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148 – TE em Economia Internacional | Unidade 04

UNIDADE 4 – AJUSTAMENTO DAS CONTAS EXTERNAS


MÓDULO 1 – AJUSTAMENTO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS COM MOBILIDADE
IMPERFEITA DE CAPITAIS E REGIME DE CÂMBIO FIXO
01

1 - RISCOS INERENTES ÀS POLÍTICAS ECONÔMICAS


Os dirigentes responsáveis pela condução de políticas econômicas gostariam que fosse possível,
simultaneamente, aumentar o nível de renda da economia, manter a estabilidade monetária e o
equilíbrio das contas externas.

Contudo, na prática, não é possível a obtenção de sucesso em todas as áreas que compõem o sistema
econômico. Quase sempre os possíveis resultados esperados são divergentes, o que leva os
formuladores de políticas públicas a tomarem decisões de alto risco político.

Não é incomum que uma política econômica que vise a estimular a criação de emprego apresente como
efeito colateral geração de déficit no balanço de pagamentos ou pressões inflacionárias.

Ocorre quando os pagamentos feitos pelos residentes de um país superam os


recebimentos realizados pelos não residentes relativamente às transações econômico-
financeiras com o resto do mundo em determinado período.

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2 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA


Vamos, agora, analisar a Figura 1, a seguir.

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Considere que a economia de um país encontra-se em equilíbrio no ponto A, em que a renda de


equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0. Por estar em equilíbrio, no ponto A:

Política econômica que consiste em expandir a oferta monetária e de crédito, adotada


com o objetivo de acelerar o ritmo de crescimento da economia, quando a economia
apresenta ritmo de crescimento abaixo de seu potencial produtivo.

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Base monetária e outros instrumentos de meios de pagamentos colocados à


disposição do público para realização das trocas econômicas.

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Ocorre que nem sempre o equilíbrio da economia é a melhor alternativa para a


sociedade.

No caso que estamos estudando, podemos notar que a economia possui capacidade para produzir uma
renda maior (Y*), o que daria oportunidade de envolver um maior número de trabalhadores no
processo econômico e promover o crescimento das atividades produtivas e comerciais. Assim sendo, as
autoridades do país resolveram adotar uma política monetária expansionista, mediante o aumento da
oferta de moeda.

Agora, analise o seguinte: o que acontece com o aumento da oferta monetária? Explicação

O aumento da oferta monetária desloca a curva LM para a direita, de LM0 para LM1. Isto
ocorre porque a expansão monetária, para o nível de renda vigente, torna a oferta de
moeda maior que a demanda por moeda. O excesso de oferta provoca uma redução da
taxa de juros de r0 para r1. Para que a demanda por moeda volte a equilibrar-se com a
nova oferta monetária, a renda deverá crescer de Y0 para Y1. Assim sendo, o novo
equilíbrio interno deverá deslocar-se do ponto A para o ponto B, em que a taxa de juros
é menor e a renda é maior.

Observe que a redução da taxa de juros para r1 diminui a capacidade de o país atrair
capitais autônomos. Adicionalmente, o crescimento da renda pode provocar um
aumento das importações de bens e serviços.

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A resultante desse processo é a geração de déficits no balanço de pagamentos. Note que todos os
pontos abaixo da curva balanço de pagamentos (BP) indicam situação deficitária. De forma contrária,
todos os pontos acima da curva balanço de pagamentos (BP) representam situação superavitária
(superávit do balanço de pagamentos).

Uma situação de déficit no balanço de pagamentos não pode ser sustentada durante muito tempo, pois
provocará o crescimento do endividamento externo e/ou a exaustão das reservas internacionais do país.

Sob taxa de câmbio fixa, uma política monetária expansionista causa


déficit no balanço de pagamentos.

Ocorre quando os créditos superam os débitos relativamente às transações econômico-


financeiras entre residentes e não residentes de um país.

Ativos monetários, ouro e divisas estrangeiras de alta liquidez, mantidos pelo país
para fazer frente a eventuais necessidades de pagamentos de contas internacionais.

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3 - SUPERÁVIT EXTERNO DECORRENTE DE POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA

Examinemos, agora, a Figura 2.

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Considere, novamente, que a economia de um país encontra-se em equilíbrio no ponto A, na qual a


renda de equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0. Neste caso, estamos admitindo as seguintes hipóteses
básicas:

1) os investidores estrangeiros são sensíveis a pequenas variações na taxa de juros;

2) a propensão marginal a importar é moderada.

Política econômica que eleva os gastos públicos ou reduz a carga tributária com o
objetivo de aumentar a renda da economia em períodos de estagnação econômica.

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Nessas condições, a curva balanço de pagamentos (BP) possui menor inclinação do que a curva LM que
equilibra o mercado monetário. Buscando promover o crescimento da economia, o governo resolveu
aumentar os gastos públicos (G). E qual a consequência desta ação?

Esta iniciativa causa, de imediato, um aumento na demanda


agregada, deslocando da curva IS para a direita (expansão
econômica), de IS0 para IS1.

Como a oferta monetária mantém-se inalterada, o crescimento da renda aumenta a demanda de moeda
para transação, o que exige uma taxa de juros maior para manter em equilíbrio o mercado monetário.

