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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS


DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
ATIVIDADE DE PRÁTICA V

Aluna: Calinca Avelino 21201110


Disciplina: Prática Integrada V

Construção da atividade
a) Tema escolhido: A independência vista a partir das províncias.

b) Os livros didáticos utilizados para fazer a análise comparada com a produção


acadêmica são:

FIGUEIRA, Divalte Garcia. História em foco – do Renascimento ao século


XIX, volume 2. Ática, 2010. 1 edição. Obra em 3 volumes;

SANTOS, Francisco Jorge dos. História do Amazonas: 3ª série: ensino médio.


1ª edição, São Paulo: Ática, 2007.

Bibliografia:

CARVALHO, José Murilo de. A vida política: História do Brasil Nação: 1808-2010.
Volume 2.

DOLHNIKOFF, Miriam. Império e governo representativo: uma releitura. Caderno


CRH, Salvador, v. 21, n. 52, pp. 13-23, Jan./ Abr. 2008.

MACHADO, André Roberto. Para além das fronteiras do Grão- Pará: o peso das
relações entre as províncias no xadrez da independência (1822-1825). Outros
Tempos, Vol. 12, n. 20, 2015. Pp. 1- 28.

----------------------------------- As interpretações dos contemporâneos sobre as causas


da Cabanagem e o papel do parlamento. Ver. Hist. São Paulo, n. 175, pp. 281-317,
jul.dez. 2016.

MELLO, Evaldo Cabral de. A outra independência: o federalismo pernambucano de


1817 a 1824. São Paulo: Editora 34, 2014, 2ª edição, pp. 11-63.
PINHEIRO, Luís Balkar. Revoltas populares no Grão – Pará, 1823 – 1832. Amazônia
em cadernos, Manaus, nº 7/8, 2001/2002, pp. 67-80.

------------------------------ De vice – reino à Província: Tensões regionalistas no Grão –


Pará no contexto da emancipação política brasileira. Somanlu, v.1, nº 1, 2000.
REIS, Arthur. A adesão à independência, pp. 149-155. História do Amazonas. 2ª
edição. Belo Horizonte: Itatiaia; [Manaus]: Superintendência Cultural do Amazonas,
1989. Coleção Reconquista do Brasil. 2ª série, volume 145.

RICCI, Magda. Fronteiras da nação e da revolução: identidades locais e a


experiência de ser brasileiro na Amazônia (1820-1840). Boletín Americanista, Año
LVIII, nº 58, Barcelona, 2008, pp. 77-95.

SANTOS, Francisco Jorge; NOGUEIRA, Amélia Batista; NOGUEIRA, Ricardo José.


História, geografia do Amazonas: Ensino Médio. Manaus: Novo Tempo, 2002.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Regências ou o som do


silêncio, pp. 243-266. Brasil: uma biografia. 1ª edição – São Paulo: Companhia das
Letras, 2015.

----------------------------------------------- Quem foi para Portugal perdeu o lugar: vai o pai


fica o filho. Pp. 200-242. . Brasil: uma biografia. 1ª edição – São Paulo: Companhia
das Letras, 2015.

Vídeos de apoio

A revolta dos cabanos – Direção: Renato Barbieri/ Pesquisa histórica e roteiro: Victor
Leonardi - (Documentário).

Uma história de amor e fúria – Direção e roteiro: Luiz Bolognesi - (Filme).

PRIMEIROS APONTAMENTOS: ANÁLISE DA BIBLIOGRAFIA

Modalidades de articulações políticas que se estabeleceram entre o


poder central e as elites regionais.

Para Miriam Dolhnikoff as articulações políticas entre o poder central e as


elites regionais se deram por meio da participação destas na câmara dos deputados.
Segundo a autora os cidadãos eram divididos “entre ativos e passivos, sendo que só
os primeiros tinham direito de voto, e a eleição em duas fases, onde os votantes
votariam nos eleitores que, por sua vez, votavam nos deputados”. (DOLHNIKOFF,
2008, p. 15).

Mais tarde, com a promulgação da Lei dos círculos foi aprovada a prática do
voto distrital em detrimento do voto provincial. Esta lei tinha o intuito de “garantir a
representação minoritária sem voto proporcional, a proposta era que o voto fosse
por distritos pequenos, ao invés do grande distrito provincial”. ((DOLHNIKOFF, 2008,
p. 20).

