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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE MONTE AZUL PAULISTA
FORO DE MONTE AZUL PAULISTA
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL
RUA FLORIANO PEIXOTO, 515, Monte Azul Paulista - SP - CEP
14730-000
Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às 17h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000629-45.2022.8.26.0370 e código 9E32F4A.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1000629-45.2022.8.26.0370


Classe - Assunto Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública - Exoneração ou
Demissão
Requerente: Ivani Gelda de Oliveira
Requerido: PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAÍSO

Justiça Gratuita

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Ayman Ramadan

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por AYMAN RAMADAN, liberado nos autos em 30/05/2023 às 09:09 .
Vistos.

1. Relatório dispensado, nos termos da Lei.


2. Fundamento e decido.

A questão posta em juízo, embora albergue matéria fática, prescinde


de produção de prova em audiência, razão pela qual passo ao julgamento do feito
(artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil).
No mérito, a pretensão é improcedente.
Aduziu a autora, em suma, ter sido aprovada, em 27 de abril de
2018, em concurso público para o cargo de técnico de enfermagem. Ocorre que, em 31
de maio de 2021, foi exonerada, por meio de portaria municipal, em razão da avaliação
de seu desempenho durante o período de estágio probatório. Aponta irregularidade na
decisão, ante o desrespeito ao devido processo legal e o cerceamento de defesa, pois
não houve a instauração de processo administrativo ou sindicância no âmbito da
Administração Pública Municipal. Sustentou que o desfecho se deu por conta de "pública
e notória" "perseguição de cunho político". Requereu a declaração de nulidade da
portaria municipal nº 10.263/2021. Juntou documentos (fls. 16/62).
Citada, a ré ofertou contestação (fls. 94/107), apontando que não
houve qualquer irregularidade ou vício no ato administrativo impugnado, já que foi

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respeitado o princípio da legalidade e da ampla defesa, tendo a autora, inclusive,
apresentado defesa escrita, intitulada “recurso administrativo”. Alegou também que a
Administração Pública possui discricionariedade para tomar as medidas cabíveis no
caso concreto, além do autor ter sido devidamente cientificado em relação a cada uma
das intercorrências durante o estágio probatório. Juntou documentos (fls.108/269).
Houve réplica (fls. 275/282).
No mérito, em se tratando de servidor público municipal, de rigor a
atenção e respeito à legislação municipal que rege a matéria, no caso, ao Estatuto do
Servidor Público do Município de Paraíso, dada a autonomia municipal em matéria desse

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jaez.
Pois bem.
A questão cinge-se em analisar se houve ou não cerceamento de
defesa e ilegalidade por ofensa ao devido processo legal no ato que ocasionou a
exoneração da servidora.
Analisando-se a prova encartada nos autos, contudo, a resposta é
negativa.
Com efeito, analisando-se o teor do artigo 17, incisos I, II, III, IV, V e
§§ 2°, 6° e 7º, da Lei Municipal n. 1.184/18 - Estatuto do Servidor Público do Município
de Paraíso, tem-se o seguinte:

Art. 17. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para o cargo de


provimento efetivo, ficará sujeito a estágio probatório por período
de 03 (três) anos, durante o qual serão apurados e avaliados por
comissão nomeada por portaria pelo Chefe do Poder Executivo,
que deverá observar os seguintes requisitos:
I- idoneidade moral, analisada segundo o comportamento moral do
servidor no exercício de suas funções, considerando sua
interatividade social e reciprocidade dos demais funcionários;
II- assiduidade, analisada segundo parâmetros estabelecidos no
inciso IX, do artigo 29 desta lei;
III- disciplina, analisada segundo o conjunto de atributos
despendidos pelo servidor no exercício de sua função, assim

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compreendidos subordinação, método de trabalho, organização e
ocorrência de procedimentos administrativos disciplinares;
IV- eficiência, aptidão e dedicação ao serviço, analisada segundo
resultados práticos apresentados, tempo de execução de tarefas,
observado o grau de dificuldade da mesma, identificação pessoal
com a execução de suas funções, considerando-se o engajamento e
atualização e capacitação profissional;
V- cumprimento dos deveres e obrigações funcionais, assim
compreendidos as ordens de serviço e determinações legais

