Você está na página 1de 14

DOI: http://dx.doi.org/10.

31657

Artigo

Da religião à reconexão: novos modos de ser e


fazer religiosos em tempos de midiatização digital
From religion to reconnection: new ways of being and making
religious in times of digital mediatization
De la religión a la reconexión: nuevos modos de ser y hacer
religiosos en tiempos de mediatización digital
Moisés Sbardelotto
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos
<msbardelotto@yahoo.com.br>

Resumo Abstract Resumen


O artigo busca aprofundar a reflexão This article seeks to deepen the reflec- El artículo busca profundizar la reflexión
sobre os processos de comunicação tion on contemporary communication sobre los procesos de comunicación
contemporâneos e as religiões e reli- processes, and religions and religio- contemporáneos y las religiones y reli-
giosidades, nos quais a internet e as sities, in which the internet and the giosidades, en los cuales la internet y las
plataformas sociodigitais vão-se cons- socio-digital platforms are becoming plataformas sociodigitales se van consti-
tituindo como ambiente midiático de a mediatic environment of religious tuyendo como ambiente mediático de
prática religiosa e de inter-relação entre practice and of interrelation between práctica religiosa y de interrelación entre
fiéis e comunidades religiosas, caracte- religious individuals and communities, fieles y comunidades religiosas, caracte-
rizando um fenômeno de midiatização characterizing a phenomenon of digi- rizando un fenómeno de mediatización
digital da religião. Para isso, primeira- tal mediatization of religion. In order digital de la religión. Para ello, primero,
mente, analisa a especificidade digital do to this, it firstly analyzes the digital analiza la especificidad digital de lo que
daquilo que se costumou chamar de specificity of what has been called as se ha acostumbrado a llamar de media-
midiatização da religião. Em seguida, mediatization of religion. Then, from lización de la religión. A continuación, a
a partir do caso católico, examina al- a Catholic point of view, it examines partir del caso católico, examina algunos
guns aspectos da manifestação do “re- some aspects of the manifestation of aspectos de la manifestación del “reli-
ligioso” em rede. A partir disso, reflete the networked “religious”. After, it re- gioso” en red. A partir de eso, reflexiona
sobre o conceito de reconexão, enten- flects on the concept of reconnection, sobre el concepto de reconexión, enten-
dida como as ações sociossimbólicas understood as the socio-symbolic ac- dida como las acciones sociosimbólicas
a partir das interfaces e dos protocolos tions operated from the interfaces and a partir de las interfaces y de los proto-
das plataformas sociodigitais, ou seja, protocols of the socio-digital platforms, colos de las plataformas sociodigitales,
processos sociais e simbólicos de cone- that is, social and symbolic processes of o sea, procesos sociales y simbólicos de
xão em rede. Assim, como conclusão, networked connection. Thus, in conclu- conexión en red. Así, como conclusión,
aponta que emerge um novo modo de sion, it points out that a new way of “re- apunta que emerge un nuevo modo de
“religação” entre o humano e o divino legation” between the human and the “religación” entre lo humano y lo divino
a partir de processos sociossimbólicos, divine emerges from socio-symbolic a partir de procesos sociosimbólicos, lo
o que complexifica o papel da religião processes, which complexify the role of que compleja el papel de la religión en
em tempos de conexões digitais. religion in times of digital connections. tiempos de conexiones digitales.
Palavras-chave: Midiatização da reli- Keywords: Mediatization of religion. Palabras clave: Midiatización de la
gião. Reconexão. Internet. Plataformas Reconnection. Internet. Socio-digital religión. Reconexión. Internet. Platafor-
sociodigitais. platforms. mas sociodigitales.

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


72 Da religião à reconexão: novos modos de ser e fazer religiosos... • Moisés Sbardelotto

Para as religiões em geral, o ambiente di- dos: ou seja, aquilo que as pessoas fazem
gital emerge1 como um novo lócus religioso pública e socialmente com aquilo em que
e teológico. Formam-se novas modalidades acreditam.
de percepção, de experiência e de expressão Se falamos de “religioso”, contudo, não
do “sagrado” em novos ambientes comuni- nos interessa tanto analisar se tais manifes-
cacionais, mediante a exponencial quanti- tações se enquadram no dispositivo ideoló-
dade de textos, imagens, sons e vídeos reli- gico, doutrinal, teológico e jurídico das re-
giosos que circulam ininterruptamente em ligiões institucionais. O “religioso”, aqui, é
plataformas sociodigitais2 como Facebook, entendido como uma “crença”, no sentido
Twitter, Instagram, YouTube e WhatsApp, dado por Certeau (2012, p. 252). Ou seja,
dentre outras. Essas relações e práticas so- envolve não apenas uma certeza teológica,
ciais no ambiente on-line, a partir de lógicas mas principalmente o “ato de enunciá-la
midiáticas, complexificam hoje o fenôme- considerando-a verdadeira – noutros ter-
no religioso. Nesse ambiente, a sociedade mos, uma ‘modalidade’ da afirmação e não
em geral se apropria de crenças e práticas o seu conteúdo”: isto é, uma ação propria-
de religiões e religiosidades de forma mais mente comunicacional.
autônoma (sem uma supervisão institucio- Em um período histórico em que os
nal nem uma aprovação oficial em relação processos de comunicação midiática se
à autenticidade ou integridade daquilo que tornam generalizados no tecido social, a in-
é comunicado) e, ao mesmo tempo, de for- ternet e as plataformas sociodigitais, como
ma pública (potencialmente sem limites de ambiente midiático, vão-se constituindo
alcance social “em massa”), alimentando a como um “meio de comunicação, de intera-
circulação comunicacional. ção e de organização social” (CASTELLS,
Religião e religiosidade articulam-se 2005, p. 257) e também de prática religiosa
como “duas faces complementares”, em e de inter-relação entre fiéis e comunidades
que “a religião responde à religiosidade, religiosas, caracterizando um fenômeno de
a religiosidade pede e provoca religiões” midiatização digital da religião. Entendi-
(LIBÂNIO, 2002, p. 101), que existem da como um sistema social de significação
“porque pessoas concretas, em comuni- cultural em torno do “sagrado” e do trans-
dade e socialmente, as praticam” (p. 100). cendente, a religião, hoje, depara, nesse
Em rede, religiões e religiosidades se ma- processo, com contextos comunicacionais
nifestam como experiências e práticas emergentes, nos quais a fé é percebida e
voltadas ao “sagrado” e ao transcendente, expressada de formas inovadoras em com-
marcadas por uma crescente diversidade, paração com os contextos pessoais e insti-
pluralidade e heterogeneidade de senti- tucionais tradicionais.

