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Ações do Consórcio Intermunicipal do ABC que Convergem com as Adaptações


às Mudanças Climáticas Globais em Grandes Centros Urbanos: uma Análise do
1°Plano Plurianual Regional Parti...

Conference Paper · September 2018

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3 authors, including:

Gabriel Pires de Araújo Beatriz Duarte Dunder


University of São Paulo University of São Paulo
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Ações do Consórcio Intermunicipal do ABC que Convergem com as
Adaptações às Mudanças Climáticas Globais em Grandes Centros
Urbanos: uma Análise do 1°Plano Plurianual Regional Participativo do
Grande ABC

Gabriel Pires de Araújo


Bacharel em Gestão Ambiental (EACH-USP)
gabriel.pires.araujo@usp.br

Beatriz Duarte Dunder


Bacharela em Gestão Ambiental (EACH-USP)
beatrizdunder@gmail.com

Sílvia Helena Zanirato


Professora Associada do Curso de Gestão Ambiental (EACH-USP), da Pós Graduação em
Mudança Social e Participação Política (PROMUSPP-USP) e do Programa de Pós Graduação em
Ciência Ambiental (PROCAM-USP)
shzanirato@usp.br

Resumo

Em um contexto de aumento de eventos extremos em áreas urbanas relacionados às Mudanças


Climáticas Globais e a necessidade de adaptação a estes, o presente artigo teve como objetivo
analisar as ações do Plano Plurianual (PPA) Regional Participativo do Grande ABC Paulista 2014-
2017, tendo em vista verificar em que medida estas ações podem contribuir para que a região se
adapte aos citados eventos. A metodologia empregada para o alcance desse objetivo foi, além da
pesquisa bibliográfica, a análise de conteúdo aplicada ao PPA. Os resultados obtidos indicam que
o PPA possui ações que podem vir a contribuir para com a adaptação às mudanças climáticas em
áreas urbanas, principalmente quando se considera as relações entre municípios em uma escala
regional. Dentre as ações, destacam-se as tomadas no âmbito dos programas Drenagem Urbana
e Riscos Urbanos e Ambientais. Como limitação, a análise expôs que o PPA foca-se em medidas
adaptativas relacionadas aos efeitos das Mudanças Climáticas Globais como às enchentes e
deslizamentos de terra, não citando diretamente ações relacionadas à problemática de aumento
de secas e do fenômeno de ilha de calor, aumento já modelado para toda a região sudeste do
país.
Palavras-chave: Mudanças Climáticas Globais, Adaptação, Plano Plurianual Regional.

Actions from Consorcio Intermunicipal do ABC which Converge with


the Adaptations to Global Climate Change in Large Urban Centers: a
Analyze of 1°Plano Plurianual Regional Participativo do Grande ABC

Abstract

In a context of increase in extreme events in urban areas related to global climate change and the
need of adaptation to these, this article aimed to analyze the actions of the “Plano Plurianual (PPA)
Regional Participativo do Grande ABC Paulista 2014-2017”, in order to verify to what extent these
actions can contribute to that the region adapts to the mentioned events. The methodology used to
achieve this objective was, besides bibliographic research, the content analysis applied to PPA.
The results indicate that the PPA has actions that may contribute to adaptation to climate change
in urban areas, especially when cities are considered among municipalities on a regional scale.
Among the actions, stand out the actions taken in the scope of the programs “Drenagem Urbana”
and “Riscos Urbanos e Ambientais”. As a limitation, the analysis exposed that the PPA focuses on
adaptive measures related to the effects of Global Climate Change such as floods and landslides,
not directly mentioning actions related to the problem of increased droughts and the phenomenon
of heat islands, increase already s for the entire southeastern region of the country.

Keywords: Global Climate Change; Adaptation; Regional Multiannual Plan.

GT 08: Mudanças climáticas: adaptação e redução das vulnerabilidades em áreas urbanas

1. Introdução

O fenômeno das mudanças climáticas é considerado a ameaça mais grave que o planeta enfrenta
neste século, uma autêntica crise, tanto ecológica como econômica (THOMAS et al, 2004;
GIBSON, 2006; IPCC, 2007 e 2014a).