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Desta forma, o equilíbrio interno deverá descolar-se do ponto A para o ponto B, em que a taxa de juros
é maior (r1) e a renda é maior (Y1). Observe que o aumento da taxa de juros para r1 aumenta a
capacidade de o país atrair capitais autônomos em grau maior do que o aumento da renda estimula as
importações.

Pensando em tudo isto, o que você imagina resultar desse processo? A resultante desse processo é a
geração de um superávit no balanço de pagamentos. Lembre-se de que pontos situados acima da curva
balanço de pagamentos (BP) indicam situação superavitária.

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4 - DÉFICIT EXTERNO DECORRENTE DE POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA


Estudemos, agora, a Figura 3.

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Vamos fazer as análises, a partir das mesmas condições iniciais antes apresentadas: a economia de um
país encontra-se em equilíbrio noponto A, em que a renda de equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0.
Buscando promover o crescimento da economia que apresentava fortes sinais de debilidade, o governo
resolveu reduzir a carga tributária (T).

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Agora, lembrando-se do raciocínio traçado nas explicações anteriores, qual seria a consequência da ação
governamental de reduzir a carga tributária?

Esta iniciativa causa, de imediato, um aumento na demanda agregada, deslocando da curva IS para a
direita (expansão econômica), deIS0 para IS1. Como a oferta monetária mantém-se inalterada, o
crescimento da renda aumenta a demanda de moeda para transação, o que exige uma taxa de juros
maior para manter em equilíbrio o mercado monetário. Assim, o equilíbrio interno deverá descolar-se
do ponto A para o ponto B, em que a taxa de juros é maior (r1) e a renda é maior (Y1).

Observe que, agora, o aumento da taxa de juros para r1 não é suficiente para evitar a fuga de divisas
estrangeiras. Em reforço, o crescimento da renda eleva a demanda por bens importados.

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Resulta desse processo a geração de um déficit no balanço de pagamentos. Mais uma vez, lembre-se de
que pontos situados abaixo da curva balanço de pagamentos (BP) indicam situação deficitária.

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5 - POLÍTICA MONETÁRIA CONTRACIONISTA


Há situações em que a economia apresenta pressões de preço que podem afetar os custos de produção,
tornando os produtos do país menos competitivos no mercado externo. Essas tensões podem causar
elevação do nível geral de preços da economia (inflação).

Em geral, esses sintomas ocorrem quando a economia está operando acima de seu produto potencial.
Nesta situação, pode ser recomendável “desaquecer” a atividade econômica, provocando uma pequena
e breve recessão.

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Política econômica que consiste em reduzir a oferta monetária e de crédito, adotada


com o objetivo de inibir o ritmo de crescimento da economia, a fim de evitar pressões
inflacionárias.

Nível de produto (PIB) esperado a partir da utilização plena dos fatores de produção
disponível (recursos naturais, capital, mão de obra, tecnologia e capacidade empresarial).

Aumento geral e contínuo de preços (em geral acompanhado por um aumento na


quantidade de meios de pagamento), com consequente perda do poder aquisitivo da
moeda.

Período de declínio na taxa de crescimento econômico, contudo, menos severo do que


uma depressão.

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Vejamos, agora, a Figura 4. Considerando que a economia de um país encontra-se em equilíbrio


no ponto A, em que a renda de equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0. O nível de renda desejável
é y* (produto potencial). Para se chegar a esse nível, as autoridades do país resolveram adotar
uma política monetária contracionista, reduzindo a oferta de moeda.

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A redução da oferta monetária desloca a curva LM para a esquerda, de LM0 para LM1. Isto ocorre
porque a contração monetária, para o nível de renda vigente, torna a oferta de moeda menor que a
demanda por moeda.

O excesso de demanda provoca um aumento da taxa de juros de r0 para r1. Para que a demanda por
moeda volte a equilibrar-se com a nova oferta monetária, a renda deverá reduzir-se de Y0 para Y1.
Assim, o equilíbrio interno deverá deslocar-se do ponto A para o ponto B, em que a taxa de juros é
maior e a renda é menor.

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Observe que o aumento da taxa de juros para r1 aumenta a capacidade de o país atrair capitais
autônomos. Adicionalmente, a redução da renda provoca uma redução das importações de bens e
serviços. A resultante desse processo é a geração de um superávit no balanço de pagamentos.

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Sob taxa de câmbio fixa, uma política monetária contracionista


promove a geração de superávit no balanço de pagamentos.

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RESUMO
Estudamos, neste ponto, o ajustamento da economia após a adoção de medidas de política econômica
de caráter expansionista e contracionista sob o regime de taxas de câmbio fixo e na presença de
mobilidade imperfeita de capitais.

Nessas condições (taxas de câmbio fixo e na presença de mobilidade imperfeita de capitais),


a política monetária expansionista provoca redução das taxas de juros e expansão da renda. Com juros
mais baixos, há fuga de capitais. Nesse cenário, as autoridades se desfazem de divisas estrangeiras
(redução das reservas internacionais) com o objetivo de manter o câmbio fixo (política de proteção da
moeda nacional).

