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FALÊNCIA –ARTIGOS 75 ao 160 da LEI 11.101/05.

1. CONCEITO: é procedimento típico do direito empresarial, destinada a execução


concursal do devedor empresário ou da sociedade empresária. A falência é medida
aplicável em caso de crise financeira irrecuperável ou irreversível.
1.1 Natureza Jurídica – Instituto híbrido que conjuga normas de direito material e
processual.
1.2 Princípios da falência – art. 75, caput, e parágrafo único.
1.2.1 preservação da empresa – através da venda na modalidade de contrato de
trespasse
1.2.2 maximização de ativos – através da arrecadação dos bens para pagamento dos
créditos
1.2.3 celeridade e economia processual – quanto mais rápido o processo falimentar
se desenvolver melhor será para todos.

2. PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA
2.1 Pressuposto material subjetivo – devedor empresário – deverá comprovar a
regularidade da atividade empresária.
2.2 Pressuposto material objetivo – insolvência (jurídica ou presumida) do devedor
2.2.1 Insolvência que embasa o pedido de falência. Art.94:
2.2.2 I – Impontualidade injustificada de obrigação líquida materializada em
titulo(s) protestado cuja soma ultrapasse 40 salários-mínimos na data do
pedido de falência
2.2.3 II – Execução frustrada ou tríplice omissão: não paga, não deposita em juízo
e não nomeia bens à penhora
2.2.4 III – Pratica atos de falência descritos no art. 94, III alíneas “a a g” – que
demonstram a tentativa de frustrar o direito do credor.
2.3 Pressuposto formal – sentença declaratória da falência – natureza declaratória

3. SUJEITOS
3.1 PASSIVIO - Empresário individual ou sociedade empresária
3.2 NÃO PODEM SER SUJEITOS PASSIVOS – sociedades simples, devedores
civis, associação, fundação, partido político, organização religiosa, cooperativas,
profissionais liberais (em regra), empresas públicas e sociedades de economia
mista, instituição financeira pública ou privada, consórcio, previdência
complementar, sociedade operadora de plano de saúde, sociedade seguradora,
sociedades de capitalização e equiparadas.
3.3 ATIVO – O próprio devedor empresário, credores, sócio quotista ou acionista,
cônjuge sobrevivente, herdeiro ou inventariante do devedor do empresário
individual.
3.4 A FAZENDA PÚBLICA NÃO TEM LEGITIMIDADE ATIVA

4. FORO COMPETENTE
4.1 Juízo do principal estabelecimento – onde concentra as principais atividades,
onde mantém suas principais atividades e seu principal estabelecimento ou local
onde a atividade mantem centralizada.
4.2 Juízo da sede da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil

