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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN

CAMPUS AVANÇADO PROFª “MARIA ELISA DE ALBUQUERQUE MAIA”


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA – DEC
DISCIPLINA: ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA I
DOCENTE: Dr. JOSÉ ELESBÃO DE ALMEIDA
DISCENTE: RAUL FARIAS VIDAL

RESUMO CAPÍTULO 1 “DESENVOLVIMENTO EM CRISE: A ECONOMIA


BRASILEIRA NO ÚLTIMO QUARTO DO SÉCULO XX” (CARNEIRO, 2002)

PAU DOS FERROS, 2019


O II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) foi um programa de
investimentos cujos objetivos eram transformar a estrutura produtiva e superar
os desequilíbrios externos, conduzindo o Brasil a uma posição de potência
intermediária no cenário internacional. Esse plano foi uma reação à crise
econômica resultante do primeiro choque do petróleo.
Segundo Malan & Bonelli (1983), a interpretação do período é vista como
uma evasão do ajustamento, pois assinalam como um retardamento do ajuste
às novas condições internacionais, tornando a economia nacional mais
vulnerável ante os choques externos. Segundo esses autores, a comparação do
período de crescimento do milagre com a desaceleração após 1974 revela três
distinções importantes: a perda de dinamismo do setor industrial, os efeitos
destrutivos do primeiro choque do petróleo sobre o balanço de pagamentos e a
recessão e aceleração inflacionária na economia mundial. A elevação do preço
do petróleo e a deterioração dos termos de troca criaram um déficit na balança
comercial, ao mesmo tempo em que o crescimento dos juros elevava os
encargos da dívida, ampliando o déficit em transações correntes. De acordo com
esses autores, diante do desequilíbrio do balanço de pagamentos, três
alternativas se colocavam: reduzir a demanda doméstica mediante o ajuste
recessivo clássico, expandi-la à custa de um endividamento externo maior ou
comprimir o consumo em favor do investimento.

Para Fishlow (1986) o governo Geisel, ao optar pela manutenção do


crescimento acelerado, lidou com um conjunto de problemas herdados do
período anterior: uma indústria com pouca capacidade ociosa a exigir elevados
investimentos na hipótese da preservação do crescimento, a deterioração das
relações de troca com a taxa de câmbio apreciada, a inflação em alta e uma
matriz energética profundamente dependente do petróleo. Segundo o autor, a
alternativa de crescimento só foi possível em razão da existência de
financiamento externo, pois permitiu manter a taxa de câmbio apreciada,
constituindo um subsídio à energia e às demais matérias-primas importadas,
evitando a aceleração da inflação.

Já Lessa (1978) procura demonstrar que os vários obstáculos com os


quais se defrontou o II PND conduziram ao seu insucesso. No começo do
programa, a economia brasileira encarava um processo cíclico de
desaceleração, resultante do excesso de investimento do período do “milagre”.
A mudança no processo de acumulação para os setores privados criava um
importante conflito de interesses com o setor dominante do ciclo anterior, os bens
de consumo duráveis. O cenário internacional era também bastante
desfavorável, pelo desaquecimento do comércio e pela mudança nas condições
de financiamento, com prazos mais curtos e taxas de juros mais elevadas. O
PND implicava, no curto prazo, um agravamento no déficit em conta corrente.

A estratégia do Plano é sintetizada em quatro eixos centrais: modificações


na matriz industrial, ampliando a participação da indústria pesada; mudanças na
organização industrial, acentuando a importância da empresa privada nacional;
desconcentração regional da atividade produtiva, visando a reduzir a
concentração espacial da produção; e melhoria na distribuição de renda.

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