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TFSATORES
ARNI ROS
RATAMENTO
ASSOCIADOS
ETDE AL . de
CRIANÇAS Revisão
À INTERRUPÇÃO
DESNUTRIDAS
DE TRATAMENTO ANTI-RETROVIRAL
HOSPITALIZADAS
RESUMO
Fibrose sistêmica nefrogênica (FSN), também conhecida como dermopatia fibrosante nefrogênica
(DFN), é uma condição que ocorre apenas em pacientes com disfunção renal. Além das lesões
cutâneas, esta síndrome inclui fibrose de músculo esquelético, articulações, fígado, pulmão e coração
e pode ser fatal. Esta doença foi primeiramente descrita em 1997 e vários estudos descrevem a relação
etiológica da FSN com a exposição a agentes de contraste contendo gadolínio, usado em exames de
ressonância magnética. Esta revisão tem como objetivo alertar médicos clínicos e nefrologistas sobre
essa nova patologia que acomete pacientes com alteração da função renal, demonstrando aspectos
demográficos e epidemiológicos, apresentação clínica, diagnóstico e prognóstico além das opções de
prevenção e terapêuticas atuais. Concluímos que todo paciente apresentando creatinina sérica
elevada deve ter sua função renal (clearance de creatinina) estimada, visando a segurança na
*Correspondência: realização da ressonância magnética.
Rua Barata Ribeiro,
número 360, apto 1007
CEP: 01308-000 KEY WORDS: Fibrose sistêmica nefrogênica. Dermopatia fibrosante sistêmica. Gadolínio. Fibrose.
Bela Vista - São Paulo - SP Insuficiência renal.
1. Residência de Clínica Médica no Hospital Municipal de São José dos Campos -SP - Residência Médica de Nefrologia na Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
2. Residência Médica de Nefrologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Médica Preceptora da Residência Médica de Nefrologia na
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
3. Professor Livre-docente da Nefrologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Médico Assistente da Unidade de Hemodiálise do Hospital
das Clínicas da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
4. Doutora em Nefrologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Médica assistente da unidade de hemodiálise do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
5. Professor Livre-docente da Nefrologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Chefe da Unidade de Hemodiálise do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
pacientes eram adultos, mas crianças podem ser afetadas10. Tabela 1 - Agentes de contraste contendo gadolínio liberados pelo FDA
Não há predileção pelo gênero, raça ou idade, etiologia ou
Formulação do Gadolínio Osmolaridade Carga Estrutura
duração da insuficiência renal11-14. Entretanto, pacientes sub-
mOsm/kg) molecular
metidos à diálise peritoneal, comparados à hemodiálise, pare-
cem apresentar maior risco15. Gadopentetate dimeglumine 1960 iônico linear
Gadodiamide 650 não iônico linear
A relação entre o tempo do início da diálise e o diagnóstico
Gadoteridol 630 não iônico cíclico
de FSN variou de 2 meses a 15 anos, segundo uma série de 10
Gadobenate dimeglumine 1970 iônico cíclico
casos16. Já outras séries relataram que o tempo médio da Gadoversetamide 1110 não iônico linear
exposição ao gadolínio até o aparecimento de evidências clíni-
cas de FSN foi de 25 dias (variando de 2 a 75 dias) 17,18.
tes controles em hemodiálise25, em que os pacientes com FSN Figura 1 - Espessamento do antebraço comprometendo até as
receberam dose média de EPO significativamente maiores que mãos e provocando limitação funcional com flexão patológica
o grupo controle (427 U/kg versus 198 U/kg por semana). A do punho e a perna com lesão em faixa
FSN melhorou em alguns pacientes que pararam ou diminuíram
a dose de EPO. Entretanto, não está claro se este efeito ocorreu
pela redução da terapia ou recuperação da função renal. Há
necessidade de mais estudos para comprovar se há alguma
associação entre EPO e FSN.
Como outra teoria, o efeito estimulante para a FSN pode ser
o depósito tecidual de uma toxina, como o gadolínio. O Gd3 é
pouco solúvel, altamente tóxico e pode se precipitar com outros
ânions, geralmente aumentados na insuficiência renal,
dissociando-se dos quelantes,15,21,24-27 levando ao processo já
descrito anteriormente.
renal, a não ser em pacientes com insuficiência renal aguda 12. Daram SR, Cortese CM, Bastani B. Nephrogenic fibrosing dermopathy/
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com recuperação da função renal. Embora não provado, paci-
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RESUMO:
A demanda por exames que utilizam contrastes radiográficos iodados vem aumentando ao
longo dos últimos anos. O uso dessa substância apresenta riscos e um deles é o
desenvolvimento de Nefropatia Induzida por Contraste (NIC), uma complicação tardia que
pode ser definida como uma perda da função renal após a administração de meios de contraste
iodados. Antes de realizar o procedimento é necessário avaliar o risco para o desenvolvimento
de NIC e adotar medidas de prevenção. Estas são baseadas na correção dos fatores que levam
ao desenvolvimento de NIC: escolha de meio de contraste de menor nefrotoxidade, redução
do volume de contraste, melhora do estado clínico do paciente com hidratação, suspensão do
uso de drogas nefrotóxicas antes do procedimento e hemofiltração. Com a presente revisão de
literatura tem-se por objetivo descrever as propriedades de interesse clínico do contraste
iodado, os ricos associados ao uso destas substâncias e a fisiopatologia da NIC, abordando,
principalmente, os fatores de risco e medidas de proteção. O estudo do uso de medicamentos
com a função de prevenção a NIC possui resultados conflitantes, portanto, ainda não há uma
droga que possa ser utilizada com segurança para esta finalidade. Não existe tratamento
específico para NIC, porém em casos severos de insuficiência renal devido a NIC pode ser
necessária a terapia substitutiva da função renal, através de diálise.
