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A informação no contexto arquivístico: uma discussão a

partir dos conceitos de informação-como-coisa e


informação orgânica
Natália Tognoli
nataliatognoli@marilia.unesp.br
Bacharel em Arquivologia, Mestre e Doutoranda em Ciência da Informação pelo Programa
de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Unesp
Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP.

Resumo: A informação sempre desempenhou um papel fundamental na vida social, no


entanto, nos últimos anos, com a chamada “era da informação”, as discussões acerca do
objeto “informação” têm acompanhado um crescimento expoente, tanto em ambiente
acadêmico, quanto no cotidiano das sociedades. Este trabalho discute a informação sob o
ponto de vista das Ciências da Informação, mais especificamente da Arquivística, a partir
dos conceitos de informação-como-coisa, de Buckland, e informação orgânica, de Couture,
Ducharme e Rousseau enquanto substitutos do objeto “documento de arquivo”.
Palavras-Chave: Informação orgânica. Informação-como-coisa. Arquivologia. Ciência da
Informação

The information in the Archival Science context: a discussion based on the concepts of
information-as-thing and organic information

Abstract:The information has always played a key role in social life, however, in recent
years, with the so-called "information age", discussions about the subject "information"
have accompanied an exponent growth, both in the academic environment, as in society.
The present paper discusses the information from the point of view of Information Science,
specifically from the Archival Science point of view using the concepts information-as-a-
thing, and organic information, both developed respectively by Buckland and by Couture,
Ducharme and Rousseau.
Key words: Organic Information. Information-as-a-thing. Archival Science. Information
Science
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Informação Arquivística, Rio de Janeiro, RJ, v. 1, n. 1, p. 113-122, jul./dez., 2012


Natália Tognoli

Introdução a passagem do estudo do documento de

O
acesso à informação é tema arquivo para o estudo da informação
recorrente no cotidiano das orgânica registrada.
sociedades, principalmente Tal movimento suscitou, ainda,
quando é entendido no contexto dos discussões sobre a relação da Arquivística
direitos do cidadão que encontra na com a Ciência da Informação, defendida
informação, elementos para a aquisição de por alguns autores e rechaçada por outros,
conhecimento sobre os fatos de natureza apesar da inserção da primeira no campo
pública ou privada. de estudo da segunda pelas agências de
Por esse e outros motivos, nos fomento no Brasil que consideram a
últimos anos, a informação tem sido Ciência da Informação enquanto uma
discutida pelas mais diversas áreas do ciência social aplicada que engloba as
conhecimento, passando pela disciplinas da Arquivologia, Biblio-
Comunicação, Administração, Psicologia, teconomia e Museologia, intituladas por
História até as áreas que a consideram Smit (1993) de “as três Marias”.
como seu próprio objeto de trabalho, a Neste contexto, o presente artigo
saber, a Ciência da Informação, a busca discutir, à luz do cenário
Biblioteconomia e a Arquivologia. arquivístico do século XXI, a mudança no
No tocante a esta última, a objeto de estudo da Arquivologia e sua
discussão ainda é recente e causa relação com a Ciência da Informação. Para
desconforto àqueles que conseguem tanto são apresentados, aqui, o conceito de
identificar somente o documento enquanto informação-como-coisa (information-as-a-
objeto de estudo da Arquivística. Por essa thing) de Mickael Buckland (1991), e os
razão, as discussões apresentadas nesta conceitos de informação orgânica e
primeira edição do periódico intitulado informação-não orgânica, cunhados pela
“Informação Arquivística” são Arquivística Integrada de Couture,
extremamente importantes para nós, Ducharme e Rousseau (1988).
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arquivistas, uma vez que nos permite


pensar no paradigma que têm nos
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assombrado desde o início do século XXI:

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Informação-como-coisa origem, coleção, organização, armazenamento,


recuperação, interpretação, transmissão,
Antes de situarmos a informação transformação, e utilização da informação.
(BORKO, 1968, p. 01)
no ambiente arquivístico, necessário faz-se
adentrar nos estudos da Ciência da Para diminuir as incertezas com
Informação que, desde meados do século relação ao conceito de informação,
XX vem desenvolvendo seus estudos em necessário faz-se identificar o contexto no
busca de elementos e conceitos para o qual ela está inserida. Para tanto, Buckland
estudo dos processos de produção, (1991) estabeleceu três significados para o
organização e uso da informação re- uso da palavra informação: (1)
gistrada e institucionalizada para que esta informação-como-processo (information-
possa ser socializada. as-process); (2) informação-como-conhe-
No entanto, a definição de cimento (information-as-knowledge) e; (3)
Ciência da Informação (CI) não é um informação-como-coisa (information-as-
consenso na área. Podemos citar mais de thing).
cinquenta definições para ela, como o fez A primeira definição de infor-
Zins em “Conceptions of Information mação, informação-como-processo, está
Science” (2005). Essa dificuldade se dá relacionada à mudança que ocorre na
devido à interdisciplinaridade da Ciência mente de um indivíduo quando este é
da Informação, e à ambiguidade do informado sobre algo. Neste caso, a
próprio conceito de informação, o que palavra informação está diretamente ligada
chega a ser um contrassenso, uma vez que ao ato de informar, de comunicar o
“informação tem a ver com redução de conhecimento sobre algum fato que ocor-
ignorância e incertezas”, como bem nos reu.
explica Michael Buckland (1991, p.01). A segunda definição, informação-
Na clássica definição de Borko, como-conhecimento, é fruto da primeira
definição, uma vez que, quando o
[...] a ciência da Informação é a disciplina que
indivíduo é informado sobre algo, ele
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investiga as propriedades e comportamento da


informação, as forças que governam o fluxo adquire um conhecimento a partir daquela
informacional, e os meios de processar a
informação para uma otimização da
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informação que lhe foi comunicada.


acessibilidade e usabilidade. Ela preocupa-se
com o corpo de conhecimento relacionado com a

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Notadamente na terceira e última abordar a informação-como-coisa en-


definição, informação-como-coisa, reside quanto objeto da Ciência da Informação
o objeto mais palpável da Ciência da em um artigo que se propõe a tratar a
Informação (ou seja, aquele sobre o qual informação no contexto arquivístico?
incidirão diretamente os processos da CI) Primeiro, porque a Ciência da
e, consequentemente, da Arquivologia. Informação é entendida, aqui, enquanto
Aqui, o termo informação é utilizado para uma grande área regente das práticas das
definir objetos, dados ou documentos cuja “três Marias”, cujo objetivo reside no
intenção é informar sobre alguma coisa. estudo dos processos de produção,
Portanto, essa informação deve ser organização e uso da informação,
tangível e passível de organização, para enquanto que as outras disciplinas, a saber,
que possa ser acessada e relacionada à CI. a Arquivística, a Biblioteconomia e a
Buckland (1991, p. 351) ressalta, Museologia, emergem como práticas de
ainda, que, a informação-como-conheci- uma ciência maior, colocando em uso
mento é intangível, não podendo ser esses processos. Como bem destacou
estocada ou medida de nenhuma forma e Guimarães,
para que possa ser comunicada, deve estar
expressa ou representada em alguma [...] há de se ter em conta que a Ciência da
Informação, enquanto área de estudos, encontra
materialidade, tornando-se assim, informa- fulcro em um conjunto de práticas que, no
decorrer, ao longo do tempo, foram se
ção-como-coisa, tangível, portanto. consolidando, no mais das vezes ligadas a fazeres
específicos contextualizados em ambiências
Deste modo, a informação-como- específicas.(GUIMARÃES, 2008, p. 33)
coisa pode ser identificada como objeto da
Ciência da Informação, ou seja, uma Segundo, porque o conceito de
informação registrada em um suporte. informação-como-coisa está diretamente
Desta forma, tem-se, como objetivo da CI, ligado ao conceito de documento de
a socialização de um conhecimento arquivo, uma vez que este é definido como
produzido que só será possível a partir da um documento produzido por uma pessoa
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materialização do conhecimento. física ou jurídica no desenvolvimento de


O leitor, neste momento, deve uma atividade específica, que terá lugar
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estar se perguntando, mas para que somente a partir de um registro em um

