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Apostila Arthropoda PDF
Apostila Arthropoda PDF
I. Introdução
II. Evolução de Arthropoda
1. Características básicas do filo
2. Adaptações dos artrópodes
3. Trilobitomorpha
4. Relações filogenéticas entre os artrópodes
III. Classificação zoológica
1. Subfilo Chelicerata
2. Subfilo Crustacea
3. Subfilo Hexapoda
4. Subfilo Myriapoda
IV. Caracteres gerais
V. Importância econômica
VI. Glossário
Pense em TODOS os animais que você conhece...
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Mollusca
Articulata Annelida
Euarticulata Onycophora
Panarthropoda Tardigrada
Arthropoda
Sistema nervoso e órgãos dos sentidos – O plano geral do sistema nervoso dos
artrópodes é muito semelhante ao dos anelídeos, com algumas homologias. Os artrópodes são
dotados de gânglios cerebrais PROTOCÉREBRO-anterior, DEUTOCÉREBRO-dorsal (nem sempre
presente) e TRITOCÉREBRO-posterior. Esse sistema forma conectivos em volta do esôfago em
direção ao gânglio ventral, e cada região do gânglio cerebral origina um par de nervos que vão
para os apêndices da cabeça. Assim existem: gânglios cerebrais, gânglio ventral, cordão nervoso
ventral e pares de nervos para os apêndices específicos. Os gânglios do cordão nervoso
apresentam vários graus de fusão linear em diferentes grupos de artrópodes, refletindo
internamente a tagmose7.
O exoesqueleto teve um efeito mais importante na natureza dos receptores sensoriais
que na estrutura do gânglio cerebral e do cordão nervoso. A maior parte dos mecano8 e
quimiorreceptores9 é externa, estes representam modificações de processos da cutícula e estão
todos ligados ao sistema nervoso central de maneira semelhante.
Os olhos compostos foram perdidos ou modificados por vários grupos, mas são
encontrados em todos os subfilos de artrópodes. São basicamente compostos de omatídios com
facetas e especialmente apropriados para detecção de movimento. Nas espécies subterrâneas,
naquelas de grandes profundidades oceânicas ou nas intersticiais a perda dos olhos compostos é
um caminho evolutivo comum.
Depois de uma visão sobre como as diversas características dos artrópodes evoluíram a
partir de adaptações às suas sinapomorfias e antes de discutir as relações filogenéticas entre os
artrópodes e grupos externos e dentro do filo, é necessário abrir um parêntese para falar de um
filo de artrópodes extinto, mas que deixou um legado que muito contribuiu para a compreensão
da evolução dos artrópodes: os Trilobitas.
II.3 Trilobitomorpha
O mais conhecido filo extinto, Trilobita, inclui quase 4000 espécies conhecidas apenas
do registro fóssil. Foram restritos aos mares do Paleozoico, dominaram o registro fóssil marinho
dos períodos Cambriano e Ordoviciano (440-550Ma) e foram importantes componentes da
fauna marinha até sua extinção em massa que ocorreu no Permiano-Triássico (250-290Ma) e
que marcou o final da era Paleozoica. Embora tenham sido exclusivamente marinhos,
exploraram uma variedade de hábitats e estilos de vida. O tamanho variava de 1-70cm de
comprimento. A maioria era detritívora, embora algumas espécies possam ter sido predadoras
que ficavam enterradas em sedimentos moles agarrando as presas que passavam por perto. O
corpo era oval e achatado dorso-ventralmente, com dois sulcos longitudinais dorsais dividindo o
corpo em um lobo mediano e dois lobos laterais-daí o nome “trilobita” (Figura 4). Dividido em
três tagmas: céfalo, tórax e pigídio, cada região do corpo tinha um determinado número de
apêndices. Através de mudas subseqüentes, o animal acabava tomando a forma de um trilobita
em miniatura e uma nova série de mudas transformava a larva de último estágio em juvenil
através da adição de segmentos e do aumento de tamanho.
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Chelicerata Chelicerata
Myriapoda Crustacea
Crustacea Myriapoda
Hexapoda Hexapoda
Estas árvores apontam uma origem monofilética para os artrópodes, e uma posição
basal para os Chelicerata, com variações na evolução dos subfilos.