Por outro lado, uma política fiscal expansionista provoca elevação das taxas de juros e expansão da
renda. O efeito no balanço de pagamentos poderá ser a geração de superávit ou de déficit, conforme
seja a elasticidade da curva BP (balanço de pagamentos) relativamente à curva LM (mercado
monetário).

Uma política monetária contracionista provoca elevação das taxas de juros e redução da renda. Com
juros mais elevados, há entrada de capitais externos e consequente geração de superávit no balanço de
pagamentos.

UNIDADE 4 – AJUSTAMENTO DAS CONTAS EXTERNAS


MÓDULO 2 – AJUSTAMENTO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS COM MOBILIDADE
IMPERFEITA DE CAPITAIS E REGIME DE CÂMBIO FLEXÍVEL
01

1 - FORMAÇÃO DA TAXA DE CÂMBIO


No regime de taxa de câmbio flexível, as autoridades monetárias não realizam intervenções no mercado
de câmbio com o objetivo de manter a paridade da moeda nacional relativamente às estrangeiras em
determinado patamar.

Assim, a taxa de câmbio é formada livremente no mercado de divisas internacionais, segundo a lei da
oferta e da procura. Havendo abundante oferta de moeda estrangeira, a taxa de câmbio tenderá a cair,

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isto é, ocorrerá uma valorização da moeda nacional. Na situação inversa, quando há escassez de divisas
internacionais no mercado, a taxa de câmbio tenderá a elevar-se, ou seja, a moeda nacional sofrerá
desvalorização.

Em ambas as situações, o equilíbrio do balanço de pagamentos ocorre automaticamente, não havendo


espaço para a geração de déficit ou de superávit.

É o mesmo que câmbio flutuante ou câmbio livre. Neste regime, a taxa de câmbio
forma-se no mercado de divisas sem interferência das autoridades monetárias.

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2 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA


Agora, vamos estudar a Figura 1, abaixo.

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Considere que a economia de um país encontra-se em equilíbrio no ponto A, em que a renda de


equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0. Pensemos um pouco (utilize os raciocínios estudados nos gráficos
dos módulos anteriores): por estar em equilíbrio, no ponto A, o que acontece entre a oferta monetária e
a demanda por moeda? E entre a demanda agregada e a oferta agregada? E entre o fluxo de
mercadorias e de capitais com o resto do mundo?

Explicação

A oferta monetária é igual à demanda por moeda; a demanda agregada e a oferta agregada
estão equilibradas; o fluxo de mercadorias e de capitais com o resto do mundo apresenta
saldo nulo.

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No caso em estudo, podemos notar que a economia possui capacidade para produzir uma renda maior
(Y*). Então, para estimular o crescimento econômico, as autoridades do país implementam uma política
monetária expansionista, mediante o aumento da oferta de moeda.

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O aumento da oferta monetária desloca a curva LM para a direita, de LM0 para LM1. Isto ocorre porque
a expansão monetária, para o nível de renda vigente, torna a oferta de moeda maior que a demanda por
moeda.

O excesso de oferta de moeda provoca uma redução da taxa de juros de r0 para r1. Para que a demanda
por moeda volte a equilibrar-se com a nova oferta monetária, a renda deverá crescer de Y0 para Y1.
Desse modo, o ponto de equilíbrio interno desloca-se para o ponto B, em que a taxa de juros é menor e
a renda é maior.

Política econômica que consiste em expandir a oferta monetária e de crédito, adotada


com o objetivo de acelerar o ritmo de crescimento da economia, quando a economia
apresenta ritmo de crescimento abaixo de seu potencial produtivo.

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A redução da taxa de juros para r1 reduz a capacidade de o país atrair capitais autônomos.
Adicionalmente, o crescimento da renda provoca um aumento das importações de bens e serviços, o
que gera uma situação temporária de déficit no balanço de pagamentos. Note que todos os pontos
abaixo da curva balanço de pagamentos (BP) indicam situação deficitária.

A redução da taxa de juros provoca uma retração da oferta de moeda estrangeira no país (fuga de
capitais). Em reforço, o crescimento da renda nacional ocasiona o aumento das importações. Para
importar mais, o que você acha que precisa acontecer em relação à moeda estrangeira e qual a
consequência dessa ocorrência para o câmbio?

Explicação

Portanto, a taxa de câmbio será elevada, deslocando a curva BP (lócus de equilíbrio do balanço de
pagamentos) para a direita, de BP0para BP1.

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Demanda-se mais moeda estrangeira. Assim, dado que o mercado de câmbio é livre, o
câmbio será desvalorizado.

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Considerando que a renda e os preços internacionais não se modificaram, a desvalorização da moeda


nacional tem o efeito de tornar o preço dos produtos do país mais competitivo no mercado externo.
Esses produtos podem ser comercializados com desconto ou prazo de pagamento maior.

Desse modo, as exportações são incentivadas, fazendo a curva IS (lócus de equilíbrio do mercado de
produto) deslocar-se para a direita, de IS0 para IS1.

O crescimento da renda derivada das vendas externas aumenta a demanda de moeda para transação, o
que provoca um aumento da taxa de juros. Desse modo, o ponto de equilíbrio da economia desloca-se
do ponto B para o ponto C, em que a taxa de juros é maior e a renda é maior.

