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WORKSHOP
INSTITUTO DE PERMACULTURA DA PAMPA
idealização e conceituação
TATIANA CAVAÇANA
textos e imagens
TATIANA CAVAÇANA e JOÃO ROCKETT
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QUATRO DICAS
Nessa primeira aula trouxemos 4 considerações sobre a atitude pessoal e sobre o terreno. No ^im tudo se trata de
harmonizar nosso projeto de vida no campo com as possibilidades do terreno, portanto precisamos entender os dois.
1. QUAL É O SEU TERRENO? Como decidir? Nada pode paralizar mais que o medo, a dúvida e a insegurança. Todos eles
nos fazem permanecer na dúvida. Observar é fazer ciência e é sobrevivência, não podemos sobreviver, muito menos viver e aprender,
com dúvida. Para decidir, informação ajuda muito. Portanto se você tem um terreno relacione-se mais com ele, observando com
liberdade. Se você não tem terra, mas realmente quer viver mais perto da natureza, simplesmente comece passar mais tempo fora da
cidade, visitando lugares onde gostaria de viver, com maior frequencia. Dentre tantas situações e possibilidades, falamos sobre
arrendar uma terra, criar estruturas leves, rentabilizar e depois adquirir terra, isso permite que você escolha melhor e que possa ir
para o campo mesmo sem ter muito dinheiro. Os arrendamentos podem ser de longo prazo, e exite também a opção de comodato,
grandes fazendas começaram em sistemas de comodato. O importante é lançar-se à experiência, como voluntário, alugando,
arrendando, comprando, conforme o seu caso e a sua aptidão de paisagem, ou seja, sua a^inidade pessoal com cada lugar. Cada
paisagem exige uma técnica e um conceito, conforme o solo, relevo, posição solar, bioma entre tantas características, por isso a
Permacultura é tão ampla e cheia de possibilidades, pois tendo aprendito com tantos povos, capazes de viver dos pólos gelados aos
áridos desertos, e unindo esses conhecimentos aos conhecimentos atuais é um verdadeiro elo forte entre passado e presente capaz
de crias os futuros que desejamos.
a. que tipo de lugar te atrai mais?
b. qual seu principal talento?
c. porque estou buscando viver no campo?
3. LOCALIZAÇÃO, seu terreno está inserido em um contexto, por mais que cuidemos da nossa parte, tudo está conectado e
tudo afeta tudo, em maior ou menor proporção. Observe o entorno do seu terreno, veri^ique como são os terrenos ao redor e quais
suas atividades, veja qual a proximidade de indústrias, ou de produções agrícolas de animais ou de lavouras que usam veneno. Antes
de comprar e empreender, veri^ique se está em área de expanção agrícola ou urbana, se existem restrições ambientais, como áreas de
reservas e preservação. Lembre que viver no campo com sucesso é a combinação harmoniosa entre suas aspirações e projeto e as
vocações, potencialidades e características da paisagem, terreno ou sítio.
a. visite o terreno em diferentes dias da semana, horários do dia e épocas do ano
b. converse com os vizinhos
c. circule pelas redondezas "O primeiro passo para chegar a algum lugar é
decidir que você não vai $icar onde está."
J.P. Morgan
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4. ESTRUTURA quais estruturas você precisa para dar o primeiro passo? Sempre aconselhamos começar com estruturas
que dêem suporte às decisões e resolvam dúvidas: informação é a primeira delas. Você pode ler aprender, fazer cursos e ir dando
passos para aplicar o que vai conhecendo sem comprometer totalmente seu orçamento, avançando conforme seu diálogo com o
terreno se estreita e conforme veri^ica as informações. Implemente aos poucos para ver o que realmente quer fazer, animais, por
exemplo, exigem dedicação, se quer ter animais domésticos lembre que eles precisam de atenção e cuidados, se quer ter plantas e
lavouras, a dedicação e necessidade de trabalho é maior nas de ciclos mais curtos e menos nas de ciclos mais longos da horta à
^loresta decrescendo em intensidade de trabalho e cuidado. Informação não aplicada é como água parada, se acumula desgastando
ou apodrecendo. Por isso a segunda estrutura é criar sistemas de aproximação e teste: faça algo na prática. Aplique alguma das
informações, pode ser construir uma pequena casa, cabana ou comece acampar no terreno. Faça algo no campo, seja ele seu, seja
como voluntário ou na terra arrendada, uma pequena horta, um plantio urbano. Mas á aprendendo e já vivendo no campo na
proporção e estrutura que tem agora. Com o tempo as estruturas tornam-se mais robustas, mais estáveis e prósperas, visualize a
meta, mas mova-se na direção dela mesmo que não tenha ainda todos os recursos ou que a situação não seja a ideal, pois as
capacidades se desenvolvem e oportunidades se apresentam conforme você se movimenta. Tudo vai ^icando mais claro com a
informação, e sua aplicação em alguma escala, faça o que pode
a. descreva suas necessidades atuais.
b. liste como poderia atender essas necessidades com estruturas leves.
c. faça agora o que pode fazer, onde estiver: estude e planeje, dê um passo na prática, mesmo que pequeno.
