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CAPITULO PRIMEIRO
O mistério do Pacífico
1
Ver CONTATOS EXTRATERRESTRES
— Você sabe que não costumo beber a esta hora. Mas
hoje estou realmente precisando de um trago. Aceita?
Kirkpatrik aquiesceu com a cabeça e serviu-se de um
drinque, enquanto Mr. Lattuada desabafava, falando em tom
baixo:
— Estou desesperado, Horace. Aliás, não apenas eu. A
Marinha não sabe o que fazer, a NIA investiga
freneticamente sem colher resultados, a CIA encontra-se
num beco sem saída e o Departamento de Estado acha-se à
beira da histeria. Sei que compreende a gravidade do caso.
O gigante louro sorveu com vagar a bebida dourada.
— De fato. Estamos lutando com um problema
aparentemente insolúvel. Fato um: existe um tipo de arma,
inteiramente desconhecido, de altíssimo poder destruidor e
capaz de iludir totalmente todos os sistemas de detecção e
alerta que possuímos, por mais avançados que sejam. Fato
dois: essa arma já pôs fora de combate a Sétima Frota e
alguns navios da Terceira. Possivelmente, até mesmo um
avião SR-16. Não sabemos quem possui essa arma, como a
utiliza e o que pretende com esses ataques.
Mr. Lattuada encolheu os ombros, desanimado.
— E não é só a marinha que está submetida a uma
ameaça terrível, Horace. O mistério do Pacifico atinge
diretamente a segurança dos Estados Unidos e quiçá do
mundo inteiro. Quem está de posse de tão insidiosa arma?
Os russos? Os chineses? Os israelenses? Seja quem for,
conseguiu dar um xeque-mate no poderio naval americano.
Isso afeta não apenas a nós, mas a todo o panorama
estratégico do planeta. Se a coisa prosseguir nesse passo,
em breve poderemos não ter uma só belonave nos mares,
desconhecendo a identidade dos agressores e a natureza da
arma que utilizam. Desta vez estou realmente pessimista
quanto aos resultados que possamos obter, Horace.
O doublé de playboy e espião pousou o copo de uísque
sobre a escrivaninha. O olhar frio e os músculos do rosto
tensos davam-lhe à fisionomia uma aparência pétrea, como
se de súbito tivesse tomado uma decisão firme e
irreversível.
— Vou começar a agir agora mesmo, Mr. Lattuada. Tem
o dossiê do caso?
— Sim, como sempre. Aqui está ele.
— Ótimo. Amanhã receberá um cartão postal do Havaí.
Os dois agentes da CIA despediram-se com um forte
aperto de mãos, e Mr. Lattuada permaneceu fitando por
longo tempo a porta que se fechava às costas de um dos
maiores espiões do mundo. Sabia o que seu melhor homem
iria fazer, e temia por sua vida. Após todos os recursos
terem sido esgotados, era a vez de 77Z incumbir-se da
missão.
O chefe do Departamento 77 suspirou profundamente.
Pelos seus cálculos, Kirkpatrik não sairia vitorioso daquela
vez. Mas era a última esperança.
CAPITULO SEGUNDO
Voando para o desconhecido
CAPITULO QUARTO
Sexo no calabouço
CAPITULO QUINTO
A Doutora Wu
CAPITULO OITAVO
A verdadeira ilha do Diabo
2
Ver CONEXÃO VARSÓVIA
Kirkpatrik, intrigado, procurava imaginar que
despautério a diabólica doutora Wu arquitetara para a
oportunidade.
Doze homens, vestidos com o mesmo macacão cinza
utilizado pelo agente 77Z e que caracterizava os
prisioneiros de Wu, deixaram os vestiários, e, cercados por
guardas portando metralhadoras, enfileiraram-se à horda da
piscina.
— Muito bem, amigos! — a médica estendeu a mão
direita espalmada. — Quero provar a todos vocês que sou
magnânima e cordial. Sei que sofreram um pouco nos
cárceres, mas agora, como recompensa, vou permitir que se
refresquem com um agradável banho de piscina! O que me
dizem?
Murmúrios, cochichos. Todos desconfiavam das
intenções da cientista.
— Não é necessário despir os macacões! Vamos!
Saltem!
