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Descobrindo a Arqueologia

Book · December 2017

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3 authors, including:

Anne Rapp Py-Daniel


Universidade Federal do Oeste do Pará
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A ocupação pré-colonial de Monte Alegre - Pará View project

Arte rupestre e contexto arqueológico nas grutas de Rurópolis - Pará View project

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Descobrindo a Arqueologia

Myrtle Pearl Shock


Anne Rapp Py-Daniel
Tâmires Monte Carneiro
GOVERNO DO BRASIL
MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI
Michel Temer
Presidente da República Nilson Gabas Júnior
Diretor
José Mendonça Bezerra Filho
Ministro da Educação Ana Vilacy Galúcio
Coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação
Gilberto Kassab
Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Maria Emília da Cruz Sales
Coordenadora de Comunicação e Extensão

NÚCLEO EDITORIAL DE LIVROS

Iraneide Silva
Editora Executiva

Andréa Pinheiro
UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ Editora de Arte

Raimunda Nonata Monteiro Angela Botelho


Reitora
Tereza Lobão
Editoras Assistentes
Anselmo Alencar Colares
Vice-Reitor
Sthephanie Borges da Silva
Estagiária
Thiago Almeida Vieira
Pró-Reitor da Cultura, Comunidade e Extensão - PROCCE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ
MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI

Descobrindo a Arqueologia

Myrtle Pearl Shock


Anne Rapp Py-Daniel
Tâmires Monte Carneiro

Belém
2017
FINANCIAMENTO
Ministério da Educação: Edital PROEXT 2016

PROGRAMA ARQUEOLOGIA NAS ESCOLAS: HISTÓRIAS DA AMAZÔNIA


Integrantes: Anne Rapp Py-Daniel, Myrtle Pearl Shock, Edithe Pereira, Cristiana Barreto, Claide Moraes,
Lucybeth Camargo de Arruda, Karl Arenz, Hannah Nascimento
Bolsistas: Clara Ariete Mendonça Costa, Cláudio Patrício Souza Gemaque, Dyedre Alves Pedrosa,
Mauricio Rabelo Criado, Tâmires Monte Carneiro e Vitória dos Santos Campos
AGRADECIMENTOS
Aos professores de ensino médio e fundamental dos municípios de Santarém e Monte Alegre;
aos discentes do Programa de Antropologia e Arqueologia; à PROCCE.
ILUSTRAÇÕES
Mario Baratta
PROJETO GRÁFICO
Andréa Pinheiro
REVISÃO DE TEXTO
Iraneide Silva
Edithe Pereira
IMPRESSÃO
Cromos Editora e Indústria Gráfica LTDA.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Shock, Myrtle Pearl


Descobrindo Arqueologia / Myrtle Pearl Shock, Anne Rapp Py-Daniel, Tãmires Monte
Carneiro. – Belém: MPEG, 2017.
40 p.: il. pb.
ISBN: 978-85-61377-88-5
1. Arqueologia. 2. Cerâmica. 3. Arte Rupestre. 4. Py-Daniel, Anne Rapp. 5. Carneiro,
Tãmires Monte. I. Título.
CDD 981.101

© Copyright por/by Museu Paraense Emílio Goeldi, 2017.


Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação,
no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).
Como conhecemos o passado?

Você gosta de contar ou de ouvir histórias?


Sabia que aqui onde vivemos, na Amazônia, existem tantas histórias que é quase impossível conhecer todas elas?
As histórias estão ligadas às coisas que as pessoas fazem e na maneira como vivem.
Existem cientistas como os historiadores, os antropólogos e os arqueólogos, que nos ajudam a conhecer o passado
dos seres humanos.

Os historiadores reúnem documentos escritos sobre o passado. Jornais, cartas e livros são fontes escritas sobre
o que as pessoas faziam, criavam e pensavam. Também trabalham com fotografias e vídeos, que registram eventos
e atividades. Até a internet está se tornando uma fonte de pesquisa.

