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MÓDULO IV
Introdução
Então vamos começar o quarto e último módulo do Curso de
Reaprendizagem Criativa, continuando a falar de bloqueios.
Eles ocorrem desde sempre e vão continuar ocorrendo para sempre. Por
isso que eu coloquei por último, porque eles meio que permeiam tudo. E vocês
vão ver como eles meio que explicam quase todos os outros bloqueios que a
gente falou até agora – os outros seis.
Toda vez que você abre uma nova porta de um novo assunto ou quando
você quer aumentar aquela parte de cima do “T”, sabe? Quando você abre
uma nova porta – como, por exemplo, o assunto do cérebro – você descobre o
quanto você não sabe. Ou seja, quanto mais você aprende sobre assuntos
novos, mais aumenta a sua ignorância. Mais você ‘só sabe que nada sabe’,
porque você descobre o quanto falta você aprender ainda.
Isso é muito louco, né? É ao mesmo tempo desafiados e instigante. Isso
pode chegar a ser meio desmotivador. Você fica “’puta que o pariu’, tem coisa
‘pra caralho’ disso aí que eu não estou ‘ligado’”. Você quase pensa assim: “era
melhor eu nem ter aberto essa porta, sabe? Porque eu abri e agora que eu vi
que eu não sei. Eu vou ficar sempre pensando o quanto eu não sei com a ‘nóia’
de querer aprender”. É muito louco.
E muita gente também não sabe a continuação dessa frase. “Só sei que
nada sei” continua como “e o fato de saber disso me coloca em vantagem
sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”. Ou seja, a importância da
gente ter ciência do tamanho da nossa ignorância. Eu acho que os ignorantes
são aqueles que nem sabem o tamanho da sua ignorância. E eu acho que
saber o quanto você não sabe é o primeiro passo.
O sistema límbico tem a ver muito com emoções. A gente percebe que
os mamíferos têm emoções, né? Diferentemente dos répteis que não tem
porque eles não têm o sistema límbico.
Aí você pensa: “poxa, mas quer dizer que nós e eles temos o mesmo
neocórtex?”. Não. Obviamente não é o mesmo neocórtex. E o quê que faz a
gente diferente, então? O quê que o nosso neocórtex tem de especial em
relação à desses outros animais aí?
Eu adoro uma teoria que diz que “o que nos faz humano é cozinhar”.
Cozinhar nos faz humano. “Invention of cooking made having a bigger brain na
asset for humans” (“A invenção do cozinhar nos permitiu termos cérebros
grandes”). Cérebros maiores – não é só o tamanho; é com mais neurônios.
“To cook is to use fire to pre-digest foods outside of your body. Cooked
foods are softer, so they're easier to chew and to turn completely into mush in
your mouth, so that allows them to be completely digested and absorbed in your
gut, which makes them yield much more energy in much less time. So cooking
frees time for us to do much more interesting things with our day and with our
neurons than just thinking about food, looking for food, and gobbling down
food all day long.
Assim, cozinhar libera tempo para nós fazermos coisas muito mais
interessantes com nosso dia e com nossos neurônios, do que apenas pensar
em comida, procurar por comida e devorar comida o dia inteiro. Assim, por
causa do cozimento, o que uma vez era uma maior responsabilidade (sic), este
cérebro grande caro (sic) e perigoso com muitos neurônios pode agora se
tornar uma grande vantagem, agora que podemos dispor tanto de energia para
um monte de neurônios quanto o tempo para fazer coisas interessantes com
eles.
Então eu acho que isso explica por que o cérebro humano cresceu para
se tornar tão grande e tão rápido na Evolução, muito embora permanecendo
apenas um cérebro primata).
Palmas, né? Palmas. Eu acho “foda” essa teoria e eu cortei nessa parte
porque ela acaba com o quê? Com um gráfico exponencial. Lembra que eu
falei do gráfico exponencial? Do linear ao exponencial?
Isso aqui para você entender, são as espécies mostrando que, a partir
do surgimento do “cooking” (cozimento), o Homo erectus “bombou” de
evolução e chegou no Homo sapiens. Segundo o estudo dela, isso coincide
com o momento da invenção do cozinhar. Ou seja, em outras palavras, o
“cooking” – o cozinhar – foi o ponto de inflexão; foi o joelho da curva que fez o
crescimento exponencial do cérebro e evolução da espécie até chegar ao
Homo sapiens. “Foda”, né? Genial! Eu acho isso lindo!
Esse estudo dela repercutiu no mundo todo. Aquele TED Talk que ela
fez é uma apresentação global; não é aqueles TEDx (aquela franquia que eu
faço; aquelas coisas “trash”). “Trash”, não. Brincadeira. É um TED Talk global.
É um TED Talk “fodão”. Então, quem quiser procurar, busca Suzana
Herculano-Houzel e bota o título. Eu vou deixar aqui embaixo do vídeo o link de
referência para esse “paper” dela. Quem tiver a curiosidade para ver maior.
