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INTRODUÇÃO
Pretende, em última instância, nos dizer como foi este passado. O ensaio,
por seu turno, está organizado em torno de uma tese que o autor pretende
demonstrar. Embora também se apóie em textos e documentos, não
precisa citá-los ou fazer afirmações que somente possam ser
comprovadas empiricamente. Ele é mais livre, comportando uma
interpretação mais geral dos fatos, isto é, não se detém nas
particularidades e nos episódios singulares. Assim, enquanto a história, de
maneira geral, constitui uma interpretação do passado que se funda nos
fatos e acontecimentos, o ensaio busca descrever as tendências gerais da
história. Como assinalam muitos dos autores de um ensaio busca-se nele
a linha mestra ou o fio condutor do processo histórico.
Desse modo, enquanto a história se preocupa mais com o passado,
o ensaio, ainda que se ocupe do passado, tem os olhos postos no
presente e no futuro. Na verdade, faz um enlace entre passado, presente e
futuro. Este enlace constitui, na verdade, a principal característica da
historiografia que abrange o período do século XX até, mais ou menos, a
década de 60, ou seja, são textos que abarcavam o conjunto da história do
Brasil, oferecendo uma interpretação geral dela.
Em seu livro Formação da sociedade brasileira, Sodré deixa
patente o que pretendia ao escrever um ensaio:
91). Dessa maneira, este era o principal mecanismo por meio do qual os
mercadores das metrópoles apropriavam-se dos lucros excedentes
gerados nas economias coloniais. Verificava-se, assim, nas metrópoles,
um acúmulo de riqueza, que era uma pré-condição para constituição do
capitalismo. (NOVAIS, 1989, p. 92).
No exame do modo como Novais concebe a colonização e,
principalmente, na análise da sua relação com Caio Prado, precisamos
fazer algumas considerações. A relação entre estes dois autores, em que
Novais aparece como um discípulo que teria aprofundado a análise de
Caio Prado, inserindo a colonização em um contexto mais amplo, constitui
o modo como o primeiro se coloca nesta relação. Em outras palavras,
trata-se de uma interpretação de Novais, comumente aceita, é verdade,
pelos historiadores, mas se trata da maneira como Novais apresenta sua
relação com Caio Prado.
Resta saber se podemos considerar Caio Prado um autor que ficou
no meio do caminho na análise da colonização, apreendendo apenas seus
aspectos superficiais. Como foi visto, a interpretação da história do Brasil
de Caio Prado abarca-a em sua totalidade. A maneira como concebe a
colonização não pode ser desvinculada e, portanto, compreendida, sem
levar em conta esta totalidade. Novais separou o modo como Caio Prado
concebia a colonização da sua concepção global da história do Brasil. Em
suma, transformou Caio Prado ensaísta em Caio Prado historiador da
colonização.
A formulação de Novais não apenas prejudica a compreensão de
Caio Prado como um autor que tinha uma interpretação que abarcava o
conjunto da história do Brasil como, ao defender a idéia de que este teria
ficado a meio caminho na análise do fenômeno colonial, coloca a
necessidade de se aprofundar sua interpretação da colonização.
É preciso, portanto, distinguir as duas interpretações, tratando-as
como formulações independentes e com vida própria. Somente desta
maneira poderemos apreender a concepção de colonização de cada um
deles.
CONCLUSÃO
quadro de nosso passado. Aliás, seus autores insistem que sua história
superou o caráter ensaístico que marcou a historiografia brasileira durante
décadas.
REFERÊNCIAS