastante
recente, e define argamassa de rejuntamento (A.R.) como mistura de cimento Portland e outros
componentes para aplicação nas juntas de assentamento de placas cerâmicas. Neste contexto,
apresenta uma classificação de dois tipos de rejuntamento, ambos para uso em ambientes
internos e externos, atendendo às seguintes condições:
• Rejuntamento tipo I:
• Aplicação restrita aos locais de trânsito de pedestres/transeuntes não intenso;
• Aplicação restrita a placas cerâmicas com absorção de água acima de 3%;
• Aplicação em ambientes externos, piso ou parede, desde que não excedam 20m2 e
18m2, respectivamente, limite a partir do qual são exigidas juntas de movimentação.
• Rejuntamento tipo II:
As normas acerca das placas cerâmicas para revestimento, NBR 13816, NBR 13817 e NBR
13818 (1997) foram elaboradas como o objetivo de, respectivamente, definir os termos relativos
ao material, classificá-lo, e fixar os seus requisitos julgados mais importantes, bem como os
métodos de ensaio. Apenas em alguns destes requisitos são definidos critérios de aceitação,
sendo utilizadas para estas determinações, muitas vezes, recomendações sugeridas em textos
publicados por organismos técnicos do setor, tais como ANFACER (Associação Nacional dos
Fabricantes de Cerâmica) e CCB (Centro Cerâmico do Brasil).
Para o adequado andamento do trabalho serão abordados neste item os principais requisitos
determinados na NBR 13.818 (1997), os seus respectivos critérios ou, quando da sua
inexistência, os grupos de classificação ou valores recomendados.
Antes da descrição dos ensaios serão aqui apresentadas algumas definições presentes na NBR
13.816 (1997).
• Revestimento cerâmico: Conjunto formado pelas placas cerâmicas, pela argamassa de
assentamento e pelo rejunte;
• Calibres: Lados das placas cerâmicas que são medidos e classificados em faixas de dimensão
(size ranges);
• Formato: Dimensão nominal da placa cerâmica em centímetros;
• Ortogonalidade: Desvio no esquadro das placas, afetando a retangularidade dos ângulos, ou
seja, o esquadro da placa;
• Empeno: Desvio de um vértice com relação ao plano definido pelos outros três vértices. Pode
ser visualizado como o balanço da placa sobre uma diagonal;
• Muratura: Relevo no lado do avesso da placa, destinado a melhorar a aderência. Pode ser
constituído por saliências (caso normal para pisos e paredes interiores) ou por reentrâncias, com
forma de “rabo de andorinha”, específico para usos especiais, tais como fachadas.
As placas cerâmicas podem ser classificadas de acordo com a esmaltação do biscoito
(esmaltados – GL ou não esmaltados – UGL) e o tipo de fabricação (extrudadas – A, prensadas –
B e outros – C).
Corresponde ao aumento de volume da cerâmica por efeito da umidade, tendo como principal
característica a sua irreversibilidade (ANFACER). A NBR 13818 (1997) recomenda que as
placas cerâmicas não devem exceder de 0,6mm/m, qualquer que seja a aplicação, apresentando,
porém, a seguinte consideração: “A maioria das placas esmaltadas e não esmaltadas tem
expansão por umidade desprezível e que não contribui para problemas no revestimento quando
as placas estão corretamente fixadas. Com práticas de fixação não satisfatórias ou em certas
condições climáticas, expansão por umidade em excesso (> 0,6mm/m) pode contribuir para
problemas”. A EPU está bastante relacionada com a resistência ao gretamento, absorção de água
e temperatura de queima.
No tocante à relação com a resistência ao gretamento, segundo FIORITTO (1992), a partir de
uma EPU de 0,3mm/m já é possível observar gretamento na peça. Quanto à absorção de água,
conforme a ANFACER, ocorre uma redução na EPU quando se produzem cerâmicas com
materiais compactos e sinterizados, obtidos com uma moagem e queima adequados.
Corresponde à quantidade de água que a cerâmica permite absorver pelo seu tardoz, função da
temperatura de queima e processo de fabricação (prensada ou extrudada), entre outros aspectos.