A água parecia convidativa, um refrigério num dia tão
quente. Animados pela idéia e pelos empurrões dados com
os canos das metralhadoras pelos guardas orientais. alguns
homens saltaram à piscina. Depois que o primeiro executou
o mergulho, es outros onze foram lançados à força na
piscina, através de socos e coronhadas.
Passou-se um segundo. Dois. Três. Então,
repentinamente, os banhistas forçados começaram a emitir
gritos, urros e brados horripilantes. Wu desandou numa
gargalhada insana e demoníaca. De súbito pareceu que cada
um daqueles homens adquirira cem braços e cem pernas.
Debatendo-se desesperadamente nas águas que
principiavam a desprender um vapor esbranquiçado, os
infelizes, berrando de forma infra-humana, como animais
selvagens, o mais profundo e aterrador espanto que se possa
imaginar plasmado nos rostos crispados, denotando o
sofrimento de dores atrocíssimas, além do que a mente
possa compreender, começaram a desfazer-se, a ter seus
corpos literalmente liqüefeitos, como se fossem cubos de
gelo mergulhados em água quente. Os gritos, entrecortados
e agudos, eram de congelar o sangue. Kirkpatrik, paralisado
de terror, encarou a doutora com o rosto tenso e a mente
nublada pelo ódio:
— Por Deus, Wu! — rugiu —, o que fez com eles?
A cientista demente não conseguia parar de rir.
— Wu!!
Alguns prisioneiros, com os membros desfazendo-se,
derretendo-se como manteiga numa frigideira, tentavam
desatinados aferrar-se à borda da piscina, sendo rudemente
afastados pelas botas dos assassinos a soldo da sádica
criminosa. Gritos lancinantes e pavorosos rasgavam o ar,
numa atmosfera de pesadelo, irrealidade e pânico
impossível de ser descrita em palavras. O que se via ali,
naquele inocente parque de recreação, era mil vezes pior do
que todas as atrocidades cometidas pelos nazistas contra os
judeus, dez mil vezes pior do que todas as crueldades
praticadas pelos turcos contra os armênios. E a belíssima e
repugnante japonesa louca, mergulhada rio nauseabundo
lamaçal de sua própria insânia, chegava a perder a
respiração ao ritmo das gargalhadas que emitia.
Kirkpatrik não pôde resistir mais. O que presenciava era
um espetáculo mais sórdido do que a pior hediondez capaz
de ser engendrada pela mente humana. Tomado pela ira,
aproximou-se dois passos da médica maluca:
— Você não merece viver, Wu! É uma ameaça a toda a
humanidade? É o próprio Satanás sob forma de mulher!
A diabólica doutora voltou-se para o agente fora de série
da CIA com um sorriso angelical nos lábios.
— Que palhaçada é essa, Kornelius? Não apreciou o
divertimento? Veja como sou inventiva; acrescentei à água
desta piscina mil litros de água régia. Como você sabe,
trata-se de um composto formado por ácido nítrico e ácido
clorídrico. Esse líquido, violentamente corrosivo, é muito
utilizado pelos joalheiros, pois dissolve inclusive o ouro.
Imagine, então, qual será a sua atividade sobre a carne
humana!
Wu completou sua explicação com uma estridente
gargalhada.
— Observe, Kornelius! Veja como é fascinante! Todos
esses homens estão se dissolvendo, transformando-se numa
massa gelatinosa e semilíquida de carne e ossos! Sucumbem
torturados por dores atrozes, em meio a sofrimentos que
estão além da imaginação e devastados por um pavor que a
mente não pode conceber! Veja, seus gritos lancinantes vão
se extinguindo aos poucos! Claro, suas gargantas foram
devoradas pelo poderoso ácido! Urram ainda, mas já estão
mortos, inexoravelmente mortos! Céus, que satisfação! Eu
sou um gênio! Um gênio!
Apesar de toda a sua frieza, foi impossível ao agente
77Z conter-se diante daquela inominável demonstração de
perversidade. Num salto acrobático, agarrou Wu entre seus
braços, e, num rápido movimento, preparou-se para arrojá-
la dentro da piscina cheia de ácido.
— Você é uma aberração, Wu! Deve morrer!