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No ponto C, a renda e a taxa de juros da economia são, respectivamente, Y2 e r2. No ponto C, os três
mercados considerados estão, novamente, em equilíbrio:

1. a oferta monetária é igual à demanda por moeda;


2. a demanda agregada e a oferta agregada são idênticas;
3. o fluxo de mercadorias e de capitais com o resto do mundo apresenta saldo nulo.

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Neste momento, é importante destacar as seguintes considerações:

 relativamente ao ponto A, no ponto C, a economia apresenta um nível de renda (Y2) mais


próximo do desejado pela sociedade(Y*);
 comparando ainda ao ponto A, no ponto C, a taxa de juros da economia é menor, o que
contribui para reduzir os custos de produção das empresas, o custo da dívida pública e a
aquisição de bens de consumo por intermédio de crédito bancário;
 no sistema de câmbio flexível, a política monetária expansionista é mais eficaz no esforço de
geração de renda. Caso o sistema de câmbio fosse fixo, a renda gerada seria Y1. Com o câmbio
flexível, há um ganho adicional representado pelo segmento Y2Y1;
 no sistema de câmbio flexível, a política de promoção do crescimento econômico exige menor
redução das taxas de juros.

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3 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA SOB CÂMBIO FLEXÍVEL


Vejamos a Figura 2, abaixo.

Agora, considere que a economia de um país encontra-se em equilíbrio no ponto A, em que a renda de
equilíbrio é Y0 e a taxa de juros ér0.

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Estamos admitindo, aqui, as seguintes hipóteses básicas:


H1 – Os investidores estrangeiros são sensíveis a pequenas variações na taxa de juros;
H2 – A propensão marginal a importar é moderada.

Nessas condições, a curva balanço de pagamentos (BP) é menos inclinada do que a curva LM, que
equilibra o mercado monetário.

Considere, agora, que o governo resolveu aumentar os gastos públicos (G), buscando promover o
crescimento da economia. O que você acha que acontece devido a essa iniciativa?

Explicação

Dado que a oferta monetária mantém-se inalterada, o crescimento da renda aumenta a demanda de
moeda para transação, o que exige uma taxa de juros maior para manter em equilíbrio o mercado
monetário.

Esta iniciativa causa, de imediato, um aumento na demanda agregada, deslocando da


curva IS para a direita (expansão econômica), de IS0 para IS1.

Base monetária e outros instrumentos de meios de pagamentos colocados à


disposição do público para realização das trocas econômicas.

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Assim sendo, o equilíbrio interno deverá deslocar-se do ponto A para o ponto B, em que a taxa de juros
é maior (r1) e a renda é maior (Y1). Observe que o aumento da taxa de juros para r1 aumenta a
capacidade de o país atrair capitais autônomos em grau maior do que o aumento da renda estimula as
importações.

A resultante do processo descrito é a geração de um superávit no balanço de pagamentos. Não se


esqueça de que pontos situados acima da curva balanço de pagamentos (BP) indicam situação
superavitária.

O aumento da taxa de juros incentiva o ingresso de capitais autônomos no país. As importações crescem
porque houve aumento da renda.

Contudo, a magnitude do ingresso de capitais estrangeiros supera os


dispêndios realizados com importações, provocando um excesso de
oferta de moeda estrangeira.

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Ocorre quando os créditos superam os débitos relativamente às transações


econômico-financeiras entre residentes e não residentes de um país.

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Assim sendo, dado que o mercado de câmbio é livre, o câmbio será valorizado (valorização cambial). A
taxa de câmbio será reduzida, deslocando a curva BP (lócus de equilíbrio do balanço de pagamentos)
para a esquerda, de BP0 para BP1.

Considerando que os preços internacionais não se modificaram, a valorização da moeda nacional tem o
efeito de tornar o preço dos produtos do país menos competitivo no mercado externo (mais caros).

Desse modo, as exportações são inibidas, fazendo a curva IS (lócus de equilíbrio do mercado de
produto) deslocar-se para a esquerda, deIS1 para IS2.

A redução das exportações provoca uma redução da renda do país, reduzindo a demanda de moeda
para transação, o que provoca uma queda da taxa de juros. Desse modo, o ponto de equilíbrio da
economia desloca-se do ponto B para o ponto C, em que a taxa de juros é menor e a renda é, também,
menor.

É a queda da taxa de câmbio. Por exemplo, se a cotação do dólar americano reduz-se


de R$ 3,02 para R$ 2,97, diz-se que houve uma valorização cambial ou valorização da
moeda nacional.

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No ponto C, a renda e a taxa de juros da economia são, respectivamente, Y2 e r2. No ponto C, os três
mercados considerados estão, novamente, em equilíbrio.

Finalmente, enfatizamos as seguintes considerações a respeito do ajustamento da economia sob exame:

No sistema de câmbio flexível, a política fiscal expansionista


exige elevação das taxas de juros da economia.

A oferta monetária é igual à demanda por moeda; a demanda agregada e a oferta agregada estão
equilibradas; e o fluxo de mercadorias e de capitais com o resto do mundo apresenta saldo nulo.

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RESUMO
Estudamos, neste ponto, o ajustamento da economia, após a adoção de medidas de política econômica
de caráter expansionista sob o regime de taxas de câmbio flexíveis e mobilidade imperfeita de capitais.