Tem influência significativa na ancoragem física entre a argamassa colante e a placa, sendo, por
isso, fundamental o seu conhecimento prévio antes da definição quanto às especificações dos
materiais e procedimentos de aplicação adotados.
A NBR 13.817 apresenta a seguinte classificação para as placas cerâmicas (tabela 2.4):
Durante o ensaio são aplicados agentes de ação penetrante (CrO verde ou FeO vermelho), ação
oxidante (iodo), formação de película (óleo de oliva), ou outros, atendendo solicitação prévia.
Em seguida, para cada caso, são realizados procedimentos de limpeza conforme a seguinte
seqüência: água quente, agente de limpeza fraco (não abrasivo, industrializado, pH entre 6,5 e
7,5), agente de limpeza forte (abrasivo, industrializado, pH entre 9 e 10) e, por fim, reagentes de
ataque e solventes (ácido clorídrico em solução, hidróxido de potássio e tricloroetileno).
Conforme avaliação da diferença no aspecto visual das placas cerâmicas, elas são classificadas
por níveis, de acordo com o produto aplicado para cada agente manchante (tabela 2.5).
É um ensaio, realizado apenas nas placas cerâmicas esmaltadas, que trata do desgaste visual
mediante vários ciclos de passagem de um agente abrasivo sobre o vidrado, submetido a uma
carga determinada.
É importante para a especificação da placa cerâmica para piso, conforme o nível de solicitação
previsto para cada situação.
A norma separa as placas cerâmicas por classe, de acordo com a quantidade de ciclos que ela
suporta sem apresentar desgaste visual (tabela 2.7). Interessante notar que a norma determina
ainda que, para o nível mais alto de graduação (classe PEI V), a placa deve apresentar resistência
ao manchamento após o ensaio de abrasão superficial.
É um ensaio que evidencia a ocorrência de fissura capilar limitada à camada esmaltada da placa
cerâmica, decorrente de variações volumétricas, de origem térmica ou higrométricas, no biscoito
da cerâmica, não acompanhadas pelo seu vidrado.
É importante salientar ainda a correlação existente entre a expansão por umidade e o gretamento
Segundo Fioritto (1992), o gretamento é decorrente de um inchamento do corpo cerâmico,
provocado por uma expansão higroscópica, responsável pela introdução de tensões de tração no
vidrado. Para ele, o defeito de gretamento ocorre já a partir de uma expansão por umidade de
0,3mm/m, metade do valor máximo aceitável pela NBR 13.818 (1997).
Trata-se de um ensaio que não é concebido pela NBR 13.818 (1996), apesar de ser realizado em
laboratórios especializados do país. Corresponde à diferença visual de tonalidade observada pelo
vidrado quando a placa cerâmica é colocada em contato com a água que penetra pelas suas faces
laterais e inferior.
É mais crítica para as cerâmicas de grandes dimensões (a partir de 20cm x 20cm) e para as de cor
clara, sendo normalmente motivadas por deficiências na espessura do vidrado, por excessiva
absorção da água pelo biscoito, ou pela deficiências no engobe1 da cerâmica (pouco opaco, muito
fino ou poroso).
Trata-se de uma avaliação das características dimensionais das peças, tais como tamanho,
retitude e ortogonalidade dos lados, curvatura central e lateral e empeno. Aspectos importantes
1
Entende-se aqui engobe por camada de argila líquida colorida para disfarçar ou decorar a cor natural do barro, com
consistência pastosa, com a qual se banha o biscoito antes da aplicação do esmalte.
Além dos ensaios já relatados, existem diversos outros previstos pela normalização brasileira,
tais como resistência à abrasão profunda, ao choque térmico, ao congelamento, determinação do
coeficiente de atrito, carga de ruptura à flexão, entre outros. Todos eles têm sua importância para
situações específicas, conforme a aplicação desejada.
2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GALEMBECK, F. Adesão de superfícies. Ciência Hoje, v.4, n.19, jul./ago., p.27-31, 1985.
PÓVOAS, Y.V. Tempo em aberto da argamassa colante: método de medida e influência dos
aditivos HEC e resina PVAc. São Paulo, 1999. Dissertação (Mestrado). Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo.
UEMOTO, K.L. Projeto, execução e inspeção de pinturas. São Paulo, CTE. 2002.