Os antropólogos trabalham diretamente com as pessoas no presente. Eles registram as experiências e as histórias
dos humanos de diferentes comunidades e culturas. São inúmeras informações passadas de avô e avó para os filhos
e filhas, que depois contam essas histórias para seus filhos e filhas e assim por diante, fazendo com que os eventos
do passado sejam transmitidos de geração em geração. Isso é conhecido como tradição oral.
Os antropólogos passam muito tempo vivendo nas diferentes comunidades para ouvir as
pessoas. Eles registram seus relatos sobre onde moram, as comidas, as festas, as
doenças, os remédios, o ambiente, as guerras, os heróis, a criação do mundo e como
vivem hoje. As populações da Amazônia são as donas
dessas histórias e o trabalho do antropólogo é de
divulgar esses relatos para que outras pessoas,
como vocês, possam conhecê-las.
Ainda temos os arqueólogos!
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Na Amazônia, a História surgiu há muito tempo, desde que os povos antigos começaram a viver aqui na região. Isso
foi bem antes de nascerem os seus pais, seus avós ou mesmo seus bisavós. Vamos mostrar para você como podemos
conhecer as histórias que aconteceram antes de 1500, quando o Brasil ainda não se chamava Brasil e a Amazônia
nem era conhecida por este nome. Quer ver só? Então vamos lá!
Nos tempos antigos, muitos povos ainda não escreviam. Mas isso não significa que as pessoas não se comunicavam.
Esses povos usavam outras formas de comunicação. E, claro, as pessoas tinham uma linguagem, assim como nós,
pois elas aprenderam a falar antes de qualquer coisa. Você é um exemplo disso, não? Primeiro você aprendeu a falar
para depois aprender a ler e escrever, certo?
Mas se essas pessoas não escreviam, como podemos conhecer suas
histórias? É aí que entra a Arqueologia!

Os arqueólogos descobrem e analisam os


materiais deixados pelos antigos
habitantes de uma região.
Você vai descobrir ao
longo deste livro muitas
coisas sobre a
Arqueologia, mas vamos
começar pelo início.

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Caça -palavras
Caça
B A I A M A Z Ô N I A T

Y N N Y G U U O A M A R
Você consegue achar as ciências e tópicos que D T L W G N S O R T M A
vão nos ajudar a aprender sobre o passado?
M R N I W R T U Q O F D

L O V S E D E R U O B I
Arqueologia E P L J A G C T E N N Ç
Antropologia R O O L O E E F O E S Ã

História I L X E Y M Q I L T E O

Amazônia M O Q I S F S R O U Y O

Tradição oral V G Y M E H C T G O L R

H I S T Ó R I A I N R A
R A G Q X I P T A X W L

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De onde viemos?

Todos nós somos humanos e todos viemos do mesmo lugar. Os humanos têm uma origem comum: surgiram na
África há mais de 100 mil anos atrás. Muito tempo passou desde então, nesse longo tempo os humanos viajaram e
deixaram muitas “pegadas” pelo mundo. Essas pegadas são os objetos que foram inventados por eles, os lugares
em que moravam, a arte que produziram e os locais onde sepultavam seus mortos.

Hoje as pessoas vivem em lugares diferentes no mundo todo. Nós moramos no continente chamado América do
Sul. Os humanos tomaram muitos caminhos para chegar à América do Sul e à América do Norte. Viajaram a pé
pelo Estreito de Bering, por um caminho formado no extremo norte durante a última era do gelo, quando os
mares estavam mais baixos. Viajaram de barco beirando a costa do Oceano Pacífico desde o litoral da Ásia.
Você consegue achar esses lugares no mapa e completar seus nomes?
Os humanos chegaram à Amazônia há pelo menos 12.000 anos atrás. Os povos indígenas atuais são descendentes
diretos dos primeiros grupos humanos habitantes das Américas.
Mais recentemente, há uns 500 anos atrás, imigrantes de países europeus e reinos africanos atravessaram de barco
o Oceano Atlântico. Você encontrou o Oceano Atlântico no mapa?
Hoje, na Amazônia, existem imigrantes que vieram de todas as partes do mundo.

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Onde moravam os povos indígenas?

