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CEI-TRF4

ANALISTA JUDICIÁRIO
ESTUDO DE CASOS

ESPELHO DE CORREÇÃO DA RODADA 1

ATENÇÃO: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de
usuário. O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso.
Agradecemos pela sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI
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ESTUDO DE CASOS - ESPELHO DE CORREÇÃO DA RODADA 1 CÍRCULO DE ESTUDOS PELA INTERNET
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CORPO DOCENTE

Marianna Martini Motta. Coordenadora do curso e professora de Direito Previdenciário.


Procuradora Federal. Ex-Analista MPU. Mestre em Direito. Especialista em Direito Público
e Direito Processual Civil.

Mila Gouveia. Coordenadora do curso e professora de Direito Administrativo Advogada,


Pós-graduada em Direito Público, autora e coordenadora de Coleções de obras jurídicas
na Editora Juspodivm.

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SUMÁRIO

CORPO DOCENTE ............................................................................................. 2


CRONOGRAMA ................................................................................................ 3
APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 4
QUESTÕES DISSERTATIVAS .................................................................................... 5
DIREITO PREVIDENCIÁRIO ............................................................................ 5
DIREITO ADMINISTRATIVO.......................................................................... 12

CRONOGRAMA

Publicação
Limite p/ resposta
Rodada Estudo de Caso Publicação espelho e do vídeo
p/ aluno
explicativo
Direito
Administrativo
1ª Rodada 12/6 18/6 27/6
Direito
Previdenciário
Direito
Administrativo
2ª Rodada 19/6 25/6 10/7
Direito
Previdenciário
Direito
Administrativo
3ª Rodada 26/6 8/7 17/7
Direito
Previdenciário
Direito
Administrativo
4ª Rodada 9/7 15/7 24/7
Direito
Previdenciário

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APRESENTAÇÃO

Queridos(as) alunos(as), futuros analistas judiciários do TRF da 4ª Região,

Mais uma vez, é com enorme satisfação e gratificação que me encontro como coordenadora e professora
do curso CEI.

O curso CEI-TRF4-ANALISTA JUDICIÁRIO-Estudo de Casos – foi pensado por mim e por Mila Gouveia,
com quem tenho a honra de dividir a coordenação para atender à demanda de vocês, nossos alunos, em
questões pontuais, quais sejam: como formular a resposta correta em questões discursivas envolvendo o
estudo de casos.

Juntas, organizamos o curso em 4 rodadas, portanto, ao todo, vocês responderão a 8 questões discursivas
(estudos de caso).

Estamos tomando o cuidado em organizar os temas de modo estratégico para que vocês não sejam pegos
de surpresa no momento da prova. Assim, vocês irão se deparar, no decorrer das rodadas, com questões
envolvendo legislação, súmulas e jurisprudência para que tenham uma visão ampla do que poderá vir a
ser explorado na prova discursiva.

Juntamente com a divulgação do espelho, vocês receberão um vídeo contendo uma mini-aula sobre o
porquê escolhemos o tema da questão, bem como sobre quais pontos vocês deveriam ter abordado para
conseguir a nota máxima, momento em que faremos uma breve exposição do conteúdo.

Para aqueles que contrataram o curso COM correção, vocês terão a oportunidade de receber a correção
da resposta enviada individualmente corrigida e com os apontamentos que considerarmos prudentes de
serem tecidos para auxiliar vocês a alavancar o seu desempenho.

Por ora, desejo bom estudo a todos e espero ver o nome de todos vocês na lista dos aprovados.

Como sempre, fico à disposição de vocês para o que for necessário, eis que críticas e sugestões são bem-
vindas e deixo meu e-mail para auxílio naquilo que precisarem: profcei.mariannamotta@gmail.com.

Um forte abraço.
Marianna Martini Motta.

