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DIREITO CONSTITUCIONAL

1 O que é a Constituição? E o que está compreendido nela?


O artigo 16 da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, elaborada no
contexto da Revolução Francesa, bem evidencia quais são as funções da
Constituição: assegurar direitos fundamentais e estabelecer a Separação dos
Poderes.

Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789)

Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem
estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.

2 Nesse contexto, Constituição é a norma suprema e fundamental do ordenamento


jurídico de uma nação, competindo-lhe organizar e estruturar o exercício do
poder e assegurar os direitos e garantias fundamentais da pessoa.

3 Vale registrar que, modernamente, Constituição não é apenas, e tão somente, o texto
constitucional propriamente dito (que vai, teoricamente, do artigo 1º ao 250), é algo
além disso, englobando i) o texto das emendas constitucionais (a EC 45 tem
determinações, por exemplo, que são constitucionais mas não foram incorporadas
ao texto da Constituição, como a extinção dos tribunais de alçada), ii) os princípios
implícitos (como a proporcionalidade), iii) os tratados internacionais sobre direitos
humanos aprovados no formato estabelecido pelo artigo 5º, § 3º, da Constituição
Federal (cumpre salientar que a Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo foram aprovados nesse formato, assim,
possuem status de emenda constitucional). É o chamado “BLOCO DE
CONSTITUCIONALIDADE”. Isto é, Constituição não é só o texto, hoje, seu conceito
é mais amplo.
4 A Corte Interamericana de Direitos Humanos, em algumas decisões, tem partido da
premissa de que o Pacto de San José da Costa Rica é uma verdadeira
CONSTITUIÇÃO SUPRANACIONAL. Nesse sentido, os Casos Gomes Lund vs.
Brasil e “A Última Tentação de Cristo” vs. Chile. Entendimento ainda incipiente…

5 O PREÂMBULO da Constituição tem força jurídica, força normativa? Para o STF, não.
Sua natureza é hermenêutica, isto é, auxilia a interpretação do texto da Constituição, mas
não tem força vinculante. Veja o que entendeu a Suprema Corte:

“o preâmbulo da Constituição não tem força obrigatória, destina-se simplesmente a indicar


a intenção do constituinte...”. ADI 2076, STF

PREÂMBULO

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional


Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar,
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

6 O Título I da Constituição apresenta o tema “PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS”, e é


composto por 4 artigos.

7 O artigo 1º trata do tema FUNDAMENTOS. E quais são os fundamentos da República


Federativa do Brasil? São 5: SOBERANIA, CIDADANIA, DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA, VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA e PLURALISMO
POLÍTICO.

TÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS


Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania ;

II - a cidadania ;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político

8 O artigo1º, “caput”, estabelece que o Brasil é um ESTADO DEMOCRÁTICO DE


DIREITO. Estado Democrático é aquele no qual vige o princípio democrático. Democracia,
relembrando, é o governo da maioria que respeita os direitos e garantias fundamentais e
as minorias. Estado de Direito, por sua vez, é a ideia de que governo e sociedade
submetidos à lei; ninguém está acima da lei.

9 Cidadania (artigo 1º, inciso II), numa visão atual, é o conjunto dos direitos e deveres ao
qual a pessoa humana está vinculada pelo simples fato de viver em sociedade. Nesse
sentido, artigo 32 do Pacto de San José da Costa Rica (correlação entre direitos e
deveres). Não podemos nos esquecer, ainda, que em 1948 na Conferência de Bogotá,
quando foi criada a OEA, foi elaborada a “Declaração Americana dos Direitos e Deveres
do Homem”. Em suma: é a ideia de que toda pessoa tem direitos, mas tem
igualmente deveres.

Obs.: Exemplos de deveres constitucionais estão no artigo 3º, inciso I: liberdade, justiça
e solidariedade.

Obs.: Temos duas conotações para o termo “cidadão”. Cidadão em sentido amplo, é todo
aquele que vive em sociedade. Cidadão em sentido estrito ou jurídico, é o titular dos
direitos políticos de votar e/ou ser votado.

