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ONÉSIMO ALVES DE MESQUITA

PLANTAÇÃO DE IGREJA:
PRINCIPIOS E PASSOS IMPORTANTES DA OBRA MISSIONÁRIA

CAMPO LIMPO PAULISTA-SP


2009
ONÉSIMO ALVES DE MESQUITA

PLANTAÇÃO DE IGREJA:
PRINCIPIOS E PASSOS IMPORTANTES DA OBRA MISSIONÁRIA

Monografia apresentada a Escola de


Missões das Assembléias de Deus
como requisito parcial para a conclusão
do curso de Missiologia.

CAMPO LIMPO PAULISTA


2009
ONÉSIMO ALVES DE MESQUITA

PLANTAÇÃO DE IGREJA:
PRINCIPIOS E PASSOS IMPORTANTES DA OBRA MISSIONÁRIA

Monografia apresentada a Escola de


Missões das Assembléias de Deus
como requisito parcial para a conclusão
do curso de Missiologia.

APROVADA EM SETEMBRO DE 2009

EXAMINADORES
DEDICATORIA

Aos meus pais,

Damião de Sousa Mesquita e Maria José Alves de Sousa Mesquita


AGRADECIMENTOS

À Minha amada igreja Assembléia de Deus Bela Vista e ao meu querido pastor
Cipriano da Paz Inácio (Pr. Neto)

Por

Entenderem e apoiarem o Chamado Missionário em minha vida.


EPÍGRAFE

“A Igreja será sempre libertada das calamidades que lhe sobrevém, porque Deus, que é
poderoso para salvá-la, jamais suprime dela sua graça e sua bênção.”

João Calvino
RESUMO

Esse trabalho visa à compreensão e a explanação dos pontos e princípios que


norteiam a ação missionária do plantio de igrejas. Tendo como ponto de partida o texto
bíblico e as experiências dos homens e mulheres de Deus que tem realizado esse
trabalho com amor incondicional ao Senhor Jesus. E também lançar luz sobre novas
ferramentas e estratégias que poderão ser usadas pelo plantador para melhor serviço no
Reino de Cristo, nosso Senhor.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................9

CAPITULO I: A TEOLOGIA BÍBLICA PARA A PLANTAÇÃO DE IGREJA.


1. O Plano Eterno de Deus....................................................................................10
2. A Motivação Bíblica............................................................................................11
3. A Necessidade das Nações ..................................................................................13

CAPITULO II: O PLANEJAMENTO E AS ESTRATÉGIAS PARA A PLANTAÇÃO


DE IGREJA.

1. Planejamento Ministerial de Expansão (PME)....................................................17


2. O Perfil do Plantador de Igreja............................................................................21
3. Estratégias e Evangelização.................................................................................23

CAPITULO III: EDIFICANDO A IGREJA.

1. A Organização Eclesial.......................................................................................25
2. Estrutura e Organograma: A igreja como Organização..................................... 26

CONCLUSÃO................................................................................................................29

REFERÊCIAS.................................................................................................................30
9

INTRODUÇÃO

Quando pensamos em Plantação de Igreja, nos vem à mente um pouco de


pessimismos quanto aos resultados, pois, qual o lugar para se plantar um a igreja? Quem
esta disponível para essa tarefa? Quais os métodos a serem usados? A Bíblia tem seu
padrão definido? Essas perguntas vieram a minha mente, e logo procurei responder a
todas as minha dividas. Para isso, mergulhei no dado bíblico e das experiências de
homens de Deus que se lançaram nesse desafio.
Nesse trabalho, tentei fazer uma análise sintética dos princípios que norteiam a
obra de Plantação de Igreja, e apresentar um projeto de plantação que chamei de
Planejamento Ministerial de Expansão (PME). Visando a melhor organização do
ministério para a missão de expandir o Reino de Deus aqui na Terra.
Nessa tarefa de sintetizar, sei que cometi muitos erros, e espero que pelo menos
tenha dado uma pequena contribuição para aqueles, que se lançarão nessa obra
apaixonante de plantar igreja.
10

CAPITULO I:
A TEOLOGIA BÍBLICA PARA A PLANTAÇÃO DE IGREJA

A Missão de plantar igreja é uma responsabilidade enorme nas mãos do povo de


Deus que não pode realizar essa tarefa de qualquer forma, pois ela leva a Bandeira do
Reino, e isso tem que ser feito com conhecimento e entrega de verdade ao serviço do
Senhor. O conhecimento bíblico correto é indispensável para a melhor realização da
obra de plantar igreja, seus motivos precisam ser bem entendidos para que não haja uma
negociação do evangelho e a igreja não se torne numa fonte de renda. Passemos então à
análise do texto bíblico para encontrar seus princípios e motivos.

