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O Comitê Panamericano de Juízas e Juízes Pelos Direitos Sociais e Doutrina

Franciscana enviou uma petição à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)


solicitando medidas cautelares contra o Brasil após o aumento das queimadas na
Amazônia.

“Na atualidade é altamente preocupante a existência de focos de incêndio que estão


destruindo a região da Amazônia. Somente na República Federativa do Brasil, que
acolhe 60% da selva, o número de incêndios florestais cresceu 84% de janeiro a
agosto de 2019”, afirma o comitê.

A organização, que conta com a participação de juízes de todo o continente


americano, foi criada no Vaticano, Itália, em 4 de junho de 2019 e é referendada
pelo papa Francisco.

A petição, enviada na última segunda-feira (26) ao brasileiro Paulo Abrão,


secretário executivo da CIDH, exige que o tribunal adote, em caráter de urgência,
“medidas cautelares (art.25 do Regulamento da Comissão) para salvaguardar
devidamente o meio ambiente afetado pelos incêndios”.

Segundo o juiz Roberto Andrés Gallardo, presidente do comitê responsável pela


denúncia, a atividade do grupo “tenta colocar um limite aos países onde os
governos, em geral de tendência neoliberal, pretendem destruir o sistema de
direitos”.

Ainda de acordo com Gallardo, “a falta de atividade [do Brasil] e as omissões às


suas obrigações estatais têm que ter um limite. E uma das organizações que pode pôr
esse limite dentro da estrutura americana é a CIDH”.

No último domingo (25), o próprio papa criticou o aumento das queimadas. “Estamos
todos preocupados com os vastos incêndios que se desenvolveram na Amazônia. Rezemos
para que, com o compromisso de todos, possam ser domados o mais rápido possível.
Esse pulmão de árvores é vital para nosso planeta”, afirmou o sumo pontífice.

A denúncia do grupo de juízes ocorre após o intenso aumento no número de queimadas


na Amazônia. O marco ocorreu em 10 de agosto, data do chamado “dia do fogo”, quando
produtores da região Norte do Brasil iniciaram um movimento conjunto para incendiar
áreas da maior floresta tropical do mundo.

Na ocasião, dados de satélites colhidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas


Espaciais (Inpe) mostraram que o crescimento ocorreu principalmente no Pará, com
destaques em zonas das cidades de Novo Progresso, Altamira e São Félix do Xingu.

Em Novo Progresso, as queimadas de 10 de agosto representaram um aumento de 300%


com relação ao dia anterior. Ao todo, 124 casos de incêndio foram registrados na
cidade.

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