10 Pluralismo Político (artigo 1º, inciso V) traduz a ideia de que vivemos numa sociedade
plural (ou pluralista), na qual o respeito às diversidades, o respeito às diferenças é uma
exigência constitucional, verdadeiro dever de caráter não só individual como também
coletivo. Noutros termos: é a SOCIEDADE DA TOLERÂNCIA!
11 O artigo 1º, parágrafo único, da Constituição consagra o princípio da soberania
popular segundo o qual “todo o poder emana do povo”.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo , que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente , nos termos desta Constituição..

12 O mesmo parágrafo único consagra dois modelos de democracia em território


brasileiro, são eles: democracia representativa ou indireta E democracia
participativa.

Obs.: De que forma exercemos, no Brasil, a democracia participativa? Segundo o artigo


14 da Constituição, através de Plebiscito, Referendo e Iniciativa Popular de Leis.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

13 O artigo 2º da Constituição apresenta os “Poderes da União”, ou “Poderes do


Estado”. Lembrando, não há hierarquia entre eles, já que são independentes e
harmônicos entre si. Por isso, o que existe é uma espécie de fiscalização recíproca, o
chamado “sistema de freios e contrapesos”.

Obs.: Os Poderes do Estado exercem funções típicas e funções atípicas. Funções


típicas são aquelas que dizem respeito à essência do próprio Poder, isto é, ao exercício
da função para a qual foi criado. Exemplo, a função típica do Legislativo é legislar.
Funções atípicas, por sua vez, são as funções que um Poder exerce mas que,
originariamente, pertencem (ou pertenceriam) a outro Poder. Exemplo: Judiciário
legislando (editando Súmulas Vinculantes); Legislativo julgando (Senado Federal quando
julga o presidente por “crimes de responsabilidade”); Executivo legislando (quando edita
medidas provisórias). Confiramos:

Art. 2º São Poderes da União , independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,


o Executivo e o Judiciário.

14 O artigo 3º da Constituição trata dos “objetivos fundamentais” da República


brasileira. São medidas a serem concretizadas a médio e longo prazo, desejos do
constituintes, metas, programas (daí serem denominadas de “normas programáticas”).
São 4 incisos:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

EXEMPLOS DE DEVERES CONSTITUCIONAIS

II - garantir o desenvolvimento nacional;

DIREITO HUMANO DE 3ª GERAÇÃO OU DIMENSÃO

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e


regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.

O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, RELEMBRANDO, TEM POR FUNDAMENTO,


BASICAMENTE, ESSES DOIS INCISOS. HÁ QUEM ENTENDA QUE ESSE
PROGRAMA É IRREVERSÍVEL E NÃO SERIA PASSÍVEL DE REVOGAÇÃO,
EM RAZÃO DO CHAMADO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO RETROCESSO
SOCIAL.

15 Finalizando o Título I da Constituição, o artigo 4º, que prevê os princípios que regem
o Brasil nas relações internacionais. São 10 incisos, vejamos:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais


pelos seguintes princípios:
I - independência nacional; COMPONENTE DO CONCEITO DE SOBERANIA
(lembrando, Soberania é o poder político exercido com supremacia na ordem
jurídica interna e independência na ordem jurídica externa ou internacional)

II - prevalência dos direitos humanos; Consagra o PRINCÍPIO INTERNACIONAL


PRO HOMINE segundo o qual se um tratado internacional de direitos humanos
contrariar a Constituição Federal, prevalecerá aquele que for mais benéfico à
pessoa humana. De certa forma, o STF, ao editar a Súmula Vinculante 25 e vedar
no Brasil a prisão civil do depositário infiel, consagrou essa ideologia. Na verdade,
para o STF, os tratados sobre direitos humanos possuem natureza supralegal,
assim, estão acima das leis mas abaixo da Constituição; consequentemente,
como o Pacto de San José autoriza apenas a prisão do devedor de alimentos,
suspendeu a eficácia / paralisou os efeitos do Decreto Lei que procedimentalizava,
no Brasil, a prisão do depositário infiel. CUIDADO: tratado internacional de direitos
humanos não revoga lei; lei só é revogada por outra lei, mas ele pode “suspender
a eficácia”. É que a 5ª Turma do STJ entende em relação ao crime de
DESACATO.