Então, o problema é o seguinte: se nós continuássemos comendo
comidas cruas, nós teríamos que comer (segundo os cálculos dela) mais ou
menos por nove horas por dia sem parar. Ficaria inviável termos chegado
aonde a gente chegou hoje; faltaria tempo e talvez faltaria até alimento no
mundo porque seria muito alimento para fazer. Então, o cozinhar foi o que fez
evoluirmos e termos mais tempo livre para fazermos outras coisas, pois
conseguimos em pouco tempo pegar as calorias e energias que precisamos.
O que isso implica? Isso implica que a partir do momento que a vida foi
“hackeada” e sequenciada, a vida passa a não mais ser regida pelas leis da
evolução biológica (que é uma evolução lenta) e sim pelas leis da evolução
tecnológica (que é exponencial – é muito mais rápida). Isso é muito louco. Volta
um pouco aquele papo “Matrix” que a gente teve lá em Mitos, não foi? Sobre a
robótica e a inteligência artificial.
E eu vou falar uma coisa polêmica agora: já parou para pensar que aqui
está uma espécie e gera outras três. E aí, essa aqui não evolui. Ela tem algum
problema de adaptação; ela tem alguma coisa errada e não evolui. As outras
duas evoluem e aqui já acabou o caminho. Aqui, geram duas e aqui duas.
Porém, essas duas aqui também não evoluíram. Então, veio por aqui a
evolução e por aí vai. Já parou para pensar que o cérebro humano evoluiu
tanto que nós começamos a mudar o rumo da evolução natural? Por quê?
Porque hoje com a medicina, as espécies menos adaptadas não morrem mais
e elas se reproduzem.
Assunto polêmico. Não estou dizendo que isso é ruim, tá? Mas já parou
para pensar nisso? Já parou para pensar que na lógica natural da vida, as
espécies que nascem com problemas ou mal adaptadas deveriam morrer? É
muito escroto falar isso, né? Veja bem, eu não estou dizendo que eu torço para
isso e nem que eu apoio isso; eu estou apenas dizendo que analisando como a
vida funciona, essa era a regra. Mas nós evoluímos tanto que começamos a
mudar a vida e dizer “não, essa espécie vai sobreviver e ela vai se reproduzir
ainda”. E eu não sei o que isso vai dar. Só sei que é louco pensar isso. Eu
gosto de filosofar. “’Caralho’, como chegamos?”
E mais, não só em relação à medicina, mas mudar os alimentos
(alimentos geneticamente modificados). Estamos mudando a vida; estamos
sendo Deus e dizendo “não, agora não vai ser assim, não; agora vai ser assim.
Tem esse novo alimento aqui que, naturalmente, através de combinação e
seleção natural talvez não fosse existir, mas eu o fiz existir”.
“Tá, Murilo. Legal saber do cérebro. Até agora meio curiosidade, Vale do
Silício, biologia e tal; falou polêmica”. E “ai, que absurdo o que ele falou. Não
acredito que o Murilo falou isso”. Por isso que eu falei que era polêmico. Mas o
quê criatividade tem a ver com essa história? Muito a ver!
O quê isso tem a ver com a criatividade? Tem a ver que criar soluções
inovadoras gasta muita energia; já usar soluções padrões e já conhecidas –
clichês – gasta pouca energia. Portanto, podemos concluir que o cérebro não
gosta de pensar criativamente. Louco, né?
O cérebro não gosta; a princípio, não interessa a ele. Ele é capaz, mas,
a princípio, não interessa. Se ele puder escolher, ele prefere ficar no padrão e
nós temos que puxar para que isso ocorra porque se depender dele, ele fica
“de boa” lá.
Então, todos os bloqueios que a gente falou tem a ver com mudar
atitudes, fazer outra formação na nossa vidam que requer gastar energia. “Hard
work na veia, papai”.
Então, sobre Bloqueios Cerebrais, vamos ter uma aula sobre o Bloqueio
da Lógica, o Bloqueio da Tradição e o Bloqueio do Implícito. Os três têm a ver
com padrões. É como se fosse bloqueio dos padrões lógicos, bloqueio dos
padrões tradicionais e bloqueio dos padrões implícitos. Os três são padrões,
mas eu separei. Primeiro, porque eu tenho TOC e como cada módulo tinha
quatro aulas, esse também tinha que ter quatro. Eu poderia fazer uma aula
grande de uma hora e meia, mas eu preferi cortar porque é melhor para o meu
TOC, ficando tudo simétrico. Talvez, também, porque fica tudo mais organizado
para você poder consultar.
Beleza? Então era isso. Essa era só uma Introdução aos Bloqueios
Cerebrais e espero que gostem dos três bloqueios desse módulo.
Abraço.