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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL

- Universalidade da cobertura e do atendimento


- Seletividade e distributividade
- Caráter democrático e descentralizado da gestão do sistema
- Participação no custeio

Seguridade social é o conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e


da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à
seguridade social
→ art. 194, CF
→ seguridade social é instrumento que existe para garantir atendimento de necessidades
básicas da sociedade; serve para redistribuir riquezas, de modo a garantir que todos
tenham acesso a itens da dignidade da pessoa humana;
→ Estado garantidor do mínimo existencial possível; tutela de base que cubra
necessidades essenciais, alinhada à ideia de construção de um Estado Social Democrata

Seguridade social engloba (i) direito à saúde; (ii) à previdência social e (iii) seguridade
social.

(i) direito à saúde


Arts. 196-200 da Constituição Federal
Histórico: na idade média, problemas de saúde eram encarados como punições divinas;
castigos sobre os quais o homem não tinha controle; com a revolução industrial e a
necessidade de otimização de processos, os donos de indústrias começam a se preocupar
com saúde dos funcionários (não por altruísmo, mas preocupados em não perder
rendimento). Nessa linha de raciocínio, saúde começa a ser desenvolvida.

OMS inclui cuidados com o físico, o mental e o social como direito à saúde; promoção,
prevenção e reparação.

Aplica-se à saúde o conceito de subsidiariedade; ou seja, o dever do Estado não exclui o


dever das pessoas, das famílias, da sociedade como um todo, uma vez que a saúde
pública é bem coletivo a ser tutelado.

Sujeitos protegidos: população nacional, estrangeiros em trânsito ou residentes.

Auxílio-reabilitação psicossocial: benefício pecuniário para aqueles acometidos com


transtornos mentais graves egressos da rede SUS; duração de 1 ano, mas pode ser
renovado.
(ii) direito à previdência social
Universalidade proporciona a todos que contribuírem com o custeio o direito a gozar dos
benefícios e serviços do regime previdenciário.

(iii) direito à assistência social


Art. 170, CF
Política de seguridade social não-contributiva, que determina que o Estado tem que
prover o mínimo para garantir o atendimento às necessidades básicas.
Sujeitos atendidos: “pobres” na acepção jurídica.
Benefícios da assistência social são nominados e podem ser prestados de forma
continuada ou eventual; não podem ser cumulados com outros benefícios de
previdência.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO EM SI

Art. 3º, CF: princípio da solidariedade


“Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade justa, livre e solidária”

Direito fundamental de segunda geração (econômicos e sociais; marcos: Constituição


Mexicana de 1917; Constituição Alemã de 1919).

Sistema previdenciário brasileiro engloba o (i) Regime Geral de Previdência Social


(RGPS), gerido e administrado pelo INSS (autarquia federal); (ii) Regimes Próprios de
Previdência (dos servidores públicos federais, militares, parlamentares, membros do
Poder Judiciário e servidores dos estados e dos municípios) e (iii) Previdência Privada.

Art. 201, CF: previdência social está organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória.

Prestações previdenciárias

- benefícios, pagos em dinheiro;


- serviços; prestações de assistência.

Benefícios para segurados: aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade,


aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial, salário-família,
salário-maternidade, seguro-acidente.
Benefícios para dependentes: pensão por morte; auxílio-reclusão

Serviços para segurados e para dependentes: serviço social; reabilitação profissional.

Benefícios
Beneficiário é toda aquela pessoa protegida pelo sistema previdenciário, seja como
segurado, seja como dependente.
→ Quem está recebendo proteção previdenciária na modalidade de benefício não
paga contribuição (pelo tempo que estiver recebendo o benefício)
→ Quem está em gozo de benegício mantém a qualidade de segurado, mesmo
sem pagar contribuição
→ segurados mantêm vínculo com previdência social; desse vínculo nascem direitos e
deveres
→ segurados podem ser (i) obrigatórios ou (ii) facultativos
(i) obrigatórios são aqueles que exercem qualquer tipo de atividade remunerada, de
natureza urbana ou rural, de forma efetiva ou eventual, com ou sem vínculo
empregatício.
São eles: empregados, empregados domésticos, contribuintes individuais, trabalhadores
avulsos, segurados especiais.
(ii) facultativos são aqueles que não exercem atividade remunerada, mas que
voluntariamente contribuem com o regime previdenciário e por ele são tutelados.