Com o aparecimento de novas informações resultantes de paleontologia, biologia
molecular, biologia do desenvolvimento e filogenia, uma nova árvore filogenética pode ser
proposta para os artrópodes. Essa árvore não está completa, nem há detalhes suficientes que
completem a história evolutiva do grupo, mas o modelo ilustrado na figura 5 é o que melhor
representa o pensamento atual.
Essa quinta hipótese se diferencia das árvores anteriores principalmente por considerar
que todos os artrópodes surgiam de um ancestral crustaceomorfo no Paleozóico (290Ma), e
considera também o subfilo Crustacea parafilético. As árvores mostradas anteriormente
consideram os artrópodes monofiléticos e os subfilos Chelicerata, Myriapoda, Crustacea e
Arthropoda também monofiléticos, apresentando variações nos clados grupos-irmãos.
Nesse modelo, diversas criaturas com características de crustaceomorfo (corpo, olhos e
desenvolvimento típicos de crustáceos) estavam presentes no Pré-Cambriano e início do
Cambriano, quando essa linhagem originou os trilobitas. Estes sofreram irradiação tornando-se
os artrópodes mais abundantes nos mares do Paleozóico, mas desapareceram abruptamente
durante a extinção do Permiano-Triássico (290-250 Ma). Aparecem depois os Cheliceriformes
com formas marinhas gigantes. No Siluriano (439 Ma) os quelicerados invadem o ambiente
terrestre e começam a deixar um registro fóssil composto por aracnídeos terrestres. No final do
Ordoviciano e início do Siluriano (500-439 Ma) os primeiros miriápodes apareceram como
criaturas marinhas, e 15 milhões de anos mais tarde eles surgem no registro fóssil. O último
grupo de artrópodes a surgir foi provavelmente o dos hexápodes, durante o Devoniano (409 Ma)
irradiando-se rapidamente até dominar o mundo terrestre qualificando o Cenozóico (65 Ma)
como sendo a “era dos insetos”.
Este modelo é bem diferente das visões anteriores de evolução de artrópodes, e ainda
faltam muitos detalhes. De qualquer forma, muitas informações atuais suportam essa visão –
Crustacea como um agrupamento parafilético antigo, “mãe dos artrópodes modernos”.
*Sua grande variação de tamanho os torna adaptáveis a uma grande variedade de nichos
ecológicos. Os artrópodes diminutos são encontrados em sedimentos marinhos, recifes de coral,
folhagem de algas, sobre musgos e sobre corpos de qualquer tipo de animal. Todos os
microhábitats terrestres são explorados por insetos e ácaros.
*A coevolução com as plantas no ambiente terrestre e com as algas nos aquáticos foi
uma força poderosa na irradiação dos artrópodes, com insetos e crustáceos envolvidos.
*A habilidade do voo nos insetos levou-os a nichos não explorados por outros
invertebrados.
A importância dos artrópodes pode ser medida também pelas contribuições biológicas
que esses animais trouxeram no seu processo evolutivo. Nunca é demais lembrar as seguintes
características, tão comuns hoje em diferentes grupos animais, que foram diferenciadas a partir
dos artrópodes:
- Cefalização pronunciada, os gânglios cerebrais se fundem e se tornam centralizados e
aparecem definitivamente os órgãos sensoriais na cabeça.
- Metâmeros mais especializados, com uma variedade de especialidades, definindo a
tagmose.
- Os apêndices articulados, o grande diferencial dos artrópodes, são pareados,
diversificados para cumprirem diversas funções, e são também responsáveis pela adaptação das
espécies do filo.
- A locomoção acontece através da musculatura extrínseca dos apêndices, ao contrário
da musculatura associada à parede do corpo típica dos anelídeos. Os músculos estriados
conferem rapidez aos movimentos.
- A quitina é bem desenvolvida entre os artrópodes e o exoesqueleto cuticular é A
INOVAÇÃO, permitindo uma gama de adaptações.
-As traqueias representam um mecanismo de respiração mais eficiente que o da maioria
dos invertebrados.
- O trato digestivo é muito especializado, com dentes quitinosos, compartimentos e
ossículos gástricos.
- Os artrópodes exibem padrões comportamentais extremamente complexos, quando
comparados com a maioria dos outros invertebrados, incluindo diversos casos de organização
social.