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; A Lei do Terrorismo, 13.260/16, passou


a constar do edital. Sobre ela, duas considerações:

1) Uma das respostas pode ser encontrada na justificativa apresentada pelo


Governo Dilma Rousseff (PT) quando enviou a proposta para a Câmara. Em
um dos tópicos de sua argumentação, os ministros José Eduardo Cardozo
(Justiça) e Joaquim Levy (que era da Fazenda na época) dizem que o país
precisava cumprir um acordo internacional firmado com o Grupo de Ação
Financeira (GAFI). Esse organismo é vinculado ao G20 e foi criado em 1989
com objetivo de definir padrões e implementar medidas legais para combater
a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, entre outras práticas
delituosas.

2) Art. 5o Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito


inequívoco de consumar tal delito:

Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a


metade.

O artigo 5º da Lei do Terrorismo representa uma espécie de “DIREITO PENAL


DO INIMIGO?”

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

16 O parágrafo único do artigo 4º trata da integração do Brasil com outros povos da


América Latina. Na verdade, semeia o terreno para a formação de organizações
supranacionais, como o MERCOSUL. Confira:

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração


econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações.

17 Iniciando o Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais, vale registrar que os


direitos fundamentais na Constituição de 1988 estão classificados em 5 grupos, 5
categorias, que representam, verdadeiramente, os 5 capítulos do Título II. DIREITOS
INDIVIDUAIS, DIREITOS COLETIVOS, DIREITOS SOCIAIS, DIREITOS DA
NACIONALIDADE E DIREITOS POLÍTICOS. Confiramos:

TÍTULO II

DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

CAPÍTULO I

DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS

CAPÍTULO III

DA NACIONALIDADE

CAPÍTULO IV

DOS DIREITOS POLÍTICOS

CAPÍTULO V

DOS PARTIDOS POLÍTICOS

18 O artigo 5º, “caput”, da Constituição, segundo o STF, foi mal elaborado. Isto porque,
ele afirma que os direitos fundamentais são assegurados “aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país”. Ocorre que, como fica a situação dos estrangeiros
não-residentes? O turista, por exemplo, ele não tem direitos? Claro que tem. Para o STF,
a expressão “estrangeiros residentes no país” representa todo e qualquer estrangeiro
que esteja pisando em território nacional. Vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

Obs.: nem todos os direitos fundamentais podem ser exercidos por estrangeiros.
Exemplo, os direitos políticos, como o voto, que só podem ser manuseado(s) por
brasileiros, natos ou naturalizados.

19 Vejamos, a seguir, os incisos do artigo 5º, da Constituição:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta


Constituição; PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES
Obs.: A LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/06) NÃO VIOLA A IGUALDADE ENTRE
HOMENS E MULHERES, POIS É UMA LEGÍTIMA “AÇÃO AFIRMATIVA”. O QUE SÃO
AÇÕES AFIRMATIVAS?

Ações afirmativas são atos ou medidas especiais e temporárias, tomadas ou determinadas pelo
estado, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente
acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar
perdas provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos,
religiosos, de gênero e outros.

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei; PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; LEI
9.455/97. LEMBRANDO: À LUZ DA CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA A
TORTURA, A VEDAÇÃO À ESSA PRÁTICA É DIREITO ABSOLUTO.

Obs.: relembrando, espécies de tortura previstas em nossa legislação.

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,


causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de


terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; TORTURA CRIME

c) em razão de discriminação racial ou religiosa; TORTURA


DISCRIMINATÓRIA

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de


violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. TORTURA
CASTIGO

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de


evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
TORTURA OMISSÃO

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; LIBERDADE DE


MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO OU LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
Obs: igualmente assegurada no artigo 13 do Pacto de San José da Costa Rica. Aliás, é
justamente com base no artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que
a 5ª Turma do STJ entendeu que o crime de desacato havia sofrido paralisação de sua
eficácia, ou suspensão de seus efeitos, isto é, em razão de o tipo penal ser contrário à
livre manifestação do pensamento assegurada pelo Pacto (e também assegurada, notem,
pela Constituição Federal).
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
e a suas liturgias; LIBERDADE RELIGIOSA OU DE CRENÇA.