1 “Emergência” diz respeito ao surgimento de uma qualidade nova com relação às qualidades anteriores dos elementos de um fenômeno. Ela
é ao mesmo tempo fenomênica (por ser produzida pela organização do sistema em que nasce), mas também epifenomênica (por seu caráter
acontecimental, novo, que retroage sobre o fenômeno) (MORIN, 2008).
2 Entendemos por plataforma sociodigital aqueles ambientes comunicacionais on-line caracterizados por interfaces e protocolos multimodais espe-
cíficos voltados à comunicação interpessoal (como Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, WhatsApp etc.), cujos padrões de acionamento envolvem,
ao mesmo tempo, softwares, sites e aplicativos próprios, todos interconectáveis, que também podem se inter-relacionar com as demais plataformas e
podem ser acionados mediante os mais diversos aparatos digitais (computador, celular, tablet), a eles se ajustando de modo interdependente.

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


PAULUS: Revista de Comunicação da FAPCOM • DOI: http://dx.doi.org/10.31657 73

Em sociedades em midiatização, o fluxo Neste artigo, buscaremos aprofundar


comunicacional dos sentidos não se deixa a reflexão sobre tal processo, analisando,
deter ou delimitar por estruturas quaisquer. primeiramente, a especificidade digital da-
Os sentidos sobre o que é “ser religioso” – quilo que se costumou chamar de midiati-
seus saberes e fazeres – encontram brechas zação da religião. Em seguida, a partir do
e escapes no processo de circulação social, caso católico, examinaremos alguns aspec-
indo muito além (ou ficando muito aquém) tos da manifestação do “religioso” em rede.
dos interesses das instituições e autoridades A partir disso, refletiremos sobre o conceito
religiosas. Isso graças à emergência de novos de reconexão, entendida como as ações so-
agentes midiáticos – pessoas e grupos – que ciossimbólicas a partir das interfaces e dos
passam a promover modalidades complexi- protocolos das plataformas sociodigitais,
ficadas de significação do socius e do sacrus ou seja, processos sociais e simbólicos de
em rede, de forma pública. Essas processua- conexão em rede. Assim, como conclusão,
lidades ocorrem na especificidade do am- apontaremos que emerge um novo modo
biente digital, onde se desdobra o avanço de de “religação” entre o humano e o divino a
complexas “redes de redes” que constituem partir de processos sociossimbólicos, o que
a internet, em um processo de midiatização complexifica o papel da religião em tempos
digital, marcadas pela construção comum de conexões digitais.
de sentido. Advém daí um novo tipo de
“gestão” do social e do religioso, que passa,
agora, pela mediação desses novos agentes A especificidade digital da
midiáticos, que não substituem, mas se ar- midiatização da religião
ticulam aos agentes tradicionais. Vivemos atualmente em uma “nova
O sentido do “ser religioso” na socieda- ambiência” sociocomunicacional (GO-
de contemporânea, mediante essas novas MES, 2008). No contexto contemporâneo,
mediações comunicacionais, passa por uma são inúmeros os agentes sociais conectados
construção social de relações e sentidos que manifestam comunicacionalmente as
emergentes, porque as pessoas em geral, suas competências sobre diversos âmbitos
nos diversos âmbitos da rede, em conexão, do social, inclusive o religioso, para além da
também podem agora dizer e fazer publi- ação das corporações midiático-industriais.
camente o “religioso”, operando (micro) Trata-se de uma “virada midiática”, mar-
transformações de sentido. Ou seja, se o cada por um “‘grau historicamente único’
“Verbo se fez bit” (SBARDELOTTO, de integração do tecnológico e do sociocul-
2012) – em que tal “Verbo”, a partir da con- tural” (FRIESEN; HUG, 2009, p. 65, tra-
cepção cristã, é a manifestação do “sagra- dução nossa).
do”, em sentido amplo –, ele também passa A ideia de midiatização aponta para
a fluir, deslocar-se, circular pelos meandros esses fenômenos, sendo “a chave herme-
da internet mediante infindáveis ações de nêutica para a compreensão e interpretação
construção de sentido por parte de inúme- da realidade” contemporânea (GOMES,
ros interagentes em conexão (aqueles que 2008, p. 30), por revelar a natureza comu-
“agem com” os outros). nicativa e comunicacional das culturas e