- As espécies deste filo desenvolveram mecanismos de proteção eficientes, como
coloração e padrão de imitação, características que se “repetiram” em vertebrados como
anfíbios e répteis.
III. CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ARTHROPODA
Agrupados em 4 subfilos e 13 classes, os artrópodes representam o mais diverso filo de
animais, constituem 85% das espécies do reino animal com estimativas de 1.097. 289 espécies
viventes e entre 30-50 milhões de espécies não descritas. Estão agrupados aqui os camarões,
lagostas, escorpiões, centopeias, ácaros e insetos, entre outros grupos. Os artrópodes são
invertebrados protostômios celomados com organização interna bem desenvolvida e
metaméricos. Os grupos viventes são os seguintes:
Subfilo CHELICERATA
É um grupo antigo de artrópodes que inclui ácaros, aranhas, caranguejo ferradura,
opiliões, escorpiões, pseudoescorpiões e aranhas do mar, entre outros grupos (figura 6). São
caracterizados por possuírem seis pares de apêndices incluindo um par de quelíceras, um par de
pedipalpos e quatro pares de apêndices locomotores (exceção nos límulos: cinco pares de
apêndices locomotores). Não possuem mandíbulas nem antenas. A maioria suga alimento
líquido de suas presas. O corpo é geralmente dividido em cefalotórax (cabeça + tórax) e
abdômen. O primeiro par de apêndices é modificado em quelíceras, usados para alimentação.
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http://www.tolweb.org/Vaejovidae/6224
Figura 8: Scorpionida
1: Cefalotórax (Prossomo); 2: Pré-abdômen (Mesossomo); 3: Pós-abdômen (Metassomo);
4: Pedipalpos
ORDEM ACARI – Está agrupado nesta ordem o grupo de aracnídeos com maior
importância médica e econômica. É também a ordem mais diversa, com aproximadamente
30.000 espécies descritas e uma estimativa que varia de 500.000 a um milhão de espécies!
São os conhecidos ácaros e carrapatos, que se distribuem em todos os cantos do planeta,
nos ambientes terrestres e aquáticos, com diversos estilos de vida, livre, parasitas temporários
ou obrigatórios. Esses últimos são ectoparasitos principalmente de humanos e animais
domésticos.
Os ácaros se diferenciam de todos os aracnídeos por apresentar uma fusão completa
entre o cefalotórax e o abdômen, sem nenhum sinal de segmentação (figura 9). Suas peças
bucais estão localizadas numa pequena projeção anterior, o capítulo, que consiste
principalmente em apêndices usados para a alimentação, posicionados em volta da boca. Em
cada lado da boca existe uma quelícera, que funciona para perfurar, dilacerar ou agarrar o
alimento. Os adultos possuem quatro pares de pernas, como a maioria dos aracnídeos. Os ácaros
de vida livre podem ser herbívoros ou escavadores.
O nome deriva do envoltório resistente que a maioria dos crustáceos apresenta (do
latim crusta = concha)
Os crustáceos diferem dos outros artrópodes em dois caracteres: eles têm dois pares
de antenas, enquanto os outros artrópodes possuem somente um ou nenhum, e possuem também
apêndices birremes, cada um deles consistindo de um segmento basal, o propodito com dois
ramos (forma de Y) presos.
São características gerais do subfilo:
-Corpo composto de cabeça c/5 segmentos, ou céfalo, e uma longa região póscefálica; tronco
dividido em dois ou mais tagmas distintos.
-Apêndices multiarticulados, unirremes ou birremes.
-Carapaça geralmente presente, reduzida em anostracos, amfípodes e isópodes.
-Mandíbulas usualmente multiarticuladas que funcionam quebrando, cortando ou mastigando,
com dentes.
-Trocas gasosas por difusão aquosa entre superfícies branquiais.
-Excreção por verdadeiras estruturas nefridiais (glândulas antenais, glândulas maxilares, etc).
-Olhos e ocelos simples e compostos ocorrem na maioria dos taxa (exceção Remipedia), ao
menos em um estágio do ciclo de vida; olhos compostos sempre elevados num pedúnculo.
-Intestino com ceco digestivo
-Desenvolvimento direto ou misto; larva náuplio10.