As consequências já ocasionam impactos nos sistemas humanos e naturais, tornando o


enfrentamento da situação como o principal desafio a ser enfrentado pela humanidade no século
XXI (IPCC, 2014a).

Pesquisas sobre o assunto desenvolvidas no Brasil indicam que “corremos o risco de assistir o
cenário mais pessimista (no qual) o aumento da temperatura pode passar de 4 graus até o final
deste século” (NOBRE, 2008, p.14). O país e, em particular a região sudeste (incluindo o Estado
de São Paulo), estarão sujeitos, com grande probabilidade, às alterações climáticas, com
mudanças que estão sendo caracterizadas em várias escalas temporais e com diferentes
resoluções espaciais. No sudeste as temperaturas serão 3°C a 4ºC mais quentes, haverá
aumento de chuvas intensas e irregulares e uma possível elevação do nível do mar (MARENGO
et al., 2007; AMBRIZZI et al., 2007).

O Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre mostrou que

(...) até 2040, as projeções indicam aumento relativamente baixo de temperatura


entre 0,5° e 1° C, com um aumento de 5% a 10% das chuvas. Em meados do
século (2041-20 0) estariam mantidas as tend ncias de aumento gradual de 1,5°
a 2° C na temperatura e de aumento de 15 a 20 das chuvas, sendo que essas
tend ncias seriam acentuadas ainda mais no final do século (20 1-2100) com
padr es de clima entre 2,5 e 3° C mais quente e entre 25% a 30% mais chuvoso
(AMBRIZZI; ARAÚJO, 2013, p. 22).

Embora as ações que busquem a mitigação das mudanças climáticas tenham um papel
fundamental no enfrentamento deste desafio, o volume das emissões de GEE já existente na
atmosfera demanda que os países busquem desde já se adaptar aos efeitos das mudanças
climáticas (GIDDENS, 2009).

Neste sentido o Grupos de trabajo (GT) del Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el
Cambio Climático (IPCC) afirma que

Es fundamental fortalecer la capacidad de adaptación para la selección y la


realización eficaces de las opciones de adaptación. Los gobiernos nacionales
pueden coordinar los esfuerzos de adaptación de los gobiernos locales y
subnacionales, por ejemplo, protegiendo los grupos vulnerables, apoyando la
diversificación económica y proporcionando marcos de información, de políticas y
jurídicos, y apoyo financiero (evidencia sólida, nivel de acuerdo alto). (IPCC,
2014b).

A necessidade de adaptação às mudanças climáticas ganha contornos ainda mais dramáticos


quando se trata das cidades, que vem abrigando um número cada vez maior de pessoas que
estarão vulneráveis caso a necessidade não seja suprida. Neste contexto, é importante que os
responsáveis pela gestão das cidades respondam de maneira efetiva aos problemas que já se
apresentam e tendem a se agravar. Esta resposta se dará por meio da adoção de políticas
públicas que assim como os efeitos das mudanças climáticas, transcendam a escala municipal
(IPCC 2014b, CAMPOS; PHILIPPI JR.; SANTANA, 2015).

É importante ressaltar que, principalmente em países em desenvolvimento, o poder local tende a


apresentar dificuldades em empreender as citadas medidas de adaptação. Estas dificuldades vão
desde o não reconhecimento da mudança climática global como um problema local, até ao fato de
que os governos optam por tratar das demandas de curto prazo que os sobrecarregam no
presente, ignorando em certa medida a problemática das mudanças climáticas, que tem como
característica se manifestar em largas escalas de tempo, mesmo que seja necessária uma
preparação estrutural prévia para que a adaptação seja efetiva (MARTINS; FERREIRA, 2010).
Trata-se de uma expressão do Paradoxo de Giddens, onde:

(...) visto que os perigos representados pelo aquecimento global não são
palpáveis, imediatos ou visíveis no decorrer da vida cotidiana, por mais
assustadores que se afigurem, muita gente continua sentada, sem fazer nada de
concreto a seu respeito. No entanto, esperar que eles se tornem visíveis e agudos
para só então tomarmos medidas sérias será, por definição, tarde demais
(GIDDENS, 2009).

