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Em relação às características mecânicas, esses materiais são relativamente rígidos (Figura 2.2) e
resistentes (Figura 2.3) e dúteis, ou seja, são capazes de grandes quantidades de deformação plástica sem
sofrer fratura (Figura 2.4) o que justifica sua ampla utilização em aplicações estruturais.
Figura 2.2 – Módulo de elasticidade à temperatura ambiente de vários metais, cerâmicos, polímeros
e compósitos (Callister, 2007).
Figura 2.3 – Limite de resistência à tração à temperatura ambiente de vários metais, cerâmicos,
polímeros e compósitos (Callister, 2007).
Figura 2.4 – Resistência à fratura à temperatura ambiente de vários metais, cerâmicos, polímeros e
compósitos (Callister, 2007).
A Figura 2.5 mostra vários objetos comuns, bastante conhecidos, produzidos a partir de materiais
metálicos.
Figura 2.5 – Objetos fabricados a partir de metais e ligas metálicas (talher de prata, tesoura, moedas,
engrenagem, anel e uma porca e parafuso) (Callister, 2007).
2.2.2 Materiais Cerâmicos
Os materiais cerâmicos são compostos formados por elementos metálicos e não metálicos. Na
maioria das vezes consistem de óxidos, nitretos e carbetos. Como exemplos dos materiais cerâmicos mais
comuns podemos citar o óxido de alumínio ou alumina (Al2O3), o dióxido de silício ou sílica (SiO2), o
carbeto de silício (SiC), o nitreto de silício ((Si3N4), a porcelana, o cimento e o vidro. Em relação ao
comportamento mecânico, apresentam rigidez e resistência à tração compatíveis com as dos metais
(Figuras 2.2 e 2.3) além de elevado grau de dureza. Por outro lado, são extremamente frágeis e altamente
suscetíveis à fratura (Figura 2.4). Os materiais cerâmicos são tipicamente isolantes à passagem de calor e
eletricidade, conforme mostra a Figura 2.6, e são mais resistentes a altas temperaturas e a ambientes
severos do que os metais e polímeros.
Figura 2.6 – Condutividade elétrica à temperatura ambiente de vários metais, cerâmicos, polímeros
e semicondutores (Callister, 2007).
A Figura 2.7 apresenta vários exemplos de objetos produzidos a partir de materiais cerâmicos.
Figura 2.7 - Objetos fabricados a partir de materiais cerâmicos (tesoura, xícara de porcelana, tijolo
de construção, azulejo e vaso de vidro) (Callister, 2007).
2.2.3 Materiais Poliméricos
Os polímeros incluem os materiais plásticos e as borrachas. Muitos deles são compostos orgânicos
quimicamente baseados no carbono, no hidrogênio assim como em outros elementos não metálicos como
o oxigênio, o nitrogênio e o silício. Apresentam estruturas moleculares muito grandes, frequentemente na
forma de cadeias, que possuem átomos de carbono como ramo principal. Alguns exemplos de materiais
poliméricos bastante comuns são o polietileno (PE), o náilon, o cloreto de polivinila (PVC), o
policarbonato (PC), o poliestireno (PS) e a borracha de silicone. Esses materiais apresentam baixa
densidade (Figura 2.1) e características mecânicas diferentes daquelas exibidas pelos materiais metálicos
e cerâmicos, isto é, não são tão rígidos nem tão resistentes quanto aqueles tipos de materiais (Figuras 2.2
e 2.3). De maneira geral, são extremamente flexíveis (Ex: plásticos) e relativamente inertes em diversos
ambientes, contudo, apresentam baixa condutividade elétrica (Figura 2.6) e tendência em se decompor na
presença de baixas temperaturas o que limita bastante suas aplicações. A Figura 2.8 mostra diversos
produtos obtidos a partir de materiais poliméricos.
Figura 2.8 - Objetos fabricados a partir de materiais poliméricos (talher de plástico, bolas de bilhar,
capacete de bicicleta, dados, roda de cortador de grama e vasilhame para leite)
(Callister, 2007).
