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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

DE MINAS GERAIS

Trabalho de Filosofia da Tecnologia


Os dez paradoxos da tecnologia

Paradoxo da origem e Paradoxo da XXXXXXXXXX

Alunas: Ana Lívia R. Albino


Fernanda K. Martins Ribeiro
Professor:Rone Eleandro dos Santos

BELO HORIZONTE, 25 DE ABRIL DE 2016


PARADOXO DA ORIGEM
Andrew Feenberg constrói seus paradoxos acerca da tecnologia e o terceiro citado é
sobre o paradoxo da origem. Segundo sua própria citação “o paradoxo da origem: por
trás de tudo o que é racional esconde-se uma história esquecida”. Nesse paradoxo o
Feenberg cita que há uma história por trás das tecnologias.
Apesar de parecerem que a tecnologia está desligada do seu passado, de serem
autossuficientes no seu funcionamento, houve um momento em que elas precisaram
ser desenvolvidas para uma finalidade. Esta não foi emersa completa e pronta, houve
um estudo, aperfeiçoamento e necessidade para que esta tenha sido construída.
No texto, Feenberg cita sobre as luzes de emergência que hoje estão presentes em
lugares públicos e privados, que foram construídas e difundidas pelo mundo, após um
trágico acidente nos Estados Unidos, em que 600 pessoas morreram por não saberem
o local de saída de emergência.
Seguindo esse raciocínio, apresento dois exemplos o primeiro deles é a construção de
sistemas de esgoto e saneamento básico, tecnologia necessária para evitar a
proliferação de doenças como tifo, cólera, lepra que devastavam populações.
Os primeiros indícios de tratamento científico do assunto, ou seja, de que as doenças
não eram exclusivamente castigos divinos, começaram a aparecer na Grécia, por volta
dos anos 500 a.C., particularmente a partir do trabalho de Empédocles de Agrigenco,
que construiu obras de drenagem das águas estagnadas de dois rios, em Selenute, na
Sicília, visando combater uma epidemia de malária. 1
Esses povos atingiram um alto nível de conhecimento, mas muito se perdeu com as
invasões bárbaras e a partir de 476 DC., com a queda do Império romano, iniciou-se o
período medieval, que duraria cerca de um milênio caracterizado por uma fusão de
culturas clássicas, bárbaras e ensinamentos cristãos, grande parte dos conhecimentos
científicos foram deslocados pelos cientistas em fuga, gerando uma ruptura radical do
homem com o conhecimento provocando um imenso retrocesso durante a Idade
Média que limitou as obras de drenagem e abastecimento hídrico aos mosteiros.2
As décadas de 1830 e 1840 podem ser destacadas como as mais importantes na
história científica da engenharia Sanitária. A epidemia de cólera de 1831/32 despertou
concretamente para os ingleses a preocupação com o saneamento das cidades, pois
evidenciou que a doença era mais intensa em áreas urbanas carentes de saneamento
efetivo, ou seja, em áreas mais poluídas por excrementos e lixo, além de mostrar que
as doenças não se limitavam às classes mais baixas.
No final do século XIX, a construção dos sistemas unitários propagou-se pelas
principais cidades do mundo na época, entre elas, Londres, Paris, Amsterdam,
Hamburgo, Viena, Chicago, Buenos Aires, etc. Porém nas cidades situadas em regiões
tropicais e equatoriais, com índice pluviométrico muito superior (incluindo o Brasil) a
adoção de sistemas unitários tornou-se inviável devido ao elevado custo das obras. 1
No entanto, a evolução tecnológica nas nações mais adiantadas, como a Inglaterra por
exemplo, e a necessidade do intercâmbio comercial, forçavam a instalação de medidas
sanitárias eficientes, pois a proliferação de pestes e doenças contagiosas em cidades
desprovidas dessas iniciativas propiciavam, logicamente, aos seus visitantes os
mesmos riscos de contaminação, gerando insegurança e implicando, portanto, que os
navios comerciais da época retirassem seus portos de suas rotas marítimas, temendo
contaminação da tripulação e, consequentemente, causando prejuízos constantes às
nações mais pobres e dependentes do comércio internacional. Temendo os efeitos
deste desastre econômico o imperador D. Pedro II, contratou os ingleses para
elaborarem e implantarem sistemas de esgotamento para o Rio de Janeiro e São
Paulo, na época, as principais cidades brasileiras. 3
Acredito que a invenção do sistema de esgoto e saneamento básico tenha sido uma
das invenções que mais deteve doenças e mortes. Através da mesma é possível
garantir melhores condições de saúde para as pessoas, evitando a contaminação e
proliferação de doenças. Ao mesmo tempo, garante-se a preservação do meio
ambiente.
O segundo exemplo são as tecnologias que foram construídas para a proteção de
pessoas que trabalham com radiologia, tendo em conta o histórico do efeito do estudo
desta ciência em cientistas.
A primeira química que trabalhou com radiologia Marie Curie faleceu em 4 de Julho de
1934 com anemia aplástica, que pode ter sido desenvolvida, após sua dedicação de
vida em radiologia. Marie e seu esposo Pierre Curie descobriram dois elementos, o
polônio e o rádio, a partir de estudos na área. Sem conhecer totalmente os riscos que
determinados elementos químicos apresentam, os dois cientistas estavam a todo
tempo expostos a radioatividade, sendo que Marie Curie tinha característica de levar
consigo tubos de ensaio contendo o elemento rádio.4
Em 1915, a British Roentgen Society alertou o mundo sobre os efeitos da radiação e
fundou uma Comissão de Proteção aos Raios-X e rádio em 1920.2 Desde então foram
estudadas várias formas de proteção contra a radiação, sendo considerado a
quantidade de pessoas que já haviam sido afetadas por esta. Sendo que as principais
doenças já relatadas associadas a radiação ionizante são: neoplasias, síndromes
mielodisplásicas, anemia aplástica, púrpura e outras manifestações hemorrágicas,
agranulocitose e outros transtornos especificados dos glóbulos brancos;
polineuropatia induzida pela radiação; blefarite, conjuntivite, catarata, pneumonite,
fibrose pulmonar, gastroenterite e colite tóxica, radiodermatite e outras afec- ções da
pele e do tecido conjuntivo, infertilidade masculina, entre outras. 6
No Brasil há uma Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que está vinculada ao
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que estabelece normas e
regulamentos em radioproteção e é responsável por regular, licenciar e fiscalizar a
produção e o uso da energia nuclear no Brasil. O MCTI foi criado em 1956, e
estruturado em 1962 para desenvolver a política nacional de energia nuclear. 7
A Norma CNEN-NE-3.01 de Agosto de 1988, atualmente em vigor, estabelece as
diretrizes básicas de radioproteção, abrangendo os princípios, limites, obrigações e
controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra os
possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante. 8
As principais tecnologias desenvolvidas para a proteção de trabalhadores e pessoas
expostas a radiação são aventais, saias e protetores abdominais, luvas, mangas,
proteção para membros inferiores, óculos, entre outros, sendo que estes são
confeccionados contendo chumbo, além de ter salas isoladas com vidros contendo
chumbo e sinalizadores nos locais indicando que determinada área pode estar exposta
a radiação. 9
A partir do histórico de doenças causadas no homem devido a radiação, os
equipamentos de segurança ao trabalhador em locais onde há incidência da radiação,
como hospitais e clínicas odontológicas, foram inseridos. Sendo que houve um
processo de desenvolvimentos no qual foram analisadas as contingências, escolhas,
possibilidades e alternativas. O equipamento de segurança para radiologia foi
construído, além dos fatores de saúde, mas também devido a uma pressão social,
estes EPIs podem se equivaler ao objeto técnico citado no texto de Feenberg. Por trás
dos equipamentos de segurança há muitos incidentes e acidentes de trabalhadores,
estes equipamentos possuem assim uma história.
REFERÊNCIAS