“Ação nem sempre traz felicidade, mas não há felicidade sem ação.”
William James
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WORKSHOP
aula 2
INSTITUTO DE PERMACULTURA DA PAMPA
idealização e conceituação
TATIANA CAVAÇANA
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Água, mais que um bem natural básico, é fonte de vida tão elementar. Mesmo assim, com toda nossa ciência e tecnologia,
ainda não lidamos bem com a água. Temos problema de falta de água tanto no campo como na cidade, temos problemas com
alagamentos, temos problemas de saneamento, temos poços, nascente e lencóis freáticos contaminados. A prova de que precisamos
aprender ou reaprender a Viver no Campo, é a forma como lidamos com a água. Em 2019 a humanidade comemorou 50 anos da
chegada do ser humano à Lua, mas ainda não podemos comemorar por termos as fontes de água limpas e disponíveis.
Água é básico para organizar sua vida no campo. Antes que realizar qualquer empreendimento, construção ou plantio, é
necessário organizar a água. Água é vital, é essencial, e água é sobre ]luxos, pois, entra e sai constantemente dos reservatórios e de
diferentes condições e estados na natureza. No terreno e na casa no campo, temos que organizar a entrada e a saída da água.
Diferente da cidade, onde existem redes de abastecimento e tratamento, no campo você é o prefeito da área, portanto, responsável
por organizar as fontes disponíveis (rios, poços, nascentes, água da chuva) e o estado de cevoloção dessa água para o ambiente.
É importante veri]icar quais são as fontes de água existentes, qual seu volume e vazão, é importante estimar o consumo.
Também é importante descrever qual vai ser o uso da água, quanto de água potável é necessária, quando para uso doméstico, para
irrigação, manutenção de sistemas com animais, lavagem e processamento de produtos.
Existem diversos tipos de águas e diversos tipos de contaminação, portanto os primeiros passos são:
1. listar as fontes de água do terreno, antes de comprar e se já tem o terreno, para decidir o uso.
2. analisar a água, qual a qualidade dela e quais os contaminantes.
3. medir vazão para saber a disponibilidade hídrica e possibilidade de gerar energia ou movimentar máquinas.
4. medir seu consumo de água doméstico e estimar o necessário para os sistemas agrícolas.
“A Defensora dos Ciclos, que sustenta toda a Vida, é a água. Em cada gota de água,
a Divindade a quem todos servimos; nessa gota, também habita a Vida, a Alma da
"Primeira" substância. Água cujos limites e margens são os capilares que a guiam
e nas quais ela própria circula. Mais energia está encapsulada em cada gota de
água de uma boa nascente do que em uma estação de energia…”
Viktor Schauberger."
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Lago com capacidade para 600.000 litros de água, coleta a água dos telhados e do escorrimento sobre o solo - Pará - Brasil
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Água tem uma relação direta com super]ície. Ela se adapta às super]ícies e ao mesmo tempo transforma essas super]ícies,
ao mesmo tempo que se conforma a um copo, jarro, calha ou cisterna, ela arredonda tudo que toca. É fundamental compreender essa
natureza intrínseca da água. Essa informação é relevante no cálculo de sistemas de irrigação, nos trabalhos de manejo de rios, para
puri]icar água, para construir cisternas, tanques, entre muitos outros elementos necessários para captar, conduzir, armazenar, usar e
tratar água. É por isso que podemos captar água, com as super]ícies, seja um telhado, seja o solo.
Um milímetro de chuva em um metro quadrado de telhado é igual a um litro de água. Essa é a conta para estimar a
capacidade de captação de água da chuva, conforme o índice pluviométrico de cada lugar. Em lugares áridos, ou com abundância de
chuvas em um período e escassez em outros, é fundamental coletar e armazenar água de chuva quanto ela está disponível, tanto água
dos telhados e super]ícies condutoras, como paredes e lajes de pedra, guardando-a em cisternas, como plantar e armazenar água no
solo, através de canais ou bacias de in]iltração.