1. O Plano Eterno de Deus.

A despeito do que muitos pensam sobre Deus e como ele se relaciona com o ser
humano, podemos afirmar baseado em muitas passagens bíblicas que Deus não foi pego
de surpresa quando Adão pecou. Ele tinha um plano todo organizado em sua mente
eterna. Um texto simples que pode afirmar isso é Efésios 1.3-12:

Bendito seja o Deus e Pai de osso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com
todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos
escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos,
por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para [...]
o louvor de sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.¹

Nesse texto fica clara a compreensão de que o Senhor Soberano tinha seu próprio
plano esse plano de trazer glória e louvor ao seu nome mediante o derramar de sua graça
na vida de sua igreja. Fica evidente que a igreja não é um acidente, mais sim um projeto
de Deus.

¹O texto que será usado nesse trabalho é o da NVI, 2003. Editora Vida.
11

Se a igreja é o projeto de Deus organizado desde a eternidade. Então só cabe ao


plantador de igreja reverenciar seu Senhor pois entendendo que Deus tem seus meios
para chegar ao seu fim determinado, ele é um dos meios pelo qual Deus cumprirá seu
plano.Portanto esse conhecimento nos conduz ao as motivações corretas para a obra de
plantar igrejas, pois fica evidente que Deus estará conosco e que nosso êxito será certo
pois tudo é Dele, por Ele e para ele.

2. A Motivação Bíblica.

Com a base bíblica de que a igreja não é um acidente na historia e a teologia do


plano divino estabelecida, resta ao plantador de igreja pensar e refletir sobre as
motivações que o levarão a sair de sua terra para uma nação desconhecida. Essas
motivações não podem ser estranhas ao evangelho, mais tem que estar sobre o
fundamento bíblico.

2.1.É ordem de Cristo.

“Ide, fazei discípulos de todas as nações” é uma ordem imperativa de nosso


Senhor Jesus, ela se refere a todas as regiões habitadas da Terra. Essa ordem deve
queimar o coração do plantador de igreja, pois ela nos da um motivo verdadeiro, que é
uma profunda obediência, que leva ao servo do Senhor a agir confiante na palavra de
Deus, pois ele sabe que Cristo não abandona seu obreiro. Pois foi Ele mesmo que
prometeu que estaria conosco.

2.2.O amor de Deus para com todos os povos.

O texto áureo da bíblia João 3.16, nos fornece mais uma forte motivação para a
plantação de igreja. O texto mostra o amor de Deus em evidencia:

Por que Deus tanto amou o mundo que o seu Filho


Unigênito, para que todo aquele que nele crer não
Pereça, mais tenha a vida eterna.(NVI,2003, p. 1792)

É essa grande demonstração do amor de Deus que marca o coração do servo do


Senhor que vai plantar igreja.
12

Em toda a historia das missões, homens e mulheres de Deus, tem entregado suas
vidas ao serviço do Senhor, motivados por esse amor que abraça todas as nações e nos
dá, um visão do Deus que servimos que ultrapassa nosso entendimento humano, e nos
faz glorificar seu nome em ações de louvor e ação missionária. Tudo isso motivados
pelo fundamento da Palavra de Deus que testifica desse amor.

2.3. Todos precisam ouvir o Evangelho.

Dentro do grande plano de Deus, o evangelho tem seu lugar determinante, pois
ele é o meio pelo qual Deus salvará o pecador arrependido. Ele faz isso por meio da
pregação da cruz, mostrando ao pecador que no sacrifício de Seu Filho ele tem a
redenção de seus pecados. Mais para que o pecador se arrependa ele precisa estar ciente
e isso acontece quando o evangelho é pregado na força do Espírito. O apostolo Paulo
entendeu muito bem essas implicações, em Romanos 10.14-15 ele declara:

Como, pois, invocarão aquele em quem não creram?


