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Notas sobre Equador:

No dia anterior ao início da leitura, resolvi pela primeira vez pesquisar pelo livro e pelo autor.
Até então, tinha tido apenas o impulso instável que me levou a requisitá-lo e um esquecido
sentimento de que tinha feito a coisa certa, que o livro seria de fato agradável e interessante
(ideia que tirei de nenhures).

A pesquisa reconstituiu a sensação desoladora de que seria uma leitura aborrecida, sem
qualquer prazer. Um contínuo cansaço e fadiga, que permanece mesmo após longos
intervalos, e que não se permite um fim. E o sentimento permaneceu após as primeiras
páginas, e comecei a pensar que realmente havia errado. Deixei a leitura de lado por dois dias.

Isso fez toda a diferença. Quando, no fim do quarto dia, retomei, estava pronto para gostar da
leitura. O caráter predominantemente descritivo, e a promessa de intrigas políticas e aulas de
história (lembranças de Os Lusíadas) logo me atraíram, e pronto, estava garantido, pelo menos
para os primeiros dias, que eu passaria a maior parte do tempo possível a ler.

E isso não mudou até ao fim, algo que costumava ser raro, mas que tem acontecido muito nos
últimos meses. Dediquei diariamente muitas mais horas que as normais, para a leitura,
esgotando-a num tempo bem inferior do que a média, e do que livros menores.

E quem afinal guiou-me no caminho da bem-aventurança?

Antes de responder a essa pergunta, tenho de reunir informações:

Trama:

Ideia inicial: elaborei para mim mesmo a vaga sentença de que era um romance histórico e de
intrigas políticas. Nada mais natural para alguém que nada conhecia da obra.

Originalidade: o plano de fundo, ao contrário do que me atrevi a pensar, é bastante original.


Nunca conheci um livro que se propusesse a examinar os estertores da monarquia portuguesa
e os espasmos pos mortem da escravatura (quem sabe quantos devem haver por aí), tomando
como palco São Tomé, que nunca teve direito a nada.

Dificuldade em perceber: sei perfeitamente que pode ser apenas uma sensação e que posso
surgir daqui uns tempos com uma opinião oposta. Mas o importante é que realmente senti
isso ao longo da leitura. Parecia-me haver uma dificuldade do livro em assumir as premissas
sob as quais o livro é desenvolvido. Elas, foram, é claro, citadas, e eu as anotei. Foram
abordadas e deixadas de lado. Fica-se então umas tramas específicas muito diminutas, no
meio do mar de descrições, e, mais para o fim, romance. Infelizmente.

Drama político ou amoroso?: eu tinha lido que isso aconteceria, mas não me impediu de ser
pego de surpresa. Dentro do que eu achava que seria uma trama dominantemente política, foi
gestado um romance. Que cresceu e se sobrepôs ao drama político e moral (pelo menos
alegadamente). Aceitei isso mal. Era algo que desviava as atenções, uma quebra de
concentração não bem-vinda. Estava bom como antes. Era a desnecessária introdução da
paixão fatal. Sem contar que a asneirada do protagonista também me irritou um bocado. Tive,
no entanto, que dobrar o joelho, no desfecho. O drama amoroso chocou e ditou o político de
uma maneira bem construída, de onde não havia escapatória. E o último passo do drama
amoroso foi justamente o de fechar uma porta e forçar o protagonista a escolher pelas outras.
Não foi uma decisão passional piegas.

Idealismo e realidade: finalmente chega-se ao ponto que eu esperava ver na história. Os


conflitos morais, aqueles mesmos que pareciam abordados e depois abandonados. Os liberais
elaboram suas ideias anti-escravatura, na certeza de que elas são corretas, que precisam ser
aplicadas, e que a única resistência possível são de pessoas más, que querem escravizar
outras, simplesmente porque são sádicas. A realidade mostra, no entanto, que o que as
pessoas sentem é muito mais complexo que isso, que mudar custa, e caro, que a maior parte
das pessoas interessa-se muito mais por aquilo que lhes afeta diretamente a vida, do que por
ideias distantes. O livro nos sopra com a brisa dos atos e dos pensamentos liberais de
Bernardo, até que nos sintamos confortáveis, e então vêm os tapas, em ondas. Geralmente na
voz de algum roceiro, que conhece melhor muitos aspectos da realidade do que Bernardo, o
protagonista. E eis que encontro, dois parágrafos depois, melhor explicação para a trama.

Escravidão real e virtual: também me interessava qual a situação que se iria encontrar no
livro. Uma clara escravatura, ou algo muito mais cinzento. E até que ponto seria desenvolvida a
dúvida a respeito de como classificar aquilo que os olhos viam. Brutal ou criminoso? Ela
aparece, mais uma vez em ondas. Mas não chega a ser torturante, como eu gostaria que fosse.
Aliás, a dúvida nem é muito forte. Não é focada. São quase apenas os fatos que importam, e as
duas retóricas opostas, lançadas ocasional e politicamente. Portanto, a dúvida fica-se pelo
político.

Aulas de história: de certeza que sim. Fiquei a conhecer bem melhor a história de Portugal no
fim do século, embora essa não fosse, provavelmente a intenção do autor. Também fiquei a
conhecer outro lugar, do qual antes nada sabia, para além de que se falava lá português. Mas
também isso ficou muito diluído nas descrições.