Obs.: Artigo 208 CP (Ultraje a locais de culto)


Obs.: Lei 4.898/65, Abuso de Autoridade - Artigo 3º, Constitui Abuso de Autoridade letras
d) à liberdade de consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença; EM LINHAS GERAIS, VEDAÇÃO À
CENSURA

Obs.: não esquecer do crime de apologia ao nazismo, previsto no artigo 20 da Lei


7716/89. Esse delito seria uma exceção à vedação à censura estabelecida pela
Constituição. Lembrar do caso de um escritor gaúcho que, escrevendo uma obra negando
o holocausto, foi condenado por racismo, sentença, inclusive, confirmada no STF.

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação; SÃO OS CHAMADOS “DIREITOS DA PERSONALIDADE” (NOMENCLATURA
UTILIZADA PELO CÓDIGO CIVIL)

Obs.: o direito ao nome é um direito fundamental de toda e qualquer pessoa, que não
está previsto expressamente na Constituição, mas sim implicitamenteo. Ele está expresso
no artigo 18 do Pacto de San José da Costa Rica.
Obs.: um outro direito implícito, nessa perspectiva, é o direito ao esquecimento, ou,
para alguns, direito de ser deixado em paz, isto é, condutas passadas não podem ser
eternizadas.

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem


consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
STF: “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só
é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em
fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal
do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados”.
(RE) 603616

STJ, notícia CONJUR de 26.02.2018: STJ julga válida busca sem


mandado após policiais sentirem cheiro de maconha. É
dispensável o mandado de busca e apreensão quando se trata
de flagrante do crime de tráfico de entorpecentes, pois o
referido delito é de natureza permanente, ficando o agente em
estado de flagrância

Obs.: É POSSÍVEL CUMPRIR MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO DURANTE O


PERÍODO NOTURNO? Segundo o Artigo 245 do CPP, sim, desde que o morador consinta
(“As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir
que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e
lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a
abrir a porta”).

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e


das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e
na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal; CLÁUSULA DE RESERVA JURISDICIONAL, NO CASO DA INTERCEPTAÇÃO
TELEFÔNICA.

Obs.: falando em cláusula de reserva jurisdicional, além da interceptação telefônica,


outros exemplos que podem ser citados: mandado de busca e apreensão, mandado de
prisão. Todos eles exigem “ordem de um juiz”, portanto, reserva jurisdicional.

No caso do sigilo de correspondência, que pode ser violado à luz da LEP,


segundo o STF:

“A administração penitenciária, com fundamento em razoes de segurança


publica, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode,
sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art.
41, parágrafo único, da Lei n. 7.210/84, proceder a interceptação da
correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a clausula tutelar da
inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de
salvaguarda de praticas ilícitas”. HC 70.814 (XV - contato com o mundo
exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de
informação que não comprometam a moral e os bons costumes. Parágrafo
único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou
restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.)

Sobre DADOS, convém informar o seguinte: Segundo Paulo Rangel, são


aqueles passíveis de transmissão. Não se refere a dados cadastrais, os
quais dizem respeito a mera qualificação da pessoa.

STJ: É ilegal o acesso a mensagens e dados do aplicativo WhatsApp sem


prévia autorização judicial. A decisão, porém, foi proferida em sede de
controle difuso e não é vinculante. Aliás, saiu uma recente: CONJUR, DE
20.02.2018:

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a


ilegalidade de provas obtidas pela polícia sem autorização judicial a partir de
mensagens arquivadas no aplicativo WhatsApp e, por unanimidade,
determinou a retirada do material de processo penal que apura suposta
prática de tentativa de furto em Oliveira (MG).“No caso, deveria a autoridade
policial, após a apreensão do telefone, ter requerido judicialmente a quebra
do sigilo dos dados armazenados, haja vista a garantia à inviolabilidade da
intimidade e da vida privada, prevista no artigo 5º, inciso X, da Constituição”,
afirmou o relator do recurso em habeas corpus, ministro Reynaldo Soares da
Fonseca.
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional; DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO,
ASSEGURADO PELA LEI 12.527/11 (LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO) E PELO
DECRETO ESTADUAL 58.052/12.

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente; TRATA-SE DO DIREITO DE REUNIÃO. São requisitos: 1. Fins pacíficos;
2. Sem armas; 3. Locais abertos ao público; 4. Não frustração de reunião
anteriormente convocada; 5. Necessidade de prévio aviso, prévia ciência. Ou seja,
não é necessário autorização.

* Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)


reafirmou entendimento no sentido de que é inconstitucional o exercício do
direito de greve por parte de policiais civis e demais servidores públicos que
atuem diretamente na área de segurança pública. A decisão foi tomada na
manhã desta quarta-feira (5), no julgamento do Recurso Extraordinário com
Agravo (ARE) 654432, com repercussão geral reconhecida. Um dos
argumentos: a greve policial civil viola, pelo menos, um dos requisitos do
direito de reunião.

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado; DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO EM
FACE DO ESTADO. NUM PRIMEIRO MOMENTO, NOTE-SE, O PODER PÚBLICO É
OBRIGADO A PRESTAR AS INFORMAÇÕES DE CARÁTER PARTICULAR, COLETIVO
OU GERAL QUE LHE FOREM SOLICITADAS. SE TAIS INFORMAÇÕES
INTERFERIREM, DE ALGUMA MANEIRA, NA SEGURANÇA SEJA DA SOCIEDADE
OU MESMO DO PRÓPRIO ESTADO, ESTE PODERÁ NEGA-LÁS.
Obs.: os arquivos da ditadura, à luz de decisões da Corte Interamericana, e também do
disposto na Lei de Acesso à Informação, não podem ser objeto de sigilo com base nesse
dispositivo ora estudado, pois cabe ao Estado assegurar os direitos à memória e à
verdade histórica.

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: esse


dispositivo prevê duas espécies de REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS, de cunho
ADMINISTRATIVO...

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade


ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;

Obs.: os remédios constitucionais podem ser judiciais ou administrativos. Judiciais:


HC, MS, MI, HD e AP. Administrativos: Direito de Petição e Direito de Certidão.

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; É,
na visão tradicional, o PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO.
Modernamente, porém, notadamente em razão das políticas de mediação e
conciliação do CNJ, esse princípio vem ganhando uma nova feição, sendo
chamado, em resoluções do dito Conselho, de GARANTIA DE ACESSO À ORDEM
JURÍDICA JUSTA.

Obs.: garantir o acesso à ordem jurídica justa, é também um dos objetivos do NECRIM.

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA.

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; grande exemplo de Tribunal de


Exceção foi o de Nuremberg. Além dele, o de Tóquio, o da Ex Iugoslávia, o de
Ruanda.
Obs.: Tribunal de exceção é um tribunal “ex post factum”, isto é, constituído após o fato
que irá julgar.

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; HOMICÍDIO,
INFANTICÍDIO, PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO ALHEIO e ABORTO. Latrocínio,
lembrando, não é considerado crime doloso contra a vida.

Obs.: o suicídio, como bem sabemos, não é crime. Isto porque, pelo princípio da
alteridade, estudado em direito penal, crime há quando a lesão se dá em bem jurídico de
terceiro, não em bem jurídico próprio.

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal; PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL e ANTERIORIDADE.

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; PRINCÍPIO DA


RETROATIVIDADE BENÉFICA.

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de


reclusão, nos termos da lei;
(...)
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático

Obs.: são os únicos dois crimes imprescritíveis, segundo a Constituição Federal


brasileira. Além disso, são também inafiançáveis.
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e
os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Obs.: TTT, crimes equiparados ou assemelhados à hediondo. Tortura, tráfico de drogas e


terrorismo. Já os crimes hediondos propriamente ditos, são aqueles da Lei 8072/90.

Obs.: tanto os crimes equiparados como os crimes hediondos propriamente ditos, são
insuscetíveis de graça e anistia, bem como, são inafiançáveis.

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; Os crimes
de guerra estão previstos no Livro II do Còdigo Penal Militar. No Brasil, a pena de
morte será executada por fuzilamento.
b) de caráter perpétuo; A Corte Europeia dos Direitos Humanos entende que a pena
de prisão perpétua, se revisada a cada 25 anos, não viola direitos humanos.
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,


praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; Segundo a Constituição, nenhum
brasileiro nato será extraditado, salvo o naturalizado, em duas situaçôes: i) crime
comum praticado antes da naturalização; ii) comprovado envolvimento em tráfico
de drogas.