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

Professora Marianna M. Motta


E-mail: profcei.mariannamotta@gmail.com

🏳 DIREITO PREVIDENCIÁRIO

1. Considereaseguintesituaçãohipotética. Joãoécirurgião-dentistahá 25 anosecontribuiu, durante


todo esse período, para o RGPS como segurado contribuinte individual. Após efetuar requerimento
administrativo de aposentadoria especial, João teve indeferido o pedido de aposentadoria especial
sob o fundamento de que a atividade desenvolvida não lhe exigia habitualidade e permanência
da sua exposição a condições nocivas à sua saúde, ou seja, não comprovada a especialidade do
labor desempenhado. Desse modo, João ajuizou ação perante a Justiça Federal em face do INSS,
requerendo que lhe fosse concedida aposentadoria especial desde a DER (Data da Entrada do
Requerimento Administrativo).

Considerando apenas os fatos narrados acima, responda de modo fundamentado:

a) Nos termos da Lei nº 8.213/91, quais são os requisitos para ser deferida a aposentadoria
especial?

b) Nos termos da Lei nº 8.212/91, João teria direito à aposentadoria especial?

c) Caso fosse deferida a aposentadoria especial, João poderia continuar em atividade, ou seja,
desempenhando a função de cirurgião-dentista?

d) o STF já se manifestou a respeito do tema? Em caso positivo, qual foi a orientação?

🎓 SIMULAÇÃO DE RESPOSTA

1 a) Nos termos da Lei nº 8.213/91, para ser deferida aposentadoria especial por exposição a agentes nocivos
2 à saúde do segurado, deverão ser comprovados os seguintes requisitos: segurado, independentemente
3 do sexo, deve ter trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a sua saúde ou integridade
4 física, de modo permanente, não ocasional nem intermitente, durante 15, 20 ou 25 anos, a depender
5 da atividade, conforme lista regulamentar. b) Nos termos da Lei nº 8.212/91, João não teria direito à
6 aposentadoria especial por agentes nocivos. Ocorre que a Lei nº 8.212/91, art. 22, inciso II, não prevê o
7 custeio da aposentadoria especial pelo contribuinte individual. Apenas o segurado empregado e o avulso
8 teriam direito, nos termos da referida lei. João é contribuinte individual, portanto, não teria direito. c)

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9 Conforme a Lei nº 8.213/91, art. 57, § 8º, João não teria direito a continuar exercendo atividade que o
10 expusesse a agentes nocivos. Caso isso ocorresse, João teria o seu benefício de aposentadoria especial
11 por agentes nocivos cancelado. d) A respeito do tema – exposição a agentes nocivos pelo segurado
12 aposentado especialmente, o STF ainda não se manifestou. O Tema 709 – Possibilidade de percepção do
13 benefício da aposentadoria especial na hipótese em que o segurado permanece no exercício de atividades
14 laborais nocivas à saúde – pende de julgamento pela Suprema Corte e possui previsão de vir a ser julgado
15 em 25/9/2019.

🎓 ESPELHO DE CORREÇÃO

ESPELHO PONTUAÇÃO
Apresentação e estrutura textual (inclusive fluência e ortografia). 1,0
a) Aposentadoria especial por exposição a agentes nocivos à saúde. Requisitos.
Lei nº 8.213/91, art. 46. Segurado deve ter trabalhado sujeito a condições especiais
2,5
prejudiciais à saúde ou à integridade física, de modo permanente – não ocasional
nem intermitente – por 15, 20 ou 25 anos, conforme a atividade.
b)Leinº8.212/91,art.22,incisoII.Ausênciadeprevisãodocusteiodaaposentadoria
especial pelo contribuinte individual. Apenas segurado empregado, o avulso e o
2,0
contribuinte individual cooperado teriam direito. João é contribuinte individual,
portanto, não teria direito.
c) Em caso de deferimento da aposentadoria especial por exposição a agentes
nocivos à saúde, João não poderia continuar em atividade. Lei nº 8.213/91, art.
2,5
57, § 8º prevê o necessário afastamento, sob pena de cancelamento automático
do benefício.
d) STF, Tema 709 - Possibilidade de percepção do benefício da aposentadoria
especial na hipótese em que o segurado permanece no exercício de atividades 2,0
laborais nocivas à saúde. Julgamento previsto para 25/9/2019.
TOTAL 10,0

💡 COMENTÁRIOS À RESPOSTA

Olá, queridos(as) alunos(as),

Corrigidas as respostas da RODADA 1, teço pequenos comentários antes de esmiuçar os itens em relação
aos quais avaliei vocês.