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suporte e que servirá como indício de Faz-se necessário, portanto,


prova e testemunho daquela atividade. estabelecer dois níveis de objeto:
Neste contexto, Buckland (1991) intelectual (informação) e físico (do-
define a informação-como-coisa enquanto cumento de arquivo). Segundo Bellotto
evidências, ou seja, coisas a partir das (2005), o objeto intelectual da disciplina é
quais alguém se informa sobre algo e que a informação, mais precisamente os dados
podem ser: dados, documentos e textos, e que possibilitam a informação, enquanto
objetos. No tocante aos documentos e que o arquivo – conjunto documental
textos, o autor apresenta os arquivos e as produzido/recebido/acumulado por enti-
bibliotecas como ambiências específicas dades públicas ou privadas no exercício de
que lidam com essa informação, suas funções – é considerado o objeto
conectando, assim, informação-como- físico. Neste contexto, fica ainda mais
coisa, documento e arquivo. explícita a relação simbiótica entre
Desta feita, a caracterização da documento-informação.
informação enquanto evidência palpável,
material e que pode ser institucionalizada Informação orgânica
e socializada – documento, portanto – Ainda mais próxima da
permite a aproximação da Arquivística informação está a Arquivística Integrada,
com a Ciência da informação, uma das três abordagens1 que emergem no
identificando, assim, documento e Canadá no final do século XX, com o
informação como duas faces de uma objetivo de lidar com as novas formas de
mesma moeda (SMIT, 2000), sendo produção documental e com as novas
impossível dissociá-las. tecnologias de informação.
No entanto, conforme dito A relação da disciplina com a
anteriormente, essa é, ainda, uma visão informação se fortalece quando Couture,
controversa na literatura arquivística que,
raramente menciona a informação 1
As outras duas são a Arquivística Pós-Moderna
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ou Funcional, cunhada por Terry Cook; e a


enquanto objeto de estudo do arquivista, Diplomática Arquivística, proposta por Luciana
Duranti. Para um detalhamento completo, ver
associando somente o documento aos
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Tognoli, N.B. A contribuição epistemológica


estudos arquivísticos. canadense para a construção da Arquivística
Contemporânea (2010).

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Ducharme e Rousseau – precursores da Aqui, a Arquivística e o arqui-


abordagem – definem o “conjunto de vista não devem mais ser vistos como
informações orgânicas” enquanto objeto simples guardiões da memória histórica e
de estudo da Arquivística. institucional. Eles participam, agora, do
Buscando integrar as três fases do momento de criação dos documentos,
ciclo documental – que até o momento garantindo também uma racionalização da
seguia a tradição norte americana que informação e de seus processos. A con-
separa os documentos correntes e tribuição dos arquivistas para a gestão da
intermediários (records) dos documentos informação e a união das profissões em
permanentes (archives), assim como seus um só profissional constituem a base da
respectivos profissionais, record manager identidade moderna da disciplina
e archivist - em uma única disciplina, a (COUTURE; DUCHARME; ROUS-
Arquivística Integrada foca seus estudos SEAU, 1988).
na gestão da informação orgânica e em sua É, portanto, neste contexto, que a
importância para o fortalecimento da informação começa a ter um papel mais
disciplina no século XXI. ativo na disciplina, pois é um elemento
Essa abordagem integradora foi fundamental para o funcionamento e
proposta primeiramente por Couture, desenvolvimento de qualquer organização
Ducharme e Rousseau no final dos anos devendo ser gerida de forma eficaz.
80, devido às necessidades enfrentadas Emergem, assim, os termos
pelo Arquivo Nacional do Québec em informação orgânica e informação não-
trabalhar com documentos ativos, semi- orgânica enquanto frutos da abordagem
ativos e históricos. quebequense. Aqui, a informação orgânica
é definida como aquela que é produzida
[...] assiste-se hoje no Québec, a um crescimento e/ou recebida no âmbito de uma atividade,
gradual do consenso quanto à necessidade
funcional e até mesmo estratégica de unir em e a produção de uma ou mais informações
uma só profissão os profissionais do record
management e aqueles da arquivística tradicional, orgânicas darão origem aos arquivos da
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em torno de noções, princípios e métodos


comuns [...] (COUTURE; DUCHARME; instituição. Já as informações não-
ROUSSEAU, 1988, p. 53). orgânicas são aquelas contidas em do-
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cumentos bibliográficos, como as publi-