Contraste iodado
O contraste iodado é um composto radiopaco e hidrossolúvel. A sua função como
realçador de estruturas anatômicas é absorver ou atenuar a radiação ionizante, produzindo
uma densidade radiográfica diferente na imagem da estrutura ou órgão radiografado. Essa
caraterística de radiopacidade é conferida pela alta massa atômica das substâncias presentes
na solução e por essa mesma característica, denomina-se o contraste iodado como contraste
positivo (PATRÍCIO et al, 2010; TOYODA, 2012).
Em sua estrutura básica, o contraste iodado é formado por um anel benzênico, ao qual
são agregados átomos de iodo e outros grupamentos, essa configuração influência diretamente
na sua toxidade e excreção (JUCHEM, 2005).
Conforme sua composição química o contraste iodado possui três propriedade físico –
químicas de relevância clínica: osmolalidade, tipo de dissociação em solução e viscosidade.
Com base nas duas primeiras propriedades podemos classificar os contrastes iodados
(JUCHEM, 2005).
Osmolalidade
A osmolalidade é definida pelo número de partículas por unidade de massa. É expressa
em miliosmol por quilograma de água (mOsm/kg). Representa o poder osmótico que a
solução exerce sobre as moléculas de água e geralmente é influenciada pela concentração,
peso molecular, efeitos de associação/dissociação e hidratação da substância química utilizada
(JUCHEM, 2005; TOYODA, 2012). Os contrastes iodados podem ser classificados quanto a
osmolalidade em: alta osmolalidade, baixa osmolalidade e isoosmolar.
Dissociação em solução
Com relação ao tipo de dissociação em solução, o meio de contraste pode ser iônico ou
não iônico. O contraste iônico é aquele que, quando em solução, dissocia-se em íons, ou seja,
partículas com carga elétrica positiva, chamadas cátions, e partículas com carga negativa,
denominadas ânions. O contraste não iônico é aquele que não libera íons quando em solução
(JUCHEM, 2005; KRAMER et al., 2008).
Os contrastes de primeira geração são iônicos, já os de segunda geração podem ser
iônicos ou não iônicos e os isoosmolales são exclusivamente não iônicos (JUCHEM,
2005).Os contrastes iodados não iônicos também são os que apresentam menor
quimiotoxidade, portanto, possuem menor probabilidade de desencadear efeito adversos.
Viscosidade
A viscosidade de uma sustância é a resistência ao fluxo da solução, expressada em
milipascal por segundo (mPa/s). É aumentada em baixas temperaturas e alta concentrações
(JUCHEM, 2005; TOYODA, 2012).
Quanto maior a viscosidade menor será a velocidade de injeção do meio de contraste e
maior será a dificuldade para essa sustância ser absorvida pelos fluídos corporais. O
aquecimento do contraste à temperatura corporal diminui a viscosidade facilitando a injeção,
proporcionando menor desconforto ao paciente e aumentando a tolerabilidade à substância
radiopaca (JUCHEM, 2005; SILVA 2000).
Fatores de risco
A NIC é umas das principais causas de insuficiência renal aguda entre pacientes
hospitalizados e sua incidência pode variar desde menos de 1% em indivíduos sadios até mais
de 50% em grupos com múltiplos fatores de risco (GOMES, 2009). Devido a esta alta
incidência em grupos de risco, torna-se de suma importância definir claramente os fatores de
risco, para nortear as ações de prevenção a NIC.
“Os dois principais fatores de risco para o desenvolvimento de NIC, são a função renal
prévia e diabetes mellitus” (GOMES, 2009). Num estudo com 40pacientes internados numa
unidade hospitalar, realizado por Proença em 2011, o autor concluiu que a ocorrência de NIC
foi maior em pacientes com comprometimento da função cardíaca e renal ou portadores de
diabetes mellitus.
Além deste, outros fatores de risco para NIC são: insuficiência cardíaca congestiva,
dose e osmolalidade do meio de contraste, desidratação, mieloma múltiplo e administração
concomitante de droga nefrotóxicas, como anti-inflamatórios não-hormonais e amino
glicosídeos e, possivelmente, a prescrição aguda de inibidores da enzima conversora do
angiotensinogênio (ULTRAMARI et. al., 2006). Para Gomes (2009) a associação do uso de
drogas nefrotóxicas e NIC e possui poucas evidências na literatura. A maioria destes fatores
de risco também são citados por Bressel (2008) e Selistre (2009).
Antes de realizar o exame com o auxílio do contraste iodado é necessário avaliar a
função renal do paciente, principalmente, os que possuem nefropatia crônica, diabetes
mellitus e insuficiência cardíaca, normalmente solicita-se um exame laboratorial de creatinina
sérica. “A creatinina sérica é o principal marcador empregado clinicamente para o diagnóstico
da NIC” (GOMES, 2009, pg 13).
Quanto maior o nível de creatinina prévia maior o risco para desenvolvimento de NIC.
Sugere-se que, para valores da creatinina ≤ 1,2 mg/dL, o risco de NIC é de 2%; para valores
da creatinina entre 1,4mg/d e 1.9mg/dL, o risco de NIC sobe para cerca de 10%; e, para
pacientes com creatinina basal ≥ 2,2mg/dL o risco é de 62% (PROENÇA, 2011; ROUSSEFF,
2010).
Selistre (2009) considera o risco para nefrotoxidade aumentado progressivamente para
níveis de creatinina ≥ 1,5mg/dL. Já para outros autores, Bressel (2008) e Gomes (2009), o
risco é aumentado em pacientes com taxa de filtração glomerular, ou clearance de creatinina,
< 60ml/min e cuidados especiais devem ser tomados nesses casos.
O volume de contraste correlaciona-se com o risco para NIC (BRESSEL, 2008;
GOMES, 2009; ROUSSEFF, 2010; ULTRAMARI et. al., 2006). “Em uma série de pacientes
submetido à angiografia coronariana, cada 100 mL de contraste administrado foi associado
com um aumento de 12% no risco da NIC” (ROUSSEFF, 2010, pg 36).