A maioria dos crustáceos tem entre 16-20 somitos11, mas algumas formas apresentam
60 ou mais segmentos. O maior grupo é a classe Malacostraca, que reúne lagostas, caranguejos,
camarões, tatuzinhos de jardim e outros. O plano corporal típico tem uma cabeça com cinco
segmentos fundidos, um tórax com oito somitos e um abdômen com seis. Na extremidade
anterior há um rostro não-segmentado e na posterior um télson não-segmentado, o qual constitui
um leque caudal de vários formatos, com o último segmento abdominal e seus urópodes.
São reconhecidas 10 classes, relacionadas na figura 13:
CRUSTACEA
HEXAPODA
Classe Diplura – Os dipluros são pequenos hexápodes não insetos, com cerca de 1000
espécies distribuídas em até 9 famílias. Seu tamanho varia de 2-5mm, no máximo de 50mm, não
têm pigmentação e são pouco esclerotizados. São cegos, e as antenas são longas, moniliformes e
multiarticuladas, pois são importantes órgãos dos sentidos. O desenvolvimento dos jovens é
epimórfico, ou seja, as mudas continuam por toda a vida. Algumas espécies são gregárias, e as
fêmeas podem cuidar dos ovos e dos jovens. Este é um grupo onívoro, alguns se alimentam de
vegetação viva e decomposta, enquanto outros são predadores (figura 16).
Classe Insecta - Considerados como o grupo dominante na Terra, os insetos têm sua
origem estimada em cerca de 350 milhões de anos. As estimativas do número de espécies de
insetos chegam a 30 milhões de espécies, a grande maioria delas ainda desconhecida, ou seja,
ainda há muito a ser descoberto!!
Como em outros animais, a evolução dos insetos teve períodos mais ativos que outros.
Em algumas épocas aconteceu uma explosão de novas espécies, provavelmente devido a
mudanças climáticas e ao avanço evolutivo de outros animais e também de plantas.
Um dos primeiros passos evolutivos nos insetos foi o desenvolvimento de olhos
compostos, com centenas e até milhares de facetas, cada uma destas com a face voltada para
uma posição diferente, e que juntas produzem uma imagem completa. Com exceção de alguns
grupos subterrâneos e espécies endoparasitas, a maior parte dos insetos possui um sistema
visual altamente desenvolvido.
Depois houve o aparecimento das asas. Estas apareceram bem “primitivas”, e eram
usadas inicialmente como aparato para saltos, cobrindo pequenas distâncias. Gradualmente estas
se tornaram maiores, com alguns grupos apresentando sofisticados movimentos como a
estabilidade no vôo (mecanismo copiado pelo helicóptero). Os insetos mais derivados têm asas
funcionais quando adultos, e todas as ordens tem ao menos uma espécie alada.
Outro fator que muito contribuiu para a evolução dos insetos foi a capacidade de
metamorfose, a transformação do corpo que leva a máxima adaptação ao ambiente, o que
explica como esse grupo de animais tornou-se tão bem sucedido no planeta. Com a muda, os
insetos apresentam formas diferentes durante o desenvolvimento, tornando-se capazes de
explorar diversos ambientes em cada fase de sua vida.
Todos os insetos são segmentados e possuem a esqueleto externo articulado
(exoesqueleto) característico dos Arthropoda. Os segmentos são agrupados em três unidades, a
cabeça, o tórax e o abdômen, nos quais as partes básicas destes podem ser mais ou menos
modificadas. As pernas são dispostas nos três segmentos torácicos. Os grupos são diferenciados
por várias modificações do exoesqueleto e dos apêndices, como partes bucais, pernas e
abdômen.
Insetos adultos geralmente têm asas, e essas estruturas podem diagnosticar uma ordem.
Alguns caracteres são determinantes para explicar o sucesso desta classe de artrópodes:
Cutícula
É o fator-chave para o sucesso da classe Insecta. A camada inerte oferece força para o
exoesqueleto e apódemas (suportes internos e junção de musculaturas) e atuam como uma
barreira entre os tecidos e o ambiente. Uma função crítica da cutícula é a restrição à perda de
água, vital para o sucesso dos insetos na terra.
Cabeça
A cabeça dos insetos é uma cápsula fortemente esclerotizada, ligada ao tórax por um
pescoço membranoso flexível. Nesta região os apêndices são modificados para os sentidos e a
alimentação. Aqui aparecem o aparato bucal que compreende o labro, as maxilas e o labium, e
também importantes órgãos dos sentidos como as antenas, os olhos compostos e os ocelos.