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atinentes.
§ 2º. A título da avaliação dos servidores admitidos no serviço
público após a promulgação da presente lei e antes da sua
promulgação, porém, não atingido o período de 80% (oitenta por
cento) do lapso de tempo exigido no “caput”, serão atribuídas notas
de 00 (zero) a 02,50 (dois e meio) pontos para cada inciso
relacionado neste artigo, observada a planilha de avaliação
constante do Anexo VIII-A, a qual integra a presente lei.
§ 6º. O servidor que não conseguir índice de avaliação igual ou
superior a 60% (sessenta por cento) em cada uma das avaliações
anuais será considerado inapto ou inabilitado para prosseguir no
exercício do cargo, devendo ser exonerado imediatamente.
§ 7º. Caberá recurso no prazo de 05 (cinco) dias úteis,
endereçado ao Chefe do Poder Executivo Municipal de todas as
decisões proferidas pela Comissão nomeada nos termos do
“caput” deste artigo, contados a partir do recebimento de
notificação expressa da decisão.

A autora foi aprovada no concurso público em abril de 2018, tendo


sido a legislação promulgada em agosto de 2018, de modo que, distante de ter
completado 80% do período correspondente ao estágio probatório, a sua situação se
enquadra na previsão do § 2° do referido artigo.
Consigne-se que a autora estava ciente de que se encontrava em

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período de avaliação, e que, ao final do tempo previsto, a depender de seu desempenho,
poderia ser exonerada ou ter sua estabilidade confirmada.
Conforme documentos juntados nos autos, inclusive pela própria
autora, diversas foram as intercorrências praticadas durante o período de avaliação,
com descumprimento aos deveres previstos no artigo 210, além de práticas proibidas
pelo artigo 211, ambos da lei supracitada, tendo sido notificada de cada uma delas,
inclusive apondo a sua assinatura, a fim de comprovar a sua ciência (fls. 53/62).
A propósito:

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Art. 210. São deveres dos servidores, além dos que lhes cabem em
virtude do exercício de seu cargo e dos que decorrem, em geral, de
sua condição de servidor público:
I- comparecer ao serviço, com assiduidade e pontualidade, nas
horas de trabalho ordinário e extraordinário, quando convocado;
II- cumprir as determinações superiores, representado
imediatamente e por escrito, quando forem manifestamente ilegais;
III- executar os serviços que lhe competirem e desempenhar, com
zelo e presteza, os trabalhos de que for incumbido;
IV- tratar com urbanidade os colegas e as partes, atendendo a estas
sem preferências pessoais;
V- providenciar para que esteja sempre atualizada, no assentamento
individual, sua declaração de família, de residência e de domicílio;
VI- manter cooperação e solidariedade em relação aos
companheiros de trabalho;
VII- apresentar-se ao serviço em boas condições de asseio e
convenientemente trajado, ou com uniformes que for determinado;
VIII- guardar sigilo sobre os assuntos da administração;
IX- representar aos superiores sobre irregularidades de que tenha
conhecimento;
X- zelar pela economia e conservação do material que lhe for
confiado;
XI- atender, com preferência a qualquer outro serviço, as requisições

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de documentos, papéis, informações ou providências, destinados à
defesa da Fazenda Municipal;
XII- apresentar relatório ou resumos de suas atividades, nas
hipóteses e prazos previstos em lei, regulamento ou regimento;
XIII- sugerir providências tendentes à melhoria ou ao
aperfeiçoamento do serviço;
XIV- ser leal às instituições a que servir;
XV- manter observância às normas legais e regulamentares;
XVI- atender com presteza:

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a) o público em geral, prestando as informações requeridas,
ressalvadas aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e da
Administração;
b) a expedição de certidões requeridas para a defesa de direito ou
esclarecimentos de situações de interesse pessoal;
XVII- manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
XVIII- representar contra ilegalidade ou abuso de poder;
XIX- proceder na vida pública e privada na forma que dignifique a
função pública

