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Arménio Rego
Com o fim dos campeonatos de futebol à porta, eis um conjunto de lições com origem em
Inglaterra e Portugal.
1. Substituir um mito é uma tarefa árdua, principalmente se o mito continuar na estrutura – como
foi o caso. Ou seja, liderar com o anterior líder a espreitar por cima do ombro é uma boa receita
para o insucesso.
2. David Moyes, proveniente do Everton, aceitou o desafio. As circunstâncias ultrapassaram-‐no: o
seu contrato de seis anos não chegou para protegê-‐lo contra as possibilidades de um mau
3. Mesmo que tenha recebido uma choruda indemnização, como provavelmente terá sido o caso,
Moyes ficará com esta mancha durante muito tempo. O dinheiro não substitui a frustração da
derrota – Paulo Fonseca, no FC Porto, terá passado pelo mesmo.
4. Mas a liderança é uma maratona, uma sucessão de resultados. Uma derrota não é o fim de um
líder. Mais importante do quer ter perdido é, por conseguinte, saber como como se lida com o
fracasso.
5. Como agirão Moyes e Fonseca? Ambos poderão aprender com Jorge Jesus (JJ): um treinador
2. Valeu-‐lhe a proteção do seu próprio superior (o presidente L.F. Vieira). Ou seja, liderar também é
proteger e “dar tempo ao tempo”. Também o Manchester “deu tempo ao tempo”, quando
Ferguson, na fase inicial da sua carreira nos Red Devils, não obteve resultados à altura dos
3. JJ acabou por dar a volta por cima. Mostrou que o facto de tudo ter perdido não era o “fim do
mundo”. Ou seja, só perde quem desiste – ou quem é empurrado para a desistência.
gritty. Em vez de desistir, aprendeu. Não atirou a toalha ao chão.
5. No momento da vitória, todos os pecados de JJ foram expiados. Ou seja, os resultados são a final
prova de vida de um líder – para JJ, para Moyes, para Fonseca ou para qualquer um de nós.
Um ponto é certo: se algumas derrotas são certas, o melhor é usá-‐las para preparar as próximas
vitórias.
2. Se JJ tivesse sido apeado da função de liderança, não seria o herói de hoje. Se Sir Ferguson tivesse sido apeado, teria
3. David Moyes é um fracassado. Até se tornar um herói – se, e quando, ganhar.
4. O melhor treinador é o que ganha – mesmo que seja modesto. O pior treinador é o que perde – mesmo que seja
brilhante.
5. Ao transmitir confiança em JJ, Vieira sustentou a autoconfiança do treinador, a qual se repercutiu na equipa. E a
confiança foi um energizador da vitória. Diferentemente, a autoconfiança de Moyes (e de Fonseca) parecia estar
cada jogador, o presidente do clube, os adeptos, os media, as boas e as más equipas adversárias. Misture: e poderá
obter um sucesso. Misture de novo, com ou sem novos ingredientes – pode obter um fracasso.
7. Se a liderança fosse uma ciência exata, bastaria criar o algoritmo do sucesso e aplicá-‐lo ao jogo. O líder usá-‐lo-‐ia e
venceria. Cuidado #1: os outros líderes que aplicassem o algoritmo também venceriam. Cuidado #2: só um pode
vencer.