E como crerão naquele de quem não ouviram falar?
E como ouvirão ,se não houve quem pregue? E como
pregarão, se não forem enviados? Como está escrito:
“Como são belos os pés dos que anunciam boas novas!”
(NVI,2003. p. 1938)

Essa declaração paulina deixa em evidencia a necessidade de se ouvir o


evangelho, e também nos dá a clara visão de que temos que ser enviados para o
cumprimento do plano de Senhor e o anúncio de Sua Redenção, pois é urgente que
todos ouçam o evangelho. Desse modo temos uma motivação que é de muita
responsabilidade e temor, que nos convoca para sermos mais eficazes na proclamação
do evangelho.
13

3. A Necessidade das Nações.

Desde que Adão pecou, trazendo ruína e desgraça para toda a raça humana o
homem tem tentado por suas próprias forças se aproximar de Deus, mais suas tentativas
só aumentam mais o desespero do seu coração e o afundam mais ainda no pecado. Essas
tentativas são auto-enganadoras e tem se tornado em cadeias fortes que só o poder do
evangelho pode quebrar.
As nações estão sobre o jugo de falsas concepções de Deus e filosofias vãs que só
destroem o homem que foi criado para adorar a Deus. Essas forças de domínio são o
Secularismo Ateísta e Animismo Pagão.

3.1. Secularismo Ateísta.

Na Idade Média a humanidade via a transição de duas cosmovisões, de um lado


ficava a cosmovisão Teocêntrica e do outro a Antropocêntrica, que surgia na esteira do
Humanismo. O humanismo daria luz a um movimento que se oporia totalmente contra a
visão teista dominante, esse movimento cultural seria chamado de Iluminismo.
O Iluminismo se apoiaria totalmente na razão no uso correto dos primeiros
princípios, era o inicio da Modernidade chegando pra ficar! Toda a Europa fica
encantada com a ênfase no progresso, no ímpeto de que uma nova era teria chegado
uma era onde os problemas teriam seu fim. A confiança salvadora no uso da razão
engana o homem moderno e o deixa em um beco sem saída.
As conseqüências do abandono da visão de mundo cristãs teriam então seu abalo
na Europa. Após as duas guerras mundiais o homem se vê diante do desespero e seu
fracasso, mais as mazelas do abandono ficariam conhecidas como o Secularismo
Ateísta. O Secularismo Ateísta é a visão de mundo separada de toda e qualquer
influencia da religião, seguida de uma confiança tal, no poder do Homem.
As marcas mais fortes deixadas pelo secularismo são elas:

 Confiança demasiada no homem


 Abandono da Revelação Bíblica.
 Relativismo Moral.
14

Cada um desses pontos tem suas conseqüências desastrosas, pois tudo isso deixou
a mente do homem louca e desesperada por redenção.
As necessidades das nações que vivem sobre o jugo do secularismo é muita, pois o
pecado de fato abundou. Não existe pior pecado do que o abandono e rebeldia ao
Senhor, em Romanos o Apostolo nos diz que Deus entregou-os a impiedade e por isso
se tornaram reprováveis(Rm 1.18-28). Fica claro que todas as nações que bebem do
secularismo ateísta, necessitam de salvação.

3.2. Animismo Pagão.

O Mundo todo arruinado pelo pecado, vive numa completa negridão das trevas que
o domina, além do secularismo, outra força de domino que é exercida pelo deus desse
século é o Animismo Pagão.
Lothar Käser, etnólogo de peso que trabalhou na Oceania e fez inúmeras viagens
pela África e America do Sul, define assim animismo:

Entende-se por animismo na sua forma mais genérica,


a crença na existência e atuação de seres espirituais,
que se manifestam na forma de aparições semelhantes
a homens ou animais, dispondo de conhecimentos, poderes
e possibilidades que o próprio ser humano não possui.²

As culturas que são animistas vivem debaixo da escravidão, confiando em espíritos


que tornam seus modos de viver atrasados com relação à sociedade tecnológica de
muitos países.

²KÄSER, Lothar. Diferentes Culturas: Uma Introdução à Etnologia. p. 215.


15

A escravidão é tal, que sua religião e cultura são expressões bizarras para nosso
tempo. Mais tudo isso é cegueira decorrente do afastamento do homem de seu Criador,
fazendo com que a magia negra tome lugar de uma verdadeira adoração ao Senhor .
Existem muitas nações nesse estado de perdição que necessitam ser alcançadas pelo
evangelho. A urgência é grande, pois num contexto animista sacrifícios humanos e de
animais são realidades que precisam ser mudadas pela Verdade que liberta.
Dessa forma é inegável a necessidade das etnias que vivem sobre o poder de Satanás,
de ouvir o evangelho, quer seja na forma de animismo ou no secularismo ateísta. A obra
e tremenda e tem que ser feita com responsabilidade e poder de Deus, com estratégias
bem planejadas para que nosso triunfo sobre o reino do mal seja eficaz. Nosso Senhor já
prometeu nossa vitória, por isso, é certo que venceremos!
16

CAPITULO II:

O PLANEJAMENTO E AS ESTRATÉGIAS PRA A PLANTAÇÃO DE IGREJA

Nos tempos em que estamos vivendo, um tempo de uma informatização muito


avançada, a tecnologia segue com seu progresso agressivo, com melhorias que são
significativas e importantes para humanidade. As empresas investem fortemente em
planejamento, marketing, relacionamentos dos funcionários para aumentar a
produtividade e até mesmo em espiritualidade, mesmo que seja esvaziada do conceito
cristão. Isso nos mostra que mesmo os filhos das trevas sabem usar de ferramentas e
estratégias para conseguir seus objetivos.
No projeto de Plantação de Igreja não é diferente, temos em Deus nosso modelo,
pois Ele pensou, organizou, planejou tudo conforme sua vontade e sabedoria, e, pois em
ação. Deus é nosso padrão, mais podemos usar da sabedoria que ele tem dado aos
ímpios pela sua Graça Comum*, quando ele permite que o homem desenvolva essa
Terra e exerça domínio. Ao usarmos isso não estamos tomando emprestado, mais muito
pelo contrario é de posse nossa, pois é de Deus, e somos seus herdeiros legais.
Proponho um modelo que leve em consideração a Palavra de Deus e uma reflexão
aberta ao contemporâneo, sendo bem delimitados os limites para que a Palavra de Deus
tenha sempre a primazia pela ação poderosa do Espírito. Chamo esse modelo de
Planejamento Ministerial de Expansão (PME).

*Graça comum é a concepção de que Deus dá talentos aos homes sem fazer distinção. Isso sendo uma
atitude de graça, sem ser salvífica.
17

1. Planejamento Ministerial de Expansão (PME)

Tendo em vista o que foi dito supra faz se necessário uma explanação do que
vem a ser o Planejamento Ministerial de Expansão, doravante PME. Para isso será dada
uma definição que seja clara e assertiva.
A definição de PME que melhor explica nosso projeto seria; é o Projeto
intencional de Plantação de Igreja, Planejado pelo Ministério visando à Expansão do
Reino de Deus, em fidelidade bíblica. Com essa definição passaremos em vista a
funcionalidade do PME em termos de Fases Básicas e Fases de Ação.

1.1. Fases Básicas (FB)


A obra de plantação de Igreja é obra do Senhor como já foi demonstrada, a
urgência na obra missionária é grande e tudo isso ainda é aquecido pela iniciativa do
Espírito, que fala e governa a igreja. Numa igreja onde o Espírito do Senhor pode
trabalhar com liberdade é evidente que a sensibilidade do ministério em ouvir a direção
divina é normal, isso gera no ministério local um desejo missionário que precisa ser
bem entendido e planejado para que tudo seja bem feito, pois é a obra do Senhor.
É ai que surge o PME, como ação intencional do ministério local para a expansão
da igreja pela obra de Plantação de Igrejas, pois foi esse o modelo paulino no NT. O
ministério se organiza em fases crescentes visando o alvo desejado, à expansão do
Reino.

a) Fase Um: Fundo Cooperativo Missionário.


Nessa fase de planejamento o ministério se une para criar um Fundo Cooperativo
Missionário, onde serão destinados 15% da receita do dízimo para o crescimento da
obra. Essa parte é dada pelo ministério, a parte dos membros é coletada pelo Cartão de
Missões, onde é repassado tudo para o Fundo Cooperativo. Assim, pela ação da
Providencia e Benção de Deus a igreja será abastecida para o trabalho.

b) Fase Dois: Conscientização e Treinamento.


Depois de planejado como obter o sustento da obra através do Fundo
Cooperativo, o PME desenvolve a fase de Conscientização e Treinamento. Que visará
18

o maior engajamento da igreja na obra missionária, utilizando para isso a realização de


Fóruns e Conferências Missionárias e a criação de Núcleos de Capacitação Missionária
para o treinamento de leigos para as diversas funções, tais como Promotores de Missões
e Secretários e Secretarias Missionárias e os futuros Missionários, tudo visando o
engajamento global da igreja local.

c) Fase Três: Pesquisa e entendimento do local Alvo.


A fase de pesquisa é uma das que mais exige do ministério a sensibilidade ao
Espírito de Deus. Pois Deus pode estar falando o lugar específico para a plantação de
igreja, e uma vês que Deus tenha falado, temos que fazer nossa parte, que é de entender
o lugar para o qual Deus tem direcionado o ministério. A pesquisa deve procura ser
global sobre o lugar-alvo visando todas as informações necessárias a comunidade, etnia
ou nação, pois quanto mais informação mais rápida será a apresentação do evangelho
nesse alvo. A algumas diretrizes para pesquisa seriam:

 Pesquisa sócio-cultural.*
 Análise da forma sócio-econômica.
 Pesquisa sócio-política.
 Compreensão da religiosidade do lugar.
 Entender as características morais do lugar.
 Observar os problemas espirituais.