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


74 Da religião à reconexão: novos modos de ser e fazer religiosos... • Moisés Sbardelotto

das sociedades. E o “conteúdo” do fenôme- Hoje, segundo Pace (2013), estaríamos


no da midiatização são os processos midiá- testemunhando também o surgimento de
ticos, cada vez mais abrangentes, cada vez uma “comunicação de quarta ordem” no
mais acelerados, cada vez mais diversifica- campo religioso.3 Isso porque, na internet
dos (cf. ibidem, 2010). Isto é, as condições e nas mídias digitais, a sociedade como
de possibilidade de interação humana, de um todo reconstrói comunicacional, so-
comunicação social e de organização so- cial e publicamente a matriz original das
cietal passam a ser condicionadas (mas não mensagens religiosas. Ou seja, em redes
necessariamente determinadas) por lógicas comunicacionais, a religião – neste caso,
e dinâmicas midiáticas. E isso também diz o catolicismo – “se expõe à interação com
respeito às práticas sociais de instituições um ambiente muito mais vasto, complexo
como a Igreja e da sociedade como um todo e diferenciado daqueles com os quais ha-
na sua relação com o catolicismo. bitualmente entra em contato” (ibidem, p.
Com o processo de digitalização, a relação 93, trad. nossa).
mídia/religião passa a ser marcada principal- Essa ruptura de escala da prática reli-
mente por uma ruptura de escala espaçotem- giosa, no processo de midiatização em am-
poral e por uma descontextualização e recom- bientes digitais, é marcada principalmente
binação de sentidos. Se estamos vivendo uma por dois emergentes decisivos, a saber, o al-
“reviravolta comunicacional” a partir da digi- cance e a velocidade, exponenciais possibi-
talização, as crenças e práticas religiosas, ao se litados pelos processos midiáticos contem-
embeberem da cultura emergente, passam a porâneos (VERÓN, 2012). Desse modo,
se constituir a partir de novos processos que
merecem reflexão e análise. […] a religião na sociedade complexa
A digitalização impele as religiões e re- entrou em “flutuação”, ou seja, numa
ligiosidades a assumirem novas formas de
relação de maior indeterminação – e,
percepção do mundo em que habitam e no-
vas formas de expressão de suas tradições portanto, de maior liberdade – em rela-
e doutrinas dentro desse contexto. Ocorre ção às outras esferas sociais, especial-
um deslocamento das práticas de fé para o mente àquela da produção, e à lógica da
ambiente on-line, a partir de lógicas midiá- racionalização instrumental nelas do-
ticas, complexificando o fenômeno religio- minantes. Isto é, a religião, constituin-
so e as processualidades comunicacionais do um recurso de sentido e uma reserva
mediante novas temporalidades, novas
de significados, é capaz de assumir em
espacialidades, novas materialidades, no-
vas discursividades e novas ritualidades si mesma as relações sociais existentes,
(SBARDELOTTO, 2012). conferindo-lhes formas diferentes e

3 Em suas análises, Pace (2013) afirma que uma religião nasce a partir de uma “palavra viva”, manifestada como uma revelação, uma epifania, uma
comunicação a um interlocutor original, a uma autoridade (comunicação de primeira ordem). Essa palavra viva se transforma em uma “palavra
dada”, mediante a “comunicação da comunicação” desse intérprete autorizado ou de um texto sagrado, explicitando socialmente essa identidade
religiosa (comunicação de segunda ordem). Por sua vez, essa palavra dada é conservada na memória e na comunicação de uma “comunidade da
palavra”, que realiza uma comunicação de terceira ordem, cuja unidade é mantida na comunicação de suas teologias e liturgias, em sua ritualidade.

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


PAULUS: Revista de Comunicação da FAPCOM • DOI: http://dx.doi.org/10.31657 75

favorecendo diversas mixagens entre os Desse modo, é relevante observar o que


elementos da tradição e da modernidade, acontece quando a experiência e a comuni-
cação religiosa se manifestam nos ambien-
com resultados não apenas acomodatí-
tes digitais, que concedem um grau de au-
cios, mas inovadores e até disfuncionais
tonomia e liberdade muito maior à constru-
em relação ao sistema social, e governa- ção de sentido em uma escala mais ampla e
dos por uma lógica específica: a da co- abrangente. Isso libera “uma subjetividade
municação simbólica. (MARTELLI, que pode pôr em crise o princípio de auto-
1995, p. 26, grifos nossos). ridade sobre o qual se baseia a força comu-
nicativa das religiões históricas” (PACE,
2013, p. 191, tradução nossa).
A religiosidade on-line, portanto, é
O desafio, portanto, é “religar”, teorica-
tanto um produto quanto um sinal da
mente, o elo entre os processos midiáticos
mudança produzida pelo fenômeno da
digitais e as práticas religiosas, buscando
midiatização, no qual as religiões em ge-
compreender os vínculos que unem, hoje,
ral encontram-se em um ambiente muito
os universos simbólico-religiosos e os am-
mais complexo, em que coexistem inúme-
bientes comunicacionais em mudança no
ros pontos de vista religiosos diferentes e
tempo, no espaço e em suas materialidades.
heterodoxos. Isso porque, em rede,
Assim, se o foco é a comunicação em torno
de crenças e práticas religiosas, é preciso
[…] os significados que os diversos também refletir sobre como estas geram e
componentes atribuem ao que os são geradas, por sua vez, mediante ações de
comunicação sobre o “religioso”.
reúne [como as crenças e práticas re-
ligiosas] são discutidos, submetidos a
uma contínua negociação, aceitos e re- O “religioso” em rede: o caso católico
definidos, acolhidos com entusiasmo As práticas sociais no ambiente on-line,
ou com críticas. Tudo isso contribui a partir de lógicas midiáticas, complexifi-
para formar significados intersubje- cam hoje o fenômeno religioso. Formam-
-se novas modalidades de percepção e de
tivos que, por definição, não podem
expressão do “sagrado” em novos am-
exibir um fundamento absoluto. A bientes comunicacionais, como as plata-
participação de mais pessoas em tal formas sociodigitais. O “religioso” passa
processo de definição e redefinição dos a circular, fluir, deslocar-se nos meandros
significados dilata o sentido a ser atri- da internet por meio de uma ação não ape-
buído a palavras-chave (por exemplo: nas do âmbito da “produção” eclesiástica
nem só industrial-midiática, mas também
as palavras “Deus” ou “espírito”) ou
mediante uma ação comunicacional das
a objetos que pretendem incorporar
inúmeras pessoas conectadas. Em platafor-
uma mensagem simbólica. (PACE, mas sociodigitais como Facebook, Twitter,
2013, p. 22, tradução e grifos nossos). Instagram, YouTube e WhatsApp, dentre