Depois de captar, armazenar e usar, normalmente, dispensamos a água como se dalí para frente não fosse mais problema
nosso. É esse pensamento que permite que contaminemos a água, nas nossas casas, indústrias e na agricultura, usamos e "fogamos
fora”, porém não existe jogar fora num planeta redondo com força de gravidade atuante, nada sai estratosfera à fora contaminando o
espaço, mas ]ica aqui mesmo e retorna cedo ou tarde. Portanto é necessário devolver a água e não jogar fora. Assim como quando
alguém nos empresta um objeto, não podemos devolvê-lo estragado; não se trata apenas de usar a água, mas também de devolvê-la
em condições de ser reutilizada em outro lugar ou processo, seja dentro da sua unidade agrícola, seja fora dela.
Altos custos de saúde pública ainda decorrem de contaminações originadas de água sem tratamento. Hoje diversos
compostos de remédios, produtos de maquiagem, cafeína, entre outras substâncias, não são removidos pelo tipo de tratamento mais
comum nas cidades. Precisamos atentar para o que jogamos na água e como “jogamos" essa água no ambiente.
Vivendo no campo existem diversas formas de tratar a água, antes de mais nada é importante ver o tipo de água e quais os
elementos que precisamos remediar nela. Chamamos de águas servidas aquelas águas que foram utilizadas em sistemas domésticos
ou industriais. No campo, a menos que você tenha algum tipo de atividade agroindustrial que gere contaminação, elas são
principalmente de dois tipos: água cinza, e água de esgoto. As águas cinzas são as águas do banho, das pias de cozinha, banheiro e
lavanderia, da lavagem doméstica. As águas de esgoto são as que contêm dejetos humanos ou de animais. Cada uma delas tem um
tipo de tratamento diferente, assim como para tratamento de águas com metais pesados são necessários processos especí]icos, mas
que utilizam a lógica de trabalhar a favor da natureza, utilizando, plantas e processos bioquímicos no processo de ]iltragem e retirada
dos metais.
"Água é matéria e matriz da vida, mãe e médium. Não há vida sem água.” Albert Szent-Gyorgyi
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Bordas de galhadas feitas por João Rockett para manejar água no solo, usadas na recuperação e re]lorestamento do Instituto Terra - Brasil
Canais de in]iltração para manejo hídrico e recuperação de nascentes no Vale do Jequitinhonha - Brasil
Criando canais de in]iltração na escola agrícola para plantar água - Brasil
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Tanques para tratamento de águas cinzas com zona de raíz - Salto - Uruguai
Filtros de areia, carvão e plantas para tratamento de água cinza - Uruguai
SANEAMENTO
1. CÍRCULO DE BANANEIRAS OU PALMEIRAS: serve para tratar águas cinzas, nunca jogue o esgoto diretamente no solo,
seja com banheiros externos, seja com sumidouros, ou fossas sépticas, que não são sépticas, pois não tratam água, elas simplesmente
jogam os dejetos em partes mais profundas do solo aumentando a chance de contaminar águas subterrâneas como as águas dos
poços.
2. FILTRO DE ZONA DE RAÍZ: também serve para tratar águas cinzas, é um sistema de passagem que utiliza plantas de
banhado para ]iltrar a água, também são feitas camadas de areias em diferentes gramaturas e de carvão, para dar polimento à água.
Sistemas de ]lowforms, podem ser colocados no ]inal do ]iltro para sanear, dinamizar e para auxiliar no restabelecimento da tensão
super]icial da água.
3. VALA OU BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO: é como um grande vaso, isolado por uma lona grossa que não deixa a água
contaminada tocar o solo. Esse contenedor recebe tanto águas cinzas quanto água de esgoto, o processo de vida do solo e as plantas
fazem o saneamento da água, contendo e transformando contaminantes, a água evapora pelo solo e transpira pelas plantas, sem
liberar odores no ambiente, pois os contaminantes estão retidos e sendo transformados no solo, é um sistema que se integra na
paisagem, podem ser usadas plantas de médio porte e é um excelente espaço produtivo também.
4. FOSSA BIODIGESTORA: é um sistema de tratamento de esgoto com uso de microorganismos e bactérias, que consomem
patógenos saneando a água. A primeira caixa é um separador de sólidos e líquidos, a segunda caixa é uma área com uma grande e
quantidade de super]ície, cheiade cacos de telhas ou tijolos perfurados, que criam super]icie e espaços onde alojam-se colônias de
bactérias que consomem os coliformes fecais.
5. BIODIGESTOR: embora pouco difundido no Brasil é uma base de produção de energia de gás metano na China, na Suíça
entre outros países. O Biodigestor é considerado um sistema elegante na Permacultura, pois desempenha várias funções:
saneamento de água, principalmente esgoto, pois têm fases aeróbia, anaeróbia, ácida e alcalina, criando situações críticas para os
patógenos, também promove geração de gás, produção de biofertilizante e redução de matéria orgânica.