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DECISÃO JUDICIAL

 De acordo com o art. 203, os pronunciamentos com conteúdo decisório podem ser de
duas espécies:
1) Sentenças;
2) Decisões interlocutórias;
 Sentença é o pronunciamento do juízo singular que, com fundamento no art. 485 ou no
art. 487, põe fim a fase cognitiva do procedimento comum ou extingue a execução;
1) O art. 485 trata das hipóteses em que o mérito não é resolvido;
2) O art. 487 trata das hipóteses em que o mérito é resolvido;
 A sentença é conceituada, salvo as previsões expressas nos procedimentos especiais,
como o pronunciamento por meio do qual o juiz põe fim a fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução;
 Decisão interlocutória é qualquer pronunciamento que não seja sentença;
 Efeitos principais da sentença:
1) Meramente declaratória
- Não impõe obrigações, não cria nova relação jurídica e nem desconstitui relação
jurídica existente;
- O conteúdo da sentença meramente declaratória é a declaração da existência,
inexistência de uma relação jurídica;
- Só pode ter como objeto uma relação jurídica, excepcionalmente admitindo-se que
tenha como objeto meros fatos na hipótese de declaração de autenticidade ou
falsidade de documento;
- Os efeitos da sentença declaratória são ex tunc (efeito retroativo), considerando-se
que a declaração somente confirma jurisdicionalmente o que já existia; nada criando
de novo a não ser a certeza jurídica a respeito da relação jurídica que foi objeto da
demanda;
2) Constitutiva
- O seu conteúdo é a criação (positiva), extinção (negativa) ou modificação de uma
relação jurídica já existente;
- O efeito dessa sentença é a alteração da situação jurídica, necessariamente com a
criação de uma situação jurídica diferente da existente antes de sua prolação, com
todas as consequências advindas dessa alteração;
- Tem efeitos ex nunc (não retroativos), considerando-se que é a partir dela que a
situação jurídica será efetivamente alterada;
3) Condenatória
- Impõe uma obrigação a ser cumprida;
- O conteúdo da sentença condenatória, além da indispensável declaração de
existência do direito material, é a imputação ao réu do cumprimento de uma
prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa;
 As sentenças são divididas em sentenças terminativas, que não resolvem o mérito e
sentenças definitivas, que resolvem o mérito;

SENTENÇAS TERMINATIVAS:

 De acordo com o art. 485, o juiz não resolverá o mérito quando:


1) Indeferir a petição inicial;
2) Quando o processo ficar parado durante mais de um ano por negligência das partes;
3) Quando o autor abandonar a causa por mais de 30 dias;
- Nos casos 2 e 3, a parte negligente responsável pela indevida paralisação do
processo por prazo superior a um ano, deve ser intimada pessoalmente para dar
andamento ao processo no prazo de 5 dias, condição indispensável para a extinção
do processo;
4) Perempção, coisa julgada e litispendência;
- Perempção é fenômeno que evita o abuso no exercício do direito de demandar,
exigindo a extinção do processo quando a mesma ação for proposta pela quarta vez,
tendo sido os três processos anteriores extintos sem resolução do mérito por
abandono bilateral ou unilateral do autor;
- Litispendência é a existência de dois ou mais processos em trâmite com a mesma
ação;
- Ocorre coisa julgada quando for repetida ação que já foi julgada no mérito por
decisão transitada em julgado em processo proposto anteriormente;
 O art. 486 prevê que diante da extinção do processo por sentença terminativa transitada
em julgado a parte poderá propor novamente a ação;
- Cinco espécies de sentença terminativa em que a parte só poderá repropor a ação se o
vicio que levou a decisão for corrigido:
1) Extinção por litispendência;
2) Indeferimento da P.I;
3) Carência da ação;
4) Ausência de pressuposto processual;
5) Convenção e arbitragem;
 O art. 488 trata da primazia de julgamento do mérito:
“Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à
parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485”;
- Geralmente beneficia o réu ou o autor;
 De acordo com o art. 489, o relatório, a fundamentação e o dispositivo da sentença são
os seus elementos;
1) Relatório:
- É um resumo da demanda, no qual o juiz indicará: as partes, identificação do caso,
uma breve exposição do pedido, uma breve exposição da defesa e a descrição dos
principais atos praticados no processo;
- Tem por objetivo demonstrar que o juiz tem pleno conhecimento na demanda que
está julgando;
- No entanto, é perfeitamente possível que o juiz, mesmo que não faça o relatório –
seja porque ele não existe, seja porque o serventuário o elaborou – tenha o pleno
conhecimento da demanda exigido para um julgamento de qualidade;
- Dispensável nos Juizados Especiais (ações de procedimento sumário);
2) Fundamentação:
- A fundamentação da decisão é essencial;
- Na fundamentação o juiz deve enfrentar todas as questões de fato e de direito que
sejam relevantes para a solução da demanda, justificando a conclusão a que chegará
no dispositivo;
- Análise dos fatos alegados e o direito;
- A ausência de fundamentação é vício grave, mas não gera a inexistência jurídica
do ato, devendo ser tratado no plano da validade do ato judicial decisório;
- A sentença sem fundamentação é nula (nulidade absoluta);
3) Dispositivo:
- O dispositivo é a conclusão decisória da sentença, representando o comando da
decisão;
- É do dispositivo que são gerados os efeitos práticos da sentença;
- O dispositivo é a conclusão do juiz que decorre da fundamentação, parte da
sentença na qual o julgador descreve suas razões de decidir, indicando os
fundamentos que justificam a opção tomada no dispositivo;
- A ausência de dispositivo gera vício grave, até porque uma decisão sem
dispositivo não é propriamente uma decisão, porque nada decide;
 Falta de elementos essenciais acarretam a nulidade da decisão;
 Segundo o art. 492, o juiz não pode conceder diferente ou a mais do que for pedido pelo
autor (principio da congruência/adistrição do juiz/correlação – vinculação do juiz aos
fatos alegados e aos pedidos formulados):
 Ocasionam defeitos/vícios a decisão judicial:
1) Decisão INFRA/CITRA PETITA:
- Omissa;
- O juiz deixa de examinar fato alegado, examinar pedido formulado ou deixou de
examinar matéria de ordem pública;
- Deveria examinar porque foi alegado ou porque era uma matéria de ordem pública
e deveria ser trazida ao processo de ofício pelo juiz;
- EXEMPLO: o autor pediu indenização por danos emergentes e lucros cessantes.
O juiz apreciou os danos emergentes, mas não fez qualquer referência aos lucros
cessantes;
- É possível recorrer para que a omissão seja sanada (ex. recurso de embargos de
declaração);
- Se a sentença omissa transitar em julgado? O pedido que sofre omissão não
formará coisa julgada material e o conflito de interesse não será pacificado;
2) Decisão ULTRA PETITA:
- Quando o juiz apreciou tudo o que se pediu, no entanto, concede mais do que se
pediu;
- Acréscimo indevido em um dos elementos da ação;
- EXEMPLO: há o requerimento de indenização por danos materiais e o
magistrado, em sentença, concede além dos danos materiais, danos morais;
- É possível a correção do vício em recurso e o excesso será eventualmente retirado;
3) Decisão EXTRA PETITA:
- Ocorre quando o juiz aprecia fato não alegado ou direito material não formulado,
ou seja, além do próprio pedido;
- O juiz aprecia de ofício algo que não é matéria de ordem pública;
- EXEMPLO: há o requerimento de indenização por danos materiais, e na sentença
é concedido indenização por danos morais;
- É decisão nula;
- É sanável em recurso e em ação rescisória (se já transitou em julgado) para
derrubar a coisa julgada material;
 De acordo com o art. 494, publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la em três
situações:
1) Para corrigir inexatidões;
2) Para retificar erros de cálculo;
3) No julgamento dos embargos de declaração;
- Nas duas primeiras hipóteses o juiz pode atuar de ofício ou provocado pelas
partes, a qualquer momento, até mesmo depois do trânsito em julgado da decisão;
- Na terceira hipótese, somente mediante provocação da parte no prazo preclusivo
de 5 dias;