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


76 Da religião à reconexão: novos modos de ser e fazer religiosos... • Moisés Sbardelotto

outras, instituições religiosas e sociedade Podemos perceber essa transformação


em geral encontram-se agora marcadas por na “tradução” da tradição católica em rede.
novas possibilidades de relação e de cons- Especialmente no Brasil, a Igreja Católica
trução de sentido. tem uma grande relevância sócio-histórico-
Nos mais diversos âmbitos da internet, o -cultural.4 Para além dos dados estatísticos,
“religioso” vai sendo retrabalhado, ressigni- a tradição, a doutrina e a prática religiosa do
ficado, ressemantizado em sua experiência, catolicismo constituem uma referência co-
identidade, imaginário, crenças, práticas, municacional da cultura no Brasil, porque,
doutrinas, tradições, atualizando-o a novos embora a população católica brasileira este-
interagentes sociais e a públicos ainda maio- ja em queda nos últimos anos, “não se pode
res, em uma trama complexa de sentidos. afirmar que o catolicismo deixou de figurar
Em suas inter-relações, tais ações acionam como uma das referências religiosas estru-
um processo de circulação comunicacional, turantes da nacionalidade e da cultura na-
por meio de lógicas e dinâmicas midiáticas. cionais” (STEIL; TONIOL, 2013, p. 224,
Se podemos entender o “religioso” como grifos nossos). E, se a cultura é construída
uma “rede” de ideias, metáforas e imagens, por “mediações comunicativas” (MAR-
mais ou menos interligadas livremente” TÍN-BARBERO, 2009), o catolicismo
(MOSCOVICI, 2011, p. 210) sobre o “sa- contemporâneo também passa a ser (re)
grado” e o transcendente, é possível entrever construído nas plataformas sociodigitais.
uma tríplice rede em jogo e que merece aná- A Igreja Católica, ao longo do tempo,
lise: uma rede (internet) de redes (platafor- tentou se aproximar, captar e responder
mas sociodigitais) em que circula uma rede a esses “sinais dos tempos” comunica-
de construtos religiosos (o “religioso”). cionais. Dois grandes marcos históricos,
Mediante a possibilidade de publiciza- nesse sentido, foram a entrada do então
ção e socialização digitais, por conseguinte, Papa Bento XVI no Twitter, em 2012,
explicita-se não apenas uma pluralidade de com a criação das diversas contas @Pon-
sentidos religiosos em circulação, mas tam- tifex,5 e, em 2016, com o ingresso do Papa
bém a possibilidade de sua reconstrução Francisco no Instagram, com sua conta @
pública, em uma ruptura de escala em ter- Franciscus.6 Não se trata mais apenas da
mos de alcance e de velocidade em relação conta de um meio de comunicação do Va-
a processos sócio-históricos. Isso, por sua ticano (porta-voz, jornal, rádio, TV, site
vez, transforma a relação entre o midiático etc.), mas sim da presença da própria ins-
e o “religioso”. tância máxima do catolicismo – o pontífice

4 Em termos quantitativos, os dados apontam uma redução histórica do número de católicos no território brasileiro: em 1872, 99,7% da popu-
lação brasileira era católica; em comparação, no ano 2000, 73,6% dos brasileiros permaneciam católicos. Contudo, ainda hoje, a Igreja Católica
detém a maioria religiosa da população do país, com 64,6% do total (dados mais recentes segundo o Censo 2010 do IBGE. Dados do Censo
2010 do IBGE, disponíveis em: <http://migre.me/ddYsQ>.
5 Disponível em: <https://www.twitter.com/pontifex_pt/>.
6 Disponível em: <https://www.instagram.com/franciscus/>.
7 Desde o Papa Leão XIII, em 1896, o primeiro pontífice a ter a sua imagem filmada, passamos a contar com “papas midiáticos”, em sentido
contemporâneo, os quais encontraram o seu auge em São João Paulo II. Em tais casos, a construção de sentido social sobre a persona
pontifícia era agenciada pelas operações dos meios de comunicação oficiais da Santa Sé. A situação atual, contudo, é muito mais complexa.

