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Teoria da Disciplina de Direito

O objectivo deste documento é expor a matéria leccionada de forma sintética e


perceptível que será fruto de avaliação escrita no teste 2 de Direito no dia 26 de
Novembro.

O estudo deste documento, assim como, a elaboração do caderno de exercícios referente


a esta avaliação e adicionando os trabalhos até agora executados são mais do que
suficientes para a manutenção do desempenho de cada um.

Personalidade jurídica e capacidade jurídica


Apesar de aos olhos de um leigo (pessoa que não têm conhecimentos) face ao Direito
personalidade e capacidade jurídica são conceitos diferentes e igualmente com
diferentes valências.

Personalidade jurídica pode ser encarada como uma idoneidade ou aptidão para receber-
ser um “centro” de imputação- dos efeitos jurídicos. Aliás, ao lermos Ferrara
entendemos a condição subjacente à personalidade jurídica: “a abstracta possibilidade
de receber os efeitos da ordem jurídica”, sendo “o fundamento e a pré-condição de todo
o direito e um status”.

Neste sentido, a personalidade jurídica implica claramente um sujeito de direito, isto é,


um ente (pessoa ou não) susceptível de ser titular de direitos e obrigações. Mas o que é
um ente? Do ponto de vista legislativo, nomeadamente em Portugal consideramos como
entes de capacidade jurídica as pessoas singulares (nós, pessoas de forma individual) e
as pessoas colectivas (empresas, fundações, institutos, etc.).

A personalidade jurídica é extremamente para um correcto relacionamento social, pelo


que, está explícita no Código Civil. Sendo assim, os arts.º 66º-156º evidenciam todas as
pessoas humanas (singulares), enquanto que os arts.º 157º-194º expõem as pessoas
colectivas. Contudo, é de referir que a extensão da personalidade jurídica nas pessoas
colectivas surge no Código de Processo Civil (art.º 6). Porquê? Exponho algumas das
razões de seguida...
O art.º 6º evidencia os seguintes aspectos como pertencentes ao âmbito da personalidade
jurídica de pessoas colectivas:
a) A herança jacente e os patrimónios autónomos semelhantes cujo titular não
estiver determinado (exemplo: significa que perante uma herança de uma empresa
se o empresário não tiver deixado expressa a sua vontade esse património é alvo de
capacidade jurídica);
b) As associações sem personalidade jurídica e as comissões especiais (exemplo:
algumas comissões especiais criadas pelos governos para a análise de assuntos
específicos ou de interesse nacional);
c) As sociedades civis (exemplo: empresários em nome individual);
d) As sociedades comerciais, até à data do registo definitivo do contrato pelo qual
se constituem, nos termos do artigo 5.ºdo Código das Sociedades Comerciais
(anteriormente há empresa na hora existia um hiato temporal alargado entre a
constituição da empresa e a sua formalização- contrato de sociedade-, contudo
mesmo nesse período as pessoas colectivas tinham capacidade jurídica);
e) O condomínio resultante da propriedade horizontal, relativamente às acções que
se inserem no âmbito dos poderes do administrador (basta apenas saber, pois é um
assunto demasiado específico);
f) Os navios, nos casos previstos em legislação especial (basta apenas saber, pois é
um assunto demasiado específico).

Mas quando é que a personalidade jurídica finda? De acordo com o art.º 68º existem
três opções: com a morte; quando a sobrevivência de uma pessoa estiver dependente da
outra (lembram-se de o exemplo da aula?); ou ainda, com o desaparecimento de um
corpo.

Para os que não se lembram do exemplo facultado nas aulas para quando a
sobrevivência de uma pessoa estiver dependente da outra aqui vai.... Imaginem que
houve um acidente autómovel e que o condutor faleceu antes de chegar ao hospital, e
que após alguns minutos da sua entrada no hospital entra um peão em estado muito
grave face a um atropleamento. Nesse momento os médicos decidem que para salvar a
vida do peão terão de lhe fazer um transplante de coração e neste caso usam o condutor
falecido (vamos aqui esquecer as potenciais impossibilidades fisiológicas como a idade,
sexo, peso, etc).
Após receber o transplante o peão ainda sobrevive durante duas horas, mas acaba por
falecer. Neste caso a hora da morte vai ser igual para ambos, pois este período temporal
não teve qualquer significado do ponto de vista jurídico, pois a pessoa não fez nada
durante as duas horas em causa.

