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1. Introdução

Pensar sobre a herança histórico-cultural deixada pelos diversos povos


que contribuíram para construção cultural que hoje reproduzimos, nos faz
refletir sobre o vasto leque de aprendizados, manifestações e modos de
produzir o lazer trazido por estas etnias.
Dentre tantos povos, é importante salientar a influencia africana em
nossa culinária, religião, vocabulário, músicas e outros aspectos relacionados à
formação cultural do Brasil (PARANDI,R.,2000). Por tanto é inegável dizer que
inclusive muitas das brincadeiras reproduzidas e praticadas geração após
geração pode se configurar a partir de hábitos oriundos do continente africano.
Sabendo que os negros escravizados foram espalhados Brasil a fora, é
interessante perceber a disseminação cultural que ocorreu a partir dessa
miscigenação de saberes, responsável por originar esta diversidade cultural
conhecida, difundida e reproduzida até os dias atuais.
De posse destas informações objetivamos apresentar neste trabalho
alguns conhecimentos relacionados à brincadeira Terra/Mar, para tanto,
apresentamos pontos relevantes da historia do nosso país, discutindo como
esses fatores contribuíram para originar a brincadeira supracitada a fim de
obter uma melhor compreensão sobre o significado e composição da mesma.
Dessa maneira consideramos válida a discussão a cerca desse assunto,
principalmente por pensarmos a construção cultural como parte significativa da
história de uma nação, permitindo que a mesma se reconheça dentro das
manifestações que cercam e configuram o seu dia a dia.
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2- Jogos e brincadeiras afro-brasileiros: uma história étnica

A brincadeira Morto/Vivo, de acordo com algumas especulações, é uma


variante da brincadeira Terra/Mar originada dos povos africanos, mais
especifico de Moçambique. Aparentemente a brincadeira foi trazida para o
Brasil na época escravocrata. No entanto, não há registros que comprovem
fidedignamente tais especulações.
Os negros trazidos para o Brasil pertenciam, principalmente, a dois
grandes grupos étnicos: os sudaneses, advindos da Nigéria, Daomé e Costa do
Marfim e os bantos, capturados no Congo, Angola e Moçambique. Os bantos
foram desembarcados, em sua maioria, em Pernambuco, Minas Gerais e,
principalmente, no Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro houve uma
predominância demográfica de escravos bantos, devido aos tratados do tráfico,
que permitiam aos traficantes portugueses comercializar exclusivamente com o
Rio de Janeiro os negros vindos da costa meridional africana (PRANDI, R.,
2000).
Criado em 1862 pelo filósofo alemão Willelm Bleek, o termo banto tem
como significado “o povo”. Este termo visa representar os povos advindos da
África Meridional, estendendo-se para o sul, logo abaixo dos limites sudaneses,
compreendendo as terras que vão do Atlântico ao Índico até o Cabo da Boa
Esperança (PRANDI, R., 2000).
Segundo Prandi (2000), as atividades agrícolas e mineradora foram
garantidas pelos escravos de origem banto, enquanto as atividades centradas
nas áreas urbanas estariam mais relacionadas aos sudaneses devido às
recentes mudanças de fluxo do tráfico naquele momento. Isso nos remete a
pensar que a brincadeira Terra-Mar teve sua inserção, primeiramente, nas
áreas rurais, sendo disseminada mais tarde nas áreas urbanas, principalmente
no Rio de Janeiro.
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Especula-se que a brincadeira tenha se espalhado através das africanas


designadas a cuidar dos filhos dos fazendeiros e pelas gerações escravas que
tinham seus filhos na senzala.
Pensando na mistura étnica brasileira e nas regiões onde os povos
bantos foram desembarcados, a brincadeira Terra-Mar, provavelmente, sofreu
alterações em sua estrutura original, sendo recriada através dos anos até
chegar ao Morto-Vivo e suas regras hoje conhecidas.
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3- Conclusão

A construção deste trabalho possibilitou um melhor entendimento a respeito da


origem da brincadeira Terra/Mar, contribuindo para reflexão a cerca de
aspectos relacionados a história do nosso país, que de certa maneira se
apresenta de modo bastante superficial nas discussões estabelecidas no
âmbito escolar.
Desse modo diante das colocações do parágrafo anterior é necessário salientar
ainda que analisar criticamente a origem das manifestações culturais
influenciam diretamente na pratica docente nos permitindo realizar um trabalho
baseado nas relações que nos configuram como cidadãos consumidores e
produtores de cultura.
Por tanto concluímos este trabalho enfatizando a necessidade de buscar
informações como estas a respeito dos conteúdos trabalhados nas aulas,
principalmente por destacar a responsabilidade de resgatar no alunado o
respeito em relação as sua cultura, contribuindo na construção de sua
identidade.
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4- Referências

O transporte dos escravos. Disponível em


<http://pt.slideshare.net/Cantacunda/o-transporte-dos-escravos> Acesso em:
19 de dezembro de 2013.

Apostila de jogos infantis afro-brasileiros. Disponível em <


http://pt.slideshare.net/Cidasol1/jogos-afrobrasileiros > Acesso em 26 de
novembro de 2013.

PRANDI, R. De africano a afro-brasileiro: etnia, identidade, religião. Revista


USP. nº 46, p. 52-65, São Paulo, 2000.

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