Também são encontrados olhos compostos e antenas. Em muitos insetos três ocelos
estão situados anteriormente, tipicamente arranjados em triângulo (figura 17).
As partes bucais são formadas de apêndices de todos os segmentos da cabeça.
Compõem o aparato bucal cinco componentes básicos: O labro, ou “lábio superior”; a
hipofaringe, uma estrutura em forma de língua; as mandíbulas; a maxila; e o labium, ou “lábio
inferior”.
As mais óbvias estruturas sensoriais dos insetos estão na cabeça: olhos, ocelos e
antenas (figura 17). Essas últimas são apêndices pares, móveis e segmentados, com diversos
órgãos sensoriais (ou sensilas) que funcionam como quimiorreceptores, mecanoreceptores,
termoreceptores e higrorreceptores. As antenas de machos tendem a ser mais elaboradas que as
das fêmeas correspondentes, o que aumenta a área de superfície utilizada para detecção de
feromônios sexuais masculinos. Em resumo, as antenas funcionam como órgãos sensitivos e são
os receptores primários de todos os insetos e têm também uma função tátil devido ao grande
número de sensilas que possuem.
São reconhecidas atualmente 30 ordens de insetos, relacionadas como mostra o anexo 1.
Algumas características que podem ilustrar a diversidade dessa classe são a seguir
comentadas:
A forma do aparelho bucal é determinada pela dieta, e basicamente, as peças bucais
dos insetos são classificadas em mastigadoras e sugadoras.
Nos insetos mastigadores as mandíbulas movem-se transversalmente, e o inseto é capaz
de cortar e mastigar o alimento sólido.
Mesmo nesse grupo, a morfologia das partes bucais varia entre as espécies. A superfície
cortante da mandíbula é diferenciada de acordo com a dieta da espécie. Por exemplo, nos
insetos carnívoros estas são armadas com fortes “dentes”; nos gafanhotos, que se alimentam de
vegetais, há uma série de “dentes pontudos”. Nas espécies que não se alimentam na fase adulta
as partes bucais são muito reduzidas sendo, às vezes, vestigiais ou ausentes (Ephemeroptera).
O aparato bucal de insetos que se alimentam de fluidos (sugadores) foi modificado para
formação de um tubo, através do qual o líquido pode ser sugado para dentro deste aparelho. A
musculatura da faringe é fortemente desenvolvida para formar uma bomba. Em Heteroptera e
muitos Díptera, que se alimentam de fluidos de plantas ou animais, alguns componentes das
partes bucais foram modificados num ferrão.
Nos Lepidoptera a probóscide é longa e enrolada. Esse tipo de aparelho bucal é
chamado de bomba-sifão, pois não há uma estrutura como o ferrão dos Hemiptera: nesse caso o
inseto simplesmente suga ou bombeia o líquido externo por meio da probóscide.
O tórax é a parte locomotora do corpo, apresentando as pernas e as asas. Divide-se em
três segmentos: Protórax, Mesotórax e Metatórax. O protórax é conectado à cabeça por meio do
cérvix, uma região membranosa, que funciona como um pescoço. Nesta parte do corpo também
são encontrados os espiráculos, aberturas responsáveis pelas trocas gasosas. A porção lateral do
tórax em insetos alados difere do abdômen no que diz respeito à esclerotização: o tórax dos
insetos alados é fortemente esclerotizado e muito rígido.
A morfologia dos três pares de pernas encontrados no tórax caracteriza o hábito dos
insetos:
-pernas saltatórias – Orthoptera (grilos, gafanhotos, esperanças);
-pernas raptoras – grupos que capturam presas;
-pernas cursoriais – insetos que correm (baratas);
-pernas natatórias – espécies que nadam (Coleoptera e Heteroptera aquáticos);
-pernas gressoriais – insetos que andam (formigas);
-pernas fossoriais – insetos que cavam (paquinhas).
O abdômen é composto por 11 segmentos. Nesta parte do corpo são encontrados o
aparelho reprodutor, digestivo e excretor e circulatório. A genitália dos insetos geralmente é
localizada nos segmentos abdominais 8 e 9. Os insetos Apterygotas (sem asas) e muitos insetos
aquáticos imaturos têm apêndices abdominais.