Com todas as informações coletadas o ministério pode começar seu trabalho de


treinamento de obreiros para a obra especifica no local analisado.

* Essa lista não pretende ser exaustiva, mais servir de modelo para o ministério local.
19

d) Fase Quatro: Definindo o modelo da igreja a ser Plantada: Autóctone e


Pentecostal.

Nesse ponto sobre o modelo da igreja a ser plantada, serei um pouco mais
exaustivo, pois o assunto abordado é de muita importância e se não for bem entendido
pode acarretar em graves conseqüências na obra do Senhor.
Faz se necessário uma definição de igreja autóctone e creio que a definição do
Pr. Terry Johnson é simples e assertiva quando define igreja autóctone como:

É uma igreja estruturada dentro de sua própria cultura,


Sem observar as características da igreja qual pertence o
Missionário que a estabeleceu.¹

E mais adiante quando diz que essa era a visão do NT:

Vemos que as igrejas no Novo Testamento eram,


Autopropagantes, elas eram Autogovernates, elas
Eram Autosustentadas.²

Creio que as definições estão coerentes com o testemunho bíblico e que refletem
o ministério da igreja primitiva. Assim, pois, é importante que o ministério entenda o
modelo da igreja como autóctone.
Uma vez que o ministério entende o modelo de uma igreja autóctone, ela precisa
ser pentecostal em sua dinâmica. Uma igreja pentecostal é uma igreja que vive na
direção e dinâmica intencional do Espírito Santo, sendo por Ele avivada com seus dons
espirituais para a realização da obra do Senhor.

¹Devo o entendimento sobre o assunto ao Pr. Terry Johnson, todas as citações são de sua apostila sobre Igreja
Autóctone ministrada em sala. Não publicada. p.1
²ibid.
20

Logo após todo o trabalho de pesquisa e o entendimento do modelo da igreja o


ministério deve expor bem as características do modelo adotado.

 Autogovernada. É uma igreja organizada com uma liderança local responsável


que consegue desempenhar bem sua função sem a intervenção de outra igreja.

 Auto-sustentável. É uma igreja que tem como se manter diante das necessidades
da obra do Senhor, pois tem uma visão bíblica sobre dízimos e ofertas que visam
o sustento do obreiro e a realização e manutenção da obra.

 Autopropagante. É uma igreja que entende bem sua responsabilidade


missionária, e consegue efetuar bem sua tarefa de evangelização.

Com tudo isso sendo bem administrado pelo ministério em ajuda da igreja local,
creio que essas fases básicas serão de muito trabalho, e com a ajuda do Senhor veremos
o seu reino sendo expandido com força e entendimento.
21

2. O Perfil do Plantador de Igreja

Deus que tem todo o poder em suas mãos tem prazer em fazer sua obra em
parceria (I Co 6.1). Ele em sua infinita misericórdia tem escolhido homens e mulheres
para fazer sua obra, aqui na Terra. Pois, assim, o Senhor cumprirá seu grande plano de
glorificar seu Nome, pela manifestação de sua Graça.
Com isso em mente, surgem perguntas como, Quem está apto para esse trabalho?
O que é um plantador de igreja? Qual o seu perfil? Perguntas que devem ser
respondidas para que a escolha do candidato seja certa.

2.1. O que é um Plantador de Igreja.


O plantador de igreja é alguém que ama ao Senhor Jesus de uma forma tal, que
ele entrega sua própria vida pela causa missionária. Uma definição que expressa bem o
que é um plantador de igreja foi dada por Guilhermino Cunha, pastor presbiteriano,
quando ele definiu:

Um plantador de igreja é alguém especial, talentoso, determinado,


prático, firme em suas convicções e de fácil relacionamento
com todos a seu redor. Acima de tudo, é alguém com
absoluta convicção do chamado de Deus.³

Essa definição esta correta, pois Deus tem chamado homens para sua obra e
tem capacitado com dons e conhecimento para que a proclamação de Seu nome seja
eficaz. O plantador é alguém que entende sua responsabilidade, pois sabe que um dia há
de prestar contas ao seu Senhor.

³CUNHA, Guilhermino. Sua igreja pode Crescer. p.167


22

2.2. Marcas e Características do Plantador de Igreja.


Deus quando chama alguém para sua obra, não o deixa sem capacitação, mais
antes, dá ao seu servo dons e talentos. Também Deus imprime nele um caráter que será
algo de muita importância na obra missionária.
Para o reconhecimento do obreiro, Deus tem dado marcas e certas características
que nos ajudam a reconhecer o homem certo para a obra do Senhor. São elas:

a) Marcas de Caráter. São marcas que vemos como ação direta do Espírito de
Deus na vida do candidato ao envio, e de experiências de vida que ele adquiriu
com o tempo.

