Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Assembleia dos teólogos de Westminster foi convocada em 1643, após anos de tensão
entre Charles I e seu crescente Parlamento puritano. Reunidos sob a presidência do erudito
William Twisse contra os desejos expressos do rei, a visão original da Assembleia era criar uma
maior uniformidade da fé e a prática em todo o reino de Charles I. A tarefa original dos
delegados era revisar os Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra, mas após firmar a Liga e
Pacto Solene, esta Assembleia avançou para mais específica e exata tarefa de delinear uma
fórmula teológica e eclesiástica que conduzisse a Igreja da Inglaterra à conformidade com a
doutrina e prática da Igreja Presbiteriana da Escócia.
1
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki.
2
Ainda que a Confissão foi composta por disciplinadas mentes teológicas, também revela
a influência de homens com uma profunda experiência na pregação e atividade pastoral. É uma
excelente expressão da teologia reformada clássica criada para as necessidades do povo de Deus.
O resultado foi bem diferente na Escócia. A Igreja da Escócia deu uma calorosa acolhida
aos Padrões de Westminster, maiores e menores. Somente registrou uma exceção referente à
cláusula da Confissão (Capítulo XXXI, Sessão 2) que dá ao magistrado civil o poder de
convocar sínodos. Mas no demais, segundo a Assembleia General, os Padrões de Westminster
representavam fielmente a fé, o culto e o governo da igreja nacional de Escócia.
O êxito que teve Charles II em restaurar o status quo ante bellum na Igreja da Inglaterra o
animou a levar a cabo um esforço similar na Escócia. A nação se levantou em defesa dos
Covenanted Attainments – ou seja, os acordos pactuados – da Reforma Escocesa. Por mais de
vinte anos, oficiais do rei percorreram o território perseguindo e matando os seguidores do pacto.
Uns 18.000 escoceses morreram por causa de sua fé. Às vezes, os exércitos se enfrentavam no
campo de batalha, mas Charles II nunca ganhou terreno em seu intento por anglicanizar a igreja
escocesa.
A gloriosa revolução de 1688 marcou o final de tais esforços. Sob o reinado de um novo
rei, William de Orange, os escoceses asseguraram para sempre seu direito de manter em sua
igreja a doutrina, o culto, e o estado dos Padrões de Westminster. A imigração escocesa e o
trabalho missionário levaram esses documentos a todas partes do mundo. Grandes grupos
nacionais se desenvolveram a partir dos pequenos começos na América do Norte, Índia,
Austrália e em outras partes. Assim, estas igrejas filhas receberam e adotaram os padrões
3
doutrinários da igreja mãe, desse modo, fazendo dos Padrões de Westminster um dos produtos
espirituais e culturais mais importantes de Escócia para o mundo.
Até as últimas décadas do século dezenove não houve grande desafio para a supremacia
dos Padrões de Westminster na Igreja da Escócia, ou em nenhuma de suas igrejas filhas em
outras partes do mundo. Mesmo a Secessão, em 1733, somente serviu para intensificar a devoção
por estes Padrões, tanto entre a Igreja da Escócia, como entre os separatistas do Sínodo
Associado.
Igrejas menores que tinham a reputação de serem ortodoxas e fiéis a sua herança escocesa
também foram se rebelando contra a “carga” de Westminster. Os Presbiterianos Reformados
elaboraram um Testemunho ao menos igual de extensão que a Confissão de Fé, para instaurá-lo
como a declaração de suas crenças distintivas. Em 1925, a Igreja Presbiteriana Unida da América
do Norte adotou uma nova Declaração Confessional como substituto ao seu histórico
Testemunho de 18 pontos, mas, na realidade, foi um substituto teologicamente reduzido e
desvalorizado da Confissão de Fé de Westminster.
Discussões entre a união das igrejas Presbiterianas nos Estados Unidos induziram as
igrejas sulistas, como a Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos e a Igreja Associada
Presbiteriana Reformada a adotar revisões dos Padrões idênticas, ou similares àquelas adotadas
4
pela PCUSA. O objetivo era eliminar qualquer obstáculo confessional que impedisse a fusão
destes múltiplos grupos numa única denominação.
Na última metade do século vinte surgiu uma nova forma de resolver qualquer problema
dos presbiterianos contemporâneos relacionado com os Padrões de Westminster. A Igreja
Presbiteriana Unida dos Estados Unidos produziu um novo Livro de Confissões. A Confissão de
Fé de Westminster e o Breve Catecismo foram dois dos muitos documentos que foram
descartados da história da Igreja e organizados na forma de um álbum como uma espécie de
museu da história da doutrina. A coleção foi coroada com uma nova declaração conhecida como
A Confissão de 1967.