Os seis guardas acudiram a tempo de imobilizar o louro
milionário e resgatar Wu milésimos de segundo antes que
ela mergulhasse nas águas mortais. Com velozes
movimentos, imobilizaram Kirkpatrik no deck da piscina.
Dois homens agarraram-lhe ambas as pernas, e os outros
incumbiram-se dos braços. O agente da CIA forcejou
brutalmente sem conseguir libertar-se. O rosto de Wu, salva
milagrosamente de morte certa, transformou-se numa
máscara do mais profundo ódio.
— Maldito Kornelius! Maldito! quis assassinar-me, não
é mesmo? Mas com a doutora Wu não se brinca! Vai
arrepender-se terrivelmente de seu gesto insano! Segurem-
no, homens! Não o deixem libertar-se!
Os músculos de Kirkpatrik não poderiam livrá-lo de seis
homens decididos que o subjugavam ao mesmo tempo. A
bela japonesa, com os olhos negros despedindo chispas de
fúria, postou-se em frente a 77Z, ferocíssima em sua
loucura.
— Cão do inferno! Nojento traidor! Vai agora sentir o
peso da ira da doutora Wu!
Sem aviso, a médica sádica desferiu um violento chute
contra os órgãos genitais do espião da CIA. Kirkpatrik
acusou o toque, com o rosto transtornado pela dor. Sorrindo
com maldade, Wu prosseguiu desferindo patadas contra a
região mais sensível da anatomia do gigante louro, enquanto
vociferava e praguejava, recriminando a sua ousadia.
Indefeso, alvo contínuo de uma severa saraivada de
pontapés, 77Z sentia-se desfalecer, sucumbindo à dor
insuportável.
Nesse instante, do lado em que se situavam as principais
instalações do laboratório de Wu, surgiu um indivíduo de
óculos em desabalada carreira:
— Doutora Wu! Doutora Wu!
Sem interromper as agressões, a médica tarada rugiu:
— Afaste-se! Seu trabalho é cuidar das transmissões de
rádio! Não me interrompa agora!
Brandindo uma mensagem, o técnico insistiu:
— Mas é uma emergência, doutora! Um fato
gravíssimo! Os fuzileiros navais americanos acabam de
desembarcar em Kingman’s Reef, destruindo
completamente as nossas instalações ali situadas!
— Como! — Wu interrompeu o último coice, perplexa.
— Acabo de receber o radiograma de Lao Ping, o chefe
da base! Ele enviou a mensagem e suicidou-se em seguida,
pois a situação estava perdida! Os marines ocuparam toda
ela e uma esquadra da ANZUS está navegando diretamente
para cá! Estamos acabados! É o fim de tudo!
A doutora raciocinou durante alguns momentos. Parecia
estranhamente calma e tranqüila.
— Não — tornou em voz suave —, pelo contrário,
amigo, eles é que estão acabados. Voa antecipar a saída dos
meus tubarões explosivos, direcioná-los pela nossa central
de Fanning e afundar toda a esquadra quando se aproximar
desta ilha!
E, de súbito, começou a emitir ordens com grande
segurança:
— Coloque toda a base em regime de alerta máximo!
Faça com que os aparelhos sejam preparados para o envio
de nossa arma biológica! Vocês quatro, levem Kornelius de
volta à cela! Vou fazê-lo arrepender-se de ter nascido um
dia! Vamos, mexam-se, enquanto preparo-me para iniciar as
transmissões de sinais de ataque aos nossos peixinhos!
Enquanto Kirkpatrik era transportado de volta ao
calabouço por quatro guardas armados. Wu, contemplando
distraída a piscina esfregava as mãos e não cabia em si de
contentamento.
— Ótimo! Essa atitude dos americanos foi excelente
para os meus planos! O cataclismo ocorrerá mais cedo e
com maior facilidade do que eu havia previsto! Dentro me
pouco não restará sequer um navio americano cruzando os
mares!
Apesar de entorpecido pelos golpes que sofrera, o agente
77Z continuava lúcido, e inteirara-se do significado da
mensagem trazida pelo operador de rádio a serviço de Wu.
Droga! Aquele ataque executado pelos marines contra as
instalações da cientista louca parecia ser coisa de Mr.
Lattuada. E só fizera piorar uma situação já crítica. Wu não
teria a menor dificuldade em destruir toda a esquadra,
lançando mão da sua arma biológica secreta. Iniciado o
ataque, a flotilha seria posta a pique em questão de minutos.