Além disso, as medidas de adaptação por parte do poder local têm se apresentado como
incipientes e em estágio inicial de formulação e implementação, existindo um predomínio de
medidas concretas direcionadas para a mitigação (MARTINS; FERREIRA, 2010).

Existe a expectativa que mais de dois terços da humanidade resida em cidades até o ano de
2030, onde os impactos das mudanças climáticas serão sentidos de maneira mais premente
(IPCC, 2014a).

Também, quando se considera a realidade dos países em desenvolvimento, esses impactos


tendem a serem maiores, pelo fato de que serão nestes países – principalmente os localizados
nos trópicos – onde ocorrerá uma maior variabilidade climática decorrente do aquecimento global
(BATHIANY et al., 2018), além do fato das cidades destes países serem mais vulneráveis às
mudanças climáticas (BARBI; FERREIRA, 2013).

A vulnerabilidade é aqui entendida como “(...) o estado de um sistema exposto a riscos,


condicionados por fatores biofísicos e socioculturais, em diferentes escalas temporais e espaciais,
combinado com sua capacidade de resposta.” (INCLINE, 2013). A vulnerabilidade surge na
exposição de populações, lugares e instituições, referindo-se consequentemente a maior ou
menor exposição aos fenômenos decorrentes dos efeitos das mudanças climáticas (NOBRE;
YOUNG, 2011).

Os impactos já são percebidos em diferentes regiões do mundo, principalmente nas áreas


urbanas, que demandam cada vez mais iniciativas de adaptação, que é uma responsabilidade que
muitas vezes está a cargo dos governos locais (MARTINS; FERREIRA, 2010; SATHLER, 2014).

É com base nestas considerações que a presente comunicação se coloca. O que se busca é
averiguar em que medida os municípios que conformam a região do Grande ABC Paulista vêm
tomando ações que se aproximam das recomendação de adaptação aos efeitos deletérios das
mudanças climáticas. Para isto, analisou-se o contido no Plano Plurianual Regional Participativo
do Grande ABC, que vigorou de 2014 à 2017 e teve como intuito orientar as políticas públicas
tendo em vista as principais necessidades da região.
1.1 A Região do Grande ABC

A Região do Grande ABC está inserida na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), e é
formada por sete municípios, sendo estes: São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Santo
André, Mauá, Diadema, Ribeirão Pires e Rio grande da Serra. A região, que conta atualmente
com uma população de 2.549.135 habitantes em um território de 828,7 km2 (VALVERDE, 2017),
teve como principais vetores de crescimento a Ferrovia Santos-Jundiaí e o processo de
industrialização posterior, que trouxe efeitos que se expressam em todos os municípios que
formam a região (LANGENBUCH, 1971).

Este processo em um quadro de crescimento da economia nacional e metropolitana tornou a


região um polo atrativo, transformando-a em área industrial e residencial para a população
empregada nessa indústria (LANGENBUCH, 1971).

Esta industrialização teve um papel maior do Estado pós anos 1930, onde os problemas
característicos de grandes centros urbanos se tornaram mais complexos em decorrência das
condições políticas e organizacionais e do seu crescimento demográfico. No caso do grande ABC,
além do aumento da industrialização nesta época, foram abertas inúmeras avenidas e ruas que
passaram a tornar acessíveis as ligações dos habitantes com os pontos de empregos, habitantes
estes que com salários mantidos a níveis baixos e com aumento no preço da terra e dos aluguéis,
passaram a residir em áreas desprovidas de infraestrutura urbana (FONSECA, 2001; SANTOS,
2005).

Com a expansão industrial, se intensificou no país a migração interna de pessoas advindas


principalmente das regiões norte e nordeste para a região sudeste. Fugindo da seca e da fome,
estes migrantes vinham para os grandes centros urbanos em busca de trabalho e das vantagens
da vida nas metrópoles, sendo absorvidos pela indústria que necessitava de mão de obra e
ocasionando em um aumento do contingente populacional urbano. Este aumento se consolidou
nas décadas seguintes, onde a população mais pobre acabou sendo empurrada para os
subúrbios e favelas, alternativas habitacionais dos que não conseguem acessar o mercado formal
de moradias por motivos de dificuldades financeiras, agravadas pela grave crise econômica pós-
período de milagre econômico da década de 1960 (FONSECA, 2001; DENALDI et al., 2016).