Os órgãos específicos relacionados ao acasalamento e oviposição são conhecidos como
genitália externa, cuja forma é muito diversa e tem considerável valor taxonômico, uma vez que
em muitos grupos de insetos a genitália masculina ajuda na distinção de espécies.
A terminália (porção ano-genital do abdômen) de fêmeas adultas inclui estruturas
internas utilizadas para o recebimento dos órgãos copulatórios masculinos e seus
espermatozóides e estruturas externas para a oviposição. A genitália externa feminina funciona
como um tubo para a postura de ovos, embora em alguns grupos estes sejam ausentes (Isoptera,
Phthiraptera, e a maior parte dos Ephemeroptera). Esses ovipositores podem ter duas formas:
a) O verdadeiro ovipositor, formado por apêndices dos segmentos abdominais;
b) O ovipositor substituto composto de segmentos abdominais posteriores extensíveis.
A-Setácea (Libélula);
B-Filiforme (Besouro);
C-Moniliforme (Besouro);
D-Clavada (Besouro);
E-Clavada (Besouro-joaninha);
F-Capitada (Besouro);
G-Serreada (Besouro);
H-Pectinada (Besouro);
I-Plumosa (Macho de mosquito); J-
Aristada (Mosca das flores);
K-Estilada (Moscas);
L- Flabelada (Besouro);
M-Lamelada (Besouro);
N-Geniculada (Vespa, himenópteros
em geral)
Embora sejam competidores com o homem por alimento e também sejam transmissores
de doenças, os artrópodes são animais essenciais na polinização de muitos vegetais usados na
utilização humana, servem de alimento, são utilizados como matéria-prima para drogas e
tinturas, e produzem produtos como a seda, o mel, própolis e a cera de abelha.
As espécies economicamente importantes do filo têm uso direto e indireto, com
impactos positivos e negativos, sendo utilizadas como recurso alimentar, indiretamente na
melhoria do solo para cultivos e como base para rações consumidas por diversas espécies de
animais; são utilizadas na indústria de jóias e pigmentos, têm importância agrícola e na saúde,
utilizados como terapias alternativas ou como vetores de microorganismos causadores de
doenças que afetam o homem e outros animais. As espécies de importância econômica são
encontradas nos seguintes grupos:
CRUSTACEA
BRANCHIOPODA (pulga d’água)
MALACOSTRACA (krill, camarões, caranguejos, lagostas, lagostins)
MAXILLOPODA (cracas)
HEXAPODA
INSECTA
CHELICERIFORMES
CHELICERATA (aranhas, ácaros, carrapatos)
d) Produtos apícolas:
Abelhas melíferas produtoras de mel e outros produtos apícolas.
ARTHROPODA; INSECTA; HYMENOPTERA; APIDAE; Apis, Melipona,Tetragonisca. Os
dois últimos gêneros representam algumas espécies de abelhas sem ferrão ou indígenas.
2. Importância agrícola
2.1 Aspectos econômicos diretos
a) Aspectos benéficos da importância econômica: Engenheiros de ecossistema. São
organismos que modificam o ambiente ao transformarem materiais vivos ou não de um estado
físico para outro através de meios mecânicos ou outros meios. São considerados engenheiros de
ecossistema as minhocas os cupins e as formigas, num conceito definido por Patrick Lavelle,
que desenvolveu esse tema para a sustentabilidade de solos tropicais. Apesar de não ser um
artrópode, o papel dos anelídeos será discutido aqui para uma melhor abordagem do tema.
ARTHROPODA; INSECTA; ISOPTERA, HYMENOPTERA (FORMICIDAE).
As minhocas, com suas atividades mecânicas levam à criação de estruturas como
galerias e coprólitos que modificam as propriedades físicas dos solos onde vivem e a
disponibilidade de recursos para outros organismos. Os agregados do solo formados por essas
atividades podem proteger parte da matéria orgânica de uma mineralização rápida, e constituem
uma reserva de nutrientes disponíveis para as plantas, pois contribuem liberando oligoelementos
e NPK de forma assimilável para os vegetais. Os cupins digerem a celulose, e alteram a
estrutura dos ecossistemas por meio do seu comportamento construtor, promovendo um
aumento na porosidade do solo e no transporte de partículas minerais para a superfície e vice-
versa. Dessa maneira, eles influenciam a disponibilidade de recursos para organismos de cadeias
tróficas diferentes. As formigas atuam mecanicamente revolvendo o solo movimentando as
camadas em diferentes sentidos. Por serem organismos onipresentes nos ambientes, ajudam a
controlar a população de outros insetos e também contribuem dispersando sementes, enterrando
cadáveres e depositando em diferentes camadas do solo outros restos orgânicos.
b) Aspectos benéficos da importância econômica: Apicultura.