5. RECEBIMENTO DA INICIAL E CITAÇÃO DO DEVEDOR PARA:


5.1. Responder à ação no prazo de 10 dias – apresentando quaisquer defesas
previstas no art. 96 da LRF.
5.2. Pedir incidentalmente a recuperação judicial
5.3. Efetivar o depósito elisivo da falência no prazo de 10 dias (dívida corrigida e
acrescida de juros e honorários advocatícios).
6. DENEGAÇÃO DA FALÊNCIA
6.1. Improcedência do pedido de falência – acolhimento de alguma das defesas do
art.96 da LRF – sucumbência devida pelo autor/credor.
6.2. Acolhimento da realização regular e tempestiva do depósito elisivo –
sucumbência devida pelo réu/devedor.
6.3. Contra a sentença que denega a falência cabe apelação no prazo de 15 dias.
7. DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA – pedido julgado procedente e não realizado o
depósito elisivo – art. 99 da LRF.
7.1. Natureza jurídica da decisão- constitutiva - constitui o estado falimentar e
instaura o regime de execução concursal do patrimônio do devedor.
7.2. Efeitos da decretação – art. 99 incisos I a XII
7.3.Em relação à pessoa do devedor:
7.3.1. falência dos sócios de responsabilidade ilimitada.
7.3.2. Apuração de eventual responsabilidade pessoal dos sócios de
responsabilidade limitada (ação prescreve em 2 anos).
7.3.3. Inabilitação empresarial.
7.3.4. Perda do direito de administrar os bens e da disponibilidade sobre eles
(formação da massa falida).
7.3.5. Não pode ausentar-se do lugar da falência sem autorização judicial
7.3.6. Comparecimento a todos os atos da falência.
7.3.7. Suspensão do direito ao sigilo à correspondência e ao exercício livre
da profissão.
7.3.8. Dever de colaboração com a administração da falência
7.4. Em relação aos bens do devedor.
7.4.1. Formação da massa falida objetiva (arrecadação de todos os bens do
devedor, exceto os absolutamente impenhoráveis).
7.5.Em relação às obrigações do devedor
7.5.1. Suspensão do exercício do direito de retenção (sobre os bens sujeitos
à arrecadação), de retirada ou recebimento do valor de quotas ou ações
por parte dos sócios de sociedade falida.
7.5.2. Vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios da
sociedade ilimitada e solidariamente responsáveis (com abatimento
proporcional dos juros e conversão de todos os créditos em moeda
estrangeira para a moeda do país).
7.5.3. Limitação à compensação de dívidas do devedor até o dia da
decretação da falência.
7.5.4. Inexigibilidade de juros vencidos, previstos em lei ou em contratos, se
ativos o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores
subordinados.
7.5.5. Continuidade dos contratos que puderem ser cumpridos e que possam
reduzir ou evitar o aumento do passivo.
7.6.Em relação aos credores do falido:
7.6.1. Formação da massa falida subjetiva (procedimento de verificação e
habilitação dos créditos).
7.6.2. 5 dias para o devedor indicar os credores
7.6.3. 15 dias para eventuais interessados se habilitarem
7.6.4. 45 dias para o administrador judicial publicar a lista de credores
7.6.5. 10 dias para apresentação de impugnações a lista apresentada
7.6.6. Juiz homologará a lista dos bens
7.7. Fixação do termo legal da falência. Art. 99, II, da LRF - fixará o termo legal
da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do
pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1º (primeiro) protesto
por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que
tenham sido cancelados;
7.7.1. Os atos objetivamente ineficazes serão assim decretados de
ofício, porque praticados dentro do prazo do termo da falência (90
dias).
7.7.2. Os atos subjetivamente ineficazes são aqueles praticados antes
os depois do termo legal da falência (90 dias), somente serão
declarados ineficazes se comprovada a intenção de prejudicar o credor,
o concluiu fraudulento ou o real prejuízo à massa falida.
7.7.3. Caberá ação revocatória para anulação dos atos subjetivamente
fraudulentos, no prazo de 3 anos da sentença de decretação de falência,
ajuizada pelo administrador judicial, credor prejudicado ou ministério
público.
7.8. ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta
às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o
devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
7.9. Contra a decisão que decreta a falência cabe agravo de instrumento no
prazo de 10 dias.
8. ORDEM LEGAL DE PREFERENCIA DE VENDA DOS BENS DO
FALÍDO.
8.1. Trespasse do estabelecimento comercial – o alienante fica
solidariamente responsável pelas dívidas vencidas (a contar da
publicação do trespasse) se a dívida for vincenda (será responsável por
um ano a contar do vencimento de cada dívida.
8.2. Venda isolada de filiais e unidades produtoras.
8.3. Venda em bloco dos bens
8.4. Venda individual dos bens (última medida, porque mais gravosa)
8.5.Os bens serão vendidos: 1 - leilão – lances orais, 2 - propostas
fechadas e 3 – Pregão eletrônico ou presencial.
8.6. É possível a adjudicação dos bens pelo credor e ou a venda
antecipada dos bens, desde que por decisão fundamentada (art. 144)
para evitar o perecimento, desvalorização ou deterioração, ouvido
sempre o Ministério Público.