Por se tratar de uma região com relevo acentuado principalmente nas áreas próximas a Serra do
Mar, esta população mais pobre do Grande ABC acabou sendo levada a ocupar áreas com
relevos mais acidentados impróprios para edificação ou sujeita a diferentes tipos de riscos
ambientais, além da ocupação de áreas de várzea e de mananciais. Essas ocupações irregulares
em áreas com restrição ambiental acabaram por formar favelas e assentamentos informais
existentes até os dias atuais, onde a população residente é vulnerável a desastres naturais como
deslizamentos, inundações e enchentes (NOGUEIRA; PAIVA; MORETTI, 2015; DENALDI et al.,
2016; DENALDI; FERRARA; SILVA, 2016; CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DO GRANDE ABC,
2016b).
No que concerne a esta vulnerabilidade, a região apresenta índices pluviométricos anuais em
torno de 1.350 mm, já experimentando problemas recorrentes relacionados aos desastres citados,
problemas estes que podem se agravar em decorrência das mudanças climáticas em toda a
RMSP (NOBRE; YOUNG, 2011; CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2016b).

Índices climáticos aplicados para Região no período de 1999-2014 sugerem um aumento de


chuvas mais intensas que estão relacionadas ao aumento do risco de desastres naturais,
principalmente em áreas com assentamentos em condições inadequadas, decorrentes das
ocupações irregulares que ocorreram na Região como visto anteriormente (VALVERDE;
CARDOSO; BRAMBILA, 2018).

É neste cenário já preocupante vivenciado na região do ABC que os eventos decorrentes das
mudanças climáticas globais se apresentam, podendo vir a ocasionar um aumento na incidência
de desastres naturais na região, explicitando a importância da adaptação no contexto da Região
Urbana como o Grande ABC.

1.2 A Importância da Adaptação aos efeitos das Mudanças Climáticas em Grandes


Centros Urbanos sob a Perspectiva Regional

Segundo especialistas, os principais impactos das mudanças climáticas tendem a serem sentidos
principalmente pelos mais pobres, que são os mais vulneráveis às consequências deles
decorrentes (GIDDENS, 2009; BATHIANY et al., 2018). Esses eventos se expressam em
enchentes, inundações, deslizamentos de terra e aumento de eventos extremos de chuvas e
secas, onde no segundo caso espera-se o agravamento do fenômeno de ilhas de calor com o
consequente aumento de mortes decorrentes de danos físicos e doenças (NOBRE; YOUNG,
2011). Por este motivo, para o ABC, é necessário que medidas adaptativas sejam tomadas pelo
poder público, garantindo a solução dos problemas que já afetam a Região e evitando que estes
se agravem.

Na Região do ABC já existem instrumentos de gestão pública que contemplam a escala regional,
como o Plano Plurianual Regional do Grande ABC, um instrumento de gestão que tem potencial
para, através da cooperação entre municípios, agir em questões que atingem esta escala.

1.3 O Plano Plurianual Regional do Grande ABC como Ferramenta de Gestão


Pública

O Plano Plurianual Regional Participativo do Grande ABC (PPA) começou a ser elaborado em
2013, por iniciativa do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, entidade que através da coalizão
entre os municípios da Região, tem como propósito discutir estratégias para o desenvolvimento da
mesma (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2016a).

A elaboração do PPA contou a realização de plenárias em cada um dos municípios que fazem
parte do Consórcio, possibilitando que os munícipes discutissem acerca dos grandes desafios da
Região, o que resultou na participação de 1500 pessoas que contribuíram com 165 diretrizes, que
foram sistematizadas. Dentre elas, temas prioritários foram selecionados e receberam a
aprovação da assembleia formada pelos então prefeitos dos municípios integrantes do Consórcio
(CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2013).

Por meio deste processo que contou com participação da população, o Consórcio foi capaz de
chegar a cinco desafios considerados prioritários para a região, sendo eles: Infraestrutura
Regional; Desenvolvimento Econômico Regional; Inclusão Social e Direitos Humanos;
Desenvolvimento Urbano e Gestão Ambiental; Gestão e Administração. Como resposta a esses
desafios foram elaborados onze programas, cada um com objetivos e ações prioritárias definidas
(CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2013).