Essa nova forma de organização política deu lugar para um empasse: os


representantes eleitos pelo voto distrital tinham que defender concomitantemente os
interesses dos seus eleitores e os da nação. Segundo a autora, “ muitas vezes havia
contradição entre os dois campos, sendo que, no Brasil, a defesa dos interesses dos
eleitores se confundia com a defesa dos interesses provinciais que, assim, eram às
vezes vistos como em oposição ao interesse nacional”. ((DOLHNIKOFF, 2008, p.
20).

No artigo de Luís Pinheiro, De vice-reino à província, percebemos as


articulações políticas a partir do processo de adesão do Grão-Pará ao império
brasileiro. De acordo com Pinheiro, “articulados em torno de um grupo de políticos
liberais, o discurso regionalista vai sendo lentamente ampliado ao longo da década
de 1820 e estará na base das manifestações políticas que culminarão na
Cabanagem”. (PINHEIRO, 2000, p. 83).

Uma das primeiras inquietações despertadas no Pará ocorreu logo com a


chegada da Corte no Rio de Janeiro, o que deu à região um caráter subalterno.
Também podemos citar o fato da Corte ter criado taxas altas para as províncias mais
afastadas e taxas reduzidas para as províncias do Sudeste, “deixando cada vez
mais evidente que estava em curso um processo de marginalização das províncias
do Norte”. (PINHEIRO, 2000, p. 86).

De acordo com o autor, a resposta a esta situação foi demonstrada sob a


forma de protestos, motins e mitificação do passado. Também se deu por conta do
Pará as despesas necessárias para a anexação da Guiana Francesa, resultando em
“sacrifícios grandiosos que afetaram o conjunto da sociedade”. (PINHEIRO, 2000, p.
89).

Luís Pinheiro nos informa que os exemplos de demonstração de insatisfações


citadas não foram suficientes para que a elite do Pará os relacionasse à instauração
do Império no Brasil. Entretanto, estas tensões associadas “ao recrudescimento
econômico”, “ao acirramento da luta política durante o processo de emancipação”
criaram um contexto de insatisfações que culminaram em “enfrentamentos
armados”. (PINHEIRO, 2000, p. 89).
ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO: PRIMEIRAS IMPRESSÕES

O livro didático dedica ao tema independência dois capítulos. O capitulo 25


trata da consolidação da independência e o 26 do período regencial e das rebeliões
provinciais. De forma extremamente resumida o livro mostra como as províncias
viram e reagiram ao período da independência, quais eram suas reivindicações e
como culminou cada uma das revoltas decorrentes. São elas:

CABANAGEM (Grão-Pará, 1835-1840): Reivindicava a separação da província em


relação ao poder central. A revolta foi esmagada e quase metade da população
morreu devido aos combates;

BALAIADA (Maranhão, 1838-1841): Extinção da Guarda Nacional. As camadas


populares também mostravam-se insatisfeitas com a desigualdade social. Foi
esmagada pelas tropas imperiais;

REVOLTA DOS MALÊS (Salvador, Bahia; 1835): Liberdade para escravizados de


origem africana. Foi esmagada sob violenta repressão;

SABINADA (Bahia, 1837): Reivindicava o fim do despotismo do poder central e


separação da província até a maioridade de Dom Pedro II. Também queria convocar
uma Assembleia Constituinte. Foi derrotada pelas tropas legalistas;

GUERRA DOS FARRAPOS (Rio Grande do Sul, 1835-1845): Reivindicava a


proteção do governo central aos produtos dos fazendeiros dessa província e
autonomia política. Após dez anos de independência foi concedida anistia aos
rebeldes, além disso, os oficiais do exército farroupilha foram integrados ao exército
brasileiro.

A apresentação que o livro faz do tema é breve e não se preocupa em falar


dos conflitos que havia entre os revoltosos de cada província, a relação entre os
líderes e os liderados, as pretensões de cada grupo, transmitindo a falsa ideia de
homogeneidade nas mentalidades e objetivos dos envolvidos nessas revoltas.
Desse modo, simplifica demasiadamente acontecimentos complexos.

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