ARTHROPODA; INSECTA; HYMENOPTERA. APIDAE; Apis, Melipona, Tetragonisca.
Abelhas produtoras de mel (usado como item alimentar), própolis (terapia alternativa ao
uso de antibióticos), pólen e geléia real (complemento alimentar).
c) Aspectos benéficos da importância econômica: Polinização
ARTHROPODA; INSECTA; DIPTERA, HYMENOPTERA, LEPIDOPTERA.
Abelhas, lepidópteros e dípteros são conhecidos polinizadores. Dentre os artrópodes, as
abelhas são provavelmente aqueles que tem maior importância econômica como polinizadores,
as espécies do gênero Apis polinizando diversas fruteiras. Mais intensamente no Hemisfério
Norte existe um sofisticado e lucrativo sistema de criação massal de colméias para
arrendamentos a produtores de frutas na primavera. Este é um negócio que movimenta milhões
de dólares anuais: no início da primavera os proprietários das colméias as alugam e estas são
transportadas em caminhões até as fazendas produtoras, polinizando espécies de figos, mirtilos,
melão, laranja, e também legumes. Nas regiões tropicais são conhecidos os himenópteros
polinizadores de maracujá (gênero Xylocopa, abelhas conhecidas como mamangava).
e) Aspectos benéficos da importância econômica: Controle biológico.
ARTHROPODA; HEXAPODA (INSECTA; DIPTERA, HYMENOPTERA); CHELICERIFORMES
(CHELICERATA; ARACHNIDA; ACARI, ARANEAE).
Diversos artrópodes hexápodes e quelicerados são economicamente importantes por
serem utilizados como agentes de controle biológico, e muitos são criados em escala comercial.
O controle biológico baseia-se no estabelecimento (precedido de importação) de inimigos
naturais de pragas exóticas para que a praga seja controlada com pouca ajuda posterior. Esse
tipo de controle manipula uma população de organismos de forma a reduzir seus danos
econômicos usando organismos predadores ou patogênicos.
Como exemplos: aranhas são predadores diversos e eficientes; tradicionalmente são
mantidas em estábulos de criação de gado de leite para controle de moscas. Existem estudos
regionais ainda não publicados de uma família de aranha eficaz no controle da mosca-dos-
chifres (Diptera: Cuterebridae: Dermatobia irritans). Microhimenópteros parasitóides
(Encyrtidae: Apoanagyrus lopezi) utilizados no controle da cochonilha-da-mandioca
(Hemiptera: Homoptera: Phenacoccus manihoti) levando a um benefício anual estimado em
US$ 200 milhões. Ácaros predadores também são importantes e utilizados como inimigos
naturais de ácaros fitófagos. Ácaros também controlam populações de cochonilhas, gafanhotos e
pragas de grãos armazenados.
b) Importância veterinária
Na medicina veterinária espécies de artrópodes podem impor perdas significativas na
produção animal.
Os artrópodes que são de importância médico-veterinária pertencem às classes Acari e
Insecta. São carrapatos (Chelicerata; Acari-Parasitiformes), que causam prejuízos como
diminuição na produção animal, perdas no setor coureiro (carrapato-de-boi, Boophilus
microplus) com queda da qualidade do couro a ser comercializado, diversos dípteros (Diptera;
Brachycera, Nematocera) vetores de nematódeos e protozoários que causam doenças como
tripanossomoses e filarioses. Os dípteros pertencem às famílias Culicidae, Cuterebriidae
(Dermatobia, conhecida como berne), Psychodidae e Simuliidae. São também vetores de
importância médico-veterinária os hemípteros vulgarmente conhecidos como barbeiros
(Hemiptera; Heteroptera; Reduviidae; Triatoma infestans). Algumas ordens de insetos são
compostas de parasitas obrigatórios como Phithiraptera: Anoplura e Mallophaga (piolhos
sugadores e mastigadores) e Siphonaptera (pulgas).