Os povos indígenas que existem hoje são os descendentes diretos dos primeiros humanos que viveram nas Américas.
Desde que os primeiros povos indígenas chegaram na América do Sul, suas famílias cresceram e se dispersaram por
diversos lugares. Os humanos fizeram seus lares em áreas distantes, em climas e ambientes variados:
Nos Andes e em outras montanhas;
No sertão e em outros desertos;
Nas regiões frias;
No pantanal e em outras áreas alagáveis;
No litoral, à beira do mar; e
Na floresta tropical da Amazônia, onde nós moramos.

Chamamos esses lugares que têm diferentes climas e plantas de ambientes. As pessoas que viveram nas Américas
transformaram os ambientes nos seus lares. Eles sabiam quais animais, peixes, frutos, legumes e cereais eram bons
para comer. Eles também criaram animais como o pato e a lhama e plantas como a pupunha, a pimenta, a mandioca,
entre muitas outras.
O ambiente amazônico é muito grande e tem uma grande diversidade de animais e plantas.

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Diversidade

Todas as regiões do continente americano foram ocupadas por povos indígenas. Quantos eram?
No ano 1500, milhões de pessoas já habitavam na área que hoje é o território do Brasil. Essa região tinha uma altíssima
diversidade de culturas indígenas. Todos os povos tinham suas próprias histórias e falavam centenas de línguas
diferentes.
Sabiam que todos vocês conhecem palavras indígenas?
Hoje, no Brasil, além da língua Tupi, existem mais de 150 línguas indígenas faladas em todo o Brasil, mas isso é muito
menos do que existia há 500 anos atrás.
Nos últimos 500 anos, muitos indígenas perderam suas vidas por doenças que foram transmitidas por pessoas que
vieram de várias regiões do mundo.
Os conflitos também causaram muitas mortes. A maioria deles ocorreu por invasões em áreas ocupadas por
populações indígenas.

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Código secreto
Substitua os símbolos pelas letras correspondentes
e descubra algumas das palavras de origem na língua Tupi.

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Vestígios Arqueológicos

Você já pensou quais são as coisas mais necessárias na sua vida? Podemos dizer que comer seja uma delas...
É claro que existem outras, por exemplo, ter uma casa para morar, roupas para vestir, brinquedos para brincar
e assim por diante...
Todos são objetos que fazem parte da sua vida.
Por onde os humanos passam, eles deixam objetos que produziram e usaram para trás. Podem ser as sobras de um
almoço, os esteios de uma casa, um brinquedo perdido.

Por que esses objetos são chamados de vestígios arqueológicos?


Vestígios são as peças e as marcas que ficaram das atividades humanas após um longo período de tempo… um osso
que deixamos do almoço, uma marca no chão onde havia uma estaca, peças de um brinquedo.
Os vestígios são as memórias materiais de um povo, que podem recontar a sua própria história.
Vamos ver como encontrar esses vestígios arqueológicos e os lugares onde eles são encontrados.

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Ferramentas Arqueológicas

Os arqueólogos fazem pesquisa procurando vestígios dos antigos habitantes. Para isso, utilizam diversas ferramentas.
Como se chamam essas ferramentas e como são utilizadas?

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Arqueologia na Amazônia

E na Amazônia, onde será que os arqueólogos encontram esses vestígios?


Podemos arriscar que você esteve em pelo menos dois lugares hoje: na sua casa e na escola. Talvez você também
tenha ido a outros lugares este mês; ao parque, à igreja ou à praia, certo?
Você precisa usar, fazer atividades e ficar em vários locais durante a sua vida. A mesma coisa acontecia com os
antigos grupos humanos. Os arqueólogos procuram os locais que os humanos faziam suas casas, roças, pomares e
acampamentos. Também existem outros lugares onde os humanos produziam arte, enterravam seus parentes ou
praticavam suas crenças. Chamamos esses locais de sítios arqueológicos.
Nos sítios arqueológicos os arqueólogos encontram vestígios que podem contar histórias sobre o uso do local.
Mas, quando estamos andando por um sítio arqueológico, o que podemos encontrar?
Pode ser uma rocha transformada em machado.
Pode ser parte de um vasilhame feito de barro cozido.
Pode ser uma construção de conchas que chamamos de sambaqui.
Pode ser até o próprio solo que se formava nos locais onde as pessoas moravam.

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Um sambaqui amazônico.