Nessas condições, a política monetária expansionista provoca redução das taxas de juros e expansão da
renda. Com juros mais baixos, há fuga de capitais e a taxa de câmbio é desvalorizada. Assim, as
exportações são estimuladas, ampliando o efeito de crescimento da renda.

Por outro lado, uma política fiscal expansionista provoca elevação das taxas de juros e expansão da
renda. Com juros mais altos, há atração de capitais autônomos e câmbio valorizado. Em decorrência, os
dispêndios com importações crescem, o que reduz parcela do efeito de crescimento da renda causado
pela expansão do déficit público (ou redução da poupança pública).

Podemos concluir, então, que sob regime de câmbio flexível, a política monetária expansionista é mais
eficaz do que a política fiscal expansionista no esforço de geração de renda.

UNIDADE 4 – AJUSTAMENTO DAS CONTAS EXTERNAS


MÓDULO 3 – AJUSTAMENTO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS COM MOBILIDADE
PERFEITA DE CAPITAIS E REGIME DE CÂMBIO FIXO
01

1 - TRÂNSITO DE CAPITAIS
Os investidores gozarão de ampla liberdade para decidir em que nação aplicar seus recursos financeiros,
se em situação de mobilidade perfeita de capitais. As eventuais diferenças de risco-atividade e/ou de
risco-país não são significativas, bem como os custos de transação, para fins de orientação das decisões
de investimento.

Desse modo, caso a taxa de juros de um país seja elevada de forma exógena para um nível superior à do
resto do mundo, haverá uma forte entrada de capitais de seu território.

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Gastos associados às transações entre agentes econômicos, de modo geral, que não se
expressam nos preços acordados entre as partes, sendo exemplo o custo de elaborar e
aplicar um contrato.

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De maneira idêntica, caso a taxa de juros do país seja reduzida de forma exógena para um nível inferior
à do resto do mundo, haverá uma forte saída de capitais em seu território.

A fuga de capitais provocará uma retração da oferta monetária (oferta de capitais), que resultará na
elevação endógena da taxa de juros até que se atinja o nível da taxa de juros externa.

Portanto, na presença de mobilidade perfeita de capitais, a taxa de juros interna


será igual à taxa de juros externa, ou seja, haverá equalização de custo de
capitais para as economias nacionais.

Esse início de estudo já nos permite concluir que, no plano formado pela taxa de juros e pela renda
nacional, a curva balanço de pagamentos é horizontal porque a economia somente admite uma taxa de
juros para quaisquer níveis de renda da economia.

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2 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA


Agora, estudemos a Figura 1, abaixo.

Consideremos que a economia de um país encontra-se em equilíbrio no ponto A, em que a renda de


equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0(igual à taxa de juros mundial). Pensemos um pouco: o que este
equilíbrio, no ponto A, nos indica em relação à oferta monetária, à demanda e oferta agregada e ao
fluxo de mercadorias e de capitais?

Explicação

Por estar em equilíbrio, no ponto A, a oferta monetária é igual à demanda por moeda; a
demanda agregada e a oferta agregada estão equilibradas; o fluxo de mercadorias e de
capitais com o resto do mundo apresenta saldo nulo.

04

No caso que estamos estudando, podemos notar que a economia possui capacidade para produzir uma
renda maior (Y*). Então, para estimular o crescimento econômico, as autoridades do país implementam
uma política monetária expansionista, mediante o aumento da oferta de moeda.

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O aumento da oferta monetária desloca a curva LM para a direita, de LM0 para LM1. Isto ocorre porque
a expansão monetária, para o nível de renda vigente, torna a oferta de moeda maior que a demanda por
moeda.

O excesso de oferta de moeda provoca redução da taxa de juros de r0 para r1. Para que a demanda por
moeda volte a equilibrar-se com a nova oferta monetária, a renda deverá crescer de Y0 para Y1. Desse
modo, o ponto de equilíbrio interno desloca-se para o ponto B, em que a taxa de juros é menor e a
renda é maior.

Política econômica que consiste em expandir a oferta monetária e de crédito, adotada


com o objetivo de acelerar o ritmo de crescimento da economia, quando a economia
apresenta ritmo de crescimento abaixo de seu potencial produtivo.

05

A redução da taxa de juros para r1 — que agora se situa abaixo da taxa de juros mundial — provoca forte
saída de capitais do país, o que gera uma situação de déficit no balanço de pagamentos. Como você já
sabe, todos os pontos abaixo da curva balanço de pagamentos (BP) indicam situação deficitária.

Portanto, a redução da taxa de juros provoca retração da oferta de


moeda estrangeira no país, gerando um excesso de demanda por
divisas estrangeiras. Esta situação provoca fortes pressões no
sentido de desvalorização da moeda nacional.

Contudo, dado que o sistema de câmbio é fixo, a taxa de câmbio não será desvalorizada. Logo, a curva
balanço de pagamentos (BP) não se altera, pois a taxa de câmbio não se modificou.

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Para manter a paridade da taxa de câmbio, as autoridades monetárias deverão atuar no mercado de
divisas vendendo moeda estrangeira ao câmbio estabelecido (redução das reservas internacionais). A
venda de moeda estrangeira, pelo Banco Central, implica a compra de moeda nacional, o que promove
uma redução da oferta monetária.