Erros?: o autor esforça-se para ser verossímil. E tanto isso reconheci que acreditei em boa
parte do que ele nos conta. Tenho mais abaixo uma lista de supostos erros cometidos pelo
autor, inverossimilhanças, contradições, incoerências. Mas não tenho nenhuma reclamação
maior a fazer.

Estética:

Exagero descritivo: um parágrafo a ocupar três páginas, enumerações que ocupam quase meia
página, outras setenta para introduzir a personagem de David Jameson. Encharcado de
descrição. Só não digo que Miguel Sousa Tavares é incansável porque fiquei com a sensação de
que ele se cansou mesmo, no fim (parece ter ficado mais clichê, resumido mais, com menos
assunto, enfim, cansaço intelectual). Mas, de modo geral, a sua descritividade é opressiva.
Imagino como para muitos seria insuportável. Para mim, foi, afinal de contas, apenas um efeito
curioso, que ajudou (mesmo flagrando-me no desejo de saltar algumas descrições),
“temperou” a leitura. Agradava-me assumir um papel indgnado com um absurdo que estivesse
a acontecer. Descontanto esse aspecto, a escrita de Miguel Sousa Tavares é tradicional. Essa
característica foi uma das responsáveis por uma leitura fácil, sem muitas interrupções, e
rápida.

Fórmulas: ao contrário dos seus antecessores, não há espaço aqui para praticamente
nenhuma fórmula. O narrador é completamente senhor de si para criar as metáforas e
construir as frases que bem entende. Isso é um grande alívio para mim. Mas, nem sempre suas
criações agradaram-me, ou chamaram sua atenção pela beleza. Foi algo muito mais calmo,
bom mas discreto, não notável, com umas poucas ótimas frases, e também poucas más (ok,
um boadinho mais más que boas). Mesmo assim guardo uma lembrança de um homem que
diz coisas incomuns. Alguns defeitos se devem notar. Na capítulo sobre o David, este é mostra
quase como um semideus, tudo era perfeito e solene (pg 240). Pg 241, “tudo ele sonhara e
tudo tinha”; pg 242, “por mais exigente que fosse a tarefa”. Outras situações estão escritas
aqui pelo resto. Por outro lado, mesma retidão de Bernardo é vista por mim de maneira
positiva, pois foi um desafio, não uma acomodação.

Personagens e sentimentos:

Personagens: nada alcança A Guerra dos Tronos, mas tive o suficiente para desenvolver algum
sentimento pelos personagens, em especial o Bernardo. Não foram muitos, sinceramente.
Bernardo provocou-me sentimentos positivos com o seu código de ética inesperado e sua
tenacidade. O núcleo formado por Bernardo, Ann e David aparecia-me até algo carinhoso. O
que só veio aumentar o amargor de quando Ann e Bernardo resolvem envolver-se
romanticamente.

Ann, de princípio, não me evocava qualquer sentimento que fosse. Depois, cresceu uma
animosidade pela falta de ética e moral dela. Não pela traição a Bernardo, mas por gostar de
provocá-lo em público, por fazer sexo com ele nas barbas de David, e também quando
Bernardo estava com malária! Uma pessoa que faz isso é doente.

David é um bom homem. De começo não gostei muito dele, parecia ter uma ambição
perniciosa, que o levaria a atos vis, mas depois mostrou ter forte código de ética e amizade
pelas pessoas. Fiquei com pena da desgraça dele na Índia, queria que ele conseguisse resolver
a situação.

Sentimentos: lembro-me de sentir alguns. Raiva, daquilo que eu considerava injustiça.


Vontade de que tudo tivesse dado certo para David na Índia.

Tinha um misto em relação à missão. A velha certeza de que Bernardo estava a fazer o certo,
até levar tapas da realidade. Certa raiva do pensamento inflexível dos ingleses, que se
recusavam a ver os esforços, mas apenas os resultados. Vontade de não ler certos trechos que
poderia indicar uma quebra de confiança das pessoas em Bernardo, ou um tapa maior.

Mas claramente, mais para fim, senti-me mais vazio. Nenhum dos sentimentos dos
personagens encontrava eco em mim (tenho a sensação de que no começo era diferente, pelo
menos foi, na pg 145, mas lembro uma exceção, pg 191 e 192, cansaço e solidão,
respectivamente). Só senti uma reminiscência de pena ou dor com o desfecho último.
A trama é boa, mas não é ótima. Fui agradavelmente a velejar pela história, não porque fosse
excepcional, mas apesar de alguns problemas, e principalmete por um bom ritmo impostos
pela compridez descritiva do autor. A estética é exótica e acima da média. Mas a mim parece
que a história, aqui vista como a sucessão de acontecimentos da vida de uma pessoa, ou
população, que age como uma cadência em mim. Dita um ritmo constante e agradável. Foi isso
que me fez chegar ao fim da leitura com um enorme gosto, e não a excepcionalidade da obra.

Restos:

Logo de princípio, senti a opressiva seriedade histórica do livro, na forma de uma sensação de
que todos os outros livros tinham histórias absurdas, e não poderiam ser jamais o mesmo tipo
de literatura que Equador é. Na altura, pensei mesmo que não eram literatura. Como poderia
A Guerra dos Tronos e Artemis Fowl serem levados a sério como livros, se tinham histórias que
eram completamente não-sérias? Mas essa sensação foi depois esquecida.