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Cerâmica

Cerâmica é o nome que os arqueólogos usam para identificar os materiais produzidos com mistura de argila ou
barro queimado, de diferentes formas e decorações. As pessoas produziam diversos tipos de vasilhas que usavam
como pratos, tigelas, panelas, cuias e vasos, para guardar água ou até mesmo como urnas funerárias.
Como você pintaria estas vasilhas?

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A cerâmica também servia como material para fazer estatuetas, adornos, brinquedos e até mesmo vestimentas.
Você já se perguntou como um vasilhame de argila se torna rígido. Observe as diferentes etapas da técnica de
produção cerâmica e ordene os passos. Numere pela ordem nos círculos.

Decorar Decorações podem ser aplicadas num vasilhame liso. As pessoas faziam
inscrições e impressões com pequenos instrumentos, adicionavam cor com
banhos de argila colorida e moldavam figuras para afixar na superfície.

Alisar Os roletes são alisados com uma mão por dentro e outra
por fora dando a forma final ao vasilhame.

Escolher a Uma argila específica é recolhida e limpa. Para se tornar mais resistente às mudanças
matéria-prima de temperatura adiciona-se um “tempero” que pode ser o carvão ou cauxí.

Queimar Uma fogueira ou um forno é utilizado para a queima dos vasilhames em alta
temperatura, depois de queimado, o barro se torna duro e não se desfaz mais.

Formar
Secar
O vasilhame é formado com várias peças de argila em forma de rolos
O vasilhame passa dias secando. ou roletes. Eles são colocados juntos em espiral para formar a base
Na época das chuvas, esse redonda da vasilha. Em seguida, montam com roletes várias camadas
processo demora mais. contornando a base, formando as paredes do vasilhame.

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Vaso de Cariátide

O vaso de cariátide é um tipo de


cerâmica muito especial. São vasilhames
com gargalho largo e muitas figuras em
forma de animais.
Quando mudamos a posição do
vaso de cariátide, nossa percepção
da forma dos animais muda. O que
parecia um jacaré de lado, olhando
de frente fica parecido com outro
bicho, e ainda se olhamos por cima do
vasilhame vemos outra forma. Esse jogo na
apresentação dos animais faz deles algo especial.
Os vasos de cariátide são encontrados em
Santarém e na região do oeste de Pará. Sabemos
que foram produzidos entre 1000 e 500 anos atrás.
É raro os arqueólogos encontarem um vaso completo.
Ajude os arqueólogos a completar o desenho do vaso.

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Você já moldou alguma coisa
em massinha?
Certamente não foi um vasilhame.
A argila usada pelos humanos para fazer vasilhames também era
utilizada para moldar figuras. Chamamos essas esculturas de
estatuetas. Podem ser figuras de animais, de humanos ou até
figuras abstratas. Abstrato é o nome que os arqueólogos dão
para as figuras que não conseguem identificar.
Veja nesta página como uma figura humana pode ter
bastante detalhes e personalidade.
Como você vai pintar essa estatueta de cerâmica?

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Rochas

Os objetos feitos de cerâmica são duros e isso ajuda na sua preservação ao longo de muitos e muitos anos.
Outro elemento duro que os arqueólogos encontram são as rochas. Mas não são rochas comuns. São rochas bem
específicas. Os arqueólogos estudam as rochas modificadas pelos humanos. Dessa forma, elas recebem outro
nome: lítico.
Talvez você já conheça os machados de pedra. Algumas pessoas os chamam de “pedra de raio”. O machado é uma
das ferramentas feitas pelos humanos na antiguidade. Para o machado ter dois lados lisos, ele tinha que ser polido
em cima de outra rocha dura que servia como lima.
O machado é usado para cortar alguns materiais. Você conhece alguns?

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Mas, você usaria um machado para cortar carne?


Para cortar carne você precisa de uma ferramenta com uma lâmina afiada. As lâminas eram feitas com as lascas das
rochas. As lascas eram retiradas batendo uma rocha na outra. Essa técnica se chama lascamento.