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


PAULUS: Revista de Comunicação da FAPCOM • DOI: http://dx.doi.org/10.31657 77

– em tais plataformas. Emergem, assim, os gráfico; o Serviço Internet do Vaticano; e a


primeiros “papas-mídias”,7 pois as contas Tipografia Vaticana). No documento que
@Pontifex e @Franciscus, em sua persona- institui tal secretaria, Francisco situa tal
lização pontifícia, apontam para um papa necessidade de reforma no “atual contex-
pessoalmente midiatizado em uma pla- to comunicativo, caracterizado pela pre-
taforma sociodigital ou, vice-versa, para sença e pelo desenvolvimento dos meios
uma mídia personificada na pessoa papal, de comunicação digitais, pelos fatores da
na tentativa de criar novas conexões com convergência e da interatividade” (FRAN-
as pessoas e a cultura contemporânea. CISCO, 2015, s.p., grifo nosso). Aqui
Segundo Bento XVI (2011, s.p.), seu também retorna à necessidade da Igreja de
gesto de entrar no Twitter se deveu ao fato buscar novas “interações” com o mundo
de que, ao se tornarem “cada vez mais parte contemporâneo, na busca de “convergên-
do próprio tecido da sociedade”, as redes cia” tecnológica e simbólica com a reali-
sociais digitais geram “uma nova ágora, de dade. Com a criação de uma nova marca
uma praça pública e aberta [...] e podem midiática – “Vatican News” – buscou-se
ainda ganhar vida novas relações e formas reforçar ainda mais a presença da Santa
de comunidade” (2013, s.p.). Já para Fran- Sé especialmente no Facebook, Twitter,
cisco, “as redes da comunicação humana Instagram e YouTube, construindo novas
atingiram progressos sem precedentes. Parti- conexões socioeclesiais em rede.
cularmente a internet pode oferecer maio- Para além das ações vaticanas, podería-
res possibilidades de encontro e de solida- mos citar aqui inúmeras outras presenças
riedade entre todos; e isto é uma coisa boa, institucionais da Igreja em nível global,
é um dom de Deus” (2014, s.p., grifo nos- nacional, regional e local, levando-se em
so). Entram em jogo, portanto, não apenas consideração a capilaridade católica em
uma “atualização” das práticas eclesiásticas suas dioceses, paróquias, movimentos
institucionais, mas sim novos modos de se e grupos. É muito difícil não encontrar,
relacionar com a cultura contemporânea e hoje, alguma expressão católica oficial,
de “traduzir” a fé cristã-católica para as lin- nesses vários níveis, nas mais diversas pla-
guagens e estilos digitais. taformas sociodigitais, seja para a vivência
Em resposta ao processo de midiati- e o anúncio da fé, seja para estreitar rela-
zação digital, em 2016, o Papa Francis- ções entre fiéis e comunidades. Para além
co também instituiu a Secretaria para a das presenças institucionais, o ambiente
Comunicação. Esse novo órgão da Cúria digital é um verdadeiro “ecossistema” de
Romana assumiu a tarefa de reestruturar, catolicismos em rede, que emergem de
reorganizar e incorporar os vários meios modo autônomo, sem vinculação oficial
de comunicação vaticanos (como o Cen- com a instituição, nas suas mais variadas
tro Televisivo Vaticano; a Livraria Editora expressões sociais, geográficas, políticas,
Vaticana; o jornal L’Osservatore Romano; teológicas etc.
o ex-Pontifício Conselho para as Comu- O ambiente digital, assim, torna-se
nicações Sociais; a Rádio Vaticano; a Sala um lócus de ressignificação da tradição, da
de Imprensa da Santa Sé; o Serviço Foto- doutrina e da prática católicas nas conexões

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


78 Da religião à reconexão: novos modos de ser e fazer religiosos... • Moisés Sbardelotto

entre bits e pixels, pessoas e instituições. E sentidos ao catolicismo. Nesses ambien-