O autor não seguiu inteiramente o ponto de vista de Bernardo, nas primeiras páginas. Alternou
uma vez para Matilde, e outra para o rei Carlos I. Imaginei que isso não iria continuar. E foi
apenas meia verdade. Nas primeiras páginas, continuou a haver alternância, mas o
personagem principal era o Bernardo. Com o tempo, elas rarearam, havendo quase que
apenas o enorme capítulo dedicado do David Jameson. Em algumas poucas situações, ainda, o
ponto de vista desaparecia (por exemplo, durante a conversa de Agostinho e Bernardo, na pg
140), por algumas frases ou parágrafos.

Também, as sentenças que o autor elabora tendem a ser compridas. Não com o exagero
proposital do Saramago, mas menor, mais inconsciente, até mesmo mais natural. Às vezes tive
de ler duas vezes para conseguir agrupar corretamente os termos das frases. Depois das cem
primeiras páginas, não tive mais problemas.

O autor é sutilmente desbocado. Se tiver de usar palavrões, usa-os.

O humor é muito raro. Identifiquei-o apenas quatro vezes, uma delas está anotada aqui. Outra
foi a respeito das conversas sobre a música que Bernardo ouve à noite, no terraço, na pg 149.
Na pg 140, Bernardo pensar se convidaria o monsenhor para dançar com ele. E finalmente, na
pg 79, “uma lista daquilo que alguém, que não ele, levaria para São Tomé, se algum dia
aceitasse ir para lá viver durante três anos”.

Terminei a leitura um alguma dor de cabeça. Claro, passei a tarde inteira a ler.

Tal como apareceu em Saramago, o autor tende a comer umas palavras, coisas escrever “nada
de maior”.

Algumas palavras que eu conheço são usadas em sentido bastante diferente: cometer, pg 514,
com sentido de atribuir; arrecadar, fpg 463, com sentido de acumular; realizar, pg 383, com o
mesmo sentido que o seu cognato em inglês; bastas, pg 335, com o sentido de bastantes.

Erro: o narrador parece ter esquecido do começo da história, quando Bernardo foi uma vez a
São Tomé, que tinha uma empresa que navios que iam a São Tomé. O resto da narrativa
decorreu como se nada disse tivesse existido. Se os barcos dele iam a São Tomé, porque nunca
foram citados durante a estadia de Bernardo?

Ficou uma ponta solta, ninguém esclareceu a história de David ter ameaçado Ornellas com um
relatório devastador por causa do romance de Ann e Bernardo. Tem qualquer coisa aí.

Incrível, David, mais um ano a viver em São Tomé e não enviou ainda relatório algum.

Os telegramas têm uma linguagem esquisita, não é?

Tal como esperado, a maioria das visitas às roças foi saltada. Nesse ponto, Miguel Sousa
Tavares não fugiu à regra entre os escritores (e quem seria exceção: estou a pensar em James
Joyce).

Entre junho do primeiro ano e março do segundo, houve um grande salto. Algo meio anormal
para quem gosta de descrever exaustivamente.

As sensações de salto foram raras, e maior das vezes devido a algum trecho que eu queria
anotar mas não lembrava qual.

Os ingleses têm, nessa altura, uma honra muito superior à dos portugueses. Um caso como o
de David, se fosse com um português, nunca teria levado à demissão.

Deixa-me ver… O palácio do governo é pouco fundo, mas largo. Possui dois andares. Duas
varandas? A parte de trás e um das laterais apontam para o mar. A parte da frente, onde fica a
varanda do quarto, para o jardim. Na pg 125, a descrição talvez contradiga essas ideias (pelo
que parece, as costas do palácio estão voltadas para a rua), mas não há certeza.

Apresenta-se o Veríssimo (em que pg?) como se fosse algo casual, mas afinal não era.

Achei invulgarmente brusco e resumido também a narração da saída de Angola (pg 116), e a
pisada em terra, em São Tomé (pg 121).

Pg 101, consigo sentir bem os sentimentos desesperadores de Bernardo. Acho que foi por
causa da minha recente viagem ao Brasil.

Pg 94, sobre o sentimento de caça, caçador e recompensa, consegue dizer coisas importantes,
e da forma certa. Gostei.

Senti-me ofendido com, na pg 504, o Sebastião dizer que mulher demasiado bonita quer dizer
desgraça. Sim, machista.

Há agora após o fim, é como se todos os outros fossem parasitas e tivessem sugado a vida de
Bernardo, e ao fim, voltado à sua normal rotina. Nada de interessante aconteceu.

Irrita-me um pouco pensar que a população acredita que as posições políticas de Bernardo se
devem ao fato de ter relações sexuais com a esposa do embaixador.

Será que sou capaz de descrever, por mim próprio, o Bernardo?


Tive uma ajudinha do resto do livro, infelizmente (no entanto, gosto de pensar que ainda há
algum mérito meu). Mas cá está:

Bernardo é um indivíduo de vida social fácil, algo boêmio, fútil, não muito politicamente
correto, acomodado e hedonista.

Não, ele não é auto-destrutivo. Ele consegue levar uma vida normal, como qualquer pessoa.
Mas, acomodado como era, não se dava ao trabalho de ser ambicioso, de criar compromissos,
de ter luxos, nada que pudesse criar desconfortos, atrapalhar sua liberdade de solteiro, seus
pequenos prazeres sociais.