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O reequilíbrio da economia será alcançado quando a taxa de juros subir até o nível vigente no mercado
internacional (r*), ou seja, r0.

Assim sendo, o equilíbrio final da economia será coincidente com o ponto A; a renda e a taxa de juros da
economia são, respectivamente,Y0 e r0.

Pelo o que vimos até aqui, podemos concluir que sob o regime de taxa de câmbio fixa e mobilidade
perfeita de capitais:

No sistema de câmbio fixo e perfeita mobilidade de capital, a política


monetária expansionista é um instrumento ineficaz para promover o
crescimento econômico.

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3 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA SOB CÂMBIO FIXO


Vejamos, agora, a Figura 2, abaixo.

Consideremos, novamente, que a economia de um país encontra-se em equilíbrio no ponto A, em que a


renda de equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0 (igual à taxa de juros mundial). O governo
resolveu aumentar os gastos públicos (G) a fim de promover o crescimento da economia. Esta iniciativa
causa, de imediato, um aumento na demanda agregada, deslocando da curva IS para a direita (expansão
econômica), de IS0 para IS1.

Política econômica que eleva os gastos públicos ou reduz a carga tributária com o
objetivo de aumentar a renda da economia em períodos de estagnação econômica.

08

Como a oferta monetária mantém-se inalterada, o crescimento da renda aumenta a demanda de moeda
para transação, o que exige uma taxa de juros maior para manter em equilíbrio o mercado monetário.

Assim, o equilíbrio interno deverá desloca-se do ponto A para o ponto B, em que a taxa de juros é maior
(r1) e a renda é maior (Y1). Observe que o aumento da taxa de juros para r1 aumenta a capacidade de o
país atrair capitais autônomos. A forte entrada de capitais estrangeiros provoca pressões no sentido de
valorização da moeda nacional, isto é, a taxa de câmbio tende a reduzir-se.

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148 – TE em Economia Internacional | Unidade 04

Voltemos a refletir: qual será o resultado do processo descrito?

Explicação

Dado que a taxa de câmbio é fixa, as autoridades monetárias deverão intervir no mercado cambial com
o objetivo de manter a paridade da moeda nacional. O Banco Central intervém no mercado de câmbio,
comprando moeda estrangeira, segundo a cotação estabelecida. Esta transação implica expansão da
oferta monetária, o que desloca a curva LM para a direita, de LM0 para LM1.

A resultante do processo descrito é a geração de um superávit no balanço de


pagamentos. Não se esqueça de que pontos situados acima da curva balanço de
pagamentos (BP) indicam situação superavitária.

09

O reequilíbrio da economia será alcançado quando a taxa de juros cair até o nível praticado no mercado
internacional (r*), ou seja, r0. O equilíbrio final da economia se dará no ponto C, em que a renda e a
taxa de juros da economia são, respectivamente, Y2 e r0.

Pelo que vimos, podemos concluir que sob o regime de taxa de câmbio fixa e mobilidade perfeita de
capitais:

No sistema de câmbio fixo e na presença de mobilidade perfeita de capitais, a política fiscal


expansionista é eficaz na promoção do crescimento econômico.

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148 – TE em Economia Internacional | Unidade 04

Por fim, é oportuno lembrar que a adoção de uma política fiscal contracionista terá ajustamento
simétrico ao descrito nos parágrafos anteriores, ou seja, promove retração da renda agregada e mantém
inalterada a taxa de juros no ponto de equilíbrio final alcançado.

Política econômica que consiste na redução dos gastos públicos ou elevação da carga
tributária com o objetivo de reduzir o ritmo de crescimento da economia,
notadamente quando há a presença de pressões inflacionárias.

10

RESUMO
No Quadro 1, apresentamos os efeitos finais da adoção de políticas econômicas anticíclicas.

Quadro 1 - Efeito final de políticas econômicas na presença de mobilidade perfeita de capitais e regime
de câmbio fixo.

Fator de Política Monetária Política Fiscal


ajustamento Expansionista Contracionista Expansionista Contracionista
Taxa de juros Mantém-se Mantém-se Mantém-se Mantém-se
Renda Mantém-se Mantém-se Crescimento Redução

A adoção de uma política monetária expansionista apresenta o seguinte ajustamento:

 Expansão da oferta monetária (deslocamento da curva LM para a direita);


 Redução momentânea da taxa de juros que causa uma forte saída de capitais autônomos;
 Para evitar a desvalorização da moeda nacional, as autoridades monetárias vendem moeda
estrangeira (compram moeda nacional), reduzindo a oferta monetária (a curva LM deslocar-se
para a esquerda);
 A taxa de juros retorna ao nível original e a renda não se altera.

A adoção de uma política fiscal expansionista apresenta o seguinte ajustamento:

 Expansão da demanda agregada (deslocamento da curva IS para a direita);


 Elevação momentânea da taxa de juros, o que causa uma forte entrada de capitais autônomos;
 Para evitar a valorização da moeda nacional, as autoridades monetárias compram moeda
estrangeira (vendem moeda nacional), aumentando a oferta monetária (a curva LM deslocar-se
para a direita);
 A taxa de juros reduz, retornando ao patamar original e a renda se expande.

