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Título : AULA 04 - LIVRAMENTO CONDICIONAL - PARTE I

Conteúdo :
01 – CONCEITO
Trata-se de antecipação provisória da liberdade do condenado, satisfeitos certos
requisitos, mediante determinadas condições.
A natureza jurídica do livramento condicional é muito discutida na doutrina e na
jurisprudência, pois, para o Professor Damásio de Jesus, seria forma de execução da pena
privativa de liberdade e, para o Professor Celso Delmanto, o livramento condicional
consiste em direito público subjetivo do condenado de ter antecipada sua liberdade
provisoriamente, desde que atendidos os requisitos legais.
02 – SURSIS X LIVRAMENTO CONDICIONAL
São institutos diferentes.
Em se tratando de livramento condicional o condenado inicia o cumprimento da pena
privativa, obtendo, posteriormente, o direito de cumprir o restante em liberdade, sob
certas condições.
Ao contrário, em se tratando de concessão de sursis, a execução da pena é suspensa
mediante a imposição de certas condições, e o condenado não chega a iniciar o
cumprimento da pena privativa.
Outrossim, o período de prova relativo ao sursis, como discutido anteriormente, não
corresponde à pena imposta. No que se refere ao livramento condicional, temos que o
período de prova corresponde ao restante da pena imposta.
03 – REQUISITOS DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
Existem três sortes de requisitos que devem ser preenchidos em se tratando de concessão
de livramento condicional.
Temos:
· requisitos objetivos – relacionados à pena e a qualidade do crime.
· requisitos subjetivos – relacionados à personalidade e comportamento do condenado.
· requisitos procedimentais – que serão objeto de estudo em Processo Penal, relacionados
a aspectos procedimentais necessários para a obtenção do livramento condicional.
04- REQUISITOS OBJETIVOS
São requisitos objetivos para concessão do livramento condicional:
· qualidade da pena – deve ser privativa de liberdade.
· quantidade da pena – deve ser igual ou superior a 2 anos
· reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo.
· cumprimento de parte da pena
mais de 1/3 da pena – bons antecedentes e não seja reincidente em crime doloso.
mais da ½ da pena – se reincidente em crime doloso.
1/3 da pena a ½ da pena – se tiver maus antecedentes, mas não for reincidente em crime
doloso.
2/3 da pena – se tiver sido condenado por qualquer dos crime previstos na Lei nº 8.072/90
(lei de crimes hediondos)
05- REQUISITOS SUBJETIVOS
São requisitos subjetivos para concessão do livramento condicional:
· comportamento satisfatório durante a execução da pena (vida carcerária do condenado)
· bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído.
· aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto.
· nos crimes dolosos cometidos, mediante violência ou grave ameaça à pessoa, o
beneficio fica sujeito à verificação da cessação da periculosidade.
· nos crimes previstos na Lei nº 8.072/90, não pode ser reincidente específico.
06 – REQUISITOS PROCEDIMENTAIS
A título de curiosidade, cabe elencar os requisitos procedimentais para fins de concessão
do livramento condicional, senão vejamos:
· requerimento do sentenciado, de seu cônjuge ou parente em linha retra, ou, ainda,
proposta do diretor do estabelecimento ou do Conselho Penitenciário – Fundamento:
artigo 712, CPP.
· relatório do diretor do estabelecimento carcerário relativo ao comportamento do
sentenciado.
· manifestação do Ministério Público – Fundamento: artigo 112, Parágrafos 1º e 2º, da
LEP com redação determinada pela Lei nº 10.792/2003.
· parecer do Conselho Penitenciário – Fundamento: artigo 131, da LEP
07 – CONDIÇÕES
Temos duas espécies de condições para fins de concessão do livramento condicional.
Temos: condições obrigatórias, condições facultativas e condições judiciais.
Com fulcro no parágrafo 1º do artigo 132, da LEP, as condições obrigatórias para fins de
concessão do livramento condicional, são:
· proibição de se ausentar da comarca sem comunicação ao juiz.
· comparecimento periódico a fim de justificar a atividade.
· obter ocupação lícita dentro de prazo razoável.
Também, com fulcro no artigo 132 da LEP, temos que seu parágrafo 2º estabelece as
seguintes condições facultativas (que podem ou não ser concedidas pelo Juízo), quais
sejam:
· não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida de
fiscalizar.
· recolher-se à habitação em horário fixado.
· não freqüentar determinados lugares.
Ainda, por fim, o artigo 85, do Código Penal autoriza o Juiz a determinar outras
condições segundo seus próprios critérios. Essas condições são denominadas, pela
doutrina, de condições judiciais.
Cabe frisar que a doutrina, também, nos apresenta as condições legais indiretas que, na
verdade, tratam-se de causas legais autorizadoras da revogação do livramento. Assim, se
o sentenciado obedecer todas as condições do livramento, judiciais, legais e facultativas,
temos que, em principio, não há motivos para a revogação. Em contrapartida, caso o
sentenciado não atenda quaisquer das condições retro mencionadas, haverá a revogação
do livramento e, por conseqüência, não preenchimento da condição legal indireta.
Em resumo, a condição legal indireta refere-se à necessidade de cumprimento de todas as
demais condições pelo sentenciado, sob pena de revogação.
07 – REVOGAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
A revogação do livramento condicional, também, poderá ser obrigatória, facultativa ou
judicial.
As causas de revogação do livramento condicional obrigatórias ocorrem em casos de:
· condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade por crime praticado antes da
concessão do beneficio.
· condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade por crime praticado durante a
concessão do beneficio.
A revogação facultativa, que ocorrerá, conforme a apreciação da situação pelo Judiciário,
sendo que lhe será facultado escolher entre: a revogação do beneficio, advertir novamente
o sentenciado ou aumentar o rigor das condições impostas. A revogação facultativa
ocorre em se tratando de:
· condenação irrecorrível, por crime ou contravenção, a pena privativa de liberdade a
pena de multa ou restritiva de direitos, pouco importando se o crime foi praticado antes
ou durante a vigência do beneficio.
· descumprimento das condições impostas.
A revogação judicial dar-se-á quando da constatação do descumprimento das condições
impostas pelo juiz.

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