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cações e os materiais de referências, por ofereça uma solução para os problemas


exemplo. gerados pela produção e acúmulo
Além disso, a informação desordenado de informações, Couture,
orgânica pode ter um valor primário e um Ducharme e Rousseau (1988) criaram um
valor secundário, correspondendo aos programa em três fases, por meio do qual
valores dos documentos de arquivo colo- a Arquivística pode demonstrar sua grande
cados primeiramente por Schellenberg, em contribuição no campo da gestão integrada
1956. da informação orgânica.
Para Delmas (1996), a definição
de informação orgânica está diretamente A primeira fase corresponde à produção, difusão
e acesso à informação orgânica, onde a
ligada àquela de fundo, uma vez que informação é concebida de maneira estruturada e
inteligível. É registrada em um suporte adequado,
segundo o autor, qualquer informação, no sendo posteriormente inserida no canal de
difusão apropriado, a fim de ser facilmente
momento de sua criação ou recebimento acessível e de permitir uma comunicação máxima
por um organismo ou indivíduo no curso que tenha em conta tudo quanto do ponto de vista
legal, cultural e tecnológico [...] A segunda fase
de suas atividades, por esse fato em si, é componente do programa diz respeito à
classificação e à recuperação da informação [...] a
arquivística e faz parte dos fundos de terceira e última fase centra-se na proteção e na
conservação da informação. A informação bem
arquivo de seu autor ou recebedor, com o protegida e conservada segundo normas técnicas
e materiais precisos pode ser facilmente
mesmo status dos documentos mais comunicada (ROUSSEAU; COUTURE, 1998, p.
antigos. 68).

Como consequência da mudança É justamente por meio da


no foco da disciplina, a gestão de implantação de um programa que englobe
documentos também dará lugar à gestão a produção, a difusão e acesso, a
da informação orgânica, que desem- classificação, a recuperação e a
penhará um papel decisivo, no que tange à preservação da informação que a
organização e disseminação das in- Arquivística poderá exercer seu papel no
formações e à rapidez nos processos de seio da gestão da informação, apre-
tomada de decisão no interior das sentando seu papel, integrando todas as
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organizações. fases do ciclo vital dos documentos,


Para que as organizações possam assegurando uma unidade e continuidade
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usufruir de um sistema de gestão que no trabalho arquivístico.

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Observa-se, portanto, que ao A proposta dos teóricos é um


definir o objeto da Arquivística como a ponto de partida para uma consolidação da
informação orgânica registrada, a Arquivística enquanto uma disciplina
abordagem quebequense busca inserir a integrada e autônoma, capaz de oferecer as
disciplina na chamada “era da soluções para os problemas colocados às
informação”, integrando gerenciador de organizações na era da informação, no que
documentos (ativos e semi-ativos) e tange à produção e organização de
arquivista (documentos permanentes) em informações orgânicas registradas.
uma só profissão, de maneira a garantir a Neste contexto, pode-se afirmar
sustentação da Arquivística em um novo que, mais do que o documento, a
contexto de produção de informações. informação registrada é o elemento
Vale a pena destacar, aqui, que, responsável pela interdisciplinaridade da
no Brasil, nunca houve uma separação Arquivística, possibilitando sua relação
entre as profissões, tal como ocorre na com as demais ciências sociais aplicadas,
América do Norte, seguindo muito mais notadamente com a Ciência da In-
uma tradição arquivística europeia, formação.
baseando-se nos estudos espanhóis e Destaca-se, portanto, a enun-
franceses, trabalhando com o ciclo vital ciação da Arquivística Integrada como um
dos documentos como parte de uma única dos fatores responsáveis em estabelecer
área, desde a década de 1970. No entanto, essa relação, à medida que traz à
a contribuição da abordagem integrada Arquivística uma nova visão de seu objeto
para a Arquivística brasileira e o motivo de estudo, contribuindo para uma
pela qual é citada neste trabalho, é, renovação da disciplina face às mudanças
justamente a integração entre informação e ocorridas no final do século XX e começo
documento. Os teóricos da abordagem do XXI.
quebequense conseguem situar a disciplina A abordagem canadense
no seio das discussões sobre a gestão da demonstra ainda, ao identificar a
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informação, colocando o arquivista como informação orgânica registrada como seu


um gestor, muito mais do que um guardião objeto de estudo, que o binômio docu-
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de documentos. mento/informação não é uma exclu-