Filiação e inscrição dos segurados

Filiação é ato material: se o segurado é obrigatório, ocorre a partir do momento em que


exerce atividade remunerada; se o segurado é facultativo, filiação ocorre quando realiza
o pagamento da primeira contribuição.

Inscrição é ato formal; trata-se do ato em que segurado é formalmente cadastrado no


RGPS, mediante comprovação de dados, etc.

Período de graça

Trata-se de uma exceção temporária e material da regra que determina que a


qualidade de segurado se mantém com o pagamento das contribuições
 Período em que não está paganodo a contribuição, mas está dentro da possibilidade de
entrega das prestações
 Tem proteção, mesmo sem pagar.
 Não é contado como carencia, nem como tempo de contribuição
A utilização posterga o acesso as prestações
 Se cumpre o lote de contribuição mais para frente, postergando o acesso a aposentadoria
por tempo de contribuição
Hipóteses em que período de graça se aplica são taxativas:
1. Sem limite de prazo, para aquele que está no gozo dos benefícios;
2. Até 12 meses após cessação de benefícios por incapacidade ou após cessação das
contribuições;
3. Até 12 meses cessada a segregação compulsória;
4. Até 12 meses após livramento, se segurado estava detido;
5. Até 3 meses após licenciamento (segurado militar);
6. Até 6 meses após cessar contribuição (segurado facultativo).
Período de carência

Tempo mínimo de contribuição para ter direito ao benefício (pré-requisito legal)


Decorre da natureza contributiva do benefício.
Finalidade: garantir equilíbrio financeiro ao sistema
→ lei veda recolhimento antecipado com finalidade de resgatar benefício;
→ caráter securitário
Termo inicial: filiação ao RGPS
 A partIR do 1º mes de contribuição já é segurado, mas para ter direito tem que
cumprir o perído de carencia.
 Contribuições que integram carência não precisam ser contributivas.
Dispensa de carencia
 pensão por morte, salário-família e auxílio-acidente;
 fato gerador é acidente (de qualquer natureza)
o Acidente de trabalho tem estabilidade de 12 meses no retorno
 Doenças com estigma

Renda mensal do benefício

Valor final a ser pago pela previdência RMI = % (alíquota) x salário de benefício
 Regra de transição: a partir de julho/94

Natureza jurídica das prestações previdenciarias: benefícios de prestação continuada

Não se aplica para salario familia e salario maternidade

Salário de benefício

Valor básico para definir renda mensal de benefícios (base de cáculo da contribuição
previdenciária).
Corresponde à média aritmética simples dos maiores salários de contribuição
correspondentes a 80% de todo período contributivo.

Fator previdenciário

Art. 201, CF; regulamentado pela Lei n. 9.876/99.

Fórmula atuarial usada obrigatoriamente para o cálculo da aposentadoria por tempo de


contribuição e facultativamente para aposentadoria por tempo de idade

Fator previdenciário será calculado considerando (i) a idade, (ii) a expectativa de


sobrevida, (iii) o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar.

Expectativa de sobrevida será alinhada em 1 de dezembro de cada ano, de acordo com


tábua de mortalidade produzida pelo IBGE.
Expectativa de sobrevida de 1 de dezembro de 2018 = 74,8 anos.
Aposentadoria por tempo de contribuição

Aposentadoria por tempo de contribuição é inovação da EC/20, de 1998.


35 anos para homens
30 anos para mulheres

Regras de transição estabelecidas no art. 9º da EC/20, aplicáveis àqueles que, na data da


publicação da Emenda, ainda não tinham cumprido todos os requisitos exigidos.

- Sem idade mínima: comprovação de 30 anos (mulheres) e 35 anos (homens) de


contribuição
- tempo de contribuição + idade mínima
Mulheres - 56 anos de idade + 30 anos de contribuição. Não tem fator previdenciário.
Homens - 61 anos de idade + 35 anos de contribuição. Não tem fator previdenciário.

Aposentadoria por idade

Arts. 48 a 51 da Lei n. 8.213/91

Carência: 180 contribuições mensais para os segurados que se filiaram ao sistema


previdenciário após edição da Lei n. 8.213/91.