Obs.: cuidado, a vedação à extradição de brasileiro nato não impede, a nosso sentir, a
sua entrega ao Tribunal Penal Internacional.
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; Lula
não extraditou Cesarfe Battisti por entender que o ex militante comunista era
perseguido politicamente na Itália, concedendo-lhe refúgio.

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL

Obs.: há quem entenda que esse dispositivo também consagra o princípio do promotor
natural (já que, enquanto o juiz sentencia, o promotor processa).

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. Nasce na Magna Charta, de 1215.

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são


assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; PRINCÍPIO DA
INADMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS.

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória; Tradicionalmente, é o princípio da presunção de inocência.
Modernamento, ele vem sendo denominado de PRINCÍPIO DO ESTADO DE
INOCÊNCIA / ou da NÃO-CULPABILIDADE.

Obs.: atenção para a possibilidade de prisão em segunda instância. É uma execução


provisória da pena. Há quem entenda que essa posição do STF não viola o estado de
inocência.

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei; Qual lei? LEI 12.037/09.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei; EXEMPLO DE CLÁUSULA DE RESERVA
JURISIDICIONAL AO EXIGIR ORDEM JUDICIAL PARA A PRISÃO QUE NÃO
DECORRA DE FLAGRANTE.
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

Lembrar do tema Audiência de Custódia (ou Audiência de Apresentação,


segundo alguns doutrinadores), que encontra no PACTO DE SAN JOSÉ,
artigo 7º, § 5º, um dos seus fundamentos.

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA (Artigo 7º, § 5. Toda pessoa presa, detida ou retida


deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade
autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o direito de ser julgada
em prazo razoável ou de ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que
assegurem o seu comparecimento em juízo. § 6. Toda pessoa privada da
liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de
que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e
ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados-
partes cujas leis prevêem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser
privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal
competente, a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal
recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto
pela própria pessoa ou por outra pessoa.)

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; É O DIREITO AO
SILÊNCIO OU DIREITO DE PERMANECER CALADO, UMA DECORRÊNCIA DO NEMO
TENETUR SE DETEGERE, ISTO É, DO DIREITO DE NÃO PRODUZIR PROVA
CONTRA SI MESMO.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial; NOTA DE CULPA. Aliás, a Nota de Culpa representa um
exemplo do exercídio do direito de defesa no inquérito.

LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; O QUE É
PRISÃO ILEGAL? É AQUELA QUE NÃO CONTEMPLA O “FUMUS COMISSI DELICTI”.
Isto é, fumaça de cometimento do crime, composto pelos indícios de autoria e da
materialidade.
Obs.: a prisão em flagrante pressupõe a presença do fumus comissi delicti. É isso que
o Juiz analisa para relaxar ou não o flagrante.

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança; O DELEGADO, QUANDO ARBITRA FIANÇA, ESTÁ
CONCEDENDO UMA ESPÉCIE DE LIBERDADE PROVISÓRIA AO RÉU. SEM FIANÇA,
CONTUDO, APENAS O JUIZ PODE CONCEDER.

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; SÚMULA
VINCULANTE 25 (VEDA NO BRASIL A PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL). FOI
CRIADA APÓS O STF CONCLUIR QUE OS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL TEM FORÇA SUPRALEGAL, OU SEJA, ESTÃO
ACIMA DAS LEIS, PORÉM, ABAIXO DA CONSTITUIÇÃO.

REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS JUDICIAIS – HC, MS, MI, HD E AP

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder; É O ÚNICO REMÉDIO CONSTITUCIONAL DE CARÁTER JUDICIAL QUE
DISPENSA A PRESENÇA DE ADVOGADO.

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; VISA SUPRIR A
AUSÊNCIA DE NORMA REGULAMENTADORA, ISTO É, A OMISSÃO DO PODER
LEGISLATIVO. O GRANDE EXEMPLO É O DIREITO DE GREVE DO SERVIDOR
PÚBLICO, QUE, SEGUNDO O ARTIGO 37, VII, DA CF, DEVERIA SER
REGULAMENTADO POR LEI. COMO A LEI AINDA NÃO FOI FEITA, O STF,
DECIDINDO VÁRIOS MANDADOS DE INJUNÇÃO, MANDOU APLICAR A LEI DE
GREVE DO SERVIÇO PRIVADO.