Não, ele não é desprovido de ética. Pelo contrário, ele é bastante liberal. Mas sempre foi só
um liberal de convívio social. E, para além do mais, cético em relação à principal disputa
política de então: monarquia x república (também eu o seria). Nunca põs em prática nada do
que pensava. Mas foi capaz de, por exemplo, envolver-se com Matilde sem tanto
compromisso, e de maneira perigosoa. E se viu menos vítmia de culpas do que eu gostaria.

Bernardo é então capturado por um enredo de conspiração de circunstâncias. Desde


oportunidades únicas, a pedidos que lhe mexiam com o código de ética adormecido, até à
necessidade de fuga de Matilde. E de princípio, não vejo muita credibilidade em Bernardo.

E aqui, sou pego de surpresa com o novo Bernardo, com ares de Eddard Stark. Com um código
de ética forte e intransigente, uma solidão, sofrimento e abstinência nunca antes vistos.
Acostumei-me, gostei e passei a torcer que permanecesse sempre assim. Por isso,
decepcionei-me com os envolvimentos amorosos que ele teve.

Durante a maior parte do tempo nos parece que ele está a fazer um ótimo trabalho,
humilhando conservadores. Mas por outro lado, percebemos que ele não teve a atitude certa,
que não foi sutil o suficiente para não comprar briga aberta, e assim afastar completamente a
possibilidade de um acordo. Tentou operar milagres, em vez atribuir doses homeopáticas.
Então as vitórias dele sabem a nada. Depois, o segundo grande erro foi ter-se aproximado
demais de David e Ann, porque se sentia solitário, e assim dando uma imagem ainda mais
negativa dele próprio. Mas a maior burrada de todas foi o romance com Ann. Ele deixou-se
levar por desejos baixos e arruinou tudo apenas por causa disso (eu nem sequer queria que
Bernardo fizesse nada sexual, para não estragar sua nova honra). O maior inimigo da sua causa
era, afinal, ele próprio. O romance ia dar para o torto, e deu, de maneira desvastadora.

Sem contar que muito me decepcionou. Tinha aprendido a gostar da amizade do casal com o
Bernardo, pensando que era só uma amizade.

Não que tenha sido errado defender os negros no tribunal, nem acabar com a revolta sem
derramar sangue. Isso foi absolutamente certo. Mas talvez Bernardo tivesse sido mais feliz se
nessa altura tivesse construído uma amizade.

Bernardo, embora tenha cometido erros decidivos, mostra frequentemente a habilidade com
as palavras necessárias justamente para evitá-las. Por exemplo, na pg 291, ele esclarece que
quem determinou a mudança não foi ele, mas o governo, que é necessário que o inglês
acredite que não há trabalho escravo em São Tomé, assim retirando de si alguma da culpa. Ele
fez isso outras vezes (carta, na pg 282, aos roceiros, sobre a chegada do cônsul; no almoço com
os roceiros, pg 173).

Mas, recorrer às palavras ‘a missão que me foi confiada pelo rei’ com enorme frequência
mostra dificuldade em impor autoridade, ou que pelo menos ele não sabe como o fazer.

Pg 493, apesar de tudo, Bernardo ama a ilha de São Tomé. Então, aquelas descrições da ilha
como um desterro resumiam-se mais ao seu papel naquela ilha do que ao fato de lá estar.

Quem foi que disse ao Bernardo que a sua missão era acabar com a escravidão? Desde o
começo penso isso.

O trecho em que Bernardo vê David a pescar serve para mostrar que David vai sobreviver
mesmo sem Ann?

Bernardo era forçado a escolher entre duas desonras, ser preso por adultério, a desonra sem
amor, e fugir com Ann, a desonra com amor. Ele, obviamente, escolheu a segunda. Mas logo
descobriu que essa opção na verdade não existia. Havia então apenas a desonra. Ele não a
queria, escolheu o terceiro caminho, o mais honrado de todos, talvez.

Não senti nada: Bernardo, após o aviso de Ornellas, começa a trabalhar furiosamente. Após a
primeira conversa com Ann, pelo contrário, ele passar o verão depressivo. Estranho, não?

Trechos:

Não tenho a certeza de ter entendido tudo. Fpg 62, Bernardo viu-se a desejar (e não pela
primeira vez), a vida parada de uma paisagem semirrural. Lembro-me de ler um trecho onde
ele sentia frustração pela vida de Lisboa onde tudo acontecia apenas falsamente. Havia
qualquer coisa no ar parecida com tédio. Acho mesmo que um sinónimo dessa palavra foi dito.
Acho que, se eu tiver lido bem, ainda consigo explicar isso. É que ali, naquele lugar, havia algo
que lhe parecia mais autêntico, quente e confortável. Mas, na pg 63, diz-se que Bernardo
amava e compreendia o mundo de Lisboa. Penso, talvez, que tenha sido a voz do conformismo
a falar, aí.

ALERTA: cometi um grave erro. Por alguma razão, eu pensei que a Insular fizesse o percurso
Lisboa – São Tomé, e que Bernardo tinha ido para lá uma vez. Portanto, todos os erros que
anotei a esse respeito são de fato erros. Meus.

Pg 10, “aniversário do Rei Eduardo VII”. Entendi adversário.

Pg 12, “paixão do estado do mundo”. Que?