Art. 211. São proibidas ao servidor toda ação ou omissão capazes


de comprometer a dignidade e o decoro da função pública, ferir a
disciplina e a hierarquia, prejudicar a eficiência do serviço ou causar
dano à Administração Pública, especialmente:
I- referir-se publicamente, de modo depreciativo, as autoridades
constituídas e aos atos da administração, podendo, todavia, em
trabalho assinado, apreciá-los doutrinariamente com o fito de
colaboração e cooperação;
II- retirar, sem prévia autorização da autoridade competente,
qualquer documento ou objeto da repartição;
III- atender a pessoas, na repartição, para tratar de assunto
particular;

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IV- promover manifestação de apreço ou desapreço, no recinto da
repartição, ou tornar-se solidário com elas;
V- valer-se de sua qualidade de servidor, para obter proveito pessoal
para si ou para outrem;
VI- compelir ou aliciar outro servidor no sentido de filiação a
associação profissional, sindical ou a partido político;
VII- pleitear, como procurador ou intermediário junto às repartições
municipais, salvo quando se tratar de interesse de parentes, até
segundo grau;

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VIII- praticar atos de sabotagem contra o serviço público;
IX- receber de terceiros qualquer vantagem, por trabalhos realizados
na repartição, ou pela promessa de realizá-los;
X- utilizar pessoal ou recursos materiais do serviço público para fins
particulares ou ainda, utilizar sua condição de servidor público para
ratificar atos da vida particular;
XI- confiar a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos
em lei, o desempenho de encargo que lhe competir ou a seus
subordinados;
XII- exercer atividades particulares no local e horário de trabalho;
XIII- exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o
exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
XIV- exercer ineficientemente suas funções;
XV- proceder de forma desidiosa;
XVI- fazer com a Administração Direta ou Indireta contratos de
natureza comercial, industrial ou de prestação de serviços com fins
lucrativos, para si ou como representante de outrem;
XVII- participar de gerência ou administração de empresa privada,
de sociedade civil, ou exercer comércio, e, nessa qualidade,
transacionar com o Município;
XVIII- exercer comércio entre os companheiros de serviço no local
de trabalho;
XIX- manter sob sua chefia imediata, cônjuges, companheiro ou

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parente até o segundo grau;
XX- opor resistência injustificada ao andamento de documento,
processo ou execução de serviço;
XXI- recusar fé a documentos públicos;
XXII- ausentar-se do serviço durante o expediente sem prévia
autorização do chefe imediato;
XXIII- fazer uso de bebida alcoólica ou qualquer outra substância
ilícita durante o serviço ou comparecer ao serviço sob sua influência.

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De fato, segundo consta da documentação juntada nos autos:

(i) no dia 07 de setembro de 2018 foi recebida uma reclamação por


escrito, feita por paciente, registrada pelas enfermeiras Silene S. Michelan e Fabiane no
dia 03 de outubro de 2018, afirmando que a autora foi grosseira em seu atendimento
e alegou que o material utilizado era ruim e que o paciente deveria “reclamar pro prefeito”
(fls. 53/54);

(ii) no dia 15 de maio de 2019 foi registrado pelas enfermeiras


Silene S. Michelan, Fabiane e Paula Cardoso diversas reclamações por parte de
colegas de trabalho e enfermeiras sobre a autora "ficar no celular" e "chegar atrasada
no trabalho" (fl. 55);

(iii) no dia 06 de junho de 2019 foi registrado pelas responsáveis


Silene S. Michelan, Fabiane, Marli T. Fabiano de Souza e Paula Cardoso Casseb
que receberam diversas reclamações contra a autora por "permanecer no celular
durante a jornada de trabalho deixando de realizar suas funções”, “falar de forma
grosseira com pacientes e colegas de trabalho”, “almoçar sem registrar biometria
e após fazer horário de descanso de uma hora”, “recusar ir com pacientes em
encaminhamento dizendo que passa mal”, “tomando medicamento endovenoso
sem comunicar a chefia” e “fazer comentários de colegas de trabalho e pacientes”
(fl. 56);