Finalmente, destacamos que o efeito de políticas econômicas contracionistas segue ajustamentos


simétricos ao descrito nos parágrafos precedentes.

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UNIDADE 4 – AJUSTAMENTO DAS CONTAS EXTERNAS


MÓDULO 4 – AJUSTAMENTO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS COM MOBILIDADE
PERFEITA DE CAPITAIS E REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE
01

1 - LIVRE MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS

A condição de livre movimentação de capitais presume a ausência de


quaisquer restrições institucionais ao capital estrangeiro.
Considerando que os custos de transações são não significativos, as
taxas de juros interna e externa serão iguais. A taxa de câmbio será
definida no mercado de divisas, segundo a lei da oferta e da procura.

02

2 - POLÍTICA MONETÁRIA EXPANSIONISTA

Conforme apresentado na Figura 1, considere que a economia de um país encontra-se em equilíbrio


no ponto A, em que a renda de equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0 (esta taxa de juros corresponde à
taxa de juros mundial).

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148 – TE em Economia Internacional | Unidade 04

03

Considerando que a renda gerada apresenta-se aquém do potencial permitido pela estrutura da
economia do país, as autoridades do país implementam uma política monetária expansionista, isto é,
que resulta no aumento da oferta de moeda.

O aumento da oferta monetária desloca a curva LM para a direita, de LM0 para LM1. Isto ocorre porque
a expansão monetária, para o nível de renda vigente, torna a oferta de moeda maior que a demanda por
moeda. O excesso de oferta de moeda provoca uma redução da taxa de juros de r0 para r1. Para que a
demanda por moeda volte a equilibrar-se com a nova oferta monetária, a renda deverá crescer
deY0 para Y1.

Agora, a partir do que já vimos, para onde você acha que o ponto de equilíbrio interno se deslocará?
Neste novo ponto, como estarão a taxa de juros e a renda?

Explicação

O ponto de equilíbrio interno desloca-se para o ponto B, em que a taxa de juros é menor
e a renda é maior.

04

A redução da taxa de juros para r1 — que agora se situa abaixo do nível mundial — provoca uma forte
saída de capitais do país, o que gera uma situação de déficit no balanço de pagamentos. Note que todos
os pontos abaixo da curva balanço de pagamentos (BP) indicam situação deficitária.

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148 – TE em Economia Internacional | Unidade 04

Portanto, a redução da taxa de juros provoca uma retração da oferta de moeda estrangeira no país,
gerando um excesso de demanda por divisas estrangeiras. Esta situação provoca fortes pressões no
sentido de desvalorização da moeda nacional.

Considerando que o sistema de câmbio é flutuante, ou seja, a taxa de câmbio é formada no mercado de
divisas estrangeiras, as autoridades monetárias não fazem intervenção com o objetivo de manter a
paridade cambial.

05

Dessa forma, a moeda nacional sofrerá uma desvalorização em relação às moedas estrangeiras. Logo, a
taxa de câmbio deverá elevar-se.

Considerando que a renda e os preços internacionais não se modificaram, a desvalorização da moeda


nacional tem o efeito de tornar o preço dos produtos do país mais competitivos no mercado externo.
Por conseguinte, as exportações são incentivadas, fazendo a curva IS(lócus de equilíbrio do mercado de
produto) deslocar-se para a direita, de IS0 para IS1.

O crescimento da renda derivada das vendas externas aumenta a demanda de moeda para transação, o
que provoca um aumento da taxa de juros. Desse modo, o ponto de equilíbrio da economia desloca-se,
novamente, do ponto B para o ponto C, em que a taxa de juros é maior (igualando-se à taxa de juros
internacional) e a renda é maior.

No ponto C, a renda e a taxa de juros da economia são, respectivamente, Y2 e r0. Portanto, no equilíbrio
final da economia, a renda será maior e a taxa de juros mantém paridade com o mercado internacional.

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148 – TE em Economia Internacional | Unidade 04

06

Do que foi visto, podemos, então, concluir que, sob o regime de taxa de câmbio flutuante e na presença
de mobilidade perfeita de capitais, a política monetária expansionista:

No sistema de câmbio flutuante e perfeita mobilidade de capitais, a política monetária expansionista é


um instrumento eficaz na promoção do crescimento econômico.

07

3 - POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA SOB CÂMBIO FLEXÍVEL


Conforme apresentado na Figura 2, considere que a economia de um país encontra-se em equilíbrio
no ponto A, em que a renda de equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0 (esta taxa de juros corresponde à
taxa de juros praticada no mercado internacional).

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Para promover o crescimento da economia, o governo resolveu aumentar os gastos públicos (G). Esta
iniciativa causou, de imediato, um aumento na demanda agregada, deslocando a curva IS para a direita
(expansão econômica), de IS0 para IS1.

08

Vamos pensar, novamente: considerando que a oferta monetária mantém-se inalterada, qual a relação
que ocorreria entre a renda e a moeda de transação? E quais as consequências deste acontecimento,
em relação à taxa de juros, para que o equilíbrio do mercado monetário seja mantido?

