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SECÇÃO 18: Doenças da pele

CAPÍTULO 197: Úlceras por pressão

Úlceras por pressão

As úlceras por pressão (úlceras de decúbito, úlceras da pele) são lesões cutâneas
que se produzem em consequência de uma falta de irrigação sanguínea e de uma
irritação da pele que reveste uma saliência óssea, nas zonas em que esta foi
pressionada contra uma cama, uma cadeira de rodas, um molde, uma tala ou outro
objecto rígido durante um período prolongado.

Causas

A pele conta com uma rica irrigação sanguínea que leva o oxigénio a todas as suas
camadas. Se essa irrigação for interrompida durante mais de 2 ou 3 horas, a pele
morre, a começar pela sua camada externa (a epiderme). Uma causa frequente de
irrigação sanguínea reduzida na pele é a pressão. O movimento normal faz variar a
pressão, para que a circulação sanguínea não fique obstruída durante um longo
período. A camada de gordura por baixo da pele, especialmente sobre as saliências
ósseas, actua como uma almofada e evita que os vasos sanguíneos se tapem.

As pessoas que não podem mexer-se correm maior risco de desenvolver úlceras por
pressão. Este grupo compreende as pessoas paralisadas, muito debilitadas ou
recluídas. São também susceptíveis as que não são capazes de sentir incómodo ou
dor, sinais estes que induzem ao movimento. A lesão de um nervo (por uma ferida,
uma pancada, diabetes ou outras causas) diminui a capacidade de sentir dor. Um
coma também pode diminuir esta capacidade de percepção. As pessoas com
desnutrição precisam da camada protectora de gordura e a sua pele, privada de
nutrientes essenciais, não se reconstitui correctamente. Além disso, nestas pessoas o
risco de desenvolverem úlceras por pressão aumenta.

Se a pressão interrompe o fluxo sanguíneo, a zona de pele privada de oxigénio de


início fica avermelhada e inflamada e, depois, ulcera. Embora a circulação
sanguínea seja apenas parcialmente interrompida, a fricção e outro tipo de dano da
camada externa da pele podem também causar úlceras. Roupas inapropriadas,
lençóis enrugados ou a fricção dos sapatos contra a pele podem contribuir para a
lesionar. A exposição prolongada à humidade (muitas vezes por sudação frequente,
urina ou fezes) pode danificar a superfície da pele, tornando muito provável a úlcera
por pressão.

Sintomas

Habitualmente, as úlceras por pressão provocam uma certa dor e comichão e nas
pessoas com a sensibilidade afectada podem, inclusivamente, desenvolver-se
úlceras graves e profundas sem que se note dor.

As úlceras por pressão classificam-se por estádios. No estádio 1 a úlcera não está
realmente formada: a pele, intacta, está simplesmente avermelhada. No estádio 2, a pele está
avermelhada e inflamada (muitas vezes com bolhas) e a sua destruição começa nas suas camadas
mais externas. No estádio 3, a úlcera abre-se para o exterior através da pele, deixando expostas as
camadas mais profundas. No estádio 4, a úlcera estende-se profundamente através da pele e da
gordura até ao músculo. No estádio 5, o próprio músculo é destruído. No estádio 6, o mais
profundo dos estádios da úlcera por pressão, vê-se até o osso subjacente, danificado e por vezes
infectado.

Quando a pele se rompe, a infecção converte-se num problema. A infecção retarda a cura das
úlceras superficiais e pode constituir uma ameaça mortal nas úlceras mais profundas.

Localizações habituais das úlceras por pressão

Prevenção

As úlceras por pressão são dolorosas e podem pôr em perigo a vida do paciente. Prolongam o
tempo de convalescença em hospitais ou centros de recuperação e aumentam o custo.

A prevenção é a prioridade máxima e as úlceras por pressão profundas quase sempre podem ser
evitadas com uma atenção intensiva dada ao paciente. A prevenção das úlceras implica
frequentemente a participação de assistentes e de familiares, além da de enfermeiros. A cuidadosa
inspecção diária da pele das pessoas acamadas permite detectar a vermelhidão inicial. Qualquer
sinal de vermelhidão indica a necessidade de uma acção imediata para evitar que a pele rebente.

As saliências ósseas podem ser protegidas com materiais moles, como o algodão ou a lã
esponjosa. Podem-se pôr almofadas nas camas, nas cadeiras e nas cadeiras de rodas para reduzir a
pressão. A quem não se pode mexer sozinho, deve-se mudar a posição com frequência; a
recomendação habitual é fazê-lo de duas em duas horas e manter a sua pele limpa e seca. Quem
tem de passar muito tempo acamado pode usar colchões especiais (cheios de ar ou de água). Para
os pacientes que já apresentam úlceras por pressão em diferentes partes do corpo, o uso de
colchões de ar ou de espuma de borracha com relevo em forma de «suporte para ovos» pode
diminuir a pressão e proporcionar alívio. Os que têm muitas úlceras por pressão profundas, podem
precisar de um colchão com suspensão de ar.

Tratamento

Tratar uma úlcera por pressão é muito mais difícil do que evitá-la. Felizmente, nas suas primeiras
etapas, as úlceras por decúbito costumam sarar por si só logo que se elimine a pressão sobre a
pele. Melhorar a saúde geral tomando suplementos de proteínas e de calorias pode ajudar a
acelerar a cura.

Quando a pele rebenta, protegê-la com um parche de gaze pode ajudar a curá-la. As gazes cobertas
com vaselina têm a vantagem de não se colarem à ferida. No caso de úlceras mais profundas, o
uso de ligaduras especiais que contêm um material gelatinoso pode favorecer o crescimento de
pele nova. Se a úlcera parecer infectada ou supurar, enxaguá-la, lavá-la suavemente com sabão ou
usar desinfectantes como o iodopovidona pode eliminar o material infectado e morto. No entanto,
limpá-la friccionando-a demasiado pode atrasar a cura. Por vezes, o médico precisa de eliminar
(desbridar) a matéria morta com um escalpelo (ou bisturi). Em vez deste podem ser utilizados
agentes químicos, mas regra geral o seu efeito não é tão completo como o que se obtém utilizando
o escalpelo.

As úlceras por pressão são difíceis de tratar. Alguns casos requerem o transplante de pele sã para a
zona danificada. Infelizmente, este tipo de cirurgia nem sempre é possível, especialmente nas
pessoas de idade, frágeis, que manifestam desnutrição. Acontece com frequência, quando uma
infecção se desenvolve no mais profundo de uma úlcera, serem administrados antibióticos. Os
ossos situados por baixo de uma úlcera podem infectar-se; esta infecção (osteomielite) é
extremamente difícil de curar, pode passar para a corrente sanguínea e propagar-se a outros
órgãos, tornando necessário o tratamento com um antibiótico durante muitas semanas.

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