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(iv) no dia 30 de janeiro de 2020, a Dra. Sandra Lujan, médica
que atendia no plantão, registrou que realizou a prescrição de medicamento para
paciente mas a autora "alterou a prescrição médica, sem comunicação e autorização
do profissional médico responsável" (fls. 57/58);

(v) no dia 16 de dezembro de 2020, foi registrado pelas


responsáveis Silene S. Michelan, Fabiane e Carla Cardoso Divino que a autora estava
“na escala de terceiro noturno” e que foi chamada pela equipe de plantão, mas não
atendeu ao chamado, tendo sido necessário que outra colaboradora comparecesse em

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seu lugar (fls. 59/60);

(vi) no dia 11 de janeiro de 2021, foi registrado pelas responsáveis


Silene S. Michelan, Fabiane e Carla Cardoso Divino que a autora não realizou os
procedimentos previstos na escala de serviço durante o período de 16/11/2020 a
20/11/2020 (fls. 61/62).

(vii) no dia 29 de janeiro de 2021, foi registrado que o Dr. Edgar


Rene Delgadillo, médico que atendia no plantão noturno, constatou duas ocorrências
no mês de janeiro em que prescreveu medicamento, e a autora realizou a troca dos
medicamentos, tendo o médico a orientado e então foi administrada a medicação
correta (fls. 141/142);

(viii) no dia 22 de abril de 2021, foi registrado que a Dra. Sandra


Lujan, médica que atendia no plantão noturno, realizou a prescrição de
medicamento, e a autora trocou os medicamentos, sendo orientada por sua colega
e então a medicação correta foi administrada (fl. 143);

Não só.
Nas entrevistas realizadas com os funcionários que trabalharam com
a autora, constata-se que diversos profissionais efetuaram reclamações relacionadas a
ela:

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(a) Lucimara do Carmo Costa Silva afirmou que a autora assistia
filmes durante o horário de serviço, com fones de ouvido e “precisava ser chamada para
fazer os atendimentos”, relatou uma situação em que, na troca de plantão, passou as
necessidades dos pacientes internados e a autora se recusou a fazê-los, afirmando que
faria da “maneira mais fácil para ela e não para o paciente, negando-se a levá-los ao
banheiro e ajudá-los no banho” (fls. 115/116);

(b) Aparecida Rosário relatou que a autora "dormia muito em


serviço" e “ficava com fone de ouvido” (fl. 118);

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(c) Elza Terezinha Bovoni Rodrigues afirmou que a autora é
explosiva e “fala o que quer para qualquer um”, “mistura muito a vida pessoal com
profissional, se tem algum problema em casa, tenta resolver no trabalho”, “ficava muito
no celular para resolver”, “não tem conhecimento total da função”, “estressada, não tem
paciência e nem empatia com os pacientes” (fl. 118);

(d) Marcia Cristina Gonçalves afirmou que a autora “não estava


suficientemente capacitada para assumir plantão noturno”, “tinha dificuldade para aplicar
medicações endovenosas”, “ficava pendente no celular, descuidando de suas funções”,
tomou medicação para dormir durante alguns plantões e realizou trocas de medicações
prescritas (fl. 121);

(e) Simone Carla de Oliveira afirmou que a autora “ficava distraída


no celular, resolvendo problemas pessoais e descuidando o atendimento dos pacientes”
(fl. 122);

(f) Roberta Cristina Gomes pontuou que a autora “fica muito tempo
no celular, com fone de ouvido”, “não tem responsabilidade para acordar no horário
combinado, após o descanso”, “não checa medicações administradas rotineiramente,
principalmente nas urgências”, “tem dificuldade técnica para acessar veia para
medicação” (fl. 124);

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Como se vê, não há indício mínimo algum de que a autora tenha
sido vítima de "perseguição política" – muito menos "pública e notória", como afirma a
inicial -, já que os fatos a ela imputados partiram de diversos servidores e colegas de
trabalho, inclusive de outras profissões, como dois médicos, que relataram fatos
gravíssimos, como a troca, por ela, de medicações prescritas por eles (fls. 57/58,
14/142 e 143).
Efetivamente, a alegação de perseguição política arguida pela autora
carece de qualquer comprovação, já que não houve a indicação acerca de qual seria a
espécie de "perseguição", como ela era feita, em relação a quais pessoas etc.