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sividade da Biblioteconomia ou da informação é produzida em um contexto


Museologia, e que, o arquivista, pode e arquivístico.
deve tratar a informação como elemento Na chamada sociedade da
central de seu trabalho. informação, milhares de informações são
geradas a cada segundo e sua organização,
Considerações finais recuperação e acesso devem ser mais
Buscou-se, com este trabalho, eficientes, otimizando gastos, espaço e
apresentar os conceitos de informação- recursos humanos. Portanto, é importante
como-coisa e informação orgânica que que a Arquivística, enquanto a disciplina
têm permeado a teoria arquivística, desde responsável pelo tratamento do conjunto
final do século XX, proporcionando uma de informações orgânicas registradas,
aproximação com as demais ciências da associe-se às demais ciências da in-
informação, notadamente a partir do formação, para validá-la enquanto
conceito de informação enquanto objeto disciplina autônoma e interdisciplinar,
central da Arquivística. afirmando seus princípios e fortalecendo
O conceito de Buckland é sua prática, no âmago da gestão dessas
fundamental para situar a informação e o informações.
documento enquanto partes de uma Conclui-se, finalmente, que, ao
mesma entidade, lados de uma mesma identificar a informação enquanto objeto
moeda. Tal conceito tem a capacidade de de estudo, a Arquivística é inserida na
aproximar a Arquivística da Ciência da chamada era da informação, e seu
Informação e da própria informação, profissional passa a ser considerado um
notadamente quando o autor identifica a gestor da informação, muito mais do que
informação-como-coisa enquanto algo um guardião de papeis velhos. Essa
palpável, passível de organização. identificação permite, portanto, que a
O conceito de informação orgâ- profissão do arquivista possa a ser central
nica consegue tirar o documento do foco nas organizações, indo além de velhos
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do arquivista, fazendo-o compreender que porões, traças e mofos, como figura no


mais importante que o suporte, é a imaginário popular, para um papel central
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informação que ele carrega, e que esta

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no seio das organizações, onde é o seu em biblioteconomia no Brasil: a


emergência de um novo olhar. Marília:
lugar.
Cultura Acadêmica e Fundepe, 2008, p.
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SMIT, J. W. Arquivística, Biblio-
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teconomia e Museologia: o que agrega
estas atividades profissionais e o que as
BUCKLAND, M. K. Information as thing. separa? Revista Brasileira de
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Information Science. vol. 42, n. 5, 1991, 1, n. 2, 2000, p. 11-26.
p. 351-360.
TOGNOLI, N. B. A contribuição
COUTURE, C.; DUCHARME, J.; epistemológica canadense para a
ROUSSEAU, J. L’archivistique a-t-elle construção da Arquivística
trouvé son identité? Argus, vol. 17, n. 02, Contemporânea. 2010. 120 f. Dissertação
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Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista, Marília,
COUTURE, C.; ROUSSEAU, J. Les
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archives aux XX siècle: une réponse aux
besoins de l’administration et de la
recherché. Montréal: Université de ZINS, C. Conceptions of Information
Montréal, 1982. Science. Journal Of the American
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DELMAS, B. Manifesto for a Technology, vol. 58, n. 3, 2007, p. 335-
Contemporary Diplomatics: From 350.
Intitutional Documents to Organic
Information. American Archivist, vol. 59
(fall), 1996, p. 438-452.

GUIMARÃES, J.A.C. Ciência da


Informação, arquivologia e
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biblioteconomia: em busca do necessário


diálogo entre o universo teórico e os fazes
Página

profissionais. In: GUIMARÃES, J.A.C;


FUJITA, M.S.L. (eds.). Ensino e pesquisa

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