 Integridade. É uma pessoa coerente; seus atos confirmam suas palavras. É uma
pessoa sem contradições; alguém que cumpre a palavra dada.

 Competência. É alguém que tem a capacidade de realizar o que lhe é posto nas
mãos.

 Equilíbrio Emocional. É alguém que sabe suportar as críticas e tirar proveito


delas. Tem inteligência emocional e sabe como agir sob pressão.

b) Características Espirituais. É algo que é dado diretamente do Espírito para a


capacitação do missionário.

 Revestimento e Intrepidez. É alguém que batizado com o Espírito Santo e que


anuncia a palavra de Deus com coragem, confiando no poder do Senhor.

 Habilidade na Pregação. É um obreiro que maneja bem a palavra da verdade,


conhece bem a teologia bíblica e sabe passar com clareza a mensagem divina.

 Evangelismo e Discipulado. É amante do evangelismo, gosta de falar da pessoa


e obra de Cristo, e discípula os novos convertidos.

 Liderança e Administração. Sabe liderar por influencia e exercer autoridade, tem


boa capacidade de administração e organização ministerial.
23

Essas e outras marcas é que evidenciam que o candidato tem chamado


missionário. Elas não são exaustivas mais nos dão um bom reflexo do perfil de um
missionário.

3. Estratégias e Evangelização.

Nesse ponto sobre a evangelização e estratégias damos inicio as Fases de Ação. Que
deve ser feita com responsabilidade e confiança no poder de Deus, pois sabemos que as
barreiras serão muitas.

a) Oração Constante. Não há outra arma de ataque de longa distancia do que a


oração, por ela muitos venceram exércitos e obtiveram vitorias. A oração é de
muita importância, é o trabalho inicial para o plantio de igreja. Por meio da
oração a igreja local ou o plantador de igreja colocam tudo na dependência do
Senhor e confiam na obra do Espírito que fará seu trabalho com eficácia. Nessa
tarefa de orar, as orações devem ser especificas e constantes, pois temos que ser
diligentes naquilo que queremos do Senhor. Ele mesmo disse para que
pedíssemos o que fosse do querer do Pai, e a vontade do Pai é que sua Igreja por
completa seja salva. Por isso não paremos, sejamos constantes na oração!

b) Evangelismo Pessoal. Nesse tempo de muitas dificuldades que temos, onde as


pessoas têm aversão ao culto publico, o evangelismo pessoal é uma arma
poderosa usada por Deus. Mais esse evangelismo tem que ser algo espontâneo e
não preso as regras ou técnicas de evangelismo, mais pelo contrario deve ser
feito em todo lugar, evangelizar deve ser nosso dia-a-dia!

c) Evangelismo em Massa. A igreja deve ter a compreensão de que um


evangelismo em massa também é produtivo na obra do Senhor. Para isso deve
ter seus membros treinados no mínimo um mês antes da Cruzada evangelística
ou trabalho que envolva muita gente. Para isso é necessário uma boa equipe de
visita e discipulado, para arrebanhar os novos convertidos. A mensagem deve
sempre ser evangelística nunca deve fugir de seu foco, que é ganhar vidas para o
reino.
24

d) Evangelismo pela Apologia. Aqui nesse mundo a igreja é a coluna e baluarte da


verdade, por isso defender a verdade de Deus é uma obra sua. E ainda, quando
isso pode ser usado para trazer pessoas para o reino de Cristo. Evangelizar
através da apologia é tarefa difícil, pois há muitas pessoas presas a falsos
ensinamentos e necessitam conhecer a única verdade, Cristo. A igreja pode estar
realizando Seminários, Escolas Bíblicas para falar da verdade a todos. Para isso
também precisam de pessoas com autoridade espiritual e conhecimento bíblico.

e) Testemunho de Vida. Uma das maiores barreiras hoje em dia para a pregação do
evangelho é o testemunho de muitos falsos crentes. Mais por outro lado o
testemunho do verdadeiro crente é uma evangelização sem palavras que é usado
pelo Espírito de Deus para chamar pecadores ao arrependimento. Por isso a
igreja local ou o plantador de igreja deve cuidar bem de seu testemunho cristão.
Pois é arma nas mãos de Deus.