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No caso, com o transcurso do prazo correspondente ao estágio
probatório, foram avaliadas as competências previstas no artigo 17 da Lei Municipal n.
1.184/18, levando-se em consideração as diversas reclamações referentes ao
descumprimento dos deveres previstos nos artigos 210 e 211 do mesmo diploma
normativo, bem como a entrevista dos servidores que atuaram juntamente com a autora,
levando à decisão de exoneração da servidora.
A autora tomou ciência de cada uma das reclamações, de modo que
não pode apontar surpresa.
Ademais, após a avaliação final, ela foi pessoalmente cientificada
da decisão administrativa (fls. 35/36), tanto que apresentou "recurso administrativo”
(fls. 27/33).
Logo, não há falar-se em ofensa ao devido processo legal.
Por fim, inexistindo flagrante aos princípios do contraditório e da
ampla defesa, como no caso, ou mesmo em diversidade entre o fundamento levado em
conta no julgamento e a realidade fática existente (motivação do ato administrativo),
como se tem na espécie, em que o descumprimento dos deveres intrínsecos ao cargo foi
comprovado com robustez, de se prestigiar o ato administrativo:

APELAÇÃO - SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL – EXONERAÇÃO


AO TÉRMINO DE ESTÁGIO PROBATÓRIO - Pretensão à
declaração de nulidade do ato administrativo de exoneração do
recorrente, em virtude de avaliações desfavoráveis colhidas durante
estágio probatório. Improcedência mantida. Processo hígido.

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Avaliações efetivamente desfavoráveis ao autor. Possibilidade
de impugnação assegurada e exercida, inclusive em instância
recursal administrativa. Ausência de lesão a direitos do autor.
Precedentes. Apelo desprovido. (TJSP; Apelação Cível
1001288-71.2021.8.26.0408; Relator (a): Bandeira Lins; Órgão
Julgador: 8ª Câmara de Direito Público; Foro de Ourinhos - 1ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 04/05/2023; Data de Registro:
04/05/2023)

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por AYMAN RAMADAN, liberado nos autos em 30/05/2023 às 09:09 .
CONCURSO PÚBLICO. EXONERAÇÃO. ESTÁGIO PROBATÓRIO.
Não é dado ao Judiciário substituir por sua própria discricionariedade
a exercida na esfera administrativa, não se desvelando, na espécie,
caracterizada aversão da legalidade com o ato administrativo
hostilizado. Não provimento da apelação. (TJSP, Apelação Cível
0012653-06.2014.8.26.0564, rel. Des.Ricardo Dip, j. 26.01.2016)

Frise-se, mais uma vez, que foram asseguradas as garantias


constitucionais do contraditório e da ampla defesa ao servidor, garantindo-se-lhe acesso
às provas produzidas e oportunidade para oferecer defesas e recursos cabíveis.
Assim, reputa-se válido o ato exoneratório do servidor, inexistindo
qualquer mácula ou abusividade da administração pública.”
De acordo com o entendimento do E. TJSP:

"Com efeito, os documentos juntados pela ré, bem como os juntados


pelo próprio demandante, demonstram, de um lado, que o autor não
apenas teve ampla possibilidade de se voltar contra as
anotações desfavoráveis, como de fato procedeu a tanto -
acionando instância recursal no próprio âmbito administrativo;
e de outro que, de fato, não atingiu os padrões mínimos de
desempenho exigidos para que se tornasse efetivo.
Não há falar-se em subjetividade de avaliações em que
sobressai o descumprimento de deveres funcionais