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1. Se possível, escrevam à mão as respostas.

2. Sempre que puderem – e se a questão não pedir texto dissertativo – enumerem os itens e os
respondam.

3. O maior índice de equívocos em Língua Portuguesa foi quanto ao uso da crase, isto é, vocês
deixaram de usá-la onde seria necessária. O segundo maior equívoco foi concordância nominal.

4. Quanto aos aspectos jurídicos, a controvérsia trazida no item (b) foi ignorada por muitos de
vocês. Os que a responderam, se dividiram. Praticamente a metade respondeu nos termos da Lei nº
8.212/91 e nos termos do Decreto nº 3.048/99. Os demais, trouxeram a jurisprudência, em que pese
o enunciado pedisse – propositalmente – conforme a legislação.

5. O segundo maior índice de erros foi o item (d), pois vários alunos mencionaram sobre
desaposentação, quando a questão exigia que fosse abordado o Tema 709 do STF pendente de
julgamento.

Feita essa breve análise, passo à apresentação de cada um dos itens pontualmente.

(a) Lei nº 8.213/91. Art. 57 e 58. Requisitos. Aposentadoria especial por agentes nocivos.

Nos termos do § 1º do art. 201 da CF/88, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005, “é
vedada aadoçãoderequisitosecritérios diferenciados paraaconcessãodeaposentadoriaaosbeneficiários
do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência,
nos termos definidos em lei complementar”.

Significa dizer, dessa forma, é proibida a adoção de requisitos diferenciados para a concessão de
aposentadoria. Todavia, se estivermos diante de atividades especiais prejudiciais à saúde do segurado
ou à sua integridade física ou, ainda, no caso de trabalho prestado por pessoas com deficiência, o sistema
permite a adoção de requisitos e critérios diferenciados em homenagem ao princípio da isonomia.

Nesta questão, optou-se por abordar a aposentadoria especial por exposição do segurado a agentes
nocivos à sua saúde.

Nos termos do art. 57 da Lei nº 8.213/91, aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência
exigida na Lei, ou seja, 180 contribuições mensais (salvo a tabela de transição de carência do art. 142 da
Lei nº 8.213/91, para aqueles segurados filiados ao regime previdenciário pretérito) ao segurado que tiver
trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15
(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei de modo permanente, ou seja, não
poderá ser trabalho ocasional nem intermitente.

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Desse modo, para fazer jus ao benefício, o segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, a
exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde
ou à integridade física pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício.

A renda mensal da aposentadoria especial por exposição a agentes nocivos será equivalente a 100% do
salário-de-benefício, não incidindo o fator previdenciário.

Por fim, deve-se observar que a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão
da aposentadoria especial. O que é relevante para que seja concedida é que a pessoa – o segurado – tenha
o tempo necessário de contribuição enquadrado como especial e carência necessária – em regra, de 180
contribuições mensais – pagas tempestivamente.

Quanto aos beneficiários da aposentadoria especial, verificar-se-á no tópico seguinte.

(b) Lei nº 8.212/91, art. 22, inciso II. Aposentadoria especial. Contribuinte individual.

Em que pese a Lei nº 8.213/91 não restrinja os segurados beneficiários da aposentadoria especial, a Lei nº
8.212/91, em seu art. 22, inciso II, refere que a contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade
Social, para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213/91, ou seja, para o
financiamento da aposentadoria especial, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de
incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações
pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, será de
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho
seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco
seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco
seja considerado grave.

Isto é, a Lei nº 8.212/91 não prevê o recolhimento a cargo do contribuinte individual para o financiamento
da aposentadoria especial.

