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ASSEPSIA: LIMPEZA, DESCONTAMINAÇÃO E ESTERILIZAÇÃO

A assepsia é um conjunto de práticas essenciais na atividade laboratorial e que vai


desde a limpeza prévia do ambiente e instrumentos até a desinfecção e esterilização.
O ato de desinfetar ou esterilizar implica em eliminar os agentes da contaminação
biológica. No entanto, em pesquisa não é somente a contaminação biológica que
interfere nos resultados, é necessário garantir entre diferentes etapas de trabalho a
remoção de resíduos sólidos ou líquidos do ambiente ou dos instrumentos de
trabalho.

Limpeza de vidraria

A vidraria deve sempre ser lavada imediatamente após o uso. Quando não é
possível uma lavagem completa, coloque-a de molho em água. Certos equipamentos
como as pipetas, podem apresentar superfícies internas de difícil acesso. A lavagem
da vidraria pode ser feita em água corrente utilizando-se uma gaze ou escova. Ao
lavar o recipiente pode-se usar sabão, detergente ou pó de limpeza (com ou sem
abrasivo). Detergentes neutros e água quente são recomendados. Deve-se ter muito
cuidado para não arranhar as superfícies, pois vidros riscados são mais propensos a
quebrar durante o uso.

A melhor maneira de remover gorduras, óleos e ceras é ferver a vidraria com uma
solução fraca de carbonato de sódio. Acetona ou outros solventes para gordura podem ser
utilizados. Para a remoção de resíduos mais resistentes podem ser utilizados "banhos" em
soluções de limpeza (ácidos e outros).

Tão importante quanto a aplicação das técnicas já citadas é o enxágüe da


vidraria. A remoção de todo e qualquer resíduo de sabão, detergente e outros
materiais de limpeza é essencial antes da utilização da vidraria. Por exemplo, leves
traços de detergente poderão interferir com reações sorológicas e de cultura. O
enxágüe deve ser feito com água corrente. Para que tubos de ensaio, frascos
graduados e similares sejam enxaguados, deve-se utilizar água corrente por fora e
por dentro, durante um determinado período de tempo. Para enxaguar pipetas e
buretas use uma mangueira de borracha para levar água da torneira até o interior
das peças, e deixe correr. No processo de enxágüe é muito comum a utilização da
água destilada, que tem alta capacidade de dissolução de sais.

Quando o uso da vidraria é constante o material pode ser autoclavado ou


esterilizado em grandes estufas a vapor ou equipamentos similares.

Limpeza de materiais do laboratório

A limpeza remove todo tipo de lixo, a matéria orgânica e resíduos dos materiais
de laboratório e inclui escovar, aspirar, limpar a seco, lavar ou esfregar com água
contendo sabão ou detergente. Detritos, poeira, lixo em geral, sedimentos (terra,
areia) e matéria orgânica podem servir de proteção a microrganismos e interferir
com a ação de produtos de descontaminação. Para se conseguir uma desinfecção
ou esterilização correta é essencial proceder a uma limpeza prévia. Muitos produtos
germicidas só são ativos em materiais previamente limpos.

Descontaminação

A descontaminação é o processo de remoção ou eliminação de microrganismos. O


mesmo termo é também utilizado para remoção ou neutralização de produtos
químicos perigosos e materiais radiativos. As exigências da descontaminação
dependem do tipo de experiência e da natureza do agente manipulado, assim como o
tempo de aplicação e o tipo de desinfetante é específico a cada material. São vários os
termos que designam diferentes tipos de descontaminantes, entre eles estão:

Antimicrobiano – Agente que mata microrganismos ou impede o seu


desenvolvimento e multiplicação;

Anti-séptico – Substância que inibe o crescimento e desenvolvimento de


microrganismos sem necessariamente os matar. São normalmente aplicados sobre superfícies
do corpo;

Biocida – Termo geral para qualquer agente que mata organismos;

Desinfetantes – Substância química ou mistura de substâncias químicas


utilizadas para matar microrganismos, mas não necessariamente esporos.
Desinfetantes são normalmente aplicados em superfícies ou objetos inanimados.

Esporocida – Substância química ou mistura de substâncias químicas


utilizadas para matar microrganismos e esporos.