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Veja a sequência do lascamento, transformando a rocha em ferramenta:

Veja como algumas lascas tornaram-se lixo durante a produção da ferramenta. Os arqueólogos encontram mais
esses materiais líticos lascados e descartados do que as ferramentas inteiras.
Uma ferramenta inteira muito conhecida é a ponta de projetil: isso é, uma ponta feita de rocha que os humanos
colocavam na extremidade de uma flecha ou lança. Para produzir uma ponta de projetil era preciso
ter muita experiência e paciência. É necessário usar um tipo específico de rocha, ou seja, quando a
rocha era lascada retirava as lascas no formato adequado.
Na Amazônia, os arqueólogos encontram poucas pontas de projetil líticas,
porque as sociedades antigas também faziam muitas pontas de madeiras
e osso. Bem afiados, a madeira e o osso cortam muito bem!
Os materiais líticos são muitos. Além dos materiais polidos e lascados
têm os calibradores, que são rochas com sulcos produzidos no
tratamento de flechas. A função do calibrador é deixar a madeira reta.
As flechas são ainda mais certeiras se a madeira fina utilizada for bem
reta.

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Arte Rupestre

Quando você pinta, você precisa de tinta e de um suporte, como papel ou uma parede.
Os paredões de rocha serviram como suportes para as pinturas dos povos no passado.
Os humanos faziam tintas de cores vermelha, laranja e branca utilizando as rochas que já possuíam naturalmente essas
cores. Essas rochas específicas precisavam ser um pouco moles para que pudessem raspar e soltar um pó que depois
era misturado em água ou óleo. A tinta preta é diferente, e para produzir essa cor eles colovavam carvão na mistura.

Os arqueólogos chamam os desenhos que os homens fizeram nas rochas de arte rupestre. A palavra Rupestre
significa que é usado ou feito em rochas.
Sabe onde tem muita arte rupestre no Pará? Nas serras de Monte Alegre. Nessas serras muitos paredões e abrigos
rochosos possuem arte rupestre.
Você pode descobrir alguns desenhos que se encontram em Monte Alegre pintando as ilustrações a seguir:

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As casas

Certamente você já viu uma casa feita de madeira ou um telhado de palha.


Antigamente, todas as casas na Amazônia eram feitas de madeira e palha. Ainda não produziam tijolos.
Lembre-se que as plantas são elementos orgânicos, ou seja, elas nascem, crescem e morrem. Com o tempo, os
materiais orgânicos apodrecem e suas partes se decompõem retornando à terra. Nas casas antigas, as palhas secavam,
quebravam e as madeiras se deterioravam.
Os arqueólogos não encontram muitos materiais orgânicos, mas sobram algumas pistas na terra. Algumas vezes
encontram as marcas das estacas que apodreceram. Outras vezes acham elevações que eram pisos das construções.
Os arqueólogos sabem que os humanos tinham casas de diversos tamanhos e formatos, nem sempre eles sabem
exatamente como essas casas eram feitas.
Veja, na próxima página, como um local pode mudar com a construção de uma casa e depois dela ser abandonada.
As evidências de uma casa podem desaparecer ou voltar à terra e, sem o olhar treinado do arqueólogo, podem não
ser percebidas.

26
1 . Local antes da 2 . Construção 3 . Construção
construção da casa do montículo da casa

4 . Abandono 5 . Chuva e erosão 6 . Montículo como


da casa é visto hoje

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Materiais Orgânicos

Vamos ver outros materiais orgânicos que poderiam desaparecer ao longo do tempo.
O que você comeu ontem? Algo sobrou para ser descartado?
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Das coisas que você descartou ontem, o que pode apodrecer? Faça um círculo nessas coisas.
Quase todo o lixo das suas refeições vai apodrecer: cascas de banana, ossos e espinhas de peixe. Pouco sobra dos
seus alimentos.
Assim, pouco sobrou das comidas dos humanos que viviam aqui no passado. Todo o material orgânico apodrece,
retornando ao solo. Algum evento externo precisa acontecer para evitar o apodrecimento, como o caso de uma
queima. Quando um osso, um fruto ou semente se transformam em carvão, podem durar muitos anos enterrados.
Os arqueólogos encontram as partes de plantas e animais que se tornaram carvão. Os sítios arqueológicos especiais,
como sambaquis, também podem preservar mais ossos e espinhas de peixe junto com as conchas.