Fpg 13, “Naquele instante precisamente, no comboio de Lisboa para Vila Viçosa”; pg 14, “ei-lo,
pois, de caminho até ao Paço Ducal dos Braganças”; fpg 15, “Ali, no comboio para Vila Viçosa”.
Todos eles trechos solenes. Não gosto.

Pg 17, “…o marido estava em Lisboa a trabalhar e que ela passava férias ali”. Ah, entendi.
Pg 19, “…deu um passo à frente, fazendo menção de esperar que ela o acompanhasse na
retirada”. Por que? Se ele fugia dela.

Pg 22, “…os solteiros iam à vida e ficavam apenas os homens de família. Só havia um destino: o
casino”. Para quem?

Pg 23, “…daquelas manhãs nubladas, que recolhiam as crianças e os banhistas na areia, longe
do mar.”. Estranho.

Pg 25, “estupida e incompreensivelmente”. Palavras de quem está motivado pela mágoa.

Fpg 30, essa é uma segunda carta?

Fpg 31, “longe dessas armadilhas em que você parece perito”, ah, é a pateta que estava longe
das armadilhas, não Bernardo!

Pg 32, o tom em que Matilde pede confirmação das intenções de Bernardo é muito estranho.

Pg 32, “se vier por mal”, que seria mal aqui?

Pg 35, não entendi o que são as portas, no sistema de caçada. Aliás, não entendi muito bem o
sistema como um todo. Enxota-se de direções diferentes para o mesmo lugar,
alternadamente?

Fpg 36, “…um decreto que… não se compadeicia com a satisfação prévia da vaidade dos
políticos do Terreiro do Paço”. Não entendi.

Pg 37, “Mal com o governo por amor d’El-Rei, mal com El-Rei por amor da Pátria.”. Não
entendi.

Pg 39, as perdizes conseguem voar. Mas se elas têm essa capacidade, por que não voavam alto
para fugir ao grupo. É claro que tenho uma solução, elas não tiveram a inteligência necessária,
continuaram a pensar que bastava seguir o trajeto. Mas para convencer, num livro, isso
precisaria ser enunciado.

Fpg 41, “varandas de ferro forjado”. Supus logo que eram as proteções.

Fpg 42, “uma elegante construção… acolhia os aposentos reais, como se fose apenas a casa de
serviço ao Palácio”. Como pode-se fazer uma comparação dessas? Os aposentos reais não
podem ser uma casa de serviço ao palácio.

Pg 43, “Aliás, com ou sem caçadas, essa é a fama que eu tenho”. Qual, a caçada ou a fome
voraz?

Pg 44, “damas de honor”. Sem itálicos.

Fpg 45, “…ser fornecedor habitual ao Palácio das ameixas de Elvas”. Demorou um tempo até
eu agrupar corretamente.

Fpg 47, o último parágrafo pareceu-me formulático e solene.


Pg 48, “um e outro excelentes”. Só agora entendi. O Porto Delaforce é um vinho, e não um
café. Eu cheguei a pensar que não poderia haver uma café com 60 anos.

Pg 49, a varanda da sala onde o rei tem sua reunião particular com Bernardo está, afinal de
contas, no mesmo nível do jardim. Mas páginas antes eu havia lido algo sobre uma “varanda
sobre o jardim”. Deve ter sido outro compartimento.

Fpg 53, “jamais, aliás, alguém lhe ouviria qualquer palavra”. De quem? Do conde de Arnoso ou
do Mouzinho?

Pg 65, vejo certa contradição entre dizer que os jantares não era particularmente divertidos e
o conforto que eles proporcionavam.

Fpg 68, não senti essa sensação de conforto físico e indolente.

Pg 72, “Não vá o diabo tecê-las”. Expressão, significa ‘não vá uma desgraça acontecer’.

Pg 77, “darei-lhe conhecimento prévio”. A quem?

Pg 77, “…que antes de vir para a Insular, navegara entre Lisboa e São Tomé”. Mas a Insular vai
para São Tomé!

Pg 77, “depois disse para a sua secretária que passasse todo o expediente do dia para o seu
chefe de escritório”. Gostaria que isso estivesse mais explicado.

Pg 81, “e as turbas”, em vez de “as turbas”.

Pg 85, “sentou-se na cama viu-se”. Onde está a vírgula?

Pg 88, “…não queria ver agora o seu peito de fora da camisa…”, acho que não entendi muito
bem o propósito da frase. Falta explicar.

Pg 91, “únicos momentos em que a mesa do comandante… era tudo o que restava do mundo
conhecido que deixara para trás.”. Essa frase está mal. No resto dos momentos não há sequer
nada que lhe lembre o mundo passado. Ou será que é exatamente esse o sentido da frase? Se
for, está a usar palavras diferentes.

Pg 91, a espuma se formava abaixou da hélice? Não seria em redor?

Pg 92, “mundo desconhecido”. Mas ele não tinha ido a São Tomé uma vez?

Pg 95, “E depois, admitindo que tudo se pudesse desenrolar de seguida anormalmente


bem…”, quer dizer, sem haver derramamento de sangue? Porque o que se segue não é nada
bem.

Pg 101, “…ele acariciou a madeira das guardas de protecção, como se acareasse todo o seu
pasado que ia fugindo no horizonte.”. Acho que não entendi.