→ Art. 48. A aposentadoria por idade será devida ao segurado que, cumprida a carência
exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60
(sessenta), se mulher.
→ trabalhadores rurais: redução de 5 anos (homens, 60 anos; mulheres, 55 anos).

Art. 49. A aposentadoria por idade será devida:


I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico, a partir:
a) da data do desligamento do emprego, quando requerida até essa data ou até 90
(noventa) dias depois dela; ou
b) da data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando
for requerida após o prazo previsto na alínea "a";
II - para os demais segurados, da data da entrada do requerimento.

Art. 50. A aposentadoria por idade, observado o disposto na Seção III deste Capítulo,
especialmente no art. 33, consistirá numa renda mensal de 70% (setenta por cento) do
salário-de-benefício, mais 1% (um por cento) deste, por grupo de 12 (doze)
contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário-de-
benefício.

Art. 51. A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o
segurado empregado tenha cumprido o período de carência e completado 70 (setenta)
anos de idade, se do sexo masculino, ou 65 (sessenta e cinco) anos, se do sexo feminino,
sendo compulsória, caso em que será garantida ao empregado a indenização prevista na
legislação trabalhista, considerada como data da rescisão do contrato de trabalho a
imediatamente anterior à do início da aposentadoria.
→ aposentadoria compulsória; constitucionalidade duvidosa, de acordo com o prof., pois
direito ao trabalho seria indisponível.

Aposentadoria por invalidez

Funda-se na incapacidade laboral.


É benefício substituidor dos salários, já que o segurado aposentado por invalidez tem
vedação legal de voltar às atividades, sob pena de suspensão do benefício.
Para a OMS, incapacidade é qualquer redução ou falta da capacidade para realizar uma
atividade de uma maneira considerada normal para o ser humano.

Natureza jurídica: direito público subjetivo exercitável pelo segurado, de trato


sucessivo, decorrente de risco biológico imprevisível. Pode ser revogado caso capacidade
laborativa seja restaurada.

Necessidade de comprovação médica da incapacidade laboral.

Conceito de invalidez previdenciária é dado pelo art. 42 da Lei n. 8.213/91, que estabelece
que, se cumprida carência exigida, a aposentadoria por invalidez será devida ao
segurado que for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação profissional.
Benefício deve ser pago até quando permanecer tal condição.

Lei não exige que incapacidade seja absoluta, mas tem que ser inviável permanecer
trabalhando a ponto de garantir subsistência. Por isso, é possível que o beneficiado com
aposentadoria por invalidez continue trabalhando de forma residual, para completar o
sustento, contanto que seja em atividade compatível com seu “nível de rendimento”.

Carência: 12 contribuições mensais para invalidez comum (decorrente de evento


genérico); isenta de carência aposentadoria por invalidez decorrente de acidente de
trabalho ou de qualquer natureza ou causa.

Período de espera: durante os primeiros 15 dias de afastamento da atividade por


motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário.

Aposentadoria por invalidez mental: necessidade de apresentar termo de curatela.

Critério quantitativo: 100% do salário de benefício.

Grande invalidez: é a incapacidade total e permanente de tal proporção que acarreta a


necessidade permanente do auxílio de terceiros para realização de atividades banais do
cotidiano; perde-se autonomia física, motora ou mental.

- Verificação de grande invalidez deve ser feita por perícia médica oficial do INSS;
- Concessão de um adicional de 25% do valor do benefício (* Não se aplica teto dos
benefícios, porque são dois benefícios distintos).
- Benefício personalíssimo; não incorporado na pensão por morte
- Anexo I do Decreto n. 3.048/99 elenca situações que aplicam-se a grande invalidez:
1. Cegueira total;
2. Perda dos nove dedos das mãos ou mais;
3. Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores;
4. Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando prótese for impossível;
5. Perda de uma das mãos e de dois pés, mesmo que prótese seja possível;
6. Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for
impossível;
7. Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e
social;
8. Doença que exija permanência no leito;
9. Incapacidade permanente para atividades da vida diária.

Suspensão da aposentadoria por invalidez ocorre por motivo de (i) recusa de exame
médico-pericial; (ii) processo de reabilitação profissional; (iii) tratamento gratuito, não-
cirúrgico ou que não dependa de transfusão sanguínea.

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