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Abstract
The carbonation process is one among the primary factors that cause a reduction in the hydrogen ionic potential (pH) of cementitious composites
that may lead to a depassivation of the reinforcement structures, thus furnishing conditions for corrosion processes to begin. In this paper, the
research sought to monitor the advancement of the carbonation front in compliance with the European standard, EN 14630, whilst concurrently
measuring the pH variation on the surface of the cementitious composite. Cylindrical mortar specimens of (2x4) cm were placed in a carbonation
chamber, keeping up the humidity 65%, temperature 28° C and a CO2 concentration of 5%. The structure of voids in the matrix was assessed with
the µ-CT imaging technique. The pH reading enabled the monitoring of the carbonation front progress as a function of the loss of alkalinity, before
the process established by standard EN 14630. The images obtained by µ-CT did not enable the visualization of the densification of the material
found in the outer layer of the specimen.
Resumo
O processo de carbonatação é um dos causadores da redução do potencial hidrogeniônico (pH) em compósitos cimentícios, o qual pode levar
a despassivação das armaduras, dando condições ao início de um processo de corrosão. Neste trabalho, buscou-se acompanhar o avanço da
frente de carbonatação conforme a norma europeia EN 14630 paralelamente à medição da variação do pH na superfície do compósito cimentício.
Foram utilizados corpos de prova cilíndricos (CP) de argamassa, com dimensão de (2x4) cm, acondicionados em câmara de carbonatação com
condições controladas, mantendo-se a umidade em 65 %, a temperatura em 28º C e a concentração de CO2 em 5 %. A estrutura de vazios da
matriz foi avaliada por meio da técnica de microtomografia computadorizada de raios X (µ-CT). A leitura de pH permitiu um monitoramento do
avanço da frente de carbonatação, em função da perda de alcalinidade, antes do processo estabelecido na norma EN 14630. As imagens obtidas
por meio da µ-CT não permitiram visualizar a densificação do material presente na camada mais externa do CP.
a
UFMG, Departamento de Engenharia de Materiais e Construção, Belo Horizonte, MG, Brasil;
b
UFMG, Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Belo Horizonte, MG, Brasil.
Received: 22 Apr 2016 • Accepted: 23 Aug 2016 • Available Online: 12 Jun 2017
© 2017 IBRACON
Monitoring the carbonation front progress in a cementitious composite having its pore structure analyzed
through µ-CT imaging
Tabela 1
Propriedades físicas do cimento CP V utilizado
Tabela 2
Propriedades químicas do cimento CPV utilizado
1
Momento em que duas substâncias em contato chegam numa fase crítica da reação. Esta passagem é visível a olho nu, denunciada por uma mudança brusca de cor.
E. LACERDA | A.G. MAGALHÃES | E. E. BERNARDES | E. H. M. NUNES | W. L. VASCONCELOS
Tabela 3 Tabela 4
Frações granulométricas da areia normal Quantidade de materiais por dosagem
Figura 1
Medição do pH em um CP (2x4) cm
Figura 3
Equipamentos para microtomografia de raios X, I - Microtomógrafo SkyScan 1172, II e III - Computadores
de controle e aquisição de dados
Figura 4
pH médio inicial dos corpos de prova não Figura 5
carbonatados pH médio dos corpos de prova carbonatados
Figura 7
Imagem de um CP, após aspersão de fenolftaleína, prepara para ser analisada pelo ImageJ
A Figura 7 mostra uma imagem preparada para análise no ImageJ. Nota-se que aos 25 dias de exposição dos corpos de prova, às
A Figura 8 mostra o acompanhamento do avanço da frente de car- condições preestabelecidas na câmara de carbonatação, a solu-
bonatação, possível de ser detectada pelo uso da solução de fenolf- ção de fenolftaleína acusa um avanço da frente de carbonatação
taleína, conforme estabelecido pelos padrões da norma europeia em torno de 6,4 mm. Cabe ressaltar que, o que está sendo medido
CEN 14630 [9], e os resultados gerados com o auxílio do software. é apenas a região onde o pH do material cimentício foi reduzido
Com o intuito de se avaliar se há diferença significativa da média para níveis capazes de serem detectados por esse indicador de
das medidas obtidas pelos dois métodos utilizados, foi aplicado pH, e não a presença das reações do ácido carbônico (H2CO3)
o teste de hipótese, baseado na distribuição de probabilidade T com os álcalis da argamassa.
