Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
“O Supremo não está olhando para essa figura que está diante de nós”, disse
Dallagnol, em entrevista a Milton Jung, apresentador da rádio CBN.
“O Supremo está olhando para a figura que estava diante dele um ano atrás. Não
afeta nossa competência, vai continuar aqui. Agora o que é triste ver, Milton, é o
fato de que o Supremo, mesmo já conhecendo o sistema e lembrar que a decisão foi 3
a 1. Os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de
Curitiba e mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus,
que estão sempre se tornando uma panelinha assim… que mandam uma mensagem muito
forte de leniência a favor da corrupção.”
Em uma conversa com sua esposa, pouco depois dessa entrevista que concedeu à CBN,
Deltan Dallagnol disse qual era seu plano.
“Se tudo der certo nas palestras, vai entrar ainda uns 100k [R$ 100 mil] limpos até
o fim do ano. Total líquido das palestras e livros daria uns 400k [R$ 400 mil].
Total de 40 aulas/palestras. Média de 10k limpo”, acrescentou.
Essa conversa faz parte de um grupo que criou para discutir a abertura de uma
empresa, em que ele e o procurador Roberson Pozzobon, o Robito, seriam
administradores por baixo do pano, já que a legislação proíbe membros do Ministério
Público de exercer a gerência de empreendimentos empresariais.
O outro processo administrativo que poderá ser usado para afastar Deltan Dallagnol
de suas funções diz respeito à campanha que fez, no início do ano, contra a
candidatura do senador Renan Calheiros à presidência do Senado.
Durante os dias que se seguiram, ele fez campanha pelo voto aberto na eleição do
Senado, o que contraria o regimento interno da casa, e, na véspera da eleição,
atacou Renan diretamente:
Em sua defesa, Dallagnol disse que estava apenas exercendo o direito à liberdade de
expressão, argumento que foi rechaçado pelo corregedor do CNMP, Orlando Rochadel
Moreira, que considerou o coordenador da força-tarefa um mau exemplo para o
Ministério Público:
Tanto no caso do ataque aos ministros do Supremo Tribunal Federal quanto neste em
que fez campanha contra Renan Calheiros, a pena prevista é de censura, não de
demissão.
Mas o afastamento temporário é um medida complementar, que pode ser proposta pelo
corregedor ou por qualquer um dos demais 13 membros do Conselho Nacional do
Ministério Público.
A pena de censura pode também ser agravada, dependendo do voto dos conselheiros. A
abertura do processo disciplinar mais recente, de abril deste ano, foi aprovada por
dez dos catorze membros do CNMP. A procuradora geral da república, Raquel Dodge,
que preside o conselho, faltou nessa sessão.
Segundo nota publicada ontem na coluna Radar, da Veja, publicação que apoia a Lava
Jato, já existem votos suficientes para afastar Dallagnol da força-tarefa.
A rigor, ele pode ser afastado do cargo de procurador, não só da Lava Jato.
Terá que se contentar com os salário médio de 35 mil reais que recebe por mês.