Kirkpatrik não podia permiti-lo! Devia tentar uma reação
desesperada, mesmo com risco da própria vida?
Enquanto ia sendo arrastado pelas galeria rumo à sua
cela, o agente fora de série da CIA, mobilizando toda a sua
capacidade extraordinária de reação física, procurava
recompor-se dos golpes aplicados no baixo-ventre,
enquanto seu cérebro privilegiado, funcionando como um
computador, buscava febrilmente uma saída para aguda
situação.
Dois dos guardas que o escoltavam ficaram nas
dependências da carceragem, fechando as pesadas grades
que isolavam o corredor. Wang Cheng e Hua Eu,
metralhadoras empunhadas, prosseguiram conduzindo o
prisioneiro até o calabouço.
Em outras circunstâncias o agente 77Z não esboçaria
reação, como não o fizera durante todo o tempo em que
permanecera detido em poder de Wu, devido aos altos
riscos envolvidos. Mas agora não podia hesitar. Milhares de
vidas humanas e a própria sobrevivência da esquadra
americana e dos aliados dependiam da sua atuação
inteligente.
Quando era empurrado pelo lance de escadas que dava
acesso ao painel da masmorra, Kirkpatrik decidiu ser aquele
o momento apropriado para entrar em ação. Deveria fazer
uso de toda a sua agilidade, mas, mesmo assim, havia fortes
chances de não sair vivo daquela brincadeira.
Hua Fu, ao lado de 77Z, levou a mão até a alavanca de
abertura do painel. Wang Cheng, por trás do agente,
metralhadora empunhada, dava cobertura ao companheiro.
Kirkpatrik, cabisbaixo, parecia arrasado e demolido pelos
chutes nos testículos. Então respirou fundo, e, num supremo
esforço, convocou todas as suas reservas de energia.
Transformou-se.
Voltou-se com um movimento rapidíssimo e, aplicando
uma patada certeira na arma empunhada por Wang Cheng,
fê-la voar longe, ao mesmo tempo em que seu punho direito
afundava com inaudita violência no plexo solar de Hua Eu e
sua mão esquerda agarrava o protetor do gatilho da
metralhadora portada por este último. Enquanto Wang
Cheng tentava aproximar-se de sua arma, o louro agente da
CIA, segurando a Gewehr-3 de Hua Eu com ambas as mãos
pelo cano, aplicou um golpe bestial de baixo para cima no
queixo do chinês, deixando-o desorientado no exato instante
em que a porta do calabouço se abria. Empurrado, Hua Fu
foi lançado no interior da cela enquanto sua arma
permanecia nas mãos de 77Z. Os guardas ocultos, vendo
através de pequenos painéis que algo estranho ocorria,
abriram fogo de imediato, crivando de balas o corpo de Hua
Fu, que ficou na exata posição para servir de escudo ao
espião da CIA. A porta fechou-se com grande rapidez às
costas do cadáver de Hua Fu, mas Kirkpatrik ainda pôde
ver, num relance, a laje móvel abrir-se repentinamente,
libertando milhares de tarântulas e escorpiões que, como
uma nuvem negra, cobriram o corpo do oriental já morto.
Wang Cheng recuperara sua arma. Num instante, ele e
Kirkpatrik apontavam metralhadoras um para o outro. O
agente da CIA pressionou o gatilho um milésimo de
segundo antes, e o corpulento chinês, atingido pelo impacto
de uma saraivada de balas, tombou de costas nos degraus de
pedra, esvaindo-se em sangue, e rolou pela escada,
chocando-se com um ruído cavo contra a porta do
calabouço.
Empunhando ambas as metralhadoras e protegido pelos
degraus ensangüentados, 77Z disparou diversas rajadas em
leque, abatendo quatro ou cinco guardas no corredor,
enquanto os demais, sem ter locais apropriados de defesa,
punham-se a correr ao longo da galeria, tentando escapar à
chuva de balas. Uma seção do pavimento ergueu-se
repentinamente, revelando a abertura de uma espécie de
poço situado ao lado da cela, onde provavelmente
postavam-se os guardas ocultos da masmorra, Vendo a
situação malparada, os indivíduos tentavam fugir da posição
subitamente transformada em armadilha fatal. O espião teve
apenas o trabalho de encher o reduto de chumbo, destruindo
todos os que lá dentro se encontravam.