2. Desenvolvimento

2.1 Objetivo

O objetivo da comunicação é o de analisar as ações presentes no Plano Plurianual do Grande


ABC e verificar em que medida elas podem vir a contribuir para a adaptação aos efeitos das
mudanças climáticas, considerando os riscos já presentes na RMSP.

2.2 Metodologia

A metodologia empregada neste artigo foi a da pesquisa bibliográfica e documental feita de forma
exploratória e teórica (GIL, 2002) utilizando em banco de dados termos relacionados às Mudanças
Climáticas Globais; Formação e Urbanização do Grande ABC e Medidas Adaptativas na Escala
Local.

Também se valeu da análise de conteúdo (BARDIN, 1977) na decodificação dos documentos do


PPA Regional Participativo do Grande ABC, permitindo que fossem identificados entre os
programas, aqueles com ações que podem vir a contribuir para a adaptação da região aos efeitos
das mudanças climáticas, tendo em vista os problemas já identificados na região e os cenários
futuros.

2.3 Resultados e Discussão

Dentre os onze programas elaborados pelo Consórcio no 1° PPA Regional Participativo do


Grande ABC, dois trazem ações que estão voltadas para o enfrentamento de questões que
podem vir a ser agravadas em um contexto de mudanças climáticas, como as cheias de rios e os
deslizamentos de terra, que podem vir a afetar moradias em áreas de riscos, apresentando alta
vulnerabilidade (VALVERDE, 2017).

Para as cheias, o programa de Drenagem Urbana tem como objetivo “consolidar e ampliar as
ações de combate às enchentes na região compatibilizando-as com as diretrizes previstas no
Plano Diretor de Macrodrenagem do Estado.”. Entre as ações prioritárias presentes no programa
para o alcance deste objetivo, em um contexto de adaptação (IPCC 2014b, CAMPOS; PHILIPPI
JR.; SANTANA, 2015), podemos destacar: a implementação de obras de combate a enchentes;
garantia da limpeza e manutenção de piscinões; redução de áreas crônicas de alagamentos e
enchentes; e a despoluição e revitalização de corpos hídricos da região (CONSÓRCIO
INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2013 p. 8).

O segundo programa que apresenta as ações procuradas na análise deste artigo, é denominado
de Riscos Urbanos e Ambientais, que por sua vez tem como objetivo “consolidar e ampliar aç es
regionais de monitoramento, prevenção, mitigação e eliminação de riscos.”. Suas ações
prioritárias são: a elaboração de um Plano Regional de Redução de Riscos; erradicação das
moradias em área de risco alto e muito alto; e a implementação de um Sistema Integrado de
Alerta e Monitoramento de Riscos na Região (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC,
2013 p.9).

Levando em conta o já crítico panorama da Região quando se fala acerca de desastres naturais,
principalmente deslizamentos de terra, inundações e enchentes, esses tendem a ser agravados
em eventos extremos, como chuvas que já tem atingido a Região em determinados momentos, e
que podem vir a ser mais frequentes e mais intensas, agravando os problemas já existentes
(NOBRE; YOUNG, 2011; CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2016b; VALVERDE;
CARDOSO; BRAMBILA, 2018).

As obras para prevenção de enchentes e a manutenção das infraestruturas já existentes


(piscinões) são ações voltadas para melhorar o sistema de drenagem e consequentemente trazer
a redução de áreas crônicas de alagamento e enchentes. Esse tipo de ação é bastante comum
em toda RMSP, e têm eficácia para a contenção de enchentes e inundações, sendo uma solução
comum em áreas urbanizadas que tiveram suas áreas de várzea, cabeceiras de drenagem, e
áreas próximas aos cursos d'água em geral impermeabilizadas. Apesar de eficaz, essa medida
possui um custo de construção e manutenção elevado (TOMINAGA; SANTORO; AMARAL, 2009),
o que pode tornar em longo prazo – ainda mais quando se considera a possibilidade do aumento
de chuvas intensas – uma prática onerosa para Região.