Nessa esteira, o Decreto nº 3.048/99 refere, em seu art. 64 – aqui, atenção! O conteúdo programático
do edital prevê o Decreto nº 3.048/99 em Direito Previdenciário – que apenas o segurado empregado,
o trabalhador avulso e o contribuinte individual cooperado filiado à cooperativa de trabalho ou de
produção fazem jus à aposentadoria especial, pois apenas nesses casos haveria prévia fonte de custeio
específica – em atenção ao princípio da precedência da fonte de custeio, a qual consiste nas contribuições
previdenciárias pagas pelas empresas.

Conforme a TNU, no julgamento do PEDILEF 2008.71.95.002186-9, de 29/03/2012, o contribuinte


individual, em tese, teria direito à aposentadoria especial, pois a Lei nº 8.213/91 não teria restringido o rol
dos segurados que terão direito ao benefício.

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Nesse sentido, a TNU publicou a Súmula nº 62, a qual refere que “O segurado contribuinte individual
pode obter reconhecimento de atividade especial para fins previdenciários, desde que consiga comprovar
exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física”.

A 2ª Turma do STJ se manifestou a respeito da ilegalidade do art. 64 do Decreto nº 3.048/99, quando do


julgamento do Recurso Especial nº 1.436.794.

Todavia, observem que, de propósito, a questão pedia que o candidato se pronunciasse conforme o
disposto na Lei nº 8.212/91. Portanto, pontuou a nota máxima o candidato que respondeu que, conforme
a Lei nº 8.212/91, João não teria direito à aposentadoria especial, eis que João, contribuinte individual,
não teria contribuído com o adicional para fazer jus a essa espécie de aposentadoria. Alguns alunos foram
além e trouxeram o entendimento jurisprudencial também, não desabonando a nota atribuída. Apenas
reforço que sempre cuidem ao enunciado da questão para responder exatamente ao que lhe está sendo
requisitado.

(c) Aposentadoria especial. Lei nº 8.213/91, art. 57, § 8º. Impossibilidade de continuidade de exposição
a agentes nocivos.

Caso o benefício de aposentadoria especial tivesse sido deferido a João, nos termos da Lei nº 8.213/91,
art. 57, § 8º, João não poderia continuar laborando exposto a agentes nocivos à sua saúde ou à sua
integridade física. Significa dizer que se João continuasse trabalhando sujeito a atividades especiais ou
retornasse a essas atividades, o benefício seria suspenso. Ou seja, a Lei nº 8.213/91 não veda o exercício de
atividade profissional nem o retorno do segurado à atividade laboral, desde que seja à atividade comum.

Isso se deve ao fato de se o § 8º do art. 57 da Lei nº 8.213/91 ser uma norma protetiva da saúde do
trabalhador. Isto é, o legislador partiu do pressuposto de que a atividade especial prejudicou a saúde do
segurado, portanto, caso retornasse ao mercado de trabalho, o segurado apenas poderia trabalhar em
atividade não nociva à sua saúde.

(d) STF. Tema 709. Pendente de julgamento. Possibilidade de percepção do benefício da aposentadoria
especial na hipótese em que o segurado permanece no exercício de atividades laborais nocivas à saúde.

O § 8º do art. 57 da Lei nº 8.213/91 foi declarado inconstitucional pelo TRF da 4ª Região (Arguição de
Inconstitucionalidade nº 5001401-77.2012.404.0000).

No âmbito do STF, como a questão exigia conhecimento do candidato, o tema pende de julgamento
no Recurso Extraordinário nº 788.092, em que foi reconhecida a repercussão geral e foi fixado o Tema
nº 709, fixando-se a controvérsia a ser solucionada nos seguintes termos: Possibilidade de percepção
do benefício da aposentadoria especial na hipótese em que o segurado permanece no exercício de
atividades laborais nocivas à saúde.

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O tema foi incluído em pauta e há previsão de julgamento em 25/9/2019:

(http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.
asp?incidente=4518055&numeroProcesso=791961&classeProcesso=RE&numeroTema=709).