o ambiente eclesial se articula com o am- tes, para além da vigilância ou da restrição
biente digital inclusive em suas tensões e institucionais, tais sujeitos em conexão, por
confrontos, como no caso de mobilizações meio de conteúdos diversos (sob a forma de
intracatólicas on-line que se manifestam a textos, imagens, sons e vídeos) vinculados
favor ou contra expressões alternativas do à tradição, à doutrina e à prática da Igreja
catolicismo, determinadas questões de fé e Católica, em meio a tensões e polarizações,
moral no debate eclesial ou posicionamen- interagem com um alcance e uma velocida-
tos claros (ou a falta deles) por parte da hie- de inéditos, produzindo ou ressignificando
rarquia eclesiástica. conteúdos religiosos de forma pública e em
A esse respeito, o Papa Francisco quis rede, alimentando os fluxos circulatórios
esclarecer, em um dos principais docu- da comunicação religiosa (SBARDELOT-
mentos de seu pontificado, o risco de cer- TO, 2017).
tos extremismos e desvios na construção Nesse movimento, a construção de re-
de relações e conexões entre cristãos-cató- lação e de sentido só é possível a partir do
licos em rede: reconhecimento prévio de outras relações e
outros sentidos, e tal reconhecimento leva
a novas produções de relação e de sentido.
Pode acontecer também que os cristãos
“Um determinado discurso em circulação
façam parte de redes de violência verbal na sociedade produzirá uma multiplicida-
através da internet e vários fóruns ou es- de de efeitos, uma vez que tal estratégia vai
paços de intercâmbio digital. Mesmo nas lidar com uma existência e multiplicidade
mídias católicas, é possível ultrapassar de outros discursos” (FAUSTO NETO,
os limites, tolerando-se a difamação e 2007, p. 23). Por isso, “os efeitos de uma
a calúnia e parecendo excluir qualquer
produção de sentido são sempre uma pro-
dução de sentido” (VERÓN, 2004, p. 60),
ética e respeito pela fama alheia. Gera-
que não encontra um “fim” ou um “desti-
-se, assim, um dualismo perigoso, por- natário final” – trata-se de uma construção
que, nestas redes, dizem-se coisas que sempre contínua, social e histórica. Desse
não seriam toleráveis na vida pública e modo, torna-se muito mais complexo de-
procura-se compensar as próprias insa- limitar quem “produz” e quem “recebe”
tisfações descarregando furiosamente nessas relações, assim como os “pontos de
partida” e os “pontos de chegada” do pro-
os desejos de vingança. (FRANCIS-
cesso comunicacional.
CO, 2018, n. 115, grifo nosso). Dada a sua facilidade de acesso e de uso,
e pela expansão do alcance e da abrangência
Em síntese, as plataformas sociodigitais das interações sociais e de suas potenciali-
revelam a presença de inúmeras expressões dades no tecido social, o ambiente digital
públicas católicas – oficiais ou desprovi- dá o poder da “palavra pública” àqueles
das de qualquer vinculação oficial com a que não têm acesso aos aparatos midiáti-
instituição eclesiástica – que dão novos cos e eclesiásticos tradicionais. Embora não

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


PAULUS: Revista de Comunicação da FAPCOM • DOI: http://dx.doi.org/10.31657 79

tenha a institucionalidade midiática nem semiótico” (LOTMAN, 1996, p. 156, tra-


eclesiástica em sua retaguarda, essa palavra dução nossa). A natureza da simbolização,
socioindividual se torna ubíqua. Manifes- portanto, é dupla:
ta-se aí um “processo de democratização
das competências que está no coração da ati- Por um lado, ao atravessar o espessor
vidade amadora” (FLICHY, 2010, p. 79, das culturas, o símbolo se realiza em
trad. nossa), em que especialistas e não es-
sua essência invariante. Nesse aspec-
pecialistas, iniciados e não iniciados coope-
ram em uma construção comum – em suas to, podemos observar sua repetição.
aproximações, distanciamentos e tensões O símbolo atuará como algo que não
– dos diversos saberes-fazeres religiosos, guarda homogeneidade com o es-
aquilo que aqui chamamos de reconexão. paço textual que o rodeia, como um
mensageiro de outras épocas culturais
Reconexão, ação de “religação” digital (= outras culturas), como um recor-
Em sociedades em midiatização, como datório dos fundamentos antigos (=
aponta Castells (2000), “usuários e criado- “eternos”) da cultura. Por outra parte,
res podem tornar-se a mesma coisa”, a par- o símbolo se correlaciona ativamente
tir dos “processos de criação e manipulação com o contexto cultural, se transforma
de símbolos (a cultura da sociedade)” (p. 51,
sob a sua influência e, por sua vez, o
grifo nosso). No caso das plataformas so-
ciodigitais, manifesta-se na circulação do transforma. Sua essência invariante se
“religioso” a capacidade de constituir digi- realiza nas variantes. (LOTMAN,
talmente “processos de objetivação simbóli- 1996, p. 146, traducão e grifo nossos).
ca” (RODRIGUES, 2012, p. 13) sobre as
religiões e as religiosidades, mediante co- Assim também podemos pensar em ter-
nexões sociais e técnicas (interações, textos, mos do “religioso” como um “invariante
imagens, sons, vídeos). variável” de nível simbólico – das diver-
Na comunicação religiosa em geral, sas tradições e doutrinas religiosas – que
“todo o agir comunicativo é de natureza se realiza e se manifesta nas suas variantes
simbólica” (DIANICH, 1993, p. 71, tra- simbólicas, inclusive nos ambientes socio-
dução nossa). Segundo o autor, crenças e digitais contemporâneos. Nesse processo,
doutrinas podem ser possuídas mediante percebe-se uma ação simbólica de cons-
ideias na consciência individual, mas só se trução de sentido – uma ação cosmológica,
tornam dado constitutivo de uma consciên- portanto, que converte signos caoticamente
cia coletiva na ação simbólica, que é capaz dispersos em símbolos organizados. Signos
de designar e “reconciliar a profundidade comportam “a distinção forte entre a sua
da interioridade do sujeito com a dimen- própria realidade e a realidade designada”
são global do universo” (ibidem, p. 70, (MORIN, 1999, p. 188, grifo nosso) – de-
tradução nossa). Os símbolos organizam, sordem e desconexão. Já o símbolo com-
ou seja, conectam (syn-bállein). Por isso, o porta “a relação forte entre a sua própria
símbolo é um mediador, “um condensador realidade e a realidade designada” (ibidem,