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Os materiais orgânicos também fazem parte de outro vestígio arqueológico: a Terra Preta Antrópica.
Você já viu ou ouviu falar de um solo com terra escura conhecida popularmente como terra preta de índio?
Pois é, a contribuição dos povos indígenas para a formação desse solo foi reconhecida há muito tempo, como
se pode ver pelo nome que foi dado. Os arqueólogos também chamam este solo de Terra Preta Antrópica. A
palavra antrópica significa que a sua origem é o resultado da ação humana. Ou seja, existe uma terra formada
pela ação humana.
As terras pretas antrópicas formavam-se perto das antigas moradias. O solo ficou diferente por conter muitos restos
dos materiais orgânicos que apodreceram. Os restos de comida se juntaram com cinzas de fogueiras, telhados e
outros lixos que resultaram das ações humanas.
Sabemos que todas as terras pretas antrópicas na Amazônia eram locais de antigas aldeias. Os agricultores de hoje
procuram e preferem esses solos para fazer suas roças porque eles são ricos em materiais orgânicos, que foram se
acumulando ao longo de centenas ou milhares de anos de ocupação.

29
Palavra
Palavrass cruzadas
Preencha as palavras cruzadas com os nomes de alguns vestígios que faziam parte da vida dos grupos humanos
no passado.

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O passado vivo

Arqueologia nos mostra vestígios de tempos antigos, mas seus estudos não param aí. O passado também está
presente hoje, vivo em nossos conhecimentos que vêm das histórias das pessoas que moravam na Amazônia.
Na mesa de almoço você se aproxima da história dos povos indígenas na Amazônia. Por exemplo, como seria o
almoço sem a farinha? Os humanos que viviam na Amazônia descobriram e desenvolveram a tecnologia para tirar
o veneno da mandioca. As pessoas que vieram da Europa e da África não teriam conseguido comer mandioca
sem aprender essa tecnologia
complexa. São três produtos da
mandioca que precisam ser
tratados com tecnologias
distintas para se transformar em
alimentos: a raiz é transformada
em farinha; o líquido venenoso da
raiz é transformado em tucupi; e
a folha é cozida para fazer
maniçoba.
Você pode conectar a raiz e as
folhas da mandioca com os
alimentos que são feitos a
partir deles?

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Imagino que você gosta de sucos.
Que tal um suco?
Existem muitas árvores que dão
frutos que são transformados em
sucos, como o cupuaçu, taperebá e
caju. As frutas também podem vir de
plantas menores, como o maracujá e
o abacaxi.
Todas essas frutas foram utilizadas
primeiro por povos indígenas. Eles
manipulavam e domesticavam essas
frutas. Domesticar é o processo de
selecionar as melhores frutas e as
plantas que crescem da forma mais
adequada. Os humanos
desenvolveram esses conhecimentos
para tornar as plantas de suas áreas
mais produtivas, úteis e saborosas.
Essas frutas são alguns exemplos da
variedade que temos na Amazônia.
Muitos alimentos que nós comemos
vêm dos conhecimentos que
herdamos dos povos indígenas.
Associe as frutas às suas
respectivas sombras.

32
Perto de nós

A casa em que você mora pode estar construída


onde havia antigas aldeias indígenas.

Você sabia que praticamente todas as cidades da Amazônia,


foram construídas sobre antigas aldeias?
Vejamos no mapa algumas cidades
e comunidades em nossa região.

33
Olhando para o mesmo mapa, vamos ver alguns sítios arqueológicos conhecidos.
Parte dos sítios eram antigas aldeias e possuem terra preta antrópica.
Outros sítios arqueológicos tiveram diferentes usos, como os sítios de arte rupestre, as cavernas e os sambaquis.
Aqui mostramos só alguns sítios mais conhecidos, mas existem centenas de lugares
que contam a história da nossa região. Caverna da
Pedra Pintada

Sítios Porto
e Aldeia
Sambaqui de
Taperinha

Mas essa história de tempos antigos não parou 500 anos atrás.
Você já ouviu falar das terras indígenas?
Alguns povos indígenas possuem suas terras delimitadas e demarcadas.
Essas áreas são conhecidas como terras indígenas.
Mas existem muitos outros grupos que vivem nas cidades e em comunidades.
Vamos conhecer alguns povos indígenas que moram na região.
São grupos diferentes, com suas próprias culturas, conhecimentos e costumes.