de Student (ou teste estatístico T) para amostras independentes. Pode-se também observar na Figura 5 que, com apenas 14 dias
A hipótese nula é de que a média é igual entre os dois grupos. A de permanência na câmara, o ponto central da seção transversal
hipótese alternativa é de que a média é diferente. Se o p-valor, de corte do CP, a 10 mm da borda, já havia atingido um valor de
probabilidade de errar ao rejeitar a hipótese nula, for menor que pH igual a 11,6. Tal valor já seria suficiente para permitir a despas-
5%, rejeita-se a hipótese nula. Ou seja, assume-se que a média é sivação do aço que, segundo Neville [3], pode ocorrer quando o
diferente entre os dois grupos. pH atinge valores entre 11,4 e 11,8. Verifica-se também que, mes-
No caso desse estudo, o p-valor encontrado foi de 90,2 %, indi- mo aos 18 dias de exposição e com o pH da região central igual
cando que não há uma diferença significativa entre as medidas a 10,03, a perda de alcalinidade ainda não poderia ser detectada
da profundidade de avanço da frente de carbonatação dos dois pelo uso da solução.
grupos [21].
3.2 Microtomografia de raios X
Figure 9
Imagens de µ-CT para em CP com 14 dias de exposição à câmara de carbonatação
Tabela 5
Quantidade de materiais por dosagem
nectividade na região externa é superior ao da região central. A frag- compósito cimentício mostrou-se também uma técnica simples e
mentação é caracterizada pela ruptura da conectividade. Quanto eficiente para acompanhar não só avanço da frente de carbona-
mais negativo for o índice de fragmentação, maior será a conectivi- tação, mas também para fornecer uma boa referência quantitativa
dade dos poros, favorecendo a permeabilidade do sistema. do valor do pH em um determinado ponto de análise.
A porosidade aberta de (14,3 ± 0,2) % obtida para a região global, Levando-se em conta que alguns estudos apontam a possibilida-
mostra-se bem superior aos (1,8 ± 0,1) % da região central de diâ- de da despassivação da armadura em meios cimentícios ocorrer
metro igual a 1 cm. Esses resultados estão em concordância com quando o pH atinge valores menores que 11,8, precisar quantitati-
os índices de fragmentação apresentados. vamente sua medida nas regiões onde seus valores se encontram
acima da faixa de viragem da fenolftaleína, traz vantagens quando
4. Conclusões se busca garantir o tempo previsto de vida útil das estruturas.
O uso da microtomografia de raios X possibilitou quantificar diver-
Observou-se que, apesar do uso da solução fenolftaleína ser um sos parâmetros microestruturais relevantes ao estudo da difusão
método muito útil para visualizar a existência de uma frente de do CO2 no compósito cimentício. Para o equipamento de µ-CT
carbonatação, pois é simples e barato, ele não foi capaz de for- utilizado neste estudo, as imagens geradas não permitiram a visu-
necer informações sobre as regiões mais internas do corpo de alização da densificação das camadas mais externas do CP.
prova onde ocorreram reações do ácido carbônico (H2CO3) com É importante salientar que, ambos os métodos utilizados para mo-
os álcalis da argamassa ocasionando a redução do potencial hi- nitora o pH não são capazes de indicar a razão pela qual ocorreu
drogeniônico do material cimentício. Os resultados deste trabalho a perda da alcalinidade, seja esta por carbonatação ou por outras
sugerem que a carbonatação atingiu profundidades superiores à causas, como exposição à ácidos, por exemplo. Assim, nos casos
linha indicada pela fenolftaleína. de investigação onde o fator causador da redução do pH não é
Por sua vez, o monitoramento da variação do pH na superfície do conhecido, são necessárias análises laboratoriais [9].