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


80 Da religião à reconexão: novos modos de ser e fazer religiosos... • Moisés Sbardelotto

grifo nosso) – ordem e conexão. O símbo- possibilita a percepção e a expressão de sen-


lo, em suma é um “coagulum de sentidos” tidos, e também a interação entre intera-
(DUPORT apud MORIN, 1999, p. 190), gentes sobre e para além de tais sentidos: ou
como indício de um processo comunicacio- seja, trata-se de processos sociais e simbólicos
nal e como possibilidade de construção de de conexão em rede. Assim, podemos enten-
sentidos outros. der que “as expressões [simbólico-discur-
No ambiente digital, nessa ação sobre sivas] não têm sentido em si mesmas [na
símbolos religiosos, mediada por tecno- mera computação]; adquirem-no dentro do
logias e práticas sociais, encontramos a quadro que delimita as interações em que
explicitação específica daquilo que Morin são usadas ou em que são jogadas” [na re-
(1999) chama de computação. Trata-se de conexão, portanto] (RODRIGUES, 2011,
“um complexo organizador/produtor de p. 272).
caráter cognitivo” (p. 51), que pode ser A reconexão diz respeito a ações comu-
concebido mais simplesmente como “tra- nicacionais de construção de sentido em
tamento de símbolos” (p. 50). Portanto, plataformas sociodigitais que dependem
não se trata apenas das operações de uma da “conexão” e da “computação” stricto
“máquina artificial” (que também se fazem sensu de um computador e de um compu-
presentes nas plataformas de redes sociais tante humano. Mas que também vão além
on-line), mas principalmente das “ativida- delas, mediante uma ação de “conexão das
des inteligentes do espírito humano” (ibi- conexões” e de “computação das computa-
dem, p. 51). Mas a construção de sentido ções” em rede, gerando uma “conexão” e
sobre o “religioso” em rede se dá como uma um “cômputo” muito mais complexos do
computação de terceira ordem, ou seja, a que algo meramente humano e/ou tecno-
computação (a produção de sentido do in- lógico: os processos sociais e simbólicos
teragente) de uma computação (o reconhe- das redes comunicacionais on-line, para
cimento por parte do interagente de senti- além dos seus elementos informacionais/
dos em circulação) de uma computação (a computacionais.
produção “primeira” de sentidos por parte Se, em geral, o conhecimento humano
de diversos outros interagentes sociais em passa por dois eventos psicológicos dife-
conexão). rentes – “1) uma sensação clara e inequívo-
Nesse sentido, o “religioso” em rede, ca e 2) uma conexão clara e inequívoca entre
como macroconstruto social, envolve inú- essa sensação e partes de uma linguagem”
meras ações locais de computação, que, (FEYERABEND, 2011, p. 91) – a reco-
em suas inter-relações complexas, fazem nexão é a conexão dessa sensação com outras
emergir aquilo que chamamos de recone- conexões em nível comunicacional, na dire-
xão. Ao (re)dizer e (re)fazer os discursos, os ção de outros interagentes e contextos so-
símbolos, as crenças e as práticas religiosos, ciais. Gera-se, assim, uma “conexão” e um
mediante computação simbólica, os inte- “cômputo” muito mais complexos do que
ragentes operam ações sociossimbólicas a algo meramente humano e/ou tecnológico,
partir das interfaces e dos protocolos de tais envolvendo também outros interagentes e
plataformas. É a reconexão, portanto, que contextos comunicacionais.

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


PAULUS: Revista de Comunicação da FAPCOM • DOI: http://dx.doi.org/10.31657 81

Os processos sociais e simbólicos das caracteriza uma prática religiosa específica


redes comunicacionais, para além dos seus das sociedades em midiatização. Do ponto
elementos informacionais/computacionais, de vista religioso, as reconexões revelam a
explicitam a coprodução de sentido nas inte- experimentação social sobre as religiões e
rações em rede. Como redes de conexão, as religiosidades nos processos de circulação
reconexões, portanto, revelam o modo re- comunicacional, em que é possível partir
gular de ação em redes comunicacionais, já de algo já dado (pela tradição, pela doutri-
que, sem ação de conexão, não há rede. na, pela instituição etc.) e inventar comuni-
cacionalmente, chegando a algo novo (in +
venire) por meio de práticas conexiais, que
Conclusões se somam e complexificam as práticas tra-
As interações sociais possibilitadas dicionais de construção do “religioso”.
pelas plataformas sociodigitais operam Em redes comunicacionais, o fenôme-
principalmente por reconexões: com o co- no religioso se manifesta não apenas como
nhecimento, com as redes, com os outros, ações de religação (religare) entre o humano
nas quais se manifestam a experimentação e o divino, mas principalmente de recone-
e a invenção social sobre o “religioso” nos xão entre o humano, o social, o tecnológico,
processos de circulação comunicacional. o simbólico, o divino: a reconexão comu-
Esse processo sociossimbólico não possui nicacional passa a complexificar o papel da
um começo absoluto, sendo impossível religião no sentido de conectar comunica-
tudo destruir ou tudo construir ab ovo. “O cionalmente em âmbito social aquilo que
novo apresenta-se sempre como síntese e não se conecta em âmbito religioso, bem
assunção diferente do anterior e do velho” como de reconectar, simbolicamente, aquilo
(BOFF, 1994, p. 141). que, na realidade, está (ou, segundo as ins-
Ocorre, assim, em redes comunicacio- tituições e autoridades religiosas, deveria
nais, uma experimentação religiosa, que estar) desconectado.

Referências bibliográficas
BENTO XVI, Papa. Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital. Mensagem para o
45º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Vatican.va, Vaticano, 24 jan. 2011. Disponível em:
<http://goo.gl/cynrqM>.
___________. Redes sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização. Men-
sagem para o 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Vatican.va, Vaticano, 24 jan. 2013.
Disponível em: <http://goo.gl/C3lCMV>.
BOFF, Leonardo. Igreja, carisma e poder: ensaios de eclesiologia militante. São Paulo: Ática,
1994.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura.
4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. V.1.

