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Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem
estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
3 Vale registrar que, modernamente, Constituição não é apenas, e tão somente, o texto
constitucional propriamente dito (que vai, teoricamente, do artigo 1º ao 250), é algo
além disso, englobando i) o texto das emendas constitucionais (a EC 45 tem
determinações, por exemplo, que são constitucionais mas não foram incorporadas
ao texto da Constituição, como a extinção dos tribunais de alçada), ii) os princípios
implícitos (como a proporcionalidade), iii) os tratados internacionais sobre direitos
humanos aprovados no formato estabelecido pelo artigo 5º, § 3º, da Constituição
Federal (cumpre salientar que a Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo foram aprovados nesse formato, assim,
possuem status de emenda constitucional). É o chamado “BLOCO DE
CONSTITUCIONALIDADE”. Isto é, Constituição não é só o texto, hoje, seu conceito
é mais amplo.
4 A Corte Interamericana de Direitos Humanos, em algumas decisões, tem partido da
premissa de que o Pacto de San José da Costa Rica é uma verdadeira
CONSTITUIÇÃO SUPRANACIONAL. Nesse sentido, os Casos Gomes Lund vs.
Brasil e “A Última Tentação de Cristo” vs. Chile. Entendimento ainda incipiente…
5 O PREÂMBULO da Constituição tem força jurídica, força normativa? Para o STF, não.
Sua natureza é hermenêutica, isto é, auxilia a interpretação do texto da Constituição, mas
não tem força vinculante. Veja o que entendeu a Suprema Corte:
PREÂMBULO
TÍTULO I
I - a soberania ;
II - a cidadania ;
V - o pluralismo político
9 Cidadania (artigo 1º, inciso II), numa visão atual, é o conjunto dos direitos e deveres ao
qual a pessoa humana está vinculada pelo simples fato de viver em sociedade. Nesse
sentido, artigo 32 do Pacto de San José da Costa Rica (correlação entre direitos e
deveres). Não podemos nos esquecer, ainda, que em 1948 na Conferência de Bogotá,
quando foi criada a OEA, foi elaborada a “Declaração Americana dos Direitos e Deveres
do Homem”. Em suma: é a ideia de que toda pessoa tem direitos, mas tem
igualmente deveres.
Obs.: Exemplos de deveres constitucionais estão no artigo 3º, inciso I: liberdade, justiça
e solidariedade.
Obs.: Temos duas conotações para o termo “cidadão”. Cidadão em sentido amplo, é todo
aquele que vive em sociedade. Cidadão em sentido estrito ou jurídico, é o titular dos
direitos políticos de votar e/ou ser votado.
10 Pluralismo Político (artigo 1º, inciso V) traduz a ideia de que vivemos numa sociedade
plural (ou pluralista), na qual o respeito às diversidades, o respeito às diferenças é uma
exigência constitucional, verdadeiro dever de caráter não só individual como também
coletivo. Noutros termos: é a SOCIEDADE DA TOLERÂNCIA!
11 O artigo 1º, parágrafo único, da Constituição consagra o princípio da soberania
popular segundo o qual “todo o poder emana do povo”.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo , que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente , nos termos desta Constituição..
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação.
15 Finalizando o Título I da Constituição, o artigo 4º, que prevê os princípios que regem
o Brasil nas relações internacionais. São 10 incisos, vejamos:
IV - não-intervenção;
VI - defesa da paz;
TÍTULO II
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
18 O artigo 5º, “caput”, da Constituição, segundo o STF, foi mal elaborado. Isto porque,
ele afirma que os direitos fundamentais são assegurados “aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país”. Ocorre que, como fica a situação dos estrangeiros
não-residentes? O turista, por exemplo, ele não tem direitos? Claro que tem. Para o STF,
a expressão “estrangeiros residentes no país” representa todo e qualquer estrangeiro
que esteja pisando em território nacional. Vejamos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Obs.: nem todos os direitos fundamentais podem ser exercidos por estrangeiros.
Exemplo, os direitos políticos, como o voto, que só podem ser manuseado(s) por
brasileiros, natos ou naturalizados.
