Você está na página 1de 5

DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 1

Edna Firmino Rodrigues Fernandes2

RESUMO: O entendimento dos direitos básicos do consumidor é imperioso para


obtenção das informações necessárias para que o agente que figura no polo de
consumo de forma fragilizada não seja submetido aos desmandos das empresas
que possuem seus produtos e serviços comercializados. O estudo debruçou-se na
compreensão dos direitos básicos do consumidor previstos no artigo 6º do Código
de Defesa do Consumidor, objetivando reconhecer os direitos que cabem aos
consumidores nas relações de consumo. Destarte, concluiu-se para vanguarda
teórica que representa ao Código de Defesa do Consumidor.

PALAVRAS-CHAVE: Direitos básicos. Consumidor. CDC.

1 INTRODUÇÃO

Desde os tempos mais remotos das civilizações, os indivíduos fazem uso de


trocas o chamado escambo, para que tenham suas necessidades supridas. Todavia,
esse método encontrava muitos obstáculos, uma vez que era necessário que duas
pessoas estivessem com o mesmo desejo de realizar a troca e que o produto que
um detinha em seu poder fosse o objeto de desejo do outro.
Os brasileiros só começaram a ter conhecimento de seus direitos como
consumidores, a partir da implantação do Plano Cruzado, e, apesar das associações
já existentes, só no ano de 1988, com a promulgação da nova Constituição Federal,
fora estabelecido um prazo para a concretização de um Código, e também
esclarecido ser de dever do Estado assegurar ao consumidor sua defesa
(CAVALIERI FILHO, 2011, p. 7).

1 Trabalho apresentado a título de atividade complementar para a disciplina de Direito do


Consumidor.

2 Graduanda em direito do 10º período pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba (FESP); Pós-
graduanda em direito penal, processo penal e perícias criminais pela Fundação Escola Superior do
Ministério Público da Paraíba (FESMIP); Bacharel em ciências econômicas pela Universidade Federal
da Paraíba (UFPB) e Tecnóloga em negócios imobiliários (IFPB). E-mail:
ednaeconomista1@hotmail.com.
2

Os consumidores e as empresas precisam possuir conhecimentos


aprofundados acerca dos seus direitos, evitando por consequência ações jurídicas
desnecessárias e prejuízos ao seu erário. Contudo, ambos os polos da relação de
consumo caso haja necessidade possuem alguns recursos em lei que os
salvaguardam, como dispõe o CDC (Código de Defesa do Consumidor), a exemplo
de quando os seus direitos básicos são violados, quando o que foi estipulado em
contrato não respeitado, bem como, as promessas que não foram cumpridas.

2 DESENVOLVIMENTO

A fiscalização do mercado quanto à qualidade e segurança dos bens e


serviços que estão sendo fornecidos promove um desenvolvimento mais saudável
das relações econômicas. Assim, os direitos do consumidor foram criados com o
objetivo de proporcionar mais equilíbrio à relação entre consumidores e os
fornecedores. Dito isto, o cumprimento das normas de direito do consumidor garante
aos fornecedores o exercício de uma atividade econômica regidos pela segurança e
pela ética, de certa feita tendo como desdobramento consequências vantajosas e
benéficas, no que tange alcance de novo numerário do público a ser consumidores
em potencial, bem como em matéria de fidelização e reconhecimento na sociedade.
Ressalta-se que inúmeros benefícios econômicos podem advir da relação
satisfatória entre essa relação de consumerista do polo ativo e do polo passivo, o
que tem por consequência a redução de riscos.
O conhecimento dos direitos por parte dos consumidores faz com que fiquem
protegidos contra abusos e devaneios das empresas com quem estabeleceram a
relação fim de consumo, com isso poderão exigir o exato cumprimento da lei para as
suas demandas, uma vez que o consumidor pode utilizar de toda uma rede de
proteção.
A lei nº 8.078/90 em seu art. 6º preceitua que são direitos básicos do
consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados


por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos
ou nocivos;

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos


e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas
contratações;
3

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e


serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos


comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à


prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão


do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;

IX - (Vetado);

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste


artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto
em regulamento.

Pelo inciso I do art. 6º do CDC, fica esclarecido para Cavalieri Filho (2011)
que se trata, claramente, da integridade do consumidor, ou seja, além de o
fornecedor atentar para a qualidade e fim ao qual se destina seu produto, também
deve primar pela preservação da segurança do consumidor e de sua saúde,
certificando-se, para isso, de que seu produto ou serviço não seja nocivo, perigoso
ou destrutivo ao consumidor.
O que tange a educação para o consumo, fica evidente que o consumidor é o
elo mais fraco da relação e não possui todos os conhecimentos necessários para
realizar uma escolha maximizadora, por não possuir as informações que o
fornecedor dispõe a capacidade critica do consumidor é deficitária. Destarte, o inciso
III refere-se ainda da seara do conhecimento nas relações de consumo, sabendo
que é o direito que tem o consumidor, e obrigação do fornecedor, expor informações,
dados e características acerca daquilo que será consumido.
4

O tema tratado no inciso IV diz respeito direito a proteção contra publicidade


enganosa. Para Gama (1999) propaganda enganosa é aquela que, sendo inteira ou
parcialmente falsa, pode levar o consumidor ao erro na hora da aquisição por conter
informações errôneas ou omitidas.
A proteção contratual tratada no inciso V refere-se ao risco e prejuízo que
possa ser ocasionado ao consumidor pela relação de consumo com o fornecedor,
através de contrato estabelecido por ambos, objetivando salvaguardar seus direitos
em eventual prejuízo pelo serviço adquirido.
O inciso VI tem por intuito proteger o consumidor por danos do produto, uma
vez que pode surgir prejuízos mesmo quando utilizando o produto seguindo as
instruções do fabricante. Destarte, o inciso VII garante aos consumidores o acesso
aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção
Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.
Por ser o consumidor a parte mais frágil da relação de consumo, o inciso VIII
vem a corroborar como um meio facilitador a permitir inversão do ônus da prova no
processo civil.
Por fim, o Estado também é um fornecedor. Sendo assim, abrangência do
disposto no inciso X do CDC, obriga aqueles bens e serviços públicos que, além de
estarem à disposição do público, funcionam de fato, suprindo a necessidade pelo
qual foram criados (NUNES, 2009, p. 150).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o estudo realizado conclui-se que mesmo o consumidor fazendo parte


do maior grupo econômico, continua sendo o mais fragilizado na relação de
consumo, muitas vezes por não possuir os conhecimentos necessários e adequados
para figurarem em um negócio jurídico mercadológico. Muitas vezes essa ausência
de informações com as quais as detém são os fornecedores os consumidores
ficavam vitimizados pelas meras liberalidades desta classe privilegiada. Por essa
razão, mostrou-se necessário ao direito que, na normatização da defesa do
consumidor, estivesse bem esclarecida sua condição. Partindo deste princípio, e,
adentrando aos direitos básicos do consumidor, foi possível perceber, portanto, a
5

exigência que tem a lei com a igualdade nas relações de consumo: o consumidor
deve dispor de facilitação, ajuda, proteção, conhecimento, informação e assistência.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do


consumidor e dá outras providências. Diário oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 12 set. 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm>. Acesso em: 16 ago. 2019.

CAVALIERI FILHO, S. Programa de direito do consumidor. 3 ed. São Paulo:


Atlas, 2011.

GAMA, H. Z. Curso de Direito do Consumidor. Rio de Janeiro: Forense, 1999.

Você também pode gostar