Creio que essas estratégias são de muita eficiência na obra do Senhor, e toda igreja ou
plantador de igreja que as colocar em pratica pela ajuda do Senhor, verá o fruto de seu
labor para a glória de Deus. Pois Deus estará trabalhando em favor de Seu próprio
Reino.
25

CAPITULO III:
EDIFICANDO A IGREJA

É longa, a tarefa de planejar a plantação de igreja, pois envolve estudo, pesquisa


e compreensão do lugar escolhido. Ainda tem as preocupações sobre quem enviar e
como quanto será seu sustento, tudo isso sofre uma igreja que está com a atitude de ser
missionária em sua visão. Mais o trabalho ainda não está no fim, resta às preocupações
do missionário plantador que tem que ganhar, discípular e treinar os novos obreiros para
a obra do Reino.
Nessa longa tarefa o ultimo passo decisivo é o da Edificação, onde a
responsabilidade é muita, para a igreja e o plantador. Por isso a atenção e o zelo pela
obra têm que continuar forte, para que nossa obra seja provada pelo fogo e permaneça.

1. A Organização Eclesial.

Na obra de edificação da igreja, é necessário pensar e refletir bem, pois a igreja


está inserida em uma cultura que tem seus valores e seu modo de pensar. Uma vez que o
modelo da igreja é uma igreja autóctone e pentecostal, a estrutura eclesiástica precisa
ser fiel ao testemunho da bíblia e contextualizada. Nesse ponto trataremos dos
princípios gerais da estrutura eclesiástica, que refletem o ensino bíblico.

a) O Ministério Pastoral. Na organização da igreja o ministério pastoral é o centro


organizador de tudo, é por ele que as demais estruturas são ensinadas e postas
em praticas. O ministério pastoral é a função dos servos de Deus em servir ao
rebanho que o Senhor os colocou.

 Servindo pela Palavra. Nesse ponto o pastor é servo da palavra, e serve a igreja
pela pregação da Palavra de Deus. Sua pregação é embasada teologicamente e
na força do Espírito; ele ensina a igreja e discípula com mansidão e doutrina.

 Servindo pela Oração. Aqui é importantíssimo levar em consideração que a


força de todo ministério pastoral é sustentada pela oração. A oração é a entrega
do rebanho nas mãos do Verdadeiro Pastor, é colocar a confiança na direção do
26

Espírito, é através da oração que Deus responde as nossas causas e problemas


ministeriais. A oração é coluna no ministério e fonte de poder espiritual!

b) Ministério Diaconal. O corpo diaconal é constituído de homens dedicados a


obra do Senhor, que amam o servir a Deus com alegria. Diaconia é o serviço
cristão para melhor realização pratica da obra de Deus. Os diáconos escolhidos
têm a função de cuidar da manutenção da obra em seus aspectos práticos como;
assistência social e manutenção do templo ou lugar de reuniões do povo de
Deus. Todo o cuidado é para que o ministério pastoral tenha mais tempo para a
dedicação na Palavra e na Oração.

O que foi exposto acima são os princípios estruturais mais simples de uma forma
organizacional que pode crescer muito com o passar do tempo. Com o intuito de não ser
exaustivo, mais sintético, creio que o ministério pastoral e o diaconal sejam as formas
mais gerais da organização eclesial.

2. Estrutura e Organograma: A igreja como Organização.

Tendo em vista que é da vontade de Deus dá crescimento ao seu povo (I Co 3.7)


e esse crescimento é certo, faz se necessário projetar um pequeno organograma que
estruture e sustente todo o crescimento previsto da igreja plantada.

a) Organograma.
O modelo esboçado é de uma igreja centralizada no corpo ministerial, que
abrange: o Pastor Presidente e os Pastores dos Campos e Congregações. O
modelo seguido não é o de funções hierárquicas, onde tudo começa com a
cabeça e vai baixando até o ponto mais baixo com funções menores, mais sim, o
modelo que chamo de Esferas de Organização e Ação.*

*Esse modelo é uma adaptação minha, do conceito de Esferas de Soberania de Abraham


Kuyper, influente teólogo e estadista holandês do sec. XIX.
27

 Esferas de Organização e Ação.

Setor de
Administração

Educação
Pastoral Cristã
Congregações

Ministério
Pastoral

Ação Social
Missões
(PME)

Política e
Jurídica

Nesse esquema de esferas é resguardado o modo de operação de cada uma, bem


como sua individualidade. Sendo elas interligadas ao centro de prestação de contas que
é a Esfera do Ministério.
28

b) Estrutura e Funcionalidade.

A estrutura de nosso organograma em modo de esferas é simples e fácil de ser


colocada em pratica, desse modo temos que apenas ver como cada esfera trabalha para
realizar suas funções e seu raio de ação.