LXXII - conceder-se-á habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,


constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público; REMÉDIO CONSTITUCIONAL QUE POSSIBILITA O ACESSO E O
CONHECIMENTO DE INFORMAÇÕES RELATIVAS À PESSOA DE QUEM IMPETRA A
MEDIDA. EXEMPLO, NOME NEGATIVADO NO SPC.

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo; O HABEAS DATA TAMBÉM SERVE PARA A RETIFICAÇÃO
DE INFORMAÇÕES RELATIVAS À PESSOA DO IMPETRANTE.

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
CIDADÃO, EM VISTAS DA AÇÃO POPULAR, É O TITULAR DO DIREITO DE VOTAR
E/OU SER VOTADO. NOUTROS DIZERES, É O ELEITOR. *** O MP, A DEFENSORIA
PÚBLICA, E OUTRAS COLETIVIDADES, UTILIZAM, PARA A DEFESA DESTES E DE
OUTROS DIREITOS, A AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

HC, MS, MI, HD e AP – são os remédios constitucionais judiciais.


DIREITO DE PETIÇÃO e DIREITO DE CERTIDÃO – remédios constitucioais
administrativos.

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração


do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. É O PRINCÍPIO
DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO OU CELERIDADE PROCESSIAL.
PERFEITAMENTE APLICÁVEL, SEGUNDO O STJ, AO INQUÉRITO POLICIAL. COM
ISSO, A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DEVE TERMINAR EM PRAZO RAZOÁVEL.

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.


UMA DAS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANO-FUNDAMENTAIS É A
EFETIVIDADE, SEGUNDO A QUAL, OS DIREITOS HUMANOS POSSUEM APLICAÇÃO
DIRETA E IMEDIATA.

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes


do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte. CLÁUSULA ABERTA DE RECEPÇÃO. PARA
FLÁVIA PIOVESAN E VALÉRIO MAZZUOLI, ESSA CLÁUSULA PERMITE QUE OS
TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS SEJAM RECEPCIONADOS COM FORÇA
CONSTITUCIONAL, INDEPENDENTEMENTE DE APROVAÇÃO CONFORME O
ARTIGO 5º, § 3º. NÃO É A POSIÇÃO QUE PREVALECE NO STF, PARA QUEM OS
TRATADOS, REGRA GERAL, TÊM FORÇA SUPRALEGAL.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem


aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
EXEMPLO DO CHAMADO “BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE”. COMO VIMOS EM
AULAS ANTERIORES, CONSTITUIÇÃO NÃO É APENAS O TEXTO PROPRIAMENTE
DITO, ABRANGENDO, ALÉM DELE, AS EMENDAS CONSTITUCIONAIS, OS
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS E OS TRATADOS APROVADOS NO FORMATO DO ARTIGO
5, § 3º. ALIÁS, APROVADO NESSE FORMATO, TEMOS APENAS A CONVENÇÃO
INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E SEU
PROTOCOLO FACULTATIVO.
Obs.: O PROTOCOLO FACULTATIVO DESSA CONVENÇÃO DETALHA AS
COMPETÊNCIAS DO “COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA”.

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha


manifestado adesão. É A CONSAGRAÇÃO DA VINCULAÇÃO BRASILEIRA AO
ESTATUTO DE ROMA, TRATADO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS HUMANOS
QUE CRIOU O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL, COM SEDE NA HAIA.

(...)

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é


exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos: (O DIREITO FUNDAMENTAL À SEGURANÇA
PÚBLICA É EFETIVADO ATRAVÉS DE POLÍTICAS PÚBLICAS, SENDO DE RIGOR
DESTACAR QUE A SEGURANÇA PÚBLICA É DEVER DO ESTADO, E, ALÉM DISSO,
É DIREITO E RESPONSABILIDADE DE TODOS).

Obs.: O STF, NA ADI 2827, ASSENTOU QUE O ROL DE ÓRGÃOS POLICIAIS É


TAXATIVO. LOGO, NÃO HÁ COMO CONSIDERAR, POR EXEMPLO, A POLÍCIA
CIENTÍFICA UM ÓRGÃO POLICIAL PROPRIAMENTE DITO SE NÃO HOUVER
MUDANÇA CONSTITUCIONAL NESSE SENTIDO.