34
Caça palavras
Você consegue encontrar os nomes dos povos indígenas que moram na região?

Munduruku K C P I A P I A K Á M J O

Apiaká E A M A Y T A P U H U Q A
Borari B R P N U T B W A Y N I R
Maytapu O A S T A U E J Z B D T A
Cara Preta R P W A J P T A A E U K P
Tupinambá A R B P Y A S R Q Y R J I
Cumaruara
R E E A K I E A J W U L U
Arapiun
I T Y J L U R Q E I K W N
Jaraqui
Tapajó F A W Ó H S Q U C A U E T

Tupaiu B F H A T U P I N A M B Á

Arara Vermelha U G R C U M A R U A R A S
A R A R A V E R M E L H A

35
E as comunidades quilombolas?

Houve uma época na história em que algumas pessoas tiraram a liberdade de muitas outras pessoas. Diziam que
eram os donos de escravos, donos de outros seres humanos. Na escravidão, os donos tratavam os escravos como
prisioneiros. Os escravos não podiam escolher onde morar, o trabalho que faziam, o que comiam e até sua família
poderia ser retirada de perto deles. Muitos escravos nessa condição tentaram retomar sua liberdade.
Em comunidades quilombolas, muitas pessoas são descendentes de escravos africanos e escravos de outros grupos
que retomaram sua liberdade. Cada comunidade tem sua própria história. Ainda temos muito a aprender!
Existem comunidades quilombolas reconhecidas em Santarém, Monte Alegre, Alenquer, Oriximiná, Prainha e Óbidos.
Vamos conhecer algumas comunidades quilombolas no município de Santarém.
Você sabia que a maior parte dos brasileiros têm parentes indígenas e negros? Infelizmente, o preconceito no Brasil
ainda é muito grande com essas populações. Nós temos que lutar para acabar com ele!

36
1. Surubiu-açú 7. São Raimundo do Ituqui
2. Pérola do Maicá 8. Bom Jardim
3. Arapemã 9. Murumurutuba
4. Saracura 10. Murumuru
5. Nova Vista 11. Tiningú
6. São José do Ituqui 12. Patos do Ituqui

37
Vamos adiante

A Arqueologia nos mostra que podemos conhecer a história de muito tempo atrás. Na Amazônia, sabemos que são
pelo menos 12.000 anos de história de muitos povos, comunidades, tecnologias e conhecimentos. Mas, você sabia
que a história não parou anos atrás, no tempo dos seus avós?
Nós continuamos fazendo a história. As histórias das nossas famílias, comunidades, atividades, conhecimentos,
invenções e muito mais.
Qual a história que você quer contar e deixar para o futuro?
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Soluções das atividades
página 13: página 15: página 19: página 31:
pipoca 1 - bússola 1 - Escolher a
paçoca 2 - trena matéria prima
curumim 3 - colher de pedreiro 2 - Formar
pereba 3 - Alisar
4 - pincel 4 - Decorar
maniçoba
urubu 5 - máquina fotográfica 5 - Secar
caatinga 6 - peneira 6 - Queimar
açaí 7 - lupa

página 7: página 30: página 35:

B A I A M A Z Ô N I A T K C P I A P I A K Á M J O
Y N N Y G U U O A M A R E A M A Y T A P U H U Q A
D T L W G N S O R T M A B R P N U T B W A Y N I R
M R N I W R T U Q O F D O A S T A U E J Z B D T A
L O V S E D E R U O B I R P W A J P T A A E U K P
E P L J A G C T E N N Ç A R B P Y A S R Q Y R J I
R O O L O E E F O E S Ã R E E A K I E A J W U L U
I L X E Y M Q I L T E O I T Y J L U R Q E I K W N
M O Q I S F S R O U Y O F A W Ó H S Q U C A U E T
V G Y M E H C T G O L R B F H A T U P I N A M B Á
H I S T Ó R I A I N R A U G R C U M A R U A R A S
R A G Q X I P T A X W L A R A R A V E R M E L H A

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