Explicação

Assim sendo, o equilíbrio interno deverá deslocar-se do ponto A para o ponto B, em que a taxa de juros
é maior (r1) e a renda é maior (Y1).

Observe que o aumento da taxa de juros para r1 aumenta a capacidade de o país atrair capitais
autônomos. A resultante do processo descrito é a geração de um superávit no balanço de pagamentos.
A forte entrada de capitais estrangeiros provoca pressões no sentido de valorização da moeda nacional,
isto é, a taxa de câmbio tende a reduzir-se.

Dado que a oferta monetária mantém-se inalterada, o crescimento da


renda aumenta a demanda de moeda para transação, o que exige uma taxa de juros
maiorpara manter em equilíbrio o mercado monetário.

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Dado que o sistema de câmbio é flutuante, as autoridades monetárias não fazem intervenção no
mercado de câmbio. Em decorrência, a moeda nacional é valorizada, ou seja, a taxa de câmbio se reduz.

A redução da taxa de câmbio torna menos competitivas as exportações do país e estimula o consumo de
bens importados, o que desloca a curva IS para a esquerda, de IS1 para IS0. Assim, o equilíbrio final da
economia se situará no ponto A, em que a renda e a taxa de juros da economia são,
respectivamente, Y0 e r0.

10

Do exposto, podemos concluir que, sob o regime de taxa de câmbio flexível e mobilidade perfeita de
capitais, a política fiscal expansionista:

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No sistema de câmbio flutuante e na presença de mobilidade perfeita de capital,


política fiscal expansionista é ineficaz na promoção do crescimento econômico.

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4 - POLÍTICA FISCAL CONTRACIONISTA


Conforme apresentado na Figura 3, considere que a economia de um país encontra-se em equilíbrio
no ponto A, em que a renda de equilíbrio é Y0 e a taxa de juros é r0 (esta taxa de juros corresponde à
taxa de juros praticada no mercado internacional).

12

Buscando reduzir o ritmo de crescimento da economia, o governo resolveu aumentar a carga tributária
(T). Esta iniciativa causa, de imediato, uma redução da demanda agregada, deslocando a curva IS para a
esquerda (contração econômica), de IS0 para IS1.

Dado que a oferta monetária mantém-se inalterada, a redução da renda diminui a demanda de moeda
para transação, o que exige uma taxa de juros menor para manter em equilíbrio o mercado monetário.
Desta forma, o equilíbrio interno deverá deslocar-se do ponto A para o ponto B, em que a taxa de juros
é menor (r1) e a renda é menor (Y1).

Observe que a redução da taxa de juros para r1 diminui a capacidade de o país atrair capitais
autônomos. A forte saída de capitais estrangeiros provoca pressões no sentido de desvalorização da

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moeda nacional, isto é, a taxa de câmbio tende a elevar. A resultante do processo descrito é a geração
de um déficit no balanço de pagamentos.

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Dado que o sistema de câmbio é flutuante, as autoridades monetárias não fazem intervenção no
mercado de câmbio. Em decorrência, a moeda nacional é desvalorizada, ou seja, a taxa de câmbio eleva-
se. A elevação da taxa de câmbio torna mais competitivas as exportações do país e desestimula o
consumo de bens importados, o que desloca a curva IS para a direita, de IS1 até IS0.

Desta forma, o equilíbrio final da economia se situará no ponto A, em que a renda e a taxa de juros da
economia são, respectivamente,Y0 e r0.

Diante disso, pode-se concluir que, sob o regime de taxa de câmbio flexível e mobilidade perfeita de
capitais, a política fiscal contracionista é ineficaz como medida anticíclica.

No sistema de câmbio flutuante e na presença de mobilidade perfeita de capital, a


política fiscal contracionista é ineficaz como medida de estabilização.

14

RESUMO

Para se obter a livre movimentação de capitais, é preciso que não exista qualquer tipo de restrição
institucional ao capital estrangeiro.

A adoção de uma política monetária expansionista apresenta o seguinte ajustamento:

 aumento da oferta monetária (deslocamento da curva LM para a direita);

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 redução transitória da taxa de juros interna que causa uma forte saída de capitais autônomos;
 como o regime de câmbio é flutuante, ocorre desvalorização da moeda nacional;
 as exportações são estimuladas (a curva IS desloca-se para a direita);
 com a expansão da demanda agregada, a taxa de juros eleva-se até o nível original;
 a renda se expande e a taxa de juros interna retorna ao nível original (igual à taxa de juros do
mercado internacional).

A adoção de uma política fiscal expansionista apresenta o seguinte ajustamento:

 expansão da demanda agregada (deslocamento da curva IS para a direita);


 elevação transitória da taxa de juros interna, o que causa uma forte entrada de capitais
autônomos;
 como o regime de câmbio é flutuante, ocorre valorização da moeda nacional;
 as exportações são desestimuladas (a curva IS desloca-se para a esquerda);
 a taxa de juros interna reduz-se, retornando ao nível original (igual à taxa de juros do mercado
internacional);
 a renda retorna à posição original.

É bom lembrar que a política fiscal contracionista, no sistema de câmbio flutuante e na presença de
mobilidade perfeita de capital, é ineficaz como medida de estabilização.

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