 Esfera Administrativa. Nessa esfera se encontra toda a parte de secretaria da


igreja, é onde se localiza também a tesouraria e os demais departamentos de
fiscalização de despesas. É o centro que comanda a administração da igreja
como instituição.
 Esfera de Ação Social. È a esfera de assistência social, está diretamente
envolvida com a ajuda aos necessitados, com ajuda as viúvas da igreja, órfãos e
os estrangeiro. É o trabalho de assistência ativa ao povo de Deus.
 Esfera Política e Jurídica. É a esfera de ação política e jurídica da igreja,
visando o maior engajamento da igreja no cenário político para dar testemunho
da verdade, ser luz aqui na terra. No departamento jurídico é prestada
consultoria aos membros, para melhor facilitar as causas de cada um, sem deixar
de contribuir com a igreja como instituição.
 Esfera de Educação Cristã. É o centro intelectual da igreja. Onde os cursos de
Teologia, CPO e Capacitação Missionária, Professor de EBD, são organizados e
ministrados. Aqui também é desenvolvido sistema de Educação Cristã, com uma
pedagogia bíblica e integral, visando à restauração dos valores bíblicos na
sociedade.
 Esfera de Missões. Essa esfera de ação é toda controlada pelo PME, que
determina sua ação e seus objetivos. É nela, que os trabalhos de conscientização,
arrecadação, pesquisa e sustento missionário são avaliados e executados. Tudo
funcionando com a supervisão do ministério.
 Esfera do Ministério. Nessa esfera temos o centro controlador de tudo, para
onde tudo converge e saí. É aqui, no ministério da igreja que são tomadas as
decisões sobre tudo, isso sendo feito com dedicação e amor ao Senhor. O
ministério se reuni, mensalmente para avaliar e reavaliar os seu projetos e
propósitos, tudo para que a obra do Senhor seja feita com zelo e dedicação.
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Com todas as esferas de ação bem organizadas, e funcionado com força,


poderemos ver a obra de o Senhor crescer em numero e edificação. Esse modelo de
esferas é muito significativo, pois ele preserva a individualidade de cada departamento,
em uma unidade de propósito e convicção.

Conclusão.

Os princípios e passos para a Plantação de Igreja são muitos amplos, nesses dias
que estamos vivendo tem quem plante uma igreja da noite para o dia. Na verdade isso
não é igreja, mais um produto do homem em desespero, creio que a obra de plantação
de igreja é obra de Deus, como foi visto nesse trabalho. Nosso Deus não foi pego de
surpresa, mais tudo que acontece foi por Ele estabelecido.
Os métodos são mutáveis, as estratégias podem mudar com o tempo, mais o que
não muda é a verdade da Palavra de Deus, que tem seus princípios para serem seguidos.
Com isso, não se quis dizer que não podemos usar de estratégias, mais muito pelo
contrario, temos o dever de analisar e fazer com que a obra do Senhor seja feita da
melhor forma possível, tudo isso sem negar os pressupostos bíblicos. O que foi
demonstrado aqui foi uma tentativa de extrair da Palavra os pontos básicos que norteiam
essa tarefa tão importante. E para isso, ver como podemos realizar essa tarefa com êxito,
plantando uma igreja autóctone e pentecostal, contextualizada, organizada e edificada
em uma cultura que precisa d Cristo. Que o sucesso seja nossa fidelidade em segui os
princípios da Palavra revelada pelo Deus Eterno. Soli Deo Gloriae!
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REFERÊCIAS

BARRS, Jerram. A Essência da Evangelização. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.

CUNHA, Guilhermino. Sua igreja pode crescer: perspectivas de crescimento segundo o


modelo de Atos dos Apóstolos. São Paulo: Editora Vida, 2006.

DEVER, Mark. Deliberadamente Igreja: edificando seu ministério sobre o evangelho.


São Paulo: Fiel, 2008.

HESSELGRAVE, David J. Plantar Igreja: uma guia para missões nacionais e


transculturais. São Paulo: Edições Vida Nova, 1995, 2 ed.

LIDÓRIO, Ronaldo. Plantando Igrejas: teologia bíblica, princípios e estratégias de


plantio de igrejas. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.

KÄSER, Lothar. Diferentes Culturas: Uma Introdução à Etnologia. Londrina:


Descoberta, 2004.

KIRK, J. Andrew. O que é Missão? Teologia bíblica de missão. Londrina: Descoberta,


2006.

PIPER, John. A Supremacia de Cristo em um Mundo Pós-Moderno. Rio de Janeiro:


CPAD, 2007.
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