Germicida químico – Substância química ou mistura de substâncias químicas


utilizadas para matar microrganismos. Muitos germicidas podem ser nocivos para os
seres humanos ou para o meio ambiente. Devem ser escolhidos, armazenados,
manipulados, utilizados e eliminados com cuidado;

Exemplo de germicida químico vulgarmente utilizado: Álcool

O etanol (álcool etílico) e o 2-propanol (álcool isopropílico) têm propriedades


desinfetantes similares. São ativos contra bactérias vegetativas, fungos e vírus lipídicos,
mas não contra esporos. Para a maior eficácia devem ser utilizados em concentrações
próximas de 70% em água. Uma vantagem importante das soluções aquosas de alcoóis é
não deixar resíduos nos objetos tratados. Os alcoóis são voláteis e inflamáveis e não
devem ser utilizados perto de chamas. As soluções de trabalho devem ser
armazenadas em recipientes apropriados para evitar a evaporação dos alcoóis.

Desinfecção e esterilização pelo calor

O calor é o agente físico mais vulgarmente utilizado para a


descontaminação de agentes patogênicos. O calor seco é totalmente não corrosivo e pode
ser utilizado para tratar muitos objetos de laboratório que suportem temperaturas de 160°
C ou superiores durante 2–4 horas. O calor úmido é muito eficaz quando utilizado em
alta pressão, como no autoclave. A esterilização por vapor saturado sob pressão
(autoclave) é o meio mais eficaz e seguro de esterilizar materiais de laboratório.

A fervura não mata necessariamente todos os microrganismos, mas pode


ser utilizada como tratamento prático para desinfecção quando outros métodos não forem
aplicáveis ou não estiverem disponíveis.

A incineração é útil para eliminar carcaças de animais assim como outros


resíduos de laboratório, com ou sem descontaminação prévia. Uma incineração correta
exige meios eficientes de controle da temperatura e uma câmara de combustão
secundária. Muitos incineradores são inadequados para tratar materiais infecciosos ou
substâncias sintéticas, como os plásticos. A destruição de tais materiais pode não
ser completa e o efluente que sai da chaminé pode poluir a atmosfera com
microrganismos ou produtos tóxicos. Existe atualmente uma certa inquietude sobre os
possíveis efeitos negativos para o meio ambiente dos incineradores existentes ou em
estudo, prosseguindo assim os esforços para produzir incineradores mais seguros e mais
eficientes em relação à energia.

Oxidação e esterilização por ultravioleta


A luz ultravioleta (u.v.) é constituída pelas ondas luminosas de menor
comprimento e de alta energia. Como já sabemos é esse tipo de radiação luminosa que
pode gerar os maiores danos nos organismos e hoje temos uma grande preocupação
ambiental, visto que a radiação u.v. tem aumentado em nosso planeta. Esse aumento
está diretamente ligado ao buraco na camada de ozônio. Bom, deixando as preocupações
ecológicas de lado, quando estamos falando de esterilização a luz ultravioleta é um
poderoso instrumento de laboratório. Com a fabricação de lâmpadas especiais e os devidos
cuidados, podemos criar diferentes efeitos com a luz u.v.

A oxidação por luz ultravioleta resulta da absorção da luz a 185 nm,


produzindo radicais de hidroxil, que por sua vez oxidam materiais orgânicos ionizáveis.
Deve ser usada por recirculação da água sob o foco da luz ultravioleta. Este processo
isolado não garante a remoção das substâncias orgânicas da água. A esterilização por
ultravioleta é realizada por absorção da luz de 254 nm que destrói o DNA e RNA dos
microorganismos, causando a morte de sua célula. A eficiência de ambos os processos
depende da quantidade de luz que penetra na água e também do tempo de exposição.

A radiação ultravioleta tem baixíssima penetração nos meios aquosos. Desta


forma, estruturas especiais devem ser utilizadas, quando o objetivo é esterilizar grandes
quantidades de água.

Limpeza pessoal

Nem mesmo o uso de luvas apropriadas elimina a necessidade do pessoal de


laboratório lavar as mãos regularmente e corretamente. As mãos devem ser lavadas
antes e depois de trabalhar com a maioria dos materiais, em especial aqueles que
apresentem riscos biológicos.

Para lavar bem as mãos e obter descontaminação, bastam água e sabão. Mas em
situações de risco maior recomenda-se a utilização de sabões germicidas. Torneiras
acionadas por sensores de movimento, pelo pé ou cotovelo são ideais, pois evitam
recontaminação.

Para a descontaminação de mãos pouco sujas em situações onde a lavagem destas


é inconveniente ou impossível, recomenda-se esfregar as mãos com produtos à base de
álcool.

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