Semicondutores: Possuem propriedades elétricas que são intermediárias entre aquelas dos
condutores elétricos (metais e ligas metálicas) e dos isolantes (cerâmicos e polímeros), conforme
mostrado na Figura 2.6. As características elétricas desses materiais são extremamente sensíveis à
presença de pequenas concentrações de átomos de impurezas as quais podem ser controladas em
regiões muito pequenas. Os semicondutores permitiram o advento dos circuitos integrados que
revolucionaram completamente as indústrias de produtos eletrônicos e de computadores ao longo
das últimas décadas.
(a) Ligas com memória de forma: São materiais metálicos que após terem sido deformados
retornam à sua forma original quando a temperatura é modificada.
Nanomateriais: São materiais que possuem graus estruturais da ordem de 10-9 m (1 nanômetro)
que é igual a um milionésimo do milímetro ou um bilionésimo do metro. O controle, manipulação
e fenômenos da matéria à escala nanométrica, cujas propriedades diferem das observadas em
maior escala, são objeto de estudo da Nanociência e da Nanotecnologia. Os nanomateriais
apresentam propriedades especiais em virtude de sua escala nanométrica e são empregados em
projetos de nanotecnologia. Os mesmos variam quanto ao tamanho, composição química, forma e
superfície. Assim, nanopartículas, nanoesferas e outros materiais nanoestruturados são
nanomateriais de interesse por apresentarem aplicações em campos tão diversificados como a
Mecânica, a Óptica, a Eletrônica, a Física, a Química, a Medicina, a Biologia e a Bioquímica.
Alguns nanomateriais são denominados nanocompósitos pois são formados pela união de dois ou
mais componentes, sendo que em um deles as partículas possuem dimensões da ordem de
nanômetros. Estas dimensões aumentam a interação entre a partícula e o meio, melhorando em
muito algumas propriedades do nanocompósito em relação ao componente puro. Como exemplos
de nanomateriais produzidos atualmente podemos citar os seguintes: nanopartículas de metais e
óxidos, nanopartículas de dióxido de titânio para baterias solares, nanofibras poliméricas,
nanopartículas de ferro para transporte de medicamentos, nanomateriais de silício, nanofibras de
carbono, metais ultrafinos, óxido de ferro superfino, partículas metálicas e cerâmicas para
revestimento, nanocompósitos poliméricos com argila, nanomateriais derivados de óxidos,
nitretos, carbetos e sulfetos, nanopartículas de metais preciosos (ouro coloidal, prata coloidal, etc),
nanopartículas de ouro para uso biológico, nanopartículas de semicondutores, nanopartículas de
óxido de zinco, etc. O princípio básico da Nanotecnologia é a construção de estruturas e novos
materiais a partir dos átomos e moléculas. É uma área promissora que apenas inicia seus primeiros
passos mostrando desde já, contudo, resultados surpreendentes na produção de semicondutores,
biomateriais, chips, etc.
Apesar da importância que a energia nuclear representa em nossos dias, a produção da mesma
envolve graves problemas que ainda permanecem sem soluções definitivas. Estas, certamente,
dependerão de novos materiais que serão empregados, por exemplo, na construção de estruturas
de contenção mais seguras e de instalações adequadas para o descarte dos rejeitos radioativos.
Apesar da conversão direta da energia solar em energia elétrica já ter sido demonstrada há bastante
tempo, as células solares utilizam materiais razoavelmente caros e complexos. Para assegurar que
essa tecnologia seja viável em qualquer tipo de aplicação é fundamental que novos materiais,
baratos e eficientes nos processos de conversão de energia, sejam desenvolvidos.
Muitos dos materiais que atualmente utilizamos são derivados de recursos não renováveis (que
não se regeneram). Os mesmos incluem os polímeros, cuja matéria prima principal é o petróleo, e
os metais. Esses recursos não renováveis estão gradualmente se tornando cada vez mais escassos o
que exige: (a) a descoberta de jazidas adicionais; (b) a pesquisa de novos materiais que
apresentem propriedades compatíveis e menor impacto ambiental e (c) desenvolvimento de novas
tecnologias de reciclagem. Como conseqüência dos aspectos econômicos, do impacto ambiental e
de fatores ecológicos, passa a ser muito importante considerar o ciclo de vida dos materiais
levando-se em conta a cadeia produtiva dos mesmos.
Dessa maneira, o papel que cientistas e engenheiros de materiais desempenham em relação a esses
aspectos assim como em relação a outras questões de natureza social, ambiental, econômica, científica e
tecnológica são extremamente importantes em nossos dias.