Antes de fazer o exame, normalmente, realiza-se uma entrevista com o paciente ou
acompanhante para verificar possíveis reações alérgicas prévias e uso de medicamentos, caso
o paciente faça uso de alguma droga nefrotóxica a situação deve ser avaliada e, se possível a
medicação deve ser suspensa.
Hidratação
A hidratação por 24h, iniciada 12h antes do procedimento é umas das medidas mais
eficazes na prevenção da NIC (GOMES, 2009; KRAMER et. al., 2008; SELISTRE, 2009;
ULTRAMARI et. al., 2006).
O melhor regime de hidratação é através da infusão de solução salina isotônica
(cloreto de sódio a 0,9%) em relação à solução hipotônica (cloreto de sódio 0,45% + glicose
5%) (GOMES, 2009; KRAMER et. al., 2008; ULTRAMARI et. al., 2006).
Um estudo comparou a utilização de bicarbonato de sódio e cloreto de sódio, o
bicarbonato de sódio foi mais eficaz em reduzir a incidência de NIC (GOMES, 2009;
SELISTRE, 2009; ULTRAMARI et. al., 2006). Entretanto, estudos posteriores não forma
unânimes em confirmar este achado, de três estudos dois demonstraram superioridade do
bicarbonato e em um o este não foi mais eficaz que o cloreto de sódio (GOMES, 2009).
Em pacientes ambulatoriais a hidratação oral também pode ser realizada, associada a
hidratação endovenosa no inicio do procedimento produzindo efeitos semelhantes ao do
regime de hidratação com solução hipotônica (GOMES, 2009; KRAMER et. al., 2008).
Fármacos
Várias drogas que possuem potencial para prevenção de NIC já foram estudadas,
dentre elas podemos citar: diuréticos, bloqueadores dos canais de cálcio, teofilina, dopamina,
peptídeo atrial natriurético, Fenoldopan, inibidor da enzima conversora de angiotensina
(ECA), N-acetilcisteína, probucol, prostaglandina e antagonistas da endotelina. Nenhuma
delas, no entanto, apresenta evidências suficientes de benefício, portanto, não devem ser
indicadas com esta finalidade (KRAMER et. Al., 2008).
Uma situação que inspira cuidado envolvendo a interação medicamentosa com o meio
de contraste diz respeito a drogas com excreção basicamente renal, caso ocorra um episódio
de insuficiência renal aguda a concentração dessa substância aumenta e possivelmente
ocorrerão efeitos adversos. Como exemplo, podemos citar a metformina, o aumento na
concentração dessa substância devido a perda da função renal pode levar a complicações
potencialmente graves, como a acidose lática (PROENÇA, 2011). Entretanto, ainda segundo
Proença (2011), não existem estudos que sustente esta hipótese.
Em relação a fármacos ainda deve ser da atenção ao uso de drogas nefrotóxicas que
podem agravar ou potencializar a NIC, como os anti-inflamatórios não-esteróides.
Hemofiltração
Em estudo com pacientes de alto risco para NIC, creatinina sérica > 2mg/dL, a
comparação entre hidratação com solução salina isotônica e hemofiltração o resultado foi
favorável a hemofiltração. No grupo da hemofiltração apenas 5% dos pacientes tiveram perda
da função renal, enquanto no grupo da solução salina esse índice alcançou 50% (GOMES,
2009; SELISTRE, 2009; ULTRAMARI et. al., 2006).
“É importante lembrar que a hemofiltração é um procedimento invasivo e de alto custo. Sua
relação custo-benefício ainda não foi determinada, porém pode ser adequada nos pacientes de
risco elevado” (ULTRAMARI et. al., 2006).
Considerações finais
A importância clínica da Nefropatia Induzida por Contraste faz com que seja
necessário a continuidade dos estudos sobre esta complicação, com objetivo de ampliar os
conhecimentos sobre a fisiopatologia da NIC, aumentar a precisão da determinação do risco
envolvido e também para melhorar as medidas de prevenção.
Quanto a determinação do risco, conclui-se que a taxa de filtração glomerular deve ser
mais eficaz para avaliar o risco para NIC, do que os níveis de absolutos de creatinina. Sugere-
se que o clearence de creatinina seja calculado para paciente cujos níveis de creatinina sérica
estejam acima de 1,4 mg/dL, ou seja, talvez seja melhor uma união das duas teorias abordadas
nesta revisão.
Atualmente, as melhores e mais viáveis medidas de prevenção a ocorrência de NIC
são a utilização de contraste de baixa osmolalidade ou isoosmolales, diminuição e limitação
das doses de contraste iodado, hidratação por 24h, iniciada 12h antes do procedimento e
suspensão do uso de drogas nefrotóxicas antes da administração do meio de contraste. O uso
de fármacos com o objetivo de prevenção a NIC ainda não é recomendado, pois todas as
drogas pesquisadas demonstraram resultados conflitantes.
Nenhuma das bibliografias pesquisadas mencionou estudos com objetivo de
melhorar ou descobrir novas formas de intervenção para tratamento da NIC, este pode ser um
bom assunto para novas pesquisas.
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Artigo de Revisão
Segurança do paciente em serviços de tomografia computadorizada:
uma revisão integrativa
Késsya Dantas Diniz1, Isabelle Katherinne Fernandes Costa2, Richardson Augusto Rosendo da Silva3
1
Enfermeira, Mestre em Enfermagem. RESUMO
Discente do Programa de Pós-Graduação
em Enfermagem, nível Doutorado, da Objetivou-se identificar os elementos essenciais para oferecer uma
Universidade Federal do Rio Grande do
assistência segura aos pacientes submetidos ao exame de tomografia
Norte. Natal, RN, Brasil. E-mail:
kessyadantas@yahoo.com.br. computadorizada. Revisão integrativa da literatura nas bases de dados
2
Enfermeira, Doutora em Enfermagem.