Pg 105, “uma cortina de pó que era como que uma bolha suspensa sobre a cidade.”. Que
estranho.
Fpg 105, “uma lágrima absurda enevoou-lhe os olhos, mas era da poeira…”. Interessante. A
negação do protagonista é transformada em negação do narrador.

Pg 107, “abanões políticos”. Adorei.

Pg 113, agora entendi o trecho da explicação do governador ao ministro. Menos isto: “…não
podem levar pretos na condição de escravos ou libertos”.

Pg 115, não senti o cansaço intelectual de Bernardo na altura. Mas agora, que escrevo, sinto.

Pg 121, “uma hora a menos que Lisboa”. Senti bem essa nostalgia.

Pg 125, “sobre a direita”. Expressão estranha.

Pg 125, “abertas sobre a fachada do primeiro andar”. Não seria ‘sob’?

Pg 132, “butler”, soa meio deslocado, pop.

Pg 135, “Ao fim de um mês, prometo-te que as pretas vão-te parecer mulatas…”, e resto.
Ótimo. Com grande sabedoria, verdade se diga.

Pg 131, foi servido na varanda. É de se supor então que a varanda seja no andar térreo?
Depois, uma mesa na varanda? Pg 134 parece confirmar a ideia de ser a varanda no primeiro
andar. Mas não é possível, tem de ser outra varanda. Não pode haver lá mesas. E, depois, o
descer para o andar de baixo, na pg 134, pode ser muito bem após ir na parte de cima.

Pg 135, “corpo de deusa grega, pintado de negro”. Bom.

Pg 136, “…afogueado em tantos berros, tantas ameaças de chicote, tantas ordens gritadas aos
quatro ventos”. Hã?

Pg 136, o antecessor de Bernardo morreu em Lisboa antes do fim do mandato. E o jantar de


despedida oferecido a ele?

Pg 137, a secretaria é dentro do palácio do governo. Cheguei ao fim do livro e não entendi isso
de todo.

Pg 140, quem se levantou a secretária? Parece ser Bernardo.

Pg 142, ataque dos mosquitos aos braços de Bernardo. Ele estava em mangas de camisa?

Pg 149, “enxotados pela sentinela de serviço”. Ah! Entendi. O soldado que guardava a entrada
do palácio.

Pg 149, “…a voz do povo atribuía ao próprio Luís Bernardo, que faria sair do gramofone os
lamentos silenciosos”. Ou seja, Bernardo teria gravado a si próprio? E, depois, lamentos
silenciosos?

Pg 151, “…e uma discreta faixa azul-celeste cruzando o peito até à cintura.”. Discreta como
uma faixa de presidente, não é?
Pg 158, “inevitável varanda sobre a baía”. Que varanda é essa? A que conheço é voltada para o
jardim. E, usa-se, a palavra inevitável, tal como se usaria depois.

Fpg 161, “Ainda entre as maiores, havia S. Miguel e Santa Margarida, as mais importantes
entre o rol que tinha nomes de santos:…”. Agora entendi.

Pg 176, tinha deixado o relógio na mesa, ao alcance da mão. E o mosquiteiro? A mesa estava
dentro do mosquiteiro, por acaso?

Pg 176, “da cor do Sol afogando-se no mar”. Gostei.

Pg 176, “e chegou a Casa Grande”. O som demorou assim tanto tempo a atingir a casa grande?
Mas como então poderia-se antes falar do som se Bernardo não o ouvia?

Pg 176, “pelo sol que tinham deixado para trás”. Sol? De que é que está a falar, acabou de
amanhecer? Será que é de Angola?

Fpg 176, “Mas não, não era um cântico: antes um lamento cantado.”. E não é a mesma coisa?

Pg 179, “e nenhum doente gemia nas suas camas”. Dá a impressão de que não há doentes.

Pg 197, “fez uma pausa para que o outro percebesse bem que o governador pensava que o
curador fazia por estar a par de todas as suas andanças.”. Hã?

Fpg 203, “…a diferença de tais jardins estarem situados em climas mais mortíferos para a vida
simiesca”. Acho que o trecho foi mal elaborado. Tendo-se em conta que São Tomé tem um
clima mortífero, seria necessário explicação suplementar sobre os clima dos jardins.

Pg 204, “Mas também, ‘com efeito… declaro que haverá sempre infelizes, mas que é possível
deixar de haver miseráveis’.”. Isso é um pensamento de Bernardo introduzido sem declaração.
Depois, não entendi nada.

Pg 207, “…habitar a sua ausência”. Li ‘habituar’. Mesmo assim, é um trecho em que ‘habitar’
tem um sentido incomum, o de preencher.

Pg 208, mas Bernardo não passou em Trindade pela manhã, mas sim à noite. Erro.

Fpg 208, o pai de Maria Augusta morreu logo após o casamento dela? A cronologia é confusa.
Casamento dela, morte do pai, morte do marido e vida atual.

Pg 210, “rendição em vida”. Não sei porque acrescentar ‘em vida’. É desnecessário.

Fpg 219, “…para um dia que não estivessem tão carregados de nunves.”. Agora sei que não é
tão literal.

Pg 227, “que não os nomes de família dos personagens…”. Quer dizer que não mudavam as
famílias.

Pg 227, “Essa sua abordagem à Índia, essa sua filosofia, essa sua capaicidade de entendimento
e de perspectiva”. Explicatividade tosca.
Pg 230, diz-se que David tinha influência junto do vice-rei da Índia. Três páginas antes, diz-se
simplesmente que “ele era alguém”. Isso não me parece muito coerente.