O PPA traz propostas de ações mais imediatas, principalmente para a proteção das vidas
humanas, tendo como ação prioritária a erradicação de moradias em áreas de riscos alto e muito
alto. Das 630 remoções preventivas necessárias identificadas, 553 foram realizadas até Setembro
de 2016 (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2016a). Visto que a maior parte dos
desastres relacionados a deslizamentos de terra estão associados à ocupação de áreas de risco,
o consórcio age na sua prevenção por meio da realocação de moradores que vivem nessas áreas,
adotando uma medida não estrutural (TOMINAGA; SANTORO; AMARAL, 2009). Além do impacto
direto da ação, a elaboração do mapa de risco realizada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(IPT) para identificação das moradias que necessitavam de remoção preventiva foi também uma
importante contribuição, que pode oferecer subsídio para o planejamento de ações adaptativas
futuras (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2016a).
Outra ação presente no PPA, e de relevância em um contexto de mudanças climáticas, é a
implementação de um Sistema Integrado de Alerta e Monitoramento de Riscos na Região,
proposta que foi de fato implementada na Região em dezembro de 2017, com a inauguração do
Centro de Gerenciamento de Emergências ABC (CGE ABC) (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL
GRANDE ABC, 201 ). Esta importante ação faz parte da chamada fase de “(...) Preparação para
emergências e desastres” (TOMINAGA; SANTORO; AMARAL, 2009. p. 165) que em conjunto
com outras ações decorrentes do Plano Regional de Redução de Riscos, como a cooperação
para auxílio mútuo dos grupos da defesa civil de todos os municípios da região por meio do Plano
Regional de Auxílio Mútuo (PRAM) (CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL GRANDE ABC, 2016a),
tornam esta mais preparada para lidar com eventos extremos que podem vir a ocorrer, preparação
esta que, visto que os municípios de forma separada teriam maior dificuldade para colocar as
citadas ações em prática (MARTINS; FERREIRA, 2010; CAMPOS; PHILIPPI JR.; SANTANA,
2015), poderia nem sequer ter sido tomada, fazendo com que em função das relações
socioespaciais, outros municípios arcassem com os custos compulsórios dos problemas
socioambientais decorrentes das mudanças climáticas (LACERDA, 2011), além de aumentar a
vulnerabilidade dos sistemas (pessoas, instituições e lugares), que estariam mais expostos
principalmente aos efeitos relacionados ao aumento de chuvas fortes em um curto espaço de
tempo (INCLINE, 2013; NOBRE; YOUNG, 2011; VALVERDE, 2017; VALVERDE; CARDOSO;
BRAMBILA, 2018).

Em relação a outros efeitos que podem se agravar no sudeste brasileiro (mais especificamente na
RMSP), como o aumento dos períodos de secas e do fenômeno de ilhas de calor, não existem
ações diretas do PPA Regional Participativo do Grande ABC que tratem destas questões.

Ações como a despoluição e revitalização de corpos hídricos; investimentos em programas de


renaturalização de rios e córregos e o readequamento da rede de esgoto, além de terem potencial
para melhorar a drenagem, podem representar uma forma de também garantir a segurança
hídrica para Região, uma vez que os modelos para RMSP também indicam a possibilidade de
secas. Porém esta relação, embora importante, é indireta e o PPA não estabelece ações que
tratem diretamente da questão do abastecimento de água para a Região, o que pode ser um
indicativo de que não se trata no momento de uma prioridade, o que na perspectiva da adaptação
é preocupante.

No que concerne aos problemas relacionados ao fenômeno de ilhas de calor, não existem ações
efetivas presentes no PPA, o que também pode indicar que não é uma prioridade para a região,
sendo também preocupante na perspectiva da adaptação, uma vez que serão necessários
investimentos estruturais nas habitações considerando uma maior variabilidade climática
temperaturas mais altas na região, além de uma maior arborização nos centros urbanos e uma
expansão na saúde pública considerando o previsto aumento nas doenças relacionadas às
mudanças climáticas (BATHIANY et al., 2018; NOBRE; YOUNG, 2011).
3. Conclusão

As mudanças climáticas já são uma realidade que representam riscos para as populações
humanas e, como visto ao longo deste trabalho, a adoção de medidas adaptativas é primordial
para garantir a segurança principalmente dos mais vulneráveis. As mudanças na temperatura
causarão efeitos que vão se expressar de maneira mais urgente (seja por conta do aumento
populacional, seja devido às formas de uso e ocupação do território) nas cidades, demandando
uma maior necessidade de garantir que sejam tomadas medidas adaptativas.