COISA JULGADA

 Em todo processo, independentemente de sua natureza, haverá a prolação de uma


sentença, que em determinado momento torna-se imutável e indiscutível dentro do
processo em que foi proferida;
- Para isso basta que não seja interposto o recurso cabível ou ainda que todos os
recursos cabíveis já tenham sido interpostos e decididos;
- A partir do momento em que não for mais cabível qualquer recursos ou tendo ocorrido
o exaurimento das vias recursais, a sentença transita em julgado;
- Esse impedimento de modificação da decisão por qualquer meio processual dentro do
processo em que foi proferida é chamado tradicionalmente de coisa julgada formal;
- No momento do transito em julgado e da consequente geração da coisa julgada formal,
determinadas sentenças também produzirão nesse momento procedimental a coisa
julgada matéria que torna a decisão imutável e indiscutível além dos limites do processo
em que foi proferida;
- Se projeta para fora do processo em que foi produzida;
 A coisa julgada é uma força que qualifica uma decisão como obrigatória e definitiva,
tornando a decisão indiscutível e imutável;
 Função negativa da coisa julgada:
- A imutabilidade gerada pela coisa julgada material impede que a mesma causa seja
novamente enfrentada judicialmente em novo processo;
- Repetição da mesma demanda, ou seja, um novo processo com as mesmas partes,
mesma causa de pedir e mesmo pedido de um processo anterior já decidido por sentença
de mérito transitada em julgado, tendo sido gerada coisa julgada material;
- A função negativa só é gerada quando aplicável ao caso concreto a teoria da tríplice
identidade;
 Função positiva da coisa julgada:
- Não impede o juiz de julgar o mérito da segunda demanda, apenas o vincula ao que já
foi decidido em demanda anterior com decisão protegida pela coisa julgada material;
- Não ocorre na repetição de demandas em diferentes processos, mas em demandas
diferentes, nas quais, entretanto, existe uma mesma relação jurídica que já foi decidida
no primeiro processo e por isso está protegida pela coisa julgada;
- O juiz fica adstrito ao que foi decidido em outro processo;
 É importante destacar que a coisa julgada torna indiscutível e imutável a decisão e não
os seus efeitos;
 Somente o dispositivo da sentença de mérito torna-se imutável e indiscutível;
 Havendo no processo questão prejudicial, o juiz obrigatoriamente a decidirá antes de
resolver o mérito apenas se:
- Essa resolução só faz coisa julgada material se o julgamento de mérito depender dela
(o pedido principal);
- Se a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso
de revelia;
- Se o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como
questão principal (competência absoluta);
 De acordo com o art. 506, a decisão de mérito transitada em julgado torna-se imutável
às partes entre as quais é dada não prejudicando terceiros;
- Terceiros poderão se aproveitar da coisa julgada material, não podendo apenas
prejudica-los, tornando regra a exceção atualmente prevista no art. 274;

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