Fpg 243, Buphinder. Não tinha entendido nada da sua descrição, porque pensava trata-se da
mesma pessoa de antes.

Pg 249, “como garante da paz”. ‘Garantia’. Erro ou palavra usada com outro sentido?

Pg 252, como é que os jogadores poderiam reentrar no jogo se só havia duas sessões e era
proibida a saída, no meio delas? Será que ele permitiam a saída, se o jogador em questão
estivesse a perder? Erro.

Pg 270, “onde a luz da lua cheia desenhava… sombras de mistérios por decifrar”. Não captei.

Fpg 271, “…restrito escol dos que tinham como destino governar verdadeiramente a Índia”.
Mas na pg 235 diz-se que não são os governadores que governam a Índia.

Pg 276, “…que olhavam a direito nos olhos dos seus interlocutores, como se neles coubesse
toda a inocência ou toda a audácia do mundo.”. Não aceitei.

Fpg 277, e Sebastião acompanhava Bernardo? No começo, ele disse para Sebastião não ficar
na sala com ele.

Fpg 278, “Nenhuma intimidade, por mais inóspitas que sejam as condições que a tornam
recomendável, se consome numa simples noite.”. Não entendi. Acho que ‘consumir’ tem o
mesmo sentido de ‘consumar’.

Pg 280, não entendi a necessidade de traduzir árabe para português.

Pg 285, “…as mentalidades de gente que nada tinha a ver com ele nem percebia bem ao que
vinha…”. Ao que Bernardo vinha. Entendi.

Pg 292, “pondo a escrita em dia”. Significa ‘pôr a conversa em dia’.

Pg 292, “novidades da cidade e da técnica”. Técnica? Qual o sentido da palavra?

Pg 296, “inevitável igreja”. Gostei bastante.

Pg 296, “problemas de maior”. Palavra comida.

Fpg 302, não entendi, nada bem, a parte dos peixes voadores e da fina luz que marcava o
ponto onde a noite de São Tomé morria. Não faz muito sentido. Como assim uma luz pode
marcar o ponto onde uma noite morre?

Fpg 303, “Uma vez que a simpatia do casal inglês por João fora recíproca e imediata, aqueles
quatro seres… tinham decidido tacitamente não haver lugar a conveniências que os
impediriam, sem razão plausível e ali deslocada, de beneficiarem mutuamente da companhia
uns dos outros.”. Ali deslocada?

Fpg 305, mas Bernardo ouvia música era na varanda, não no terraço. Erro.
Pg 314, a cor do mar se refletia nos olhos de Ann. Então ela não poderia estar de costas. Não
foi narrado então o momento em que Ann se vira para frente do mar. Ou, ‘refletir’ aqui não é
literal.

Fpg 314, “até o voo mais próximo de um morcego”, não seria “até que um voo mais próximo”?

Pg 315, pensei que o despacho do expediente fosse com o secretário.

Pg 317, enquanto fazia sexo com Matilde, Bernardo conseguia ouvir os sons da cidade? Não
me parece.

Pg 318, “Era como se o Universo inteiro tivesse parado ali e ele tivesse vindo dar à costa,
sobrevivente de algum naufrágio”. Sem apelos para mim.

Fpg 321, “dobrou-a pela cintura”. Nem consigo imaginar esse contorcionismo.

Pg 323, “no alto da colina”. Mas não era uma praia? Será que todas as praias de São Tomé
possuem colinas?

Pg 330, “saudade indizível”. Não tinha gostado, parecia uma maneira de escrever algo que não
se sabia escrever. Agora parece que a coisa mudou, parece haver uma graça e um apego à
combinação dessas duas palavras. É assim que funciona o apego meu a algumas construções.

Pg 331, “A rosa-louca deixara o seu perfume ensopado na humidade que flutuava no ar.”. Não
gostei muito.

Pg 333, “a dureza dos bicos ao aflorar dos seus dedos”. Aflorar?

Pg 334, apertou a abertura de Ann com dois dedos? Acho que agora entendi. A entrada.

Pg 335, “pois que constatara”, em vez de “pois constatara”.

Pg 335, “San Niclá”. O nome é alguma referência?

Pg 347, “Se não era honesto, fora pelo menos sincero.”. Não são sinónimos?

Pg 353, “…requer uma interpretação política que, salvo melhor opinião, não cabe ao Exm.o
senhor procurador…”. ‘Salvo melhor opinião’, estranho.

Fpg 371, o último parágrafo, o de querer deitar fora o telegrama, é um dos que me parecem
bruscos, e mostram alguma preguiça.

Pg 374, “ou porque ele tivesse julgado que tal notícia convocava a benevolência geral das
autoridades…”. O fato de ser algo incomum, mais a palavra ‘convocar’ ser usada num sentido
incomum, fez com que eu não entendesse.

Pg 382, “Ouviu os passos dela subindo a escada ao seu encontro, como quem espera que uma
janela se abra e entre, contra a penumbra de um tempo suspenso, a claridade de um dia
novo”. Não tinha entendido nem gostado. Agora entendi, mas não sei se gostei.
Fpg 393, “E Luís Bernardo sentiu, com remorsos, que ele tinha razão. Não apenas por Ann.
Havia mais qualquer coisa – e nessa mais qualquer coisa, David continuava a ter razão.”. Não
percebi. Culpei o livro.

