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RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Todavia, forçoso é concluir que a contagem ali prevista não se aplica ao rito
dos Juizados Especiais, primeiramente pela incompatibilidade com o critério
informador da celeridade, convindo ter em mente que a Lei 9.099 conserva
íntegro o seu caráter de lei especial frente ao novo CPC, desimportando,
por óbvio, a superveniência deste em relação àquela. (FONAJE, 2016)
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todo o exposto, é possível verificar que, de fato, o novo CPC terá
ampla aplicação em relação aos procedimentos sob a égide da Lei 9.099/1995, tanto
de forma expressa quanto supletiva.
Como pôde ser visto no presente trabalho, a maior parte das aplicações
expressas do novo CPC ao sistema dos Juizados Especiais é bem recepcionada
pela doutrina, como o incidente de desconsideração de personalidade jurídica e as
alterações referentes aos embargos de declaração, apesar de não estarem de livre
de críticas e controvérsias.
Por outro lado, as aplicações subsidiárias da nova legislação processual civil
aos juizados cíveis encontram maior resistência, geralmente por parte da
magistratura, como visto em relação à contagem de prazos processuais em dias
úteis e a questão da fundamentação das decisões judiciais, sob a afirmação de
incompatibilidade de tais regramentos com os princípios orientadores dos Juizados.
De tal maneira, não é possível afirmar, com a segurança necessária, quais
regramentos processuais trazidos pela nova legislação serão efetivamente aplicados
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aos juizados, ou ainda, qual será a extensão de sua aplicação, tendo em vista a
demonstrada controvérsia doutrinária.
De qualquer forma, todo entendimento que existe atualmente ainda é muito
recente, embrionário, uma vez que ainda não houve tempo suficiente para os
posicionamentos se consolidarem de forma segura, seja na jurisprudência ou na
doutrina, sobre quais dispositivos do novo CPC serão definitivamente aplicados ou
não aos Juizados Especiais.
Igualmente, o que se tem no momento são meros ensaios, oriundos, em
parte, da magistratura, que sustenta um posicionamento de autonomia e
independência dos Juizados, e que, consequentemente, defende que não deve
haver maiores repercussões do CPC 2015 aos institutos processuais dos Juizados.
Todavia, tal posicionamento não é unânime. Como visto, o Fórum Permanente
de Processualistas Civis, bem como a Ordem dos Advogados do Brasil, tem
entendido pela aplicação de diversos dispositivos do novo CPC aos Juizados
Especiais, em posição diametralmente oposta ao posicionamento adotado, por
exemplo, pela Ministra Nancy Andrighi.
Assim, é questão de urgência a busca pela conciliação dos dois sistemas
processuais, visando a atuação de ambos em uma “simbiose” normativa, para que
se possa entregar aos cidadãos um serviço de melhor qualidade, seja nos juizados
ou na justiça comum, e que, ao final, seja realizada a prestação jurisdicional
pretendida de forma rápida, eficiente e útil.
REFERÊNCIAS
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especiais. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 21, n. 4847, 8 out. 2016. Disponível
em: <https://jus.com.br/artigos/52604>. Acesso em: 22 de nov. 2016.
SILVA, Augusto Vinícius Fonseca e. Repercussão dos arts. 11 e 489, §1º do novo
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REDONDO, Bruno Garcia et al (Coord.). Coleção Repercussões do Novo CPC, v. 7
– Juizados Especiais. Salvador: Juspodivm, 2015. Cap. 31. p.481-512.
SILVA, Ronald Alencar Domingues da. Conflitos da aplicação do novo CPC nos
juizados especiais na contagem de prazos. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
21, n. 4887, 17 nov. 2016. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/49728>. Acesso
em: 22 de nov. 2016.
SOUZA, Giselle. Regras do novo CPC não se aplicam aos juizados, defende
Nancy Andrighi. Consultor Jurídico - ConJur, 20 de maio 2016. Disponível em <
http://www.conjur.com.br/2016-mai-20/regras-cpc-nao-aplicam-aos-juizados-
defende-nancy-andrighi>. Acesso em 30 de nov. 2016.