Professora Adjunta da Universidade Medline, SCOPUS, Web of Science e CINAHL, norteada pela questão:
Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN,
Brasil. E-mail: isabellekfc@yahoo.com.br.
quais são os elementos essenciais para oferecer uma assistência
3
Enfermeiro, Doutor em Ciências da segura ao paciente submetido ao exame de tomografia
Saúde. Professor Adjunto da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN, computadorizada? Selecionou-se 23 artigos, dos quais 50% abordaram
Brasil. E-mail: rirosendo@hotmail.com.
a otimização, monitoramento, qualidade e proteção em relação às
doses de exposição à radiação; 25% enfocaram o contraste utilizado
Recebido: 30/05/2015.
na tomografia; e 25% os cuidados de enfermagem e gestão de casos
Aceito: 29/06/2016.
Publicado: 21/12/2016. específicos. As evidências para a assistência segura ao paciente
submetido à tomografia computadorizada apontam para a
Como citar esse artigo:
necessidade de, minimizar a realização de exames desnecessários e
Diniz KD, Costa IKF, Silva RAR. Segurança consequente exposição à radiação, garantir a proteção radiológica,
do paciente em serviços de tomografia
computadorizada: uma revisão integrativa. disponibilizar atendimento adequado nas reações adversas, recursos
Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2016 [acesso em:
__/__/__];18:e1189. Disponível em: humanos qualificados e indicadores de qualidade de assistência
http://dx.doi.org/10.5216/ree.v18.35312.
confiáveis.
Descritores: Diagnóstico por Imagem; Segurança do Paciente;
Tomografia.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento da ciência e o crescente emprego das tecnologias duras na área da saúde, com a
utilização de aparelhos modernos, complexos e sofisticados que possibilitam exames de imagens de alta
definição para o diagnóstico e tratamento de enfermidades, têm permitido o diagnóstico precoce e o
tratamento de doenças, contribuindo para a melhora das condições de vida e saúde da população(1-3).
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Diniz KD, Costa IKF, Silva RAR. 2
Esse avanço tecnológico vem sendo acompanhado por mudanças de paradigmas na atenção à saúde,
apontando para a necessidade de segurança e redução de riscos ao paciente, estabelecimento e utilização
de indicadores de avaliação da qualidade da assistência, implementação de protocolos assistenciais,
prevenção e análise de ocorrência de eventos adversos, embasados em evidências científicas(4-6).
A segurança do paciente é um componente crítico da melhoria da qualidade do cuidado da saúde em
todo o mundo, visto que constitui globalmente um grave problema de saúde pública. Estimativas de países
desenvolvidos indicam que pelo menos um em cada dez pacientes que recebem cuidados assistenciais
hospitalares sofrem danos, denominados eventos adversos. As consequências desses eventos podem ser
graves ou fatais, e extremamente dispendiosas para suas vítimas e para os sistemas de cuidados de saúde(7-
9)
.
Por consequência, cresce o reconhecimento de profissionais e gestores da saúde sobre a importância
da promoção de uma cultura de segurança que envolva os profissionais de saúde e a organização como um
todo. Nesse contexto, a segurança do paciente é um importante indicador da qualidade dos serviços
prestados(10-11).
Nos Centros de Diagnósticos por Imagem (CDI), os profissionais devem ser capacitados para atender
as necessidades dos pacientes em cada modalidade de exames diagnóstico, como no setor de Tomografia
Computadorizada (TC)(3). A realização dos exames com qualidade, minimizando custos e reduzindo a
quantidade de radiação ao paciente, ao profissional e ao meio ambiente, requer um esforço organizado com
o objetivo de assegurar que as imagens diagnósticas produzidas tenham qualidade para fornecer
informações adequadas para o diagnóstico seguro(4).
Dessa forma, ao direcionar o olhar aos serviços de TC, os profissionais possuem um importante papel
na prevenção, detecção e tratamento dos eventos adversos que podem ser causados pelo uso de contraste
iodado, bem como no fornecimento de informações necessárias para a adequada realização do exame e o
consequente diagnóstico seguro(3).
A justificativa para a realização do presente estudo se baseia na carência de pesquisas que reúnam
elementos essenciais para oferecer uma assistência segura aos pacientes submetidos à TC, havendo a
necessidade de buscar evidências na literatura nacional e internacional sobre o tema, visando qualificar a
assistência de enfermagem no intuito de garantir ao paciente a realização desse exame de forma mais segura.
Ademais, a literatura revela lacunas relacionadas à escassez de pesquisas como revisões
sistemáticas, meta-análises, ensaios clínicos e ensaios clínicos randomizados bem delineados, que
proporcionem níveis de evidências fortes sobre os subsídios essenciais para oferecer uma assistência segura
aos pacientes submetidos à tomografia computadorizada, bem como o impacto da qualidade e segurança da
assistência prestada a essa clientela.
Além disso, esse estudo é relevante por trazer informações acerca da promoção da segurança de
pacientes no CDI, onde se observa o aumento da realização de exames de imagem, devido a crescente
evolução dos recursos diagnósticos e pelo seu alto poder de acurácia(5-7,9-11). Assim, se trata de um novo
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espaço para a gestão do risco, gerenciamento do processo de cuidar, investigação e ensino em saúde. Nesse
sentido, pesquisas devem ser cada vez mais desenvolvidas, a fim de se produzir conhecimentos que
promovam a sustentabilidade de uma cultura de segurança positiva no âmbito das organizações de saúde(10-
13)
.
Desse modo, este estudo teve como objetivo identificar os elementos essenciais para oferecer uma
assistência segura aos pacientes submetidos ao exame de tomografia computadorizada, a partir de
evidências da literatura.
MÉTODOS
Revisão integrativa da literatura, a qual permite a busca, a avaliação crítica e a síntese de múltiplos
estudos publicados, possibilitando conclusões relacionadas a uma determinada área de estudo(14).