Ações afirmativas são atos ou medidas especiais e temporárias, tomadas ou determinadas pelo
estado, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente
acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar
perdas provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos,
religiosos, de gênero e outros.
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei; PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; LEI
9.455/97. LEMBRANDO: À LUZ DA CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA A
TORTURA, A VEDAÇÃO À ESSA PRÁTICA É DIREITO ABSOLUTO.
Obs.: o direito ao nome é um direito fundamental de toda e qualquer pessoa, que não
está previsto expressamente na Constituição, mas sim implicitamenteo. Ele está expresso
no artigo 18 do Pacto de San José da Costa Rica.
Obs.: um outro direito implícito, nessa perspectiva, é o direito ao esquecimento, ou,
para alguns, direito de ser deixado em paz, isto é, condutas passadas não podem ser
eternizadas.
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente; TRATA-SE DO DIREITO DE REUNIÃO. São requisitos: 1. Fins pacíficos;
2. Sem armas; 3. Locais abertos ao público; 4. Não frustração de reunião
anteriormente convocada; 5. Necessidade de prévio aviso, prévia ciência. Ou seja,
não é necessário autorização.
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado; DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO EM
FACE DO ESTADO. NUM PRIMEIRO MOMENTO, NOTE-SE, O PODER PÚBLICO É
OBRIGADO A PRESTAR AS INFORMAÇÕES DE CARÁTER PARTICULAR, COLETIVO
OU GERAL QUE LHE FOREM SOLICITADAS. SE TAIS INFORMAÇÕES
INTERFERIREM, DE ALGUMA MANEIRA, NA SEGURANÇA SEJA DA SOCIEDADE
OU MESMO DO PRÓPRIO ESTADO, ESTE PODERÁ NEGA-LÁS.
Obs.: os arquivos da ditadura, à luz de decisões da Corte Interamericana, e também do
disposto na Lei de Acesso à Informação, não podem ser objeto de sigilo com base nesse
dispositivo ora estudado, pois cabe ao Estado assegurar os direitos à memória e à
verdade histórica.
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; É,
na visão tradicional, o PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO.
Modernamente, porém, notadamente em razão das políticas de mediação e
conciliação do CNJ, esse princípio vem ganhando uma nova feição, sendo
chamado, em resoluções do dito Conselho, de GARANTIA DE ACESSO À ORDEM
JURÍDICA JUSTA.
Obs.: garantir o acesso à ordem jurídica justa, é também um dos objetivos do NECRIM.
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; HOMICÍDIO,
INFANTICÍDIO, PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO ALHEIO e ABORTO. Latrocínio,
lembrando, não é considerado crime doloso contra a vida.
Obs.: o suicídio, como bem sabemos, não é crime. Isto porque, pelo princípio da
alteridade, estudado em direito penal, crime há quando a lesão se dá em bem jurídico de
terceiro, não em bem jurídico próprio.
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal; PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL e ANTERIORIDADE.
Obs.: tanto os crimes equiparados como os crimes hediondos propriamente ditos, são
insuscetíveis de graça e anistia, bem como, são inafiançáveis.
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; Os crimes
de guerra estão previstos no Livro II do Còdigo Penal Militar. No Brasil, a pena de
morte será executada por fuzilamento.
b) de caráter perpétuo; A Corte Europeia dos Direitos Humanos entende que a pena
de prisão perpétua, se revisada a cada 25 anos, não viola direitos humanos.
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Obs.: cuidado, a vedação à extradição de brasileiro nato não impede, a nosso sentir, a
sua entrega ao Tribunal Penal Internacional.
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; Lula
não extraditou Cesarfe Battisti por entender que o ex militante comunista era
perseguido politicamente na Itália, concedendo-lhe refúgio.
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL
Obs.: há quem entenda que esse dispositivo também consagra o princípio do promotor
natural (já que, enquanto o juiz sentencia, o promotor processa).
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. Nasce na Magna Charta, de 1215.
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; PRINCÍPIO DA
INADMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS.
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória; Tradicionalmente, é o princípio da presunção de inocência.
Modernamento, ele vem sendo denominado de PRINCÍPIO DO ESTADO DE
INOCÊNCIA / ou da NÃO-CULPABILIDADE.
