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NATURAIS
RELATÓRIO FINAL
Fase/Período:9
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Brasil se destaca por fazer uso do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), sendo este, um dos instrumentos do
protocolo de Quioto que tem como objetivo colaborar junto aos países desenvolvidos para
a redução de emissões de carbono. Assim, dispondo deste importante papel, é interessante
para o país a utilização de fontes alternativas de energia, sendo para geração elétrica ou
como fonte de calor, visando sempre a redução das emissões de carbono e gases de efeito
estufa. Assim, um grande percursor de energia alternativa e mais limpa é o Biogás, que é
um combustível caracterizado pela mistura de diversos gases, sendo predominante o gás
carbônico CO2 e o gás metano CH4, que podem ser obtidos por meio da digestão
anaeróbia da matéria orgânica em biorreatores. Neste contexto, o presente projeto tem
como objetivo a concepção de um sistema para biodigestão anaeróbia de dejetos bovinos,
tipo de substrato abundante em território Brasileiro devido a preponderância da pecuária
no país, e consequente captura e medição de biogás. A produção de gás registrada e a
energia possível de ser gerada por este gás, será comparada com valores presentes na
literatura. Além disso, o projeto busca identificar o tempo ideal de degradação da matéria
orgânica, identificar se ocorre de modo mais eficiente a degradação da matéria a seco ou
diluída em água e qual a proporção ideal de água, analisar se o dejeto deve ou não passar
por um processo de homogeneização no digestor e identificar a quantidade de gás gerado.
Dessa forma, espera-se contribuir de maneira eficiente com a literatura por meio de dados
coletados no protótipo do biodigestor. A metodologia aplicada consistirá no
acompanhamento da degradação com auxílio de aparelhos para medir a produção do
biogás, juntamente com sua purificação, além de análises químicas, como demanda
química de oxigênio (DQO) e demanda bioquímica de oxigênio (DBO) presentes nesse
material orgânico, além de teste de pH.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7
2 OBJETIVOS PROPOSTOS........................................................................... 10
3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................ 11
4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................... 19
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 27
6 CONCLUSÕES ............................................................................................. 28
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 29
1 INTRODUÇÃO
Com bruscas variações no clima da Terra, a temperatura varia para o mais alto e
severo estado, atingindo toda a Biosfera do planeta e afetando a saúde de todos. Variações
tão altas que podem até mesmo secar rios e lagos; comprometendo um bem que além de
essencial para a dessedentação é fundamental para o desenvolvimento tecnológico no
Brasil onde as principais fontes de geração de energia vêm de usinas hidrelétricas, e estas,
influenciadas pelas variações térmicas diminuem o volume de água nos reservatórios,
comprometendo a sua eficiência.
Para tornar possível qualquer que seja o desenvolvimento tecnológico e
científico no mundo é necessário o uso de energia, podendo ser renovável ou não. No
Brasil, segundo o MME a Matriz Energética brasileira é a mais renovável do mundo
industrializado, sendo as usinas hidrelétricas ainda a mais predominante, responsável por
75% da eletricidade do País, e 45,3 % são de fontes renováveis, como energia solar, eólica
biomassa, etanol e recursos hídricos; o restante são provenientes de fontes não renováveis
como petróleo, gás, carvão e nuclear.
Mesmo com tantas tecnologias existente a demanda por energia sempre
aumenta, tornando necessário investimento científico em outras áreas para suprir a
necessidade da sociedade, tanto em consumo doméstico como industrial, e para atender
essa demanda as energias renováveis possuem diversas vantagens comparada às não
renováveis, seu impacto ambiental é menor quando comparado às fontes de combustíveis
fósseis pela produção mínima de dióxido de carbono e dos demais gases que colaborem
para o efeito estufa. Os riscos apresentados pelas fontes renováveis são menores
equiparados a energia nuclear, seu uso permite conduzir a investigação em novas
tecnologias que permitem melhor eficiência energética, além de reduzir a dependência
energética dos combustíveis fósseis. A Figura 1 apresenta a distribuição de energia
elétrica no Brasil segundo os dados extraídos do balanço energético nacional de 2014
apresentado pelo Ministério de Minas e Energia (MMA). Por esta observamos o destaque
do Brasil na utilização de energias renováveis, dado este que apresenta 74,6% da oferta
interna de eletricidade no país.
Figura 1: Gráfico de distribuição de energia elétrica no ano de 2016 e 2017
3.2 Biomassa
Segundo o Ministério MME (2007) e a ANEEL, o termo biomassa compreende a
matéria vegetal gerada pela fotossíntese e seus diversos produtos e subprodutos derivados
das florestas, de culturas e os resíduos agrícolas, os dejetos animais e a matéria orgânica
que é contida nos rejeitos industriais e urbano. Essa matéria contém energia química
acumulada através da transformação energética da radiação solar e pode ser diretamente
liberada por meio da combustão, ou ser convertida através de diferentes processos em
produtos energéticos de natureza distinta, tais como: carvão vegetal, etanol, gases
combustíveis e de síntese, óleos vegetais combustíveis e outros. (MME, 2007).