Neste contexto se insere a Região do ABC Paulista, que através de seu Plano Plurianual Regional
Participativo trouxe uma série de ações que tinham como objetivo contribuir para o enfrentamento
de problemas na gestão pública de escala regional. Por meio da análise de conteúdo, foi possível
identificar e avaliar as ações que possuíam potencial para contribuir com a adaptação da Região
frente às Mudanças Climáticas Globais e seus principais efeitos a serem sentidos no sudeste
como um todo, com destaque para a Região do ABC. Conclui-se que existem diversas ações que
caminham para a adaptação, destacando-se as tomadas no âmbito dos programas Drenagem
Urbana e Riscos Urbanos Ambientais, que podem vir a minimizar alguns dos impactos
decorrentes das mudanças climáticas, como inundações, enchentes e deslizamentos de terra.

É importante ressaltar que questões importantes como a segurança hídrica, devido a possibilidade
da ocorrência de secas extremas, não são diretamente tratados pelo PPA. As ilhas de calor
também não possuem ações que venham a garantir a adaptação da Região para com a
ocorrência deste fenômeno. Estes resultados são preocupantes quando se considera que os
efeitos das mudanças climáticas serão potencializados caso não sejam tomadas ações de
adaptação por parte do poder público, mas também podem servir de alerta para que os municípios
tenham um olhar mais abrangente e passem a se preparar para os efeitos que virão, evitando
replicar o Paradoxo de Giddens.

Ainda que com algumas falhas, o exemplo do Grande ABC pode nos trazer contribuições valiosas,
como a questão da tentativa de erradicação das moradias em situação de risco alto ou muito alto,
que obteve sucesso significativo com alcance de 87,8% das remoções preventivas realizadas; a
implementação de um Sistema Integrado de Alerta e Monitoramento de Risco na Região; e outra
ação decorrente do programa de Riscos Urbanos e Ambientais, que foi a criação do Plano
Regional de Auxílio Mútuo (PRAM) que viabilizou a ação conjunta das defesas civis dos
municípios para atender a toda região. Essas ações tiveram maior força por terem sido realizadas
em conjunto, mostrando a importância da coalizão dos municípios em prol da redução de riscos
em toda Região.

Desta forma, a experiência do ABC de inserir ações que permitam a adaptação às Mudanças
Climáticas Globais em um Plano Plurianual de escopo regional e participativo, ainda que com
limitações, é uma experiência que pode vir a auxiliar outras regiões do país que também vão
passar por problemas socioambientais decorrentes do aquecimento global, ainda que cada qual
com suas especificidades.

4. Referências

AMBRIZZI, T.; ARAÚJO, M. (Coordenadores do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas).


Contribuição do Grupo de Trabalho 1 ao Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas. Sumário Executivo GT1. PBMC, Rio de Janeiro, Brasil,
2013.

AMBRIZZI, T. et al. Cenários regionalizados de clima no Brasil para o Século XXI: Projeções
de clima usando três modelos regionais . Ministério do Meio Ambiente- MMA, Secretaria de
Biodiversidade e Florestas – SBF, Diretoria de Conservação da Biodiversidade –DCBio.
Mudanças Climáticas Globais e Efeitos sobre a Biodiversidade-Sub projeto: Caracterização do
clima atual e definição das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do Século XXI.
Brasília, 2007.

BARBI, F.; FERREIRA, L. C. Climate Change in Brazilian Cities: Policy Strategies and Responses
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1, p. 49-51, 2013.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Editora Edições 70, 1977.

BATHIANY, S. et al. Climate models predict increasing temperature variability in poor countries.
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CAMPOS, P. P. S.; PHILIPPI JR. A.; SANTANA, P. Gestão integrada de políticas climáticas e
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Paulo. Sustentabilidade em Debate, Brasília, v. 6, n. 1, p. 119-137, 2015.

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