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei; Qual lei? LEI 12.037/09.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei; EXEMPLO DE CLÁUSULA DE RESERVA
JURISIDICIONAL AO EXIGIR ORDEM JUDICIAL PARA A PRISÃO QUE NÃO
DECORRA DE FLAGRANTE.
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; É O DIREITO AO
SILÊNCIO OU DIREITO DE PERMANECER CALADO, UMA DECORRÊNCIA DO NEMO
TENETUR SE DETEGERE, ISTO É, DO DIREITO DE NÃO PRODUZIR PROVA
CONTRA SI MESMO.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial; NOTA DE CULPA. Aliás, a Nota de Culpa representa um
exemplo do exercídio do direito de defesa no inquérito.
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; O QUE É
PRISÃO ILEGAL? É AQUELA QUE NÃO CONTEMPLA O “FUMUS COMISSI DELICTI”.
Isto é, fumaça de cometimento do crime, composto pelos indícios de autoria e da
materialidade.
Obs.: a prisão em flagrante pressupõe a presença do fumus comissi delicti. É isso que
o Juiz analisa para relaxar ou não o flagrante.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança; O DELEGADO, QUANDO ARBITRA FIANÇA, ESTÁ
CONCEDENDO UMA ESPÉCIE DE LIBERDADE PROVISÓRIA AO RÉU. SEM FIANÇA,
CONTUDO, APENAS O JUIZ PODE CONCEDER.
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; SÚMULA
VINCULANTE 25 (VEDA NO BRASIL A PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL). FOI
CRIADA APÓS O STF CONCLUIR QUE OS TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE
DIREITOS HUMANOS NO BRASIL TEM FORÇA SUPRALEGAL, OU SEJA, ESTÃO
ACIMA DAS LEIS, PORÉM, ABAIXO DA CONSTITUIÇÃO.
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder; É O ÚNICO REMÉDIO CONSTITUCIONAL DE CARÁTER JUDICIAL QUE
DISPENSA A PRESENÇA DE ADVOGADO.
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; VISA SUPRIR A
AUSÊNCIA DE NORMA REGULAMENTADORA, ISTO É, A OMISSÃO DO PODER
LEGISLATIVO. O GRANDE EXEMPLO É O DIREITO DE GREVE DO SERVIDOR
PÚBLICO, QUE, SEGUNDO O ARTIGO 37, VII, DA CF, DEVERIA SER
REGULAMENTADO POR LEI. COMO A LEI AINDA NÃO FOI FEITA, O STF,
DECIDINDO VÁRIOS MANDADOS DE INJUNÇÃO, MANDOU APLICAR A LEI DE
GREVE DO SERVIÇO PRIVADO.
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo; O HABEAS DATA TAMBÉM SERVE PARA A RETIFICAÇÃO
DE INFORMAÇÕES RELATIVAS À PESSOA DO IMPETRANTE.
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
CIDADÃO, EM VISTAS DA AÇÃO POPULAR, É O TITULAR DO DIREITO DE VOTAR
E/OU SER VOTADO. NOUTROS DIZERES, É O ELEITOR. *** O MP, A DEFENSORIA
PÚBLICA, E OUTRAS COLETIVIDADES, UTILIZAM, PARA A DEFESA DESTES E DE
OUTROS DIREITOS, A AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
(...)
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido
pela União e estruturado em carreira, destina-se a: (AS ATRIBUIÇÕES DA PF SÃO MAIS
AMPLAS QUE AS COMPETÊNCIAS DA JUSTIÇA FEDERAL. PORTANTO, A PF PODE
ATUAR INCLUSIVE PERANTE A JUSTIÇA ESTADUAL)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas,
assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional
e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
Constituição do Tocantins
*** FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA: foi criada por Decreto presidencial (Dec.
5289/04). O argumento para justificar a sua constitucionalidade é o de que trata-se
de “órgão de cooperação”, e não de “órgão público em sentido estrito” (se fosse
órgão público, só poderia ter sido criada por Lei). O MPF já ofertou pareceres em
sentido contrário ao formato de criação da Força Nacional. O TRF 1, porém, decidiu
pela constitucionalidade do Decreto.