I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido
pela União e estruturado em carreira, destina-se a: (AS ATRIBUIÇÕES DA PF SÃO MAIS
AMPLAS QUE AS COMPETÊNCIAS DA JUSTIÇA FEDERAL. PORTANTO, A PF PODE
ATUAR INCLUSIVE PERANTE A JUSTIÇA ESTADUAL)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas,
assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional
e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o


descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas
respectivas áreas de competência;

III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras;

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

OBS.: A LEI 13.047/14, ESTABELECEU A NECESSIDADE DE 3 ANOS DE ATIVIDADE


JURÍDICA OU POLICIAL PARA O CARGO DE DELEGADO FEDERAL, ALÉM DE
PREVER QUE O CARGO DE DIRETOR GERAL DA PF É PRIVATIVO DE DELEGADO
FEDERAL DE CLASSE ESPECIAL.

§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e


estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das
rodovias federais.

§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e


estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das
ferrovias federais.

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,


ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares.

*** DELEGADO DE POLÍCIA DE CARREIRA: É O CONCURSADO.


*** POLÍCIA CIVIL: EXERCE AS FUNÇÕES DE POLÍCIA JUDICIÁRIA E
INVESTIGATIVA. PELA LOP, EXERCE TAMBÉM AS FUNÇÕES DE POLICIA
PREVENTIVA ESPECIALIZADA e ADMINISTRATIVA. Com o NECRIM, a Polícia Civil
ingressa na ideologia de POLÍCIA RESTAURATIVA.

*** Súmula nº 1 (Seminário Integrado PC e PF)

A expressão “polícia judiciária” designa o complexo de atividades exercidas pelas Polícias


Civil e Federal, tendentes à apuração de autoria, materialidade e demais circunstâncias
das infrações penais comuns, à execução do policiamento preventivo especializado e ao
desempenho de funções típicas de auxílio amplo à prestação jurisdicional penal, sempre
sob direção e responsabilidade do Delegado de Polícia.

*** Delegado de Polícia pode usufruir de inamovibilidade e vitaliciedade, se


previstas na Constituição Estadual? STF (ADI 2580): Não. Porém, há ADI pendente
de julgamento no STF, discutindo esse tema, mais especificamente a Constituição
do Tocantins. Acompanhar a ADI 5528.

Constituição do Tocantins

Artigo 116, §1º As funções de polícia judiciária e a apuração de


infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza
jurídica, essenciais e exclusivas de Estado, sendo-lhe assegurados
os direitos inerentes às demais carreiras jurídicas do Estado, a
independência funcional além das seguintes garantias:
a) vitaliciedade, que será adquirida após três anos de efetivo
exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial
transitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo remoção de ofício por motivo de interesse
público por ato fundamentado de dois terços do Conselho Superior
da Polícia Civil, ou a pedido, mediante concurso de remoção, onde
deverão ser observados, alternadamente, os critérios de antiguidade
e merecimento.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública;
aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a
execução de atividades de defesa civil.

§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do


Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela


segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus


bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

*** GUARDAS MUNICIPAIS: EXERCEM FUNÇÕES DE “GUARDA PATRIMONIAL”,


CONFORME ANA PAULA VIEIRA. DESTINAM-SE A PROTEGER BENS, SERVIÇOS E
INSTALAÇÕES MUNICIPAIS.

*** O ESTATUTO DA GUARDA MUNICIPAL (LEI 13.022/2014) É OBJETO DE ADI NO


STF (ADI 5156). O MPF, EM PARECER, AFIRMA SER TOTALMENTE CONTRÁRIO A
QUALQUER ATRIBUIÇÃO DE POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA À GCM.

§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da


incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras


atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana
eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos
órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na
forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

*** FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA: foi criada por Decreto presidencial (Dec.
5289/04). O argumento para justificar a sua constitucionalidade é o de que trata-se
de “órgão de cooperação”, e não de “órgão público em sentido estrito” (se fosse
órgão público, só poderia ter sido criada por Lei). O MPF já ofertou pareceres em
sentido contrário ao formato de criação da Força Nacional. O TRF 1, porém, decidiu
pela constitucionalidade do Decreto.

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