1. Evolução dos sistemas de esgoto. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/


saneamento/Historia.html>. Acessado em: 12 de Abril de 2016.
2. Saneamento Básico. Disponível em: <http://www.imbituba.sc.gov.br
/f/saneamento/ 17991-17998.pdf>. Acessado em: 12 de Abril de 2016.
3. A história do saneamento básico no Brasil. <http://www.aegea.com.br/portfolios/a-
historia-do-saneamento-basico-no-brasil/>. Acessado em: 12 de Abril de 2016
4. Biografia Marie Curie. Disponível em <http://www.biography.com/people/marie-
curie-9263538#final-days-and-legacy>. Acessado em 14 de Outubro de 2015.
5. RODRIGUES, V. M. C. P.; MACEDO, H. A. S.. Programa de Controle de Qualidade: A
Visão do Técnico de Radiologia. Radiologia Brasil. v. 42, p. 37-41, 2009.
6. DOS SANTOS, A. V,; FONTANA, R. T; BRAND, C. I.. A Saúde do Trabalhador em
Radiologia: Algumas Considerações. Texto Contexto Enferm. v. 20, p. 68-75, 2011.
7. COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. Disponível em
<http://www.cnen.gov.br>. Acessado em 14 de Outubro de 2015.
8. DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO. Norma CNEN-NE-3.01. Disponível em
<http://www.lpr-den.com.br/ne301.pdf>. Acessado em 14 de Outubro de 2015.
9. Radiações Ionizantes. Disponível em
<http://www.mashi.com.br/boletins_005.htm>. Acessado em 14 de Outubro de 2015.

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