No entanto, esta problemática leva a um debate contínuo sobre o momento de definição


da morte? Historicamente, admitiram-se outras hipóteses, como por exemplo a morte
por escravidão. Porém, recentemente encontrava-se ainda a figura da morte civil, pela
condenação e penas longas de prisão, ou em consequência do ingresso numa ordem
religiosa. Nunca poderia ser, note-se, causas de perda de personalidade, mas tão só de
cessação de situações civis e de capacidade neste domínio. Contudo, estas cessações de
situações civis estão hoje completamente abolidas da ordem jurídica portuguesa.

Mesmo os estudiosos deste assunto ainda não chegaram a uma conclusão de qual será o
momento exacto da morte, especialmente relativamente à morte cerebral.

Outro aspecto fundamental da personalidade jurídica é a sua relação com os direitos


fundamentais do Homem (direitos de personalidade, civis e políticos, e, económicos e
sociais) e que são um claro resultado da evolução da própria sociedade. Mas
relembremos a definição de personalidade jurídica por uma questão de comodidade:
uma idoneidade ou aptidão para receber- ser um “centro” de imputação- dos efeitos
jurídicos.

De facto, todos estes direitos estão consagrados na Declaração Universal dos Direitos
Humanos da ONU e nos protcolos facultativos adjacentes, os quais deram origem há
Carta Internacional dos Direitos Humanos. Este processo resulta da própria da evolução
das sociedade, mas também como consequência da consciencialização das pessoas para
as atrocidades cometidas contra às mesmas.

Mas como podemos definir cada um destes direitos? Bem, direitos civis e políticos,
assim como, os económicos e sociais não requerem qualquer explicação prévia, pois
todos os dias ouvem nos meios de comunicação, contudo aqui fica alguns exemplos de
direitos relacionados com cada um:
• direitos civis e políticos: direito à liberdade de expressão, a inexistência de
censura, direito a ocupar um cargo político, entre outros;
• direitos económicos e sociais: direito a uma habitação, direito a uma vida
condigna, entre outros.

Mas qual a importância dos direitos de personalidade? Imensa, senão tenhamos em


atenção o art.º 71º número 1, o qual nos refere que os direitos de personalidade gozam
igualmente de protecção depois da morte do respectivo titular, apesar da personalidade
jurídica cessar com a morte. Isto deve-se ao próprio conceito: os direitos da
personalidade são normalmente definidos como o direito irrenunciável e intransmissível
de que todo indivíduo tem de controlar o uso de seu corpo, nome, imagem, aparência ou
quaisquer outros aspectos constitutivos de sua identidade.

A ideia dos direitos da personalidade está vinculada ao reconhecimento de valores


inerentes à pessoa humana, imprescindíveis ao desenvolvimentos de suas
potencialidades físicas, psíquicas e morais, tais como a vida, a incolumidade física e
psíquica, o próprio corpo, o nome, a imagem, a honra, a privacidade, entre outros. Aliás,
Adriano de Cupis refere que “existem certos direitos sem os quais a personalidade
restaria uma susceptibilidade completamente irrealizada, privada de todo o valor
concreto: direitos sem os quais todos os outros direitos subjetivos perderiam todo o
interesse para o indivíduo- o que equivale a dizer que, se eles não existissem, a pessoa
não existiria como tal’’.

Para finalizar é de referir que os direitos de personalidade pressupõem três condições


essenciais: autonomia da vontade, alteridade e dignidade.

Um exemplo claro desta questão foi evidenciado em aula: a exumação de um corpo.


Lembram-se? Perante a necessidade de exumar um corpo é necessária a autorização dos
entes por motivo de controlo do corpo e dignidade. Podemos considerar que estas
questões são fortemente influenciadas pelo pensamento religioso.

No que concerne à capacidade jurídica esta pode ser encarada como uma medida de
direitos e obrigações de que uma pessoa jurídica pode ser titular, ou seja, implica
capacidade de gozo genérica e específica, assim como, capacidade de exercício.
Capacidade de gozo corresponde ao aumento ou diminuição dos seus direitos por
motivos de diversa ordem, tais como: legislação, interdição e inabilitação. Por sua vez,
capacidade de exercício corresponde a exercer de forma pessoal e autónoma esses
direitos.

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