Para a operacionalização desse estudo foram percorridas as seguintes etapas: elaboração da questão
de pesquisa, definição do objetivo, determinação dos critérios de inclusão e exclusão das publicações,
definição das informações a serem coletadas dos estudos selecionados, análise, interpretação e síntese dos
resultados da revisão(14).
Como forma de direcionar esta revisão, foi utilizada a seguinte questão norteadora: Quais são os
elementos essenciais para se oferecer uma assistência segura aos pacientes submetidos ao exame de
tomografia computadorizada?
O levantamento das publicações ocorreu no período de outubro e novembro de 2015 nas referidas
bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), SCOPUS, Web of Sciense,
Cumulative Index to Nursing Allied Health Literature (CINAHL), não sendo estabelecidos limites quanto ao
ano de publicação.
A busca foi realizada em pares, e na ordem em que essas bases de dados aparecem descritas, de forma
que as publicações que se encontravam indexadas em mais de uma, foram selecionadas na primeira busca.
Para o refinamento dos artigos estabeleceram-se como critérios de inclusão: artigos que abordassem
a segurança do paciente na realização de exames por imagem, mais especificamente tomografia
computadorizada; disponíveis na íntegra, nas bases de dados supracitadas referentes à população adulta,
sem distinção de idioma. Foram excluídos artigos publicados em formato de editorial.
Para a busca foram utilizados os descritores controlados em ciências da saúde (DeCS): Diagnóstico por
Imagem; Segurança do paciente; Tomografia e os descritores controlados do vocabulário Medical Subject
Heading (MeSH), na língua inglesa: Diagnostic Imaging; Patient safety; Tomography. O cruzamento desses
descritores ocorreu por meio do operador booleano AND em todas as bases de dados, na ordem a cima
citada, da seguinte maneira: Tomography AND Patient safety; Diagnostic Imaging AND Patient safety;
Diagnostic Imaging AND tomography AND Patient safety.
Os cruzamentos permitiram a obtenção de um total de 14852 artigos, sendo 7620 na SCOPUS, 816 na
Medline, 6045 na Web of Science, 371 na CINAHL. A seguir, será apresentada uma figura (1) com o panorama
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Figura 1: Diagrama de fluxo da seleção e inclusão dos artigos na revisão integrativa de literatura.
As publicações encontradas foram pré-selecionadas a partir da leitura dos títulos e resumos. Após a
leitura na íntegra e análise dos artigos previamente selecionados, obedecendo aos critérios de inclusão,
obteve-se uma amostra final de 23 artigos.
Para a extração de dados dos artigos incluídos na revisão integrativa, utilizou-se um instrumento
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Quadro 1: Síntese dos artigos da categoria Otimização, monitoramento, qualidade e proteção em relação às doses de exposição à radiação. Natal, RN, Brasil, 2015.
Autor/periódico/ano/nível de evidência Objetivo do estudo Método da pesquisa Síntese da evidência do artigo
Quantificar os riscos da radiação, desenvolver padrões e diretrizes
Reiner BI, American College of Manter a qualidade da imagem incluindo questões relativas
baseadas nas "melhores práticas" de radiação e desenvolver novas Estudo de coorte.
Radiology/2009/IV à segurança do paciente.
tecnologias para minimizar as doses de radiação.
Avaliar esforços de protocolos de otimização de radiação para
MacGregor K, Li I, Dowdell T, Gray BG/ tomografia computadorizada (TC) e determinar os níveis de dose Estudo retrospectivo
Redução e rastreamento de dose de radiação.
Radiology/2015/IV de radiação usando software de monitoramento de índice de dose observacional.
de radiação automatizado.
Gervaisea A; Esperabe-Vignaub F.; Pernina Avaliar o conhecimento dos médicos que prescrevem exames de Aperfeiçoamento do conhecimento sobre proteção de
Estudo de coorte
M et al./ Journal de Radiology/2011/IV TC sobre a protecção contra as radiações dos pacientes. radiação.
Associar a radiação ionizante com os riscos devido aos efeitos
Holmberg O; Malone J; Rehani M et al/
indeterminados e considerar a protecção dos doentes de perigos Estudos de coorte Desenvolvimento de novas tecnologias visando a segurança.
European Journal of Radiology/ 2010/IV
potenciais.
Avaliar a eficácia de uma comissão multidisciplinar para estimar Protocolos de redução de dose de radiação do paciente,
Siegelman JRPW; Gress DA/ Journal of Estudo de caso-
dose e custos da realização de uma TC e descrever uma iniciativa melhoram a qualidade da assistência ao paciente,
American College Radiology/ 2013/IV controle
de melhoria da qualidade da radiação. desenvolvem uma cultura de segurança e diminuem custos.
Revisão sistemática Individualizar tomografias de acordo com as características
Fletcher JG; Kofler JM; Coburn, JA et al./ Refletir sobre a conscientização e comunicação sobre as questões
de estudos do paciente e a indicação de diagnóstico sem comprometer
Abdominal Imaging Journaul/ 2013/V relacionadas com a dose de radiação.
descritivos um diagnóstico preciso.
Estratégias de gestão devem ser desenvolvidas para reduzir
Tsivian M; Abern MR; Yoo JJ et al./ Journal Quantificar a dose eficaz associada a CT e determinar como fatores Estudo retrospectivo
a exposição à radiação ionizante.
of Endourology/2013/IV dos pacientes afectam a exposição à radiação. observacional.
Monitoramento, registro e comunicação de dose cumulativa
Talati RK; Dunkin J; Parikhb S; Moore WH/ Descrever os componentes do núcleo de uma estratégia de Revisão sistemática
para os pacientes e profissionais resulta em maior
Journal of American College Radiology/ monitoramento da dose universal e detalhes das plataformas de estudos
fidelidade do paciente, satisfação dos médicos e
2013/V comerciais disponíveis. descritivos
oportunidade para novos negócios.