O tema, ainda que pendente de julgamento, foi trazido à tona nesta questão, pois, na prova anterior de
Analista Judiciáriodo TRFda 4ª Região, oscandidatosforamavaliadosacercadotemada“desaposentação,
o qual, na oportunidade, também estava pendente de julgamento.

Desse modo, considerou-se prudente trazer o assunto ao debate.

Penso que, por ora, era isso que vocês deveriam saber.

Bons estudos.

Um forte abraço.
Marianna Martini Motta

🎓 MELHORES RESPOSTAS

DÉBORA LAGO

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RENATA MENEGAZ

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Professora Mila Gouveia


E-mail: profcei.gouveiamila@gmail.com

🏳 DIREITO ADMINISTRATIVO

2. Considere a seguinte situação:

Otávio, servidor público lotado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região e encarregado de


coordenar a reforma da sede onde trabalha utilizou, intencionalmente, recursos públicos desta
instituição (destinados à obra referida) para pagamento de despesas particulares em restaurantes
da cidade, incluindo jantar de formatura de sua filha para aproximadamente 20 convidados.

Responda de forma fundamentada:

a) Otávio praticou improbidade administrativa?

b) Caso haja a instauração de processo administrativo disciplinar e, ao mesmo tempo, ação de


improbidade administrativa em face de Otávio, há necessidade de aguardar-se o trânsito em
julgado da ação por improbidade administrativa para o prosseguimento do PAD?

c) É possível a utilização de prova emprestada no âmbito do processo administrativo disciplinar,


considerando a situação “b”? Há algum requisito para tanto?

🎓 SIMULAÇÃO DE RESPOSTA

1 A conduta praticada pelo servidor Otávio se configura como improbidade administrativa, pois, no
2 momento em que este utilizou verba pública para pagamento de despesas particulares, caracterizou-
3 se o uso, em proveito próprio, de verbas que integravam patrimônio de ente público. Assim, a conduta
4 mencionada pode ser tipificada como ato de improbidade que importa enriquecimento ilícito, conforme
5 determinação do art. 9º, XII, da Lei n. 8.429/92.

6 No que se refere ao segundo questionamento, tem-se que não há necessidade de se esperar pelo trânsito
7 em julgado da ação por improbidade para o prosseguimento do processo administrativo disciplinar. Isso
8 porque, o processo administrativo disciplinar e a ação de improbidade, embora possam acarretar a
9 perda do cargo público, possuem âmbitos de aplicação distintos, mormente a independência das
10 esferas civil, administrativa e penal (art. 12, caput, da Lei n. 8.429/92).

11 Em relação ao questionamento “c”, há Súmula do Superior Tribunal de Justiça (n. 591) que permite a

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12 prova emprestada no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo
13 competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. Sendo assim, é possível a prova emprestada
14 no caso em questão, desde que obedecidos aos requisitos citados.

🎓 ESPELHO DE CORREÇÃO

ESPELHO Pontuação
Apresentação e estrutura textual (inclusive fluência e ortografia) 1,0
Caracterização do ato de improbidade (art. 9º, XII, da Lei n. 8.429/92) 3,0
Independência entre as instâncias: cível, penal e administrativa (art. 12, caput, da
3,0
Lei n. 8.429/92)
Possibilidade de utilização de prova emprestada (Súmula 591/STJ) 3,0
TOTAL 10,0

💡 COMENTÁRIOS À RESPOSTA

Caros alunos, a questão apresentada mescla dois temas importantes para a prova de vocês: improbidade
administrativa e processo administrativo disciplinar.

Para a criação do caso prático, me utilizei de julgamentos anteriores do STJ (explicitados logo mais neste
documento).