1000629-45.2022.8.26.0370 - lauda 11
fls. 336

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE MONTE AZUL PAULISTA
FORO DE MONTE AZUL PAULISTA
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL
RUA FLORIANO PEIXOTO, 515, Monte Azul Paulista - SP - CEP
14730-000
Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às 17h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000629-45.2022.8.26.0370 e código 9E32F4A.
absolutamente objetivos, como o são os de pontualidade e
assiduidade; e não há contradição alguma, consoante aponta a r.
Sentença, em se constatar violação localizada a um desses deveres
sem concomitância de ofensa ao outro – não se confundindo a
pontualidade no cumprimento de horários com a assiduidade no
comparecimento ao serviço, nem faltas ao trabalho com atrasos em
dias de comparecimento." (TJSP; Apelação Cível
1001288-71.2021.8.26.0408; Relator (a): Bandeira Lins; Órgão
Julgador: 8ª Câmara de Direito Público; Foro de Ourinhos - 1ª

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por AYMAN RAMADAN, liberado nos autos em 30/05/2023 às 09:09 .
Vara Cível; Data do Julgamento: 04/05/2023; Data de Registro:
04/05/2023)

Logo, a improcedência é medida que se impõe.

3. Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão, e, de


conseguinte, extingo o feito, com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, inciso I,
do Código de Processo Civil.

4. Sem custas e honorários, nessa fase processual.

Em caso de recurso, a parte não beneficiária da justiça gratuita


deverá, nas 48 horas seguintes à interposição, efetuar o preparo, que compreenderá
todas as despesas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de
jurisdição.
O preparo deve corresponder, portanto, à soma dos seguintes
valores: (a) 1% sobre o valor da causa ou o valor mínimo correspondente a 5 UFESPs;
(b) mais 4% sobre o valor da causa ou da condenação (se houver), respeitado o mínimo
correspondente a 5 UFESPs; (c) além do porte de remessa retorno (apenas para
processos físicos, ou digitais com mídia digital a ser encaminhada ao Colégio Recursal),
nos termos do art. 4º, incisos I e II e § 1º, da Lei Estadual nº 11.608/2003 (com redação
dada pela Lei 15.855/2015), c.c. artigos 42 e 54 da Lei 9.099/95; e (d) às despesas
processuais referentes a todos os serviços forenses eventualmente utilizados para

1000629-45.2022.8.26.0370 - lauda 12
fls. 337

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE MONTE AZUL PAULISTA
FORO DE MONTE AZUL PAULISTA
JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL
RUA FLORIANO PEIXOTO, 515, Monte Azul Paulista - SP - CEP
14730-000
Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às 17h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000629-45.2022.8.26.0370 e código 9E32F4A.
citação e/ou intimação (despesas postais, diligências do Oficial de Justiça; taxas
para pesquisas de endereço nos sistemas conveniados, custas para publicações
de editais etc.), conforme item 12. do Comunicado CG 1530/2021.
Ainda, as taxas e despesas devem ser atualizados quando do
recolhimento.
Incumbe à própria parte interessada efetuar o cálculo do valor
correto do preparo, ficando a serventia dispensada da indicação do montante devido ante
a revogação do art. 1.096 das Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça pelo
Provimento CG nº 17/2016 (vide Comunicado CG nº 916/2016 DJE 23/06/16, p. 09).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por AYMAN RAMADAN, liberado nos autos em 30/05/2023 às 09:09 .
Ficam as partes cientes e advertidas de que: 1) os prazos
processuais serão contados da citação, intimação ou ciência do ato respectivo, e não da
juntada aos autos do mandado ou carta precatória, nos moldes do Enunciado nº 10 do
Conselho Supervisor do Sistema de Juizados Especiais do E. TJSP, não se aplicando,
portanto, as regras gerais do art. 231 do Novo Código de Processo Civil; 2) todos os
prazos serão contados em dias úteis.
Com o trânsito em julgado, arquivem-se os autos.

P. I. C.

Monte Azul Paulista, 30 de maio de 2023.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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