Kirkpatrik lançou fora as duas Gewehr-3, já
descarregadas, e apossou-se das armas dos guardas mortos
no corredor. Em movimentos rapidíssimos, continuou
disparando através da galeria, enquanto se dirigia às outras
celas, movimentando as alavancas de abertura. O primeiro
calabouço que abriu era ocupado por Will, o piloto do SR-
16. O oficial da USAF encarou o agente da CIA, com
absoluto espanto.
— Mexa-se, Will! Não há um segundo a perder! Vamos
fugir! Pegue uma metralhadora e cubra a retirada!
Um segundo após Will escapar da cela os guardas
dispararam no interior do calabouço. Ainda confuso, o
piloto agarrou uma das Gewehr-3 abandonadas e atirou na
direção da retaguarda, obrigando os soldados de Wu a
procurar refúgio, enquanto Kirkpatrik prosseguia em alta
velocidade rumo à carceragem.
Não foi possível salvar os demais prisioneiros de Wu.
Uma sirena de alerta começou a soar com grande
intensidade, e os demais guardas atiraram nos detidos
indefesos no interior dos calabouços, matando-os
instantaneamente. Kirkpatrik foi forçado a liquidá-los,
abrindo o acesso dos redutos e fazendo as armas vomitar
fogo, pois não poderia deixar vivos os guardas às suas
costas enquanto empreendia a carreira em direção às
instalações da carceragem.
Empunhando duas metralhadoras e atirando sem cessar,
o agente 77Z prosseguia correndo em desespero através das
longas galerias e corredores de pedra, enquanto Will, mais
atrás, disparava rajadas esparsas e procurava manter aberto
o caminho para a fuga.
Ao girar de noventa graus num ângulo da galeria,
Kirkpatrik deparou-se com uma linha de atiradores que
fizeram fogo tão logo ele surgiu à frente. Resvalando pelo
chão, o agente fora de série prosseguiu atirando
impiedosamente enquanto as rajadas sibilavam no ar pouco
acima de sua cabeça. Uma das balas rasgou-lhe a carne
pouco acima do cotovelo, mas, desesperado, o espião mal
sentiu a dor e nem chegou a ver o sangue que lhe escorria
ao longo do braço. Fuzilou três dos atiradores emboscados e
pôs os demais em fuga. Já com suas duas armas
descarregadas, apossou-se daquelas dos mortos e chegou
então diante das portas gradeadas que delimitavam o final
das galerias.
Deitado, para reduzir o alvo representado por si próprio,
77Z disparou através das barras de ferro, destruindo a
balaços as instalações da carceragem e matando dois ou três
orientais. Atirou em seguida no mecanismo de fechadura
das grades, reduzindo-o a escombros com uma rajada e
garantindo suas possibilidades de fuga.
Com Will correndo mais atrás e as sirenas soando em
nível altíssimo, o louro milionário barafustou pelo túnel que
lhe daria acesso ao salão principal das instalações de Wu.
Sem encontrar outros guardas pela frente, deparou-se com a
sólida e pesada porta de madeira trabalhada que isolava o
salão. Com algumas rajadas, pôs abaixo o obstáculo e
penetrou no amplo aposento acarpetado. Rolou pelo chão e
buscou proteção atrás dos móveis, mas ergueu-se em
seguida. O salão estava inteiramente deserto. Ouviu os
passes rápidos de Will atrás de si e voltou-se para ele. Sua
surpresa não teve limites ao ver a arma do piloto apontada
firmemente para seu peito e o riso insano estampado no
rosto do oficial da USAF.
— Que besteira é essa, Will? Ficou louco?
Não. Louco foi você, voltando-se contra a doutora Wu.
Eu não podia matá-lo lá nas galerias, Horace, pois aqueles
guardas imaginavam que eu estava fugindo com você e com
isso eu corria sério risco. Mas aqui estamos a sós. Terei
tempo suficiente para explicar-me aos outros.
— O que está dizendo, Will?
— Apenas que você vai morrer, Horace! Agora!
EPÍLOGO
© MIKE STANFIELD
77Z 136
430922/430928