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Talassemias
Alfa Talassemia
Caracterizam-se por deleções que envolvem os genes alfa e mutações (não deleções) que
afetam a expressão do gene. As alfas talassemias podem variar quanto à expressão da doença,
desde formas extremamente graves, incompatíveis com a vida, que é caracterizada pela
ausência de produção de cadeia alfa, até formas assintomáticas, nas quais muitas vezes a
pessoa não saberá que é portador de alfa talassemia.
As alfas talassemias podem ser classificadas em:
• Hidropsia fetal.
• Doença de hemoglobina H ou alfa talassemia intermediária.
• Alfa talassemia minor.
• Portador silencioso.
Na forma mais grave nenhuma cadeia alfa será produzida. Na fase embrionária será
possível a produção das hemoglobinas Gower 1 e Portland. As hemoglobinas Gower II, Fetal,
A1 e A2, não poderão ser formadas pela ausência de cadeia alfa. O feto apresentará
hemoglobina Bart’s (Gama 4) de 80 a 90%, hemoglobina H (Beta 4) e hemoglobina Portland
(Zeta 2 Gama 2). Esse quadro clínico conhecido como hidropsia fetal, acarreta a morte na fase
fetal ou logo após o nascimento.
A doença de hemoglobina H caracteriza-se por ter um gene de cadeia alfa funcionante.
Existe alguma produção de cadeia alfa. Esse quadro leva à produção de hemoglobina Bart’s
ao nascimento, em torno de 20 a 40% da hemoglobina total. Essa é posteriormente substituida
pela hemoglobina H, cuja concentração varia entre 5 a 40%. Como conseqüência a pessoa tem
uma anemia hemolítica crônica, a qual é também chamada de alfa talassemia intermediária.
A hemoglobina Bart’s forma-se porque na fase fetal, pela falta ou redução da produção
de cadeia alfa, a hemoglobina fetal não se forma ou forma-se em quantidades reduzidas, há
um excesso de cadeias gama, a qual se tetrameriza, formando Gama 4. O mesmo ocorre com a
hemoglobina H, a qual forma-se pelo excesso de cadeia beta e tetrameriza-se em Beta 4. Essa
é uma anemia hemolítica porque apresenta sinais de hemólise, como reticulocitose e
policromatofilia. Se dosadas as bilirrubinas, tem-se um aumento da bilirrubina indireta, o que
caracteriza uma hemólise extravascular. Esse tipo de hemólise ocorre porque esses eritrócitos
estão destruídos no baço, e o faz devido a precipitação de hemoglobina H na membrana
eritrocitária. Essa anemia é microcítica e hipocrômica, diferente das anemias hemolíticas
normocíticas e normocrômicas, nas quais o defeito está na membrana eritrocitária.
N alfa talassemia minor, o paciente apresenta dois genes alfa funcionantes, que lhe
confere uma quantidade de cadeia alfa que proporciona uma boa concentração de
hemoglobina A1i, a ponto dele não apresentar anemia ou esta ser muito discreta. Não
apresenta hemoglobina H. No quadro e alfa talassemia minor, pelo fato de apresentar
microcitose, o VCM geralmente fica em torno de 72,0 fento litros, e hipocromia, HCM em
torno de 22 picogramas e CHCM em torno de 31%, muitas vezes é confundida com anemia
ferropriva. Essa situação ocorre quando não se dosa o ferro sérico e a ferritina para a
comprovação do diagnóstico. Nesta situação o ferro sérico e a ferritina estão normais ou
aumentados, a hemólise crônica aumenta a absorção intestinal do ferro.
O portador silencioso apresenta 3 genes funcionantes, o que lhe proporciona uma
quantidade de cadeias alfa suficiente para que não tenha sintomas clínicos e nem hemato
lógicos. Apresenta ao nascer até 2% de hemoglobina Bart’s e não tem hemoglobina H. Essas
pessoas somente vão saber que são portadoras de alfa talassemia quando sua descendência
apresentar sinais clínicos e hematológicos de alfa talassemia. A tabela 7.2 faz um resumo das
características clínicas e hematológicas das alfa talassemias.
Causa
• Déficit de produção de cadeia alfa, que pode variar de ausência de cadeia alfa até
uma diminuição tal da produção de cadeia alfa, que torna o paciente
assintomático.
Anemia
Hidropsia fetal
• Hb Bart’s 80%.
* Hb Portland 20%. -
• HbH não detectada.
Doença Hb H
Talassëmia minor
Portador silencioso
Beta Talassemia
Caracterizam-se por mutações que resultam na diminuição da produção do RNA
mensageiro e de mutações que afetam a expressão e regulação do gene. As beta talassemias
podem ser classificadas em: beta talassemia maior (anemia de Cooley), beta talassemia
intermediária, beta talassemia menor e beta talassemia mínima.
A beta talassemia maior, que é a forma mais severa de manifestação clínica, não produz
cadeia beta, porque apresenta deleção em ambos os genes. O quadro clínico e hematológico
manifesta-se como uma anemia hemolítica com intensa microcitose e hipocromia, atividade
de medula óssea revelada por intensa policromatofilia e reticulocitose que varia de 5 a 15%,
acompanhada de icterícia, pelo aumento de bilirrubi na indireta, espienomegalia, devido a
intensa atividade fagocitária do baço e alterações esqueléticas causadas pela proliferação
celular intensa. A concentração de hemoglobina está abaixo de 7,0 g/dl. É comum a presença
de grande quantidade de eritroblastos, codócitos e ponteados basófilos. Como o paciente não
apresenta cadeia beta, há um aumento de hemoglobina A2 e F. A concentração de
hemoglobina F pode chegar a representar a totalidade da hemoglobina, a hemoglobina A2
pode chegar a 8% da hemoglobina total. Aqui, não há outros tipos de hemoglobina, como na
alfa talassemia que apresenta hemoglobina H e Bart’s. Ocorre, sim, um aumento da
hemoglobina A2 e fetal, podendo também aparecer cadeias alfa livres e agregados de cadeia
alfa, pela ausência de beta.
A beta talassemia intermediária apresenta uma concentração de hemoglobina em torno
de 7 a 10,0 g/dl com hipocromia e microcitoses intensas, presença de codócitos, ponteados
basófilos e eritroblastos. Reticulócitos em torno de 3 a 10%. Espienomegalia e icterícia mais
discretas e sem ou com poucas alterações esqueléticas. Essa anemia hemolítica apresenta o
mesmo quadro clínico e hematológico que a beta talassemia maior, só que de intensidade mais
leve. Os níveis de hemoglobina A2 e F podem chegar até 10% para A2 e varia de 30 a 100%
para F.
A beta talassemia menor apresenta manifestações clínicas (espienomegalia, icterícia e
alterações esqueléticas) muito discretas. A concentração da hemoglobina está acima de 10,0
g/dl. As alterações hematológicas são discretas, com microcitose, hipocromia, codócitos,
ponteados basófilos e reticulócitos em torno de 2 a 5%. Os níveis de hemoglobina A2 e F se
invertem, a hemoglobina A2 tem uma concentração em torno de 1,2 a 8%, enquanto a
concentração da hemoglobina F fica em torno de 1 a 3%.
A beta talassemia mínima não apresenta alterações clínicas e hematológicas.
Causa
Déficit de produção da cadeia beta, variando a ausência da cadeia até uma deficiência
que torna o paciente assintomático.
Anemia
Tabela 7.3 faz um resumo sobre o quadro clínico e laboratorial dos diversos tipos de
beta talassemia.
Por que a anemia se instala?