9.PAGAMENTO DOS CREDORES – preferência da ordem de


pagamento segundo a natureza do crédito e a data de sua constituição.
9.1. Créditos trabalhistas estritamente salariais dos três meses
anteriores a data da decretação da falência, limitado a cinco salários
por empregado.
9.2. Créditos extraconcursais – dividas que originadas depois da
sentença que decretou a falência – art. 84 da LRF.
9.3. Créditos concursais – realizados segundo a ordem do art.83 da
LRF.
9.3.1. créditos trabalhistas limitados a 150 salários mínimos e os
decorrentes de indenização por acidente de trabalho.
9.3.2. créditos com garantia real até o limite do valor do bem
gravado.
9.3.3. créditos fiscais, exceto as multas tributárias que ficam em
sétimo lugar, abaixo dos quirografários.
9.3.4. Créditos com privilégio especial.
9.3.5. Créditos com privilégio geral
9.3.6. Créditos quirografários: não previstos nas hipóteses
anteriores, saldos não coberto com o produto da alienação dos bens
vinculados ao seu pagamento e os saldos dos créditos derivados da
legislação do trabalho que excederem o limite de 150 salários.
9.3.7. Multas e penas pecuniárias por infrações das leis penais ou
administrativas.
9.3.8. Créditos subordinados – aqueles assim previstos em lei ou
contrato e os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo
empregatício.

10. ENCERRAMENTO DO PROCESSO FALIMENTAR


10.1. Feitos os pagamentos dos credores, o administrados judicial
apresentará ao juízo as contas e os documento que às instruem no prazo
de 30 dias.
10.2. O juiz abrirá o prazo de 10 dias para os interessados
apresentarem eventuais irresignações.
10.3. O Ministério Público será ouvido em 5 dias.
10.4. havendo impugnação o administrador judicial e o MP serão
novamente ouvidos.
10.5. Se forem rejeitadas as contas, o juiz fixará as
responsabilidades do administrador, poderá decretar a
indisponibilidade ou sequestro de seus bens, servindo a sentença como
título executivo para indenização da massa e em face dela cabe recurso
de apelação.
10.5. Julgadas as contas o administrador apresentará relatório final
no prazo de 10 dias, indicando o ativo, passivo, contas pagas, as
responsabilidades do falido que ainda permanecerão.
10.7. Apresentado o relatório final, o juiz encerrará por sentença o
processo falimentar, contra a qual cabe o recurso de apelação no prazo
de 15 dias. Após dois anos ainda permanecem as responsabilidades do
administrador judicial. Encerrado o processo falimentar, voltam a
correr a prescrição e as ações a partir do trânsito em julgado da
sentença que encerrou a falência.
11. ENCERRAMENTO DAS OBRIGAÇÕES DO FALIDO – art. 158 da LRF
11.1. Pagamento de todos os credores.
11.2. Paramento de pelo menos 50% dos créditos quirografários
sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para
atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral
liquidação do ativo.
11.3. Pelo decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do
encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por
prática de crime falimentar.
11.4. Pelo decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do
encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por
prática de crime falimentar.
11.5 Verificadas uma das hipóteses o devedor peticionará em autos
apartados ao juízo falimentar a prolação de sentença que declare
extinta as suas obrigações, a qual será publicada em órgão oficial e
em jornal de grande circulação
11.6. Qualquer credor poderá se opor ao pedido no prazo de 30
dias.
11.7. o juiz proferirá sentença em 5 dias, contra qual caberá recurso
de apelação em 15 dias.
11.8. transitada em julgado a sentença que extingue as obrigações
do falido, os autos do requerimento serão apensados aos processo
falimentar.
11.9. havendo sócio com responsabilidade ilimitada, uma vez
verificada a prescrição ou extintas as obrigações, ele também
poderá requer que seja declarada por sentença a extinção de suas
obrigações.

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