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


82 Da religião à reconexão: novos modos de ser e fazer religiosos... • Moisés Sbardelotto

___________. Internet e sociedade. In: MORAES, D. Por uma outra comunicação: mídia, mun-
dialização, cultura e poder. Rio de Janeiro: Record, 2005.
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 19. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.
DIANICH, Severino. Ecclesiologia: questioni di metodo e una proposta. Milano: Paoline, 1993.
FAUSTO NETO, Antonio. Contratos de leitura: entre regulações e deslocamentos. Diálogos
Possíveis, Salvador, ano 6, n. 2, p. 7-28, jul./dez. 2007.
___________. Como as linguagens afetam e são afetadas na circulação? In: BRAGA, J. L. et al.
(Org.). Dez perguntas para a produção de conhecimento em comunicação. São Leopoldo, 2013, p.
43-64.
FEYERABEND, Paul. Contra o método. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2011.
FLICHY, Patrice. Le sacre de l’amateur: Sociologie des passions ordinaires à l’ère numérique.
Paris: Éditions du Seuil, 2010.
FRANCISCO. Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro. Mensagem para
o 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Vatican.va, Vaticano, 24 jan. 2014. Disponível
em: <http://goo.gl/8JbLFr>.
___________. Carta apostólica em forma de “motu proprio”: instituição da Secretaria para a
Comunicação. Vatican.va, Vaticano, 27 jun. 2015. Disponível em: <http://goo.gl/smxm7R>.
___________. Exortação apostólica Gaudete et exsultate sobre o chamado à santidade no mundo
atual. Vatican.va, Vaticano, 19 mar. 2018. Disponível em: <https://goo.gl/PXtXzj>.
FRIESEN, Norm; HUG, Theo. The Mediatic Turn: Exploring Concepts for Media Pedagogy.
In: LUNDBY, K. (Org.). Mediatization: concept, changes, consequences. New York: Peter
Lang Publishing, 2009. p. 63-84.
GOMES, Pedro Gilberto. O processo de midiatização da sociedade e sua incidência em deter-
minadas práticas sociossimbólicas na contemporaneidade: a relação mídia e religião. In: FAUS-
TO NETO, A. et al. (Org.). Midiatização e processos sociais na América Latina. São Paulo:
Paulus, 2008, p. 17-30.
LIBÂNIO, João Batista. A religião no início do milênio. São Paulo: Loyola, 2002.
LOTMAN, Iuri M. La semiosfera 1: semiótica de la cultura y del texto. Madrid: Cátedra, 1996.
MARTELLI, Stefano. A religião na sociedade pós-moderna: entre secularização e desseculari-
zação. São Paulo: Paulinas, 1995.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Uma aventura epistemológica. MATRIZES, São Paulo, v. 2, n.
2, p. 143-162, jul./dez. 2009.
MOSCOVICI, Serge. Representações sociais: investigações em psicologia social. 8. ed. Petró-
polis: Vozes, 2011.

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018


PAULUS: Revista de Comunicação da FAPCOM • DOI: http://dx.doi.org/10.31657 83

MORIN, Edgar. O método 3: o conhecimento do conhecimento. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 1999.
___________. O método 1: a natureza da natureza. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2008.
PACE, Enzo. La comunicazione invisibile: le religioni in internet. Milano: San Paolo, 2013.
RODRIGUES, Adriano D. O paradigma comunicacional: história e teorias. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2011.
___________. Prefácio. In: MATTOS, M. Â.; JANOTTI JUNIOR, J.; JACKS, N. (Orgs.).
Mediação e midiatização. Salvador: EDUFBA, 2012. p. 9-19.
SBARDELOTTO, Moisés. E o Verbo se fez bit: a comunicação e a experiência religiosas na
internet. Aparecida: Santuário, 2012.
___________. E o Verbo se fez rede: religiosidades em reconstrução no ambiente digital. São
Paulo: Paulinas, 2017.
STEIL, Carlos A.; TONIOL, Rodrigo. O catolicismo e a Igreja Católica no Brasil à luz dos da-
dos sobre religião no Censo de 2010. Debates do NER, Porto Alegre, ano 14, n. 24, p. 223-243,
jul./dez. 2013. Disponível em: <http://goo.gl/MRGaoc>.
VERÓN, Eliseo. Fragmentos de um tecido. São Leopoldo: Unisinos, 2004.
___________. Prólogo: La mediatización, ayer y hoy. CARLÓN, M.; FAUSTO NETO, A.
(Orgs). Las políticas de los internautas: nuevas formas de participación. Buenos Aires: La Cru-
jía, 2012.

Data de recebimento: 30/05/2018


Data de aceite: 07/06/2018

Dados do autor:
Moisés Sbardelotto
http://lattes.cnpq.br/7541172349566613
E-mail: msbardelotto@yahoo.com.br
Jornalista graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre e doutor em Ciências da
Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com estágio doutoral (PDSE/Capes) na
Università di Roma “La Sapienza”, na Itália. É autor de E o Verbo se fez rede: religiosidades em reconstrução no
ambiente digital (Paulinas, 2017) e de E o Verbo se fez bit: a comunicação e a experiência religiosas na internet
(Santuário, 2012). Foi membro da Comissão Especial para o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

São Paulo, v. 2, n. 4, jul./dez. 2018

Você também pode gostar