Durante este período outros grupos estavam emergindo dos restos das antigas igrejas
presbiterianas nos Estados Unidos. Todos tendiam ao conservadorismo e todas declararam a sua
adesão aos Padrões de Westminster: a Igreja Presbiteriana Ortodoxa (1936), a Igreja
Presbiteriana Bíblica (1937), a Igreja Presbiteriana na América (1973) e a Igreja Presbiteriana
Evangélica (1981).
China, Índia, Singapura, e outras partes do mundo. A África também tem um número crescente
de igrejas presbiterianas zelosas com os Padrões de Westminster.
Muitos dos teólogos de Westminster sofreram em muito por causa de sua fé. Foram
expulsos de suas igrejas e silenciados oficialmente pelo Rei Charles, em 1662, fizeram o melhor
que puderam na Inglaterra, desprezados como Não-Conformistas. Eles aceitaram a sua sorte
porque criam profundamente nas verdades bíblicas que estavam resumidos e expostos nos
Padrões de Westminster. Não seria nenhuma surpresa para estes teólogos que os últimos 350
anos não tenha removido estes Padrões do lugar que ocupam na vida e obra das igrejas
contemporâneas. Eles veriam isto simplesmente como a confirmação da verdade da Palavra de
Deus “a qual vive e permanece para sempre” (1Pe 1.23).
Avaliação
1) A sua estrutura sistemática baseada nos dois princípios: das Escrituras e do Deus Trino. Creio
que a Confissão de Fé de Westminster ainda que não seja em si um sistema escolástico, não pode
ser escrita fora dos antecedentes intelectuais do escolasticismo protestante, o qual contribuiu
significativamente para a bem conhecida minuciosidade, precisão e equilíbrio;
2) O seu capítulo introdutório sobre as Escrituras, o qual segundo B.B. Warfield é o melhor
capítulo de qualquer confissão protestante;
3) A sua formulação madura da doutrina reformada sobre a predestinação (III, V, IX, XVII). A
Confissão contém mais ênfase supralapsariana do que outras confissões reformadas que a
antecederam, mas mantém o enfoque básico infralapsariano da tradição reformada confessional.
Assim, ainda que se mantenha sabiamente evasiva entre o supralapsarianismo e o
infralapsarianismo, ensina claramente que a vontade de Deus é a causa fundamental de todas as
coisas, incluindo a salvação do homem. Ensina inequivocamente a doutrina da reprovação, mas
em termos cautelosos (III, 7-8), tendo cuidado de equilibrar este ensino com um capítulo sobre a
liberdade do ser humano (IX);
4) A sua ênfase nos pactos como a maneira de Deus se relacionar com o seu povo através da
história é particularmente notável (especialmente VII). A Confissão oferece a primeira grande
exposição reformada sobre os dois tipos de pactos: o pacto das obras e o pacto de graça. A
6
5) A sua doutrina sobre a redenção estruturada de acordo com os atos de Deus (X-XIII) e a
resposta humana (XIV-XVII), sublinhando assim o seu equilíbrio pactual entre a soberania
divina e a responsabilidade humana;
6) Os seus capítulos puritanos sobre a doutrina da adoção (XII) e a certeza da salvação (XVIII)
foram únicos dentro das confissões reformadas. Enquanto que a crítica, às vezes, expressa que a
Confissão é um documento profundamente escolástico (não tendo, por exemplo, um capítulo
separado sobre o Espírito Santo), é interessante notar que é a primeira confissão reformada que
tem um capítulo separado sobre a adoção, e talvez ao menos escolástica de todas as doutrinas.
Além do mais, nenhuma outra confissão reformada havia mostrado tal sensibilidade com as
dificuldades subjetivas que os crentes possuem para manter um grau saudável e consciente de
certeza da salvação;
8) A sua visão puritana do Dia do Descanso (XXI), afirmando esse dia como uma obrigação
perpétua com mais firmeza do que alguns escritos europeus reformados.
10) A sua distinção entre a igreja visível e a invisível (XXV) está mais desenvolvida que em
qualquer confissão reformada antecedente.
Conclusão
Beeke, Joel R., “La Confesion de Fe de Westminster en la historia”. Reforma Siglo 21, março de
2003, pp. 118-126.