Deste modo, todo e qualquer recurso renovável oriundo de matéria orgânica,
sendo esta de origem animal ou vegetal podem ser utilizadas na produção de energia. As
fontes mais utilizadas para obtenção de energia através da biomassa são: cana-de-açúcar,
lenha, carvão vegetal, restos de vegetais e dejetos de animais. No biodigestor as
biomassas mais utilizadas são: dejetos bovinos, dejetos suínos, dejetos de aves e resíduos
secos de vegetais como, por exemplo, fécula de mandioca ou vinhaça. A tabela 2
apresenta a quantidade desses materiais orgânicos necessários para produzir uma
quantidade de 1 m³ de biogás durante a biodigestão. A biomassa pode ser degradada a
seco ou diluída em água, é considerado que o teor de água seja em torno de 90% da
quantidade seca.
Tabela 2: Relação de dejetos para 1 m³ de biogás.
Matéria Orgânica Quantidade em quilo
Esterco fresco de bovino 25 Kg
Esterco seco de galinha 2,3 Kg
Resíduo seco de vegetais 2,5 Kg
Esterco seco de suíno 2,86 Kg
Fonte: Castanon (2002)
3.3. Biodigestores
Os biodigestores anaeróbios podem ser definidos como câmaras fechadas, nas quais
é colocado o substrato orgânico para ser decomposto na ausência de oxigênio molecular,
tendo como subproduto principal o biogás. Para que isso ocorra, é necessária a ação
conjunta de diversos microrganismos, o que pode exigir tempos de detenção elevados,
para que o substrato adicionado seja decomposto. De modo geral um biodigestor é
definido como sendo o meio onde ocorre o processo de degradação, transformação ou
decomposição de matéria orgânica, na ausência de oxigênio, tendo como produto final o
biogás.
Segundo Magalhães (1986) temos três tipos de biodigestores, sendo eles:
Biodigestores Industriais: O biogás gerado por este tipo de biodigestor pode
ser utilizado para combustão de gás em caldeiras ou para combustão em
geradores elétricos para obtenção de energia. A figura 2 apresenta um
esquema de um biodigestor industrial.
Figura 2: Biodigestores industriais
3.4 O biogás
O biogás produzido a partir do biodigestor pode ser utilizado para diversas
finalidades, sendo estas, como por exemplo, iluminação através da queima do biogás,
cozimento de alimentos através da queima do biogás, geração de energia elétrica através
da combustão do biogás num determinado motor preparado para este tipo de combustível
e além disso, a energia excedente pode ser vendida para centrais de distribuição ligando-
a na rede de transmissão.
Existem diferentes alternativas de purificação aplicáveis ao biogás, devendo ser
definida a mais adequada para a aplicação energética que se pretende. Por exemplo, para
a aplicação no ramo automotivo, é necessária uma etapa de purificação em que o biogás
assa por um filtro de óxido de ferro, responsável pela retirara dos traços de enxofre. Livre
do H2S o biogás é enviado ao compressor de baixa pressão, que tem por finalidade forçar
a passagem do biogás através de uma torre de absorção de CO2. Este processo resultará
na dissolução de CO2, formando H2CO3, que é enviado para a caixa de eliminação, que
tem por finalidade separar o gás carbônico da água, em que o CO2 é liberado para a
atmosfera. Após este processo, a água é recalcada para a torre de absorção e o metano
purificado é submetido ao processo de armazenamento (COSTA, 2006). Quando se tem
interesse em elevar eficientemente a produção do biogás pode-se fazer uso de inoculos,
ou seja, são bactérias já formadas em outros processos de digestão, este processo acelera
a produção das colônias de bactérias, no qual a formação do biogás é feita num período
menor de tempo. (XAVIER,JUNIOR, 2004).
A Tabela 3 exemplifica o consumo em m³ para utilização em alguns tipos de energia
publicado pela CETEC o qual são válidos até o presente momento. Já a tabela 4 apresenta
o potencial energético Brasileiro que pode ser obtido pela combustão do biogás de
diversas fontes. Por meio desta pode-se observar o potencial energético extremamente
relevante do biogás no país, o que faz com que esta fonte deva ser estudada e incentivada.
Tabela 3: Principais formas de uso do biogás
Utilização Consumo
Cozinhar 0,33 m³ / dia / pessoa
Iluminação com lampião 0,12 m³ / hora / lampião
Chuveiro a gás 0,8 m³ / banho
Incubador 0,71 m³ / m³ espaço interno/hora
Motor a combustão interna 0,45 m³ / Hp / Hora
Aquecedor de água a 100ºC 0,08 m³ / litro
Gerador de eletricidade (1KWh) 0,62 m³
Fonte: CETEC (1981)
Barros, R. M. et al. The electric energy potential of landfill biogas in Brazil. Energy
Policy. V. 65, p. 150-164, 2014.
Ribeiro, K.S. Tiago Filho, G. L. série energias renováveis - Bioenergia, Itajubá, 2007.
Salomon, K., R. Lora, E. S Estimate of the electric energy generating potential for
different sources of biogas in Brazil. Biomass and Bioenergy, v. 33, p. 1101-1107, 2009.
Santos, R. F. et al. Brazil's potential for generating electricity from biogas from stillage.
World Renewable Energy Congress. Sweden, 2011.