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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA

CÍVEL DA COMAR DE MARINGÁ

Autos Nº 0000

BANCO DA PRAÇA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ, situada na rua 0, nº 0, na comarca de Maringá-PR, com endereço
eletrônico banco@email.com, vem perante Vossa excelência, por meio de seu
procurador que esta subscreve, com escritório profissional situado na rua, nº, nesta
comarca, com endereço eletrônico hudsonsantana@email.com, vêm propor a
presente

CONTESTAÇÃO

Nos autos da ação que lhe move EMPÓRIO COMPRE BEM, já


qualificado nos presentes autos, o que faz com fulcro nos artigos 335 e seguintes
do Código de Processo Civil e nos argumentos fáticos e jurídicos que passam a
serem apresentados.
1. SÍNTESE DA EXORDIAL

Alega que o cheque foi indevidamente devolvido, pois havia


fundos na conta, o que acarretou em sua inserção no cadastro de emitentes de
cheques sem fundos. Após, em contato com a instituição financeira, ora ré, a
mesma reconheceu que haveria ocorrido um pequeno equívoco e baixou a
restrição, oferecendo ao autor uma declaração isentando-lhe do ocorrido.

2. DO DIREITO

2.1. DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL

Excelência, a parte autora, ao trazer a alegação de que seus


gestores teriam suportado dano moral subjetivo, está tentando pleitear direito
alheio em nome próprio, de modo que carece de interesse para tal feito.

Veja, nobre julgador, em meio à sociedade de massa, é comum


que pequenos equívocos sejam cometidos, o que não pode acontecer é que o
problema não seja corrigido caso notificado. No entanto, assim que a requerente
notificou o problema, com um dia o mesmo foi resolvido, deste modo, não há que
se falar em dano de ordem moral, ainda, por ser pessoa jurídica, a mesma não
possui honra subjetiva, apenas objetiva, desta forma, vez que os problemas foram
resolvidos e não houveram maiores reflexos, não há que se falar em dano.

É importante ressaltar que, como forma de dizimar qualquer


possibilidade de abalo moral da pessoa jurídica, a requerida ofereceu à autora um
documento capaz de atestar que a mesma possuía fundos em sua conta, sendo
assim, não resta caracterizado uma depreciação no modo como a autora é vista pela
sociedade, desta forma, é evidente a INEXISTÊNCIA de dano a ser reparado.

No entanto, caso vossa excelência entenda ser necessário a fixação


de um dano moral, deve o mesmo ser reduzido, não o acatando em sua totalidade,
pelos fundamentos apresentados no próximo item.
2.2. DA NECESSIDADE DE REDUZIR O QUANTUM
INDENIZATÓRIO

A autora, na peça inaugural, pediu uma indenização no montante


de R$ 50.000,00, no entanto, é nítido, com os pedidos formulados, que a mesma
pretende incluir também valores que correspondem aos alegados danos morais
subjetivos suportados pelos gestores, contudo, resta evidenciado que, uma vez que
tenta pleitear direito alheio em nome próprio, por si só o valor já deve ser reduzido,
ainda, caso vossa excelência não tenha reconhecido a inexistência de dano, como
fundamentado no item anterior, deve reconhecer a concorrência de culpa por parte
da requerente, que demorou para levar a notícia a conhecimento do requerido, de
modo que, deve também ser minorado o valor a ser indenizado.

A requerente alega, também, que, pela requerida ser empresa de


grande poderio econômico, o valor da indenização deveria ser maior, no entanto,
deve haver harmonia entre o valor a ser imputado e o enriquecimento ilícito, desta
forma, acatar o pleito do autor, é claramente promover o enriquecimento ilícito,
visto que, em situações análogas, o Tribunal de Justiça do Paraná tem arbitrado o
valor do dano moral na média de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Veja:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. INSCRIÇÃO DO


NOME DA AUTORA EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO. PEDIDO IMPROCEDENTE. INSURGÊNCIA DA
AUTORA. (A) FALTA DE PRÉVIA COMUNICAÇÃO DA
ANOTAÇÃO. DÍVIDA DECORRENTE DE EMISSÃO DE CHEQUE
SEM FUNDO. ANOTAÇÃO ORIGINÁRIA EFETUADA EM
CADASTRO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL A
REQUERIMENTO DO BANCO SACADO. OCORRÊNCIA DE ATO
ILÍCITO. (B) O ORDENAMENTO JURÍDICO ADOTOU O
CRITÉRIO ABERTO, NÃO TARIFADO, PARA A FIXAÇÃO DO
VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, DEVENDO O
MAGISTRADO ANALISAR AS CIRCUNSTÂNCIAS E
PECULIARIDADES DA SITUAÇÃO ESPECIFICADA PARA
ASSIM PROCEDER, DE MODO QUE A QUANTIA NÃO SEJA
NEM ÍNFIMA, NEM EXCESSIVAMENTE ELEVADA, E SIM
PROPORCIONAL E RAZOÁVEL À OFENSA PRATICADA.
PECULIARIDADE DO CASO CONCRETO QUE REVELA
ADEQUADA A QUANTIA DE DEZ MIL REAIS, OBSERVADOS
OS PARÂMETROS ADOTADOS PELA CÂMARA EM
HIPÓTESES SEMELHANTES E EM CONFORMIDADE COM O
CRITÉRIO BIFÁSIO ESPECIFICADO PELO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. (B) CORREÇÃO MONETÁRIA A
PARTIR DO ARBITRAMENTO (SÚMULA 362 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA). (C) JUROS DE MORA.
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL. CONTAGEM DA
DATA DO EVENTO DANOSO (ART. 398 DO CÓDIGO CIVIL E
SÚMULA 54 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA).
RECURSO PROVIDO. (TJPR - 8ª C.Cível - 0011148-
31.2016.8.16.0194 - Curitiba - Rel.: Luiz Cezar Nicolau - J.
28.06.2018). (Grifei).

Como pode ser observado, o pedido do autor vai contra a


jurisprudência adotada pelos tribunais, e, uma vez que seja acatado, vossa
excelência estará indo contra a jurisprudência dominante, dando uma decisão
divergente daquelas proferidas em casos análogos.

3. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS.

Considerando que todos os pedidos autorais foram impugnados,


pede-se:

a) Que os pedidos do autor sejam julgados improcedentes.


b) Caso não seja o entendimento do julgador, que o valor da indenização
seja minorado, nos termos dos fundamentos já apresentados.
c) A condenação do autor ao pagamento dos honorários sucumbenciais e
custas processuais.
d) A produção de todos os meios de provas admitidos pelo direito.

Nestes termos, pede-se e espera deferimento.

HUDSON SANTANA DA SILVA


OAB/PR

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