Fpg 397, “que me dera funcionar como os militares”. Por que? Não entendi. Tendi a culpar o
livro.

Fpg 398, “comeu qualquer coisa à pressa e voltou a descer as escadas”. Comeu na parte de
cima?

Pg 404, “e brancos em cujas expressõs se adivinhava uam sensação de conforto reforçado”;


“havia medo no ar, entre os brancos”. Seguido. Erro.

Fpg 413, “Só sabia que não poderia haver recuo nem compromisso.”. Que compromisso?

Fpg 428, Bernardo conseguia, de uma distância não desprezível, ouvir exatamente a conversa
entre David e o capitão do barco?

Pg 432, “…olhou mais uma vez as estrelas do céu. Todas elas indicavam o caminho de casa”.
Que? Não gostei.

Pg 434, “normalmente ornamentado com as armas reais”. ‘Normalmente’ tem um sentido


diferente, mas ainda não sei qual.

Pg 440, “além do bispo, que podia ser considerado de sexo neutro”. Raríssimo humor.

Pg 440, descrição dos sentados na mesa. Não acompanhei.

Pg 441, “um peito exuberante, subido, como montanhas desafiando um conquistador.”. Não
gostei muito.

Fpg 441, “quatro para uma mesa de bridge”. Quatro pessoas, palavra comida.

Pg 444, em princípio não entendi bem que tinha a ver o apertar de mão de Ann com a
compreensão do discurso de Bernardo. Agora sim.

Pg 447, “No terreiro, à roda dos salões da Casa Grande”. Ao redor? Mas, se foi dos salões,
então foi da Casa Grande inteira. Ou não?

Pg 448, “acabou por ficar só par do reino”. Hã?

Fpg 450, “Às seis da tarde, Luís Bernado foi chamado pelo secretário do ministro ao seu
gabinete”. Agora entendi. Significa que Luís Bernardo estava em outro lugar.

Fpg 451, mas o escritório de Bernardo não era o seu mundo. Passava mais tempo fora que
dentro.

Pg 452, “ler nos outros”. Expressão.

Pg 458, pôr do sol às sete da noite? Impossível. Erro.


Pg 459, “como se toda a ilha se tivesse despovoados de repente e, por entre os sinais de
abandono e de solidão, ele buscasse os sinais da passagem de Ann para não morrer de
loucura.”. Não gostei.

Fpg 462, anotei um trecho sobre dois planos. Não consegui encontrar mais a que se referia.

Pg 464, “às suas horas de claridade ou de sombra, aos seus ruídos e silêncios”. Odeio trechos
que começam com “às suas” e depois emparelha duas qualidades opostas. Clichê.

Pg 467, Gabriel curado. Então já deve ter passado muito tempo. Duvido. Para curar uma
fratura exposta tem de ser muito tempo, assim penso.

Fpg 469, “era por causa disso que ele vai”. Formação estranha.

Pg 475, “serradura fresca alimentando os fornos”? Fornos alimentados com serradura? E o que
seria serradura, aqui?

Pg 478, “quem saberá de nós senão nós mesmos? Nenhum de nós tem nada a perder”, Falso.
Parece-me preguiça do autor.

Pg 479, “inúeras ofensas contra as pessoas dos indígenas, que é impossível descobrir”. Hã?
Palavras comidas?

Pg 483, “…para proceder ao repatriamento, uma vez por semana e até ao final do mês”. E por
que não durante tempo indefinido? Antes eu via isso como preguiça do autor, mas agora me
parece natural que se prevenha somente o primeiro mês.

Pg 483, “espero bem que o barco não volte vazio”. Voltar? Mas não seria “partir”?

Pg 485, Ann diz a Bernardo que aquele vai ser o último Natal dele em São Tomé. É falso, ainda
haverá o do ano a seguir. Erro.

Pg 488, “discreta fuga para a imprensa de Lisboa”. Hum? Fuga?

Pg 496, “julgava saber o que ele pensava”. Quem, David ou Bernardo?

Pg 498, Bernardo acahva que conseguia ver o barco de David da janela do palácio do governo?
Mas o lugar de onde David partiu não era um bocado afastado?

Pg 499, o Sebastião e a Doroteia dormiam? Mas era cedo da noite, ainda! Ou não era? Mesmo
que fosse tarde, dez horas da noite, Sebastião não estaria a dormir ainda.

Pg 501, a varanda que dá para o quarto. Essa varanda é esquisita. Dez metros de distância até
o quarto? Essa varanda se parece como, estavamente? Imagino-a então meio coberta. Mas
precisava que o narrador tivesse dito.

Pg 505, há um corredor dentro do quarto? Ah, compreendi agora. “Luís Bernardo subiu as
escadas para o seu quarto. Havia uma vela na cómoda do corredor…”. Está a retornar a uma
ação de antes de chegada ao quarto.
Pg 509, “Porém, e porquer antes mesmo de esta carta Vos chegar às mãos, receberá Vossa
Majestade outras notícias acerca da minha pessoa, nessa altura compreenderá que não é
legítimo…”. Não entendi a estrutura.

Pg 510, “outra vela apagada nas suas mãos”. Por que outra vela? Isso é sugestão de que
aconteceu algo à primeira?

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