5. Manufaturas; matéria-prima.
Muitas espécies de artrópodes são também utilizados na manufatura de jóias, na
indústria cosmética e na fabricação de tintas.
Nos artrópodes, besouros das famílias Buprestidae e Scarabaeidae são utilizados como
matéria-prima na fabricação de jóias, na cultura andina. As cochonilhas (Hemiptera;
Homoptera; Dactylopius coccus) produzem o corante vermelho-carmim, usado nas indústrias
alimentícia e farmacêutica.
ALÉM DISSO..
O poder da regeneração
“Animais domésticos”
Conhecidas como animais símbolo do trabalho e da abnegação, as formigas, como a
maior parte dos insetos são considerados “pequenos animais que incomodam” e comumente, a
primeira pergunta feita a alguém que trabalha com formigas é: “Como eu faço para acabar com
as formigas do açucareiro?” ou então ouvimos afirmações do tipo: “Formigas são boas para a
vista!”
O que muitos desconhecem é que as formigas que passeiam nas residências,
consultórios médicos e hospitais NÃO são boas para a vista. São espécies exóticas, introduzidas
geralmente pela ação humana e, em muitos casos, vetores de microorganismos responsáveis por
uma alta freqüência de infecção hospitalar. Quanto às formigas do açúcar, também espécies
exóticas, na sua maioria, são difíceis de serem exterminadas pelo comportamento reprodutivo:
muitas espécies são poligínicas, ou seja, têm várias rainhas. Assim, quando é utilizado um
inseticida que atinge somente as operárias, a colônia, para se manter, se fragmenta, indo cada
um ou mais de uma rainha para outro local e assim fundando uma nova colônia: essa é a
RESISTÊNCIA A INSETICIDAS, que nada mais é do que o resultado de uma forma
inadequada de controle!
As sociedades
Não foi no homem que apareceu primeiro o cuidado com a prole, a adoção, a divisão de
trabalho como num exército e a sociedade matriarcal: todos esses comportamentos evoluíram e
atingiram a perfeição nos ARTRÓPODES!!!!
Socialidade significa tendência ou padrão de quem vive em sociedade, em grupos. No
reino animal há diversos exemplos de espécies que exibem diferentes padrões de vida social, de
invertebrados a vertebrados. O estudo desse comportamento é um tema que fascina
antropólogos, biólogos, matemáticos, psicólogos e sociólogos.
“Viver em sociedade” exige custos, porém apresenta benefícios que explicam o sucesso
evolutivo de diversos animais, entre eles o homem. Em invertebrados a socialidade, nos mais
variados graus, já foi observada em diversos grupos, mas é nos artrópodes que esta característica
atingiu o mais alto grau de complexidade: a eussocialidade.
Encontramos animais com algum grau de socialidade em aranhas, escorpiões,
pseudoescorpiões, camarões, insetos e miriápodes de diversas ordens com diferentes padrões de
socialidade. O apogeu da eussocialidade aparece nos insetos: cupins, abelhas, formigas e vespas
são os animais eussociais. Nestes grupos é possível observar uma complexa relação entre
parentes dos mais variados graus, pautada pela tolerância. Em nome da manutenção da espécie
algumas fêmeas abrem mão de reproduzirem-se, e cuidam da prole das suas irmãs, sobrinhas e
tias. Nessa sociedade matriarcal (com exceção dos cupins) as tarefas são bem definidas e, mais
importante, exemplarmente executadas!! Não há preguiça, mau humor ou desentendimentos: o
trabalho é bem realizado, a todos os imaturos os mesmos cuidados são dispensados, e um
objetivo maior une os companheiros de ninho: o bem estar da colônia e, por conseguinte, de
toso os seus componentes, que resultam no sucesso reprodutivo da espécie!
Tamanho é o grau de perfeição duma sociedade de insetos que o homem aplica esses
conceitos em diversas situações cotidianas. Entre alguns exemplos podemos citar uma das tribos
mais famosas, citadas no poema épico Ilíada de Homero: os mirmídones, uma tribo de homens
diligentes e trabalhadores, ávidos de ganhar e perseverantes na defesa do que têm!! O nome é
inspirado nas formigas, pois myrmex=formiga em grego.