Além disso, tive a preocupação de inserir Súmula recente (2017) do Superior Tribunal de Justiça no
espelho de resposta para que vocês se atentem para a leitura de todas elas.

a) Caracterização da Improbidade Administrativa:

A enumeração dos atos nos artigos 9º, 10, 10-A e 11 da Lei de Improbidade (8.429/92) é
apenas exemplificativa. Ou seja, é possível o ato ilícito praticado não estar expresso nos
referidos artigos, mas ainda assim o agente ser enquadrado na Lei de Improbidade.
Ex: a tortura de preso custodiado em delegacia por policial constitui, conforme
jurisprudência do STJ, ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios
da Administração.
Casoosujeitoativopratiqueatoqueseenquadreemmaisdeumtipodeatodeimprobidade,
responderá por aquele que comina sanção mais grave.
No caso em questão, o sujeito ativo praticou o ato de improbidade descrito no art. art. 9º, XII, da Lei n.
8.429/92. Confira:

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“Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir


qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
função, empregoouatividadenasentidadesmencionadasnoart. 1° desta lei, enotadamente:
(...)
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei”.
Para que você distinga mais facilmente os atos de improbidade descritos na LIA, é necessário memorizar
os verbos que iniciam cada conduta.

Vejamos:

ATOS DE IMPROBIDADE VERBOS


perceber (3x), utilizar, receber (3x), adquirir,
Enriquecimento ilícito – art. 9º
aceitar, incorporar, usar
Facilitar, permitir (5x), doar, realizar, conceder,
Lesão ao Erário – art. 10
frustrar, ordenar, agir, liberar, celebrar
Atenta contra princípio da Administração – art. Praticar, retardar, negar, deixar, revelar,
11 permitir, descumprir, transferir
Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício
Conceder, aplicar, manter (benefício indevido)
Financeiro ou Tributário – art. 10-A

Situação semelhante à apresentada na questão já havia sido julgada pelo STJ:

ADMINISTRATIVO. UTILIZAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA PAGAMENTO DE DESPESAS


PARTICULARES. ART. 9º, XII, LEI 8.429/1992. ILÍCITO INCONTROVERSO. DESNECESSIDADE DE
DEMONSTRAÇÃO DE DOLO ESPECÍFICO. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO QUE NÃO AFASTA A
OCORRÊNCIA DA PRÁTICA DE IMPROBIDADE.
Hipótese em que o Tribunal de origem aferiu a inequívoca existência de atos de improbidade
consistente na utilização, por policiais militares, de recursos públicos da instituição policial
para pagar despesas particulares em restaurantes, bem como para presentear esposas de
oficiais com bolsas e sapatos.
A prática do ato de improbidade descrito no art. 9º, XII, da Lei 8.429/1992 prescinde da
demonstração de dolo específico, pois o elemento subjetivo é o dolo genérico de aderir à
conduta, produzindo os resultados vedados pela norma jurídica.
O ressarcimento, embora deva ser considerado na dosimetria da pena, não implica anistia
e/ou exclusão do ato de improbidade.
O reconhecimento judicial da configuração do ato de improbidade leva à imposição

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de sanção, entre aquelas previstas na Lei 8.429/1992, ainda que minorada no caso de
ressarcimento. Recurso Especial parcialmente provido. (REsp 1450113/RN, 2ª Turma, Rel.
Ministro Herman Benjamin, DJe 31/03/2015).
b) Independência entre as instâncias cível, penal e administrativa:

O art. 12, caput, da Lei 8.429/92 prevê que, independentemente das sanções penais, civis e administrativas,
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às sanções previstas na mesma lei.

Vejamos:

“Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação


específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente (...)”.
A Constituição Federal também possui disposição nesse sentido. Confira o artigo 37. § 4º:

“Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a


perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.
Vale mencionar julgamento do STJ que explicita tal independência:

ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. DEMISSÃO DE


SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. ATO DE IMPROBIDADE.
INDEPENDÊNCIA ENTRE AS SANÇÕES DISCIPLINARES E AQUELAS PREVISTAS NA LEI 8.429/92.
UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OBSERVÂNCIA À AMPLA DEFESA E AO
CONTRADITÓRIO. PROVAS SUFICIENTES. EVOLUÇÃO PATRIMONIAL INCOMPATÍVEL COM A
RENDA AUFERIDA. ADEQUAÇÃO DA PENA. ART. 132, IV DA LEI 8.112/90. ORDEM DENEGADA.
À luz do disposto no art. 12 da Lei 8.429/90 e nos arts. 37, § 4º e 41 da CF/88, as sanções
disciplinares previstas na Lei 8.112/90 são independentes em relação às penalidades
previstas na LIA, daí porque não há necessidade de aguardar-se o trânsito em julgado da
ação por improbidade administrativa para que seja editado o ato de demissão com base
no art. 132, IV, do Estatuto do Servidor Público Federal. Precedente do STF: RMS 24.194/DF,
Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7/10/2011.
(...) De acordo com a jurisprudência pátria, é possível a utilização de prova emprestada
no âmbito do processo administrativo disciplinar, desde que obedecidos os princípios do
contraditório e da ampla defesa.
(...) Aconclusãodoprocessodisciplinarnãoestáatreladaaoencerramentodoprocedimento
fiscal. Isso porque são procedimentos distintos, regidos por normativos próprios e com
finalidades específicas. MS 15.848/DF, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO,

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julgado em 24/04/2013, DJe 16/08/2013).


c) Prova emprestada:

A Súmula 591/STJ responde a indagação com a seguinte afirmação: “é permitida a “prova emprestada”
no processo administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e
respeitados o contraditório e a ampla defesa”.

Mas, afinal de contas, quais são os fundamentos que justificam a aceitação da prova emprestada?

1- Princípio da economia processual (prova produzida em processo A seria


reaproveitada no processo B); e
2- Princípio da busca da verdade possível, uma vez que nem sempre será possível
produzir a prova novamente.
Conforme a doutrina de Daniel Neves: “A utilização de prova já produzida em outro processo responde
aos anseios de economia processual, dispensando a produção de prova já existente, e também da busca
da verdade possível, em especial quando é impossível produzir novamente a prova.” (Manual de Direito
Processual Civil. São Paulo: Método, 2013).

Para finalizar, vejamos 3 julgados que deram origem à Súmula mencionada anteriormente:

“[...] 5. Essa Corte Superior tem firme entendimento de que é possível utilização de provas
emprestadas de inquérito policial e processo criminal na instrução de processo disciplinar,
desde que assegurado o contraditório e a ampla defesa como ocorrido nos autos. [...]” (MS
15907 DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, Julgado em 14/05/2014,
DJe 20/05/2014).
“[...] ANULAÇÃO DE SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO PENAL - REFLEXOS NO PROCESSO
ADMINISTRATIVO [...] 5. É perfeitamente possível a utilização em processo administrativo
de prova emprestada de ação penal, mesmo quando anulada a sentença, notadamente
quando esse fato se deu por motivos meramente processuais ou procedimentais, mantidos
incólumes os demais atos do processo. [...]” (MS 16133 DF, Rel. Ministro ELIANA CALMON,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/09/2013, DJe 02/10/2013).
“[...] SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. POLICIAL RODOVIÁRIO. PROCESSO DISCIPLINAR.
DEMISSÃO. OPERAÇÃO POEIRA NO ASFALTO. [...] INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS.
PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. DEVIDA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. SUBMISSÃO AO
CONTRADITÓRIO. [...] 5. É possível o uso de interceptações telefônicas, na forma de provas
emprestadas, derivadas de processo penal, desde que tenha havido autorização judicial
para tanto, como na espécie (fl. 511), bem como que tenha sido dada oportunidade para
o contraditório em relação a elas, como se verifica dos autos (fls. 5877-5878). [...] 6. Em

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diversos momentos do processo disciplinar, é possível perceber que os servidores puderam


contraditar as provas, que não se resumiram àquelas emprestadas, tendo sido tomados
depoimentos, assim como apreciados documentos. Fica claro que a comissão franqueou
a possibilidade de produção de contraprovas, não se localizando nenhum cerceamento à
defesa. [...]” (MS 17534 DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
12/03/2014, DJe 20/03/2014).

Bons estudos!!

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