Raman SP; Mahesh M; Blasko, RV et al/ Entender melhor a tecnologia é essencial para a produção
Estudo de Caso
Journal of American College Radiology/ Orientar radiologistas para reduzir a dose de radiação do paciente. de imagens de diagnóstico em doses mais baixas e uma
controle
2013/IV imagem segura.
Revisão sistemática
Birnbaum, S./ Seminars Ultrasound CT Minimizar a dose de radiação para pacientes que realizam Os profissionais devem ter uma força política, social e
de estudos
MRI/2010/V tomografia computadorizada. econômica para gerir redução de dose.
descritivos
Compreensão do papel dos fatores de nível social em
Qiao, Y.; Wang N.; Chen, R. et al / Proporcionar novas evidências para o estabelecimento de uma
Estudo coorte proteção radiológica. lacuna entre a consciência e o
American College of Radiology/ 2014/ IV política de proteção radiológica para os pacientes.
comportamento de segurança de radiação.
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Quadro 3: Síntese dos artigos da Categoria Cuidados de Enfermagem e gestão de casos especiais. Natal, RN, Brasil, 2015.
Autor/periódico/ano/nível de evidência Objetivo do estudo Método da pesquisa Síntese da evidência do artigo
Avaliar a segurança de tomografia computadorizada (TC) em Não houve mudança na voltagem da bateria ou
Hussein AA; Abutaleb A; Jeudy, J et al./ Journal of
pacientes com equipamentos de gerenciamento do ritmo Estudo de coorte parâmetros dos dispositivos de gerenciamento do ritmo
the American College of Cardiology/2014/IV
cardíaco. cardíaco expostos à radiação.
Rever as atuais recomendações baseadas em evidências para
Revisão sistemática Para manter um alto nível de segurança em pacientes
Litmanovich DE; Tack D; Lee KS et al/ Journaul temas de radiologia a pacientes grávidas e lactantes; fornecer
de estudos grávidas, a radiação de imagem deve ser aplicada em
Thoracic Imaging/ 2014/V algoritmos práticos para minimizar o risco e aumentar a
descritivos níveis tão baixos quanto possível.
segurança tanto para a gestante e para o feto.
O posicionamento adequado do paciente deve ser
Miguel C; Barros F S; Tilly JGJ; Fontoura LD; Sowek Fornecer um subsídio sobre os elementos essenciais de Revisão sistemática
incluído na orientação dos enfermeiros que trabalham
LF; Saskoski GVR/ Colégio Brasileiro de Radiologia posicionamento do paciente para procedimentos de de estudos
com radiologia, porque a segurança do paciente é o
e diagnóstico por imagem/ 2013/V radiologia. descritivos
objetivo final em cuidar de todos os pacientes.
Avaliar os resultados adversos após a administração de Eventos adversos relacionados ao contraste intravenoso
Campbell, KL; Hud, LM; Adams S et al/ The
contraste em uma coorte de pacientes com doença Estudo de coorte ocorrerem em pacientes com doença falciforme, a uma
American Journal of Medicine/ 2012/ IV
falciforme. taxa semelhante à da população em geral.
Revisão sistemática
Investigar como a equipe a experiência de cuidado expressa
Brask KB; Birkelund RP/ Jornaul Radiology de estudos O cuidado compreende as fases preparatórias e até que
durante o breve encontro com os pacientes em um
Nursing/ 2014/V descritivos e a imagem seja encaminhada eletronicamente.
departamento de diagnóstico por imagem.
qualitativo.
Refletir sobre a demanda para a radiologia de emergência que Revisão sistemática Os hospitais devem ter uma unidade de radiologia de
Santosa AM; Martín JMA/ Radiología/ 2011/V envolve mais de 50% da atividade global de serviços de de estudos emergência específica, equipada com meios para
radiologia. descritivos cumprir essa missão.
Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2016 [acesso em: __/__/__];18:e1189. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v18.35312.
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DISCUSSÃO
A maior parte dos artigos selecionados foram localizados na SCOPUS, seguidos da Web of Science,
PUBMED e CINAHL. Percebeu-se uma distribuição crescente das publicações entre os anos de 2013 e 2014,
provavelmente por ser um assunto que vem sendo amplamente discutidos nos últimos anos.
Em relação ao idioma em que os estudos foram publicados, prevaleceu o inglês e em relação a
categoria profissional, a médica. Esses profissionais estão envolvidos em todo o percurso do exame de TC,
que vai desde a indicação/solicitação, sua execução, até a emissão de laudos. As evidências encontradas
foram, na sua maioria, classificadas com nível quatro e cinco, entende-se que há uma necessidade de
melhorar os estudos.
Os principais resultados foram organizados em três categorias, que serão descritas a seguir. A primeira
tem a metade dos artigos inclusos: Otimização, monitoramento, qualidade e proteção em relação as doses
de exposição à radiação(11-13;17-19). A outra metade dos estudos foram divididos igualmente nas seguintes
categorias: Contraste utilizado na tomografia computadorizada, no que diz respeito a reações adversas e
nefropatias(20-25) e Cuidados de enfermagem, gestão e casos específicos como a realização de exames em
gestantes, pacientes com anemia falciforme e em uso de marcapassos(26-31).
Otimização, monitoramento, qualidade e proteção em relação as doses de exposição à radiação
Os estudos analisados permitiram constatar que embora os grandes avanços da medicina, baseada no
diagnóstico por imagens tenham permitido a identificação com maior acurácia e o tratamento de doenças
em sua fase inicial, observa-se em contra partida, a possibilidade de erros com consequências danosas para
a vida do paciente. Estas podem estar relacionadas a falhas na interpretação de exames ou excesso de
confiança na imagem deixando-se de lado a clínica e a subjetividade do cliente. Estudos apontam que existe
uma crescente evidência de maior risco de malignidade de órgãos sólidos e do sistema hemático com o
aumento da exposição à radiação, mesmo em baixa doses, o que seria um aspecto negativo em relação ao
rápido crescimento da utilização de tomografia computadorizada(17-19,32)
Neste contexto, também torna-se importante destacar que é comum a falta de segurança à radiação
entre os profissionais que trabalham no ambiente hospitalar, seja por atos ou condições inseguras de
trabalho. Os estudos existentes demonstraram uma falta de conhecimento sobre a dose, exposição e risco
da radiação entre muitos profissionais da saúde(19,33).
Com essa realidade, o governo dos Estados Unidos da América e de outros países, têm demonstrado
uma vontade crescente de intervir nos cuidados de saúde nos últimos anos, particularmente quanto a
segurança do paciente que recebe radiação durante a realização de exames como TC. Para tanto, fornecem
normas regulamentadoras de segurança para a implementação de cuidados em saúde para os profissionais
e instituições que trabalham com imagem(34).
Com o uso dessas normas regulamentadoras, é possível implementar a estratégia de redução da dose
de radiação, permitindo uma abordagem mais centrada no paciente. O registro desses níveis de doses de
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radiação em pacientes, também permite que as instituições façam comparações detalhadas de seus níveis
de dose de radiação, com intuito de determinar se eles estão mantendo a redução da dose na prática de
acordo com as normas de segurança(35).
A maioria dos protocolos requerem doses mais baixas em comparação com a técnica em uso na
prática, para a obtenção da qualidade da imagem suficiente para permitir um diagnóstico com precisão(18,36).
Os fabricantes de tomógrafos, em resposta a questões de segurança, a crescente demanda pelo exame
e preocupações médico-legais, desenvolveram múltiplas estratégias para diminuir a radiação por exame, tais
como: protocolos padronizados, modulação automática de dose e algoritmos de reconstrução interativa.
Radiologistas devem capacitar seus tecnólogos, técnicos de radiologia e biomédicos para se tornarem mais
do que pressionadores de botões(37).
Ainda neste contexto, com o aumento da atenção da mídia para erros de realização de exames e do
aumento de freqüência de solicitação dos médicos desses exames para obter diagnósticos, tem-se observado
um aumento na quantidade de publicações sugerindo estratégias de redução da dose de TC, as quais tem
possibilitado na prática uma tendência de queda nas doses utilizadas. Porém, apesar desses esforços terem
sido utilizados em alguns países, eles podem não se aplicar a todos os pacientes que necessitam de exames
de TC devido as suas mais variadas condições clínicas(38).
Desta forma, embora a redução de doses de radiação nos pacientes proporcionem contribuições
valiosas para a melhoria da qualidade do exame, alguns cuidados devem ser tomados para evitar sua má
utilização, pelos médicos, na tomada de decisões ao solicitar exames de imagem para os pacientes. Os
profissionais de saúde devem ser cuidadosamente informados sobre o histórico desses usuários e ter
domínio sobre a realização de procedimentos que utilizam tal tecnologia, antes da sua aplicação(35).
Reações adversas e nefropatias relacionadas ao contraste utilizado na tomografia computadorizada
Atualmente, uma nova filosofia organizacional fundamentada na segurança do paciente tem envolvido
as instituições de saúde em todo o mundo. Estudos analisados onde a segurança do paciente é aspecto
decisivo na assistência à saúde, tentam antecipar a ocorrência de erros antes que provoquem danos aos
pacientes(20-25,31).
Neste contexto, deve-se atentar para a incidência de reações adversas agudas aos agentes de
contraste tilizados na TC, a qual é de aproximadamente 2 a 3%, com contrastes de baixa osmolaridade. Os
sintomas são diversos, variando de reações mais simples como rubor, prurido, uriticaria, e angioedema, até
efeitos mais graves, reslacionados a hipotensão severa, perda de consciência, broncoespasmo e risco de vida
por obstrução de vias aéreas(20).
Uma pesquisa realizada na Alemanha, com 9.515 pacientes, demonstrou que as reações adversas
medicamentosas foram relatadas por 70 pacientes (0,74%), incluindo reações de hipersensibilidade em 55
deles. Apenas 30, apresentaram reações imediatas e 40 tiveram as tardias. Reações adversas sérias foram
identificadas em cinco pacientes (0,05%). Ainda nesse estudo, os pacientes com histórico de alérgias
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pareciam estar em maior risco de apresentar reações adversas imediatas e tardias. Porém, o desconforto foi
geralmente leve, relatados por 72% dos pacientes(39).
Além disso, em outra pesquisa, a reação adversa, como náuseas e vômitos, foi apenas observada em
um de 108 pacientes (0,93%) com o uso de contrastes de baixa osmolaridade, em comparação com um
estudo prévio que estimava a ocorrência de 5,1%(21).
Dessa forma, conforme os artigos analisados, alguns fatores podem ser considerados como preditores
de reações adversas, quais sejam: histórico de alergia a agentes de contraste, urticária, história de alergia
anterior a outras drogas, concentração do agente de contraste maior do que 70%, idade menor que 50 anos,
dose total agente de contraste maior do que 65 g. A utilização dessas informações, podem facilitar
encaminhamentos para uma melhor assistencia proporcionada pela equipe multiprofissinal, bem como o
acompanhamento de pacientes de alto risco por médicos radiologistas(20).
No que diz respeito à nefropatia induzida por contraste (NIC), é uma potencial complicação da
administração deste, por meio da via intravenoso. Na população em geral, a incidência de NIC é estimada em
1 e 6%. No entanto, o risco pode ser maior, chegando a 50% em alguns subgrupos de pacientes, como os
portadores de miastenia gravis(40).
Porém, alguns estudos demonstram que não há diferenças significativas na incidência de lesão aguda
renal quando se utiliza uma dose baixa de contraste, uma vez que, nenhum dos pacientes com disfunção
renal precisou realizar diálise após o procedimento. Dessa forma, um protocolo que utilize baixas doses de
contraste pode permitir realizar o exame nesta população sem grandes preocupações com a sua segurança.
Portanto, deve-se levar em consideração que, a freqüência de disfunção renal aguda pela NIC são raros(21).
Quanto à utilização de contraste no exame de TC, outro fator importante de ser discutido é o protocolo
de proteção renal. As investigações analisadas não demostraram evidências de benefícios para a
administração N-acetilcisteína aos pacientes submetidos a TC com contraste. No entanto, foi encontrada
uma associação significativa entre o volume de fluidos intravenosos administrados e redução na nefropatia
induzida por contraste(23).
Cuidados de enfermagem e gestão de casos de exames em populações específicas como: gestantes,
portadores de anemia falciforme, miastenia graves e marcapassos
A radiologia deixou de ser puramente uma especialidade de diagnóstico para medicina invasiva,
processual, e curativa. Como resposta, o papel do enfermeiro em radiologia evoluiu. Hoje, o enfermeiro da
radiologia é elemento integrante da assistência aos pacientes submetidos a procedimentos radiológicos(22).
Neste sentido é fundamental que o enfermeiro tenha habilidades técnicas como: posicionamento
seguro do paciente, habilidades de cuidados críticos, pensamento crítico e habilidades de avaliação clínica,
manuseio de materiais e equipamentos, habilidades em situações de urgência e emergência e de cuidados
ambulatoriais. Também são necessários, recursos humanos adequados, educação permanente e indicadores
de qualidade confiáveis para avaliação da assistência(22,28,41).
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Neste contexto, a Food and Drug Administration (FDA) vem exigindo uma melhor gestão e organização,
onde as informações para o usuário sejam mais abrangentes, com um foco particular na garantia de
qualidade. Institui ainda que as instalações de exames por imagem devem seguir as normas
regulamentadoras para evitar eventos adversos e os riscos evitáveis(30-31). Destacou também três áreas de
foco em segurança na tomografia computadorizada: erro médico, utilização correta de TC e otimização de
dose(33).
No que diz respeito aos exames de imagens em pacientes grávidas, exige familiaridade com tópicos
importantes, tais como: risco de exposição à radiação para a mãe, o risco de exposição à radiação indireta
para o feto, dosimetria fetal e materna. A segurança na administração de contraste iodado durante a gravidez
e lactação também são essenciais. É fundamental entender que durante a gravidez dois indivíduos são
expostos simultaneamente, e que a intensidade das consequências de exposição podem variar
substancialmente entre os dois. O Colégio Americano de Radiologia e Congresso Americano de Obstetras e
Ginecologistas concordam que o exame de imagem deve ser realizado depois do julgamento clínico de
risco/benefício e o nível de radiação deve ser mantido tão baixa quanto razoavelmente realizável(27).
No que se refere a pacientes com doença falciforme, os eventos adversos relacionados com contraste
intravenoso podem ocorrer em uma taxa semelhante ao da população em geral, sem aumento de NIC.
Portanto, o uso do diagnóstico por imagem pode ser realizado sem aumento de risco de complicação grave
nesta população(29).
Quanto aos pacientes portadores de gerenciamento do ritmo cardíaco, muitos foram submetidos a
esse exame, não sendo constatados casos na prática, de eventos adversos, nem descritos para as autoridades
ou publicados em artigos, tornado a realização de TC segura para pacientes que portam estes
dispositivos(26,42).
Outro estudo demostrou que não há aumento imediato do risco de exacerbação da fraqueza
miastênica com o uso de contraste de baixa osmolaridade, o que se opõe quando comparado com estudos
anteriores que utilizaram meios de contraste iónicos e mostraram aumento da fraqueza entre 2,1 e 3,4% de
pacientes. Logo, embora este estudo sugira que não há aumento do risco imediato de agravamento dos
sintomas miastênicos nessa população, devem ser tomadas precauções na administração de meios de
contraste em pacientes com Miastenia Gravis(40).
CONCLUSÃO
Este estudo permitiu sintetizar achados relacionados aos elementos essenciais para oferecer uma
assistência segura aos pacientes submetidos à tomografia computadorizada, cujas evidências foram
distribuídas em categorias, demonstrando seu impacto para a prática clínica.
A categoria “otimização, monitoramento, qualidade e proteção em relação às doses de exposição à
radiação”, demonstrou que as evidências para essa assistência partem da necessidade de minimizar a
indicação de exames e exposição desnecessária à radiação, garantia da proteção radiológica para pacientes,
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profissionais e ambiente, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias de segurança, sem interferir
na qualidade de imagem.
No que diz respeito à categoria “reações adversas e nefropatias relacionadas ao contraste utilizado na
tomografia computadorizada”, evidenciou a necessidade do uso de protocolos com realização de exames de
TC com baixas doses de radiação, em contra partida, identificou-se lacunas relacionadas à carência de
estudos que explorem os preditores significativos de avaliação de riscos para ocorrência de uma reação
adversa aguda, relacionadas à administração e concentração do contraste.
Por sua vez, a categoria “cuidados de enfermagem e gestão de casos de exames em populações
específicas como: gestantes, portadores de anemia falciforme, miastenia graves e marcapassos”, evidenciou
a necessidade de mudanças nos serviços de tomografia, por meio da implementação de indicadores para
avaliar qualidade da assistência e o desenvolvimento de iniciativas educacionais que estabeleçam programas
que não só organizem o serviço, mas também qualifiquem profissionais por meio de processos de educação
permanente na área da radiologia.
Por fim, ao identificar os elementos essenciais para oferecer uma assistência segura aos pacientes
submetidos ao exame de tomografia computadorizada, baseadas nas melhores evidências científicas, o
estudo poderá contribuir como subsidio teórico para a formulação de protocolos assistenciais para pacientes
